Ponto de Virada escrita por Cami


Capítulo 17
Capítulo 17




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Pov Percy 

Algumas horas antes. 

Saí do parque sentindo que poderia ter fogo saindo pelas minhas orelhas. Estava pronto para pegar o próximo ônibus de volta para casa. Mas olhando para o horizonte, decidi mergulhar no mar. Isso sempre me ajudou a clarear minha mente.  

Caminhando até a praia e sentindo o sangue ferver e as lágrimas teimando em cair dos meus olhos. Fiquei imaginando os dois se beijando, e até o futuro deles. Como teriam uma casa juntos por esse bairro, o casamento e os dois filhos e um cachorro. Eu não podia acreditar nisso. Era para esse ser o meu futuro com ela.  

A areia estava fofa, o céu azul e a água na temperatura perfeita. Parecia que o dia estava zombando de mim por tudo o que aconteceu. Mergulhei no mar, sentindo-o me envolver e o movimento que fazia ao meu redor. Não sei porque, mas isso sempre me ajudou, tanto fisicamente quanto emocional. Acabei passando momentos que tive com a Annie, e como minha vida seria sem graça sem ela. Um deles me pegou de jeito, e até senti uma pontadinha no coração: Nosso primeiro beijo. Como os dois ficaram surpresos e de como aquilo parecia certo e errado ao mesmo tempo. E de como eu fui burro por fingir que não tinha acontecido. 

Saí da água e sentei na areia para refletir. Senti o Sol queimar minha pele, mas eu nem me importei. Deixei os pensamentos vagarem pela minha cabeça e nem percebi quando um velhinho sentou do meu lado.  

—Problemas no coração, meu jovem? - ele perguntou e eu o olhei. Estava bem para a idade, parecia ser ativo e vestia roupas de corrida. 

—Está tão na cara? - perguntei e ele riu.  

—Um pouco, mas nada com o que se preocupar. Se eu contasse nos dedos quantas vezes tive o coração partido, teria que arrumar outras pessoas para me ajudar a contar.  

—Então estou sentado com um especialista? - eu disse tentando descontrair um pouco, mas só consegui com que ele desse um sorriso fraco. Parecia que alguma lembrança amarga tinha invadido sua mente.  

—Tipo isso – ele disse tentando sair do devaneio – mas me diga, rapaz. O que tanto te aflige? - ele perguntou dando tapinhas em meu ombro.  

—Bom, acho que não tenho nada a perder te contando – ele assentiu e me incentivou a continuar. Contei minha história inteira, sem poupar os detalhes. Desabafei até o que não devia, mas fazer o que? Precisava botar para fora. E ele me escutou como se pudesse passar a vida inteira ali comigo.  

—Parece que você tem uma escolha a fazer – ele disse.  

—Eu tenho? Não é ela que tem que decidir o que fazer? Se vai ficar comigo ou com aquele cara. Que não chega aos meus pés, se quer saber.  

—Acredito em você - ele disse rindo – mas sim, você tem uma escolha a fazer. Ou vai esperar que os outros façam sempre por você? Pegue as rédeas da sua vida. Você quer ficar com ela? Mostre que você quer, que está disposto a lutar por isso, por uma relação. Porque até agora você a deixou ir embora muitas vezes. Se ela não quisesse ficar com você, é uma coisa. E se fosse o caso eu falaria para você pegar o ônibus mesmo. Mas não é o que parece. Ela está confusa. Então a ajude a clarear a mente. Volte lá e mostre o quanto você gosta dela. Esse é meu conselho para você. Não cometa os mesmos erros que eu. Não sabe o quanto me arrependo, todos os dias, por tudo o que deixei escapar.  

—Você é ótimo em inspirar as pessoas – eu disse sorrindo querendo me levantar e ir para a casa da Annie.  

—Obrigado rapaz, mas me prometa que não vai desistir tão fácil - ele disse e eu assenti.  

—Acho que não estou pronto para deixá-la ir. 

—É assim que se fala – ele sorriu me encorajando. Levantei e o ajudei a fazer o mesmo – foi um prazer conversar com você.  

—Com o senhor também.  

—Por favor, pode me chamar de Arthur – sorri e lhe contei meu nome. Ele acabou me entregando um cartão do escritório dele com email e telefone, me pedindo para contar o desfecho da minha história. Prometi que faria e seguimos caminhos opostos.  

Segui o caminho de volta para a casa da tia da Annie, mais determinado do que nunca. A cada passo que eu dava esse sentimento aumentava e eu repassava milhares de vezes o que eu falaria para ela. Cheguei em sua porta e nem hesitei em bater.  

Ela atendeu e fez cara de surpresa. Meus sentimentos por ela me invadiram como um turbilhão e isso já não cabia em mim.  

—Não vou desistir de você - falei e a puxei para um beijo. Para minha incrível surpresa invés de um tapa na cara, ela retribuiu.  

Pov Annabeth 

Quando o Percy me beijou meu corpo inteiro reagiu como se estivesse programado para isso. Coloquei minha mão em sua nuca para que viesse mais perto e que aprofundasse o beijo. Podia sentir um sorriso se formando em seus lábios a cada virada de rosto. Estava indo tudo bem até eu escutar uma tosse forçada vindo de trás de mim.  

—Você deve ser o Percy – Paula disse estendendo a mão para ele – eu sou a Paula, prima da Annie. Muito prazer – ela olhava maliciosamente para a gente e eu queria me enfiar debaixo da terra.  

Se o Percy estava vermelho eu nem queria saber como eu estava.  

—Ah, prazer em te conhecer – ele respondeu apertando sua mão e mantendo a outra na minha cintura – Annie, será que podemos conversar?... A sós? - ele disse claramente desconfortável com a presença da minha prima.  

—Vem, vamos conversar lá fora – eu disse o puxando pela mão até o banco que tinha na frente de casa.  

—Querem que eu acenda as luzes externas ou preferem o escurinho da noite? - Paula perguntou da porta.  

—Cala a boca Paula – eu gritei em resposta e pude escutar a risada inconfundível dela do lado de dentro da casa.  

Sentamos e mesmo com um clima desconfortável criado pela minha parente, olhamos um para o outro por bastante tempo. Como se quiséssemos ter certeza que estávamos ali de verdade.  

—Estou tão feliz por você não ter ido embora – eu disse sorrindo e ele retribuiu. 

—Passei um bom tempo na praia pensando – isso explicava a areia na calça e o cabelo molhado – e agora eu sei que não vou te deixar ir embora para longe de mim assim. Nós merecemos uma chance não acha? De estar juntos, de tentar um relacionamento.  

Pensei por um momento sem saber o que dizer. Enquanto eu olhava em seus olhos tudo o que tinha acontecido voltou à tona. E eu percebi que eu já não me lembrava de seu pai ao vê-lo, mas sim, meu melhor amigo. Talvez eu devesse dar uma chance para nós. Mas não antes de contar a ele, tudo o que aconteceu, e o porquê de eu ter ido embora. 


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam, comentem aí embaixo.
Até o próximo capítulo :)



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