Cartas x de x Natal escrita por Jude Melody, Ariane Munhoz


Capítulo 1
Carta x do x Leorio




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A ideia era muito simples; na verdade, simples até demais. Leorio encarava a folha de papel como se buscasse nela algum tipo de nen perverso que o estivesse impedindo de executar aquela missão. No fim das contas, olhando para o rascunho, amassou-o e encestou no lixo, junto com todos os outros. E pegou uma folha de hortelã, mascando-a compulsivamente.

— Vamos lá, Leorio, não pode ser tão difícil assim! — exclamou para si mesmo, coçando a cabeça de nervoso. Tinha dias! Dias que tentava escrever aquela carta sem resultado algum. Mas sabia que precisava fazê-lo, ou Gon jamais lhe perdoaria.

Fora, afinal, ideia do jovem garoto trocarem cartas de Natal. Como todos estavam longe um do outro, ele enviara para cada um dos amigos uma mensagem que só havia chegado ao seu destinatário porque era um correio Hunter.

Uma carta; apenas isso. Leorio respirou fundo, buscando em seu âmago todos os sentimentos compartilhados e memórias com aqueles três: Kurapika, Gon e até Killua, de quem não gostava tanto no princípio — mesmo Kurapika tivera seus momentos de amor e ódio para com ele.

Leorio balançou negativamente a cabeça, espantando os pensamentos. Aquilo não era sobre Kurapika, tampouco sobre Killua. Com isso em mente, o rapaz apanhou a caneta e começou a escrever.

 

Gon,

Este deve ser o quinto ou sexto rascunho que escrevo, mas decidi que, independentemente de como esta carta saia, desta vez este será meu resultado final. Pensei em muitas coisas que gostaria de te dizer, mas acho que, no final das contas, tudo o que preciso falar é que estou bem. Estou bem e realizando o meu sonho.

Mas isso você já sabe, não é?

A faculdade de Medicina sempre foi a minha grande aspiração e motivo para eu querer me tornar um Hunter; não me entenda mal.

Sei que, para vocês, é completamente diferente, mas tenho meus motivos que não cabem nessa carta para ter um sonho que pode parecer tão pequeno.

Estou quase concluindo o último ano, e nessas férias decidi não visitar a minha mãe e minha irmã, mas usei minha licença Hunter para ter acesso a um dos vilarejos mais pobres existentes no mundo.

Sinceramente, não sei como seu correio me achou aqui! [Risos]

Não temos luz elétrica e nem mesmo água encanada, mas estou trabalhando nisso para poder melhorar a qualidade de vida das pessoas daqui (as vantagens de ser um Hunter!) nem que seja apenas um pouco.

O que posso dizer? Aqui, doenças como a varíola não foram erradicadas e matam centenas de pessoas todos os anos. Eu apliquei um programa, enquanto presente, para conscientizá-las da importância da vacinação e dos cuidados médicos, mas sei que isso não é o bastante. Por isso decidi que, quando me formar, montarei um hospital aqui. Você viria me visitar?

Sei que sim.

Imagino que as coisas para você estejam divertidas. Killua ainda acompanha você em sua jornada? Tem notícias do Kurapika?

 

Leorio parou de escrever por um momento, tentado a riscar o nome dele e escrever: babaca da corrente, mas segurou o impulso, apertando firmemente a caneta entre os dedos.

 

Acho que o que quero dizer no fim das contas, é que sinto falta de todos vocês; de nós como um time que foi capaz de chegar tão longe apesar de nossas diferenças. Sei que parece que fiquei para trás em relação a vocês, mas a verdade é que não me sinto mais assim.

Estou perseguindo meus sonhos, estou alcançando conhecimentos que nunca teria a capacidade de ter sem essa licença maravilhosa que tenho em mãos e sou muito grato a cada um de vocês, carregando comigo a certeza de que jamais conseguiria sem que tivesse tido o apoio de todos (e quando digo de todos, incluo até aquele baixinho irritante do Killua).

Espero que, no próximo Natal, nós quatro possamos nos reunir para contar as coisas maravilhosas que nos aconteceram. Obrigado por ser um fio de luz e esperança para cada um de nós, Gon. Continue brilhando com o verde da esperança que eu sei que você é e alcance seus sonhos, alçando voo para longe.

Feliz Natal do seu amigo que só te quer bem,

Leorio.

 

Parecia mais um monte de baboseiras como todas as outras cartas que Leorio havia rascunhado antes daquela. Mas ele suspirou baixinho, levemente satisfeito com o resultado e resolveu postá-la antes que se arrependesse amargamente do que havia feito.

Gon era a esperança. E ele esperava que isso pudesse alcançar Killua e Kurapika da mesma forma que o havia alcançado.


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