Ponto de Virada escrita por Cami


Capítulo 13
Capítulo 13




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Pov. Annabeth 

André se virou para me dar as boas-vindas e com certeza ele não era de se jogar fora. Tinha pele bronzeada pelo Sol, sobrancelhas marcantes, cabelo e olhos pretos, que pareciam olhar a minha alma. Ele tinha um sorriso de tirar o folego. Se levantou e me deu um beijo na bochecha.  

—Prazer em te conhecer – ele disse e eu só consegui assentir e ficar encarando aqueles olhos brilhantes.  

Antes que ficasse estranho pude escutar minha prima berrando alguma coisa e o som de algo caindo no chão.  

—Paula! Desce aqui, vem cumprimentar sua prima! - tia Mara grita perto da escada e eu começo a ficar sem graça.  

—Já vou, acabei de me queimar com a chapinha!  

—Passa aquela pomada! E vem logo – ela disse e voltou para a cozinha, onde o constrangimento não tem limite – e então querida, me conte, como estão as coisas em casa. Sua mãe me disse que teve um problema com seu namorado – ela disse e foi como se tivesse apertado um botão de vergonha em mim, pude sentir minhas bochechas queimando na hora, e os olhares curiosos de André. 

—Ah, ex-namorado, foi um probleminha, mas já está resolvi...  

—Miguel! Tira o dedo do bolo! - um dos gêmeos estava passando a dedo na calda tentando pescar um pouco, tive que me controlar para não rir. Ele estava na ponta do pé para alcançar a bancada, então eu só conseguia ver o topo de sua cabeça e a mãozinha tentando alcançar aquele tesouro.  

—Pode dar um pedaço para ele, tia – eu disse. 

—Ele vai ganhar um pedaço. Assim que nós formos partir o bolo. O café nem está pronto, então se comporta menino, se não vou te colocar lá em cima no cantinho do castigo.  

Ele deu uma resmungada e se juntou ao seu irmão para assistir algum desenho.  

—Então querida, você estava dizendo... - ela queria porque queria que eu desembuchasse minha história trágica de corna, mas minha mãe já deve ter dito tudo por telefone. E é óbvio que eu não ia contar nada na frente de um completo estranho.  

—Não foi nada de mais, já me resolvi com ele. Mas achamos melhor terminar – eu sei que não decidimos juntos, mas não queria detalhar muito. 

—Entendi, depois conversamos mais – ela disse dando uma piscada e levantando para buscar o café, aquele cheiro estava me matando e meu corpo ansiava por um pouco de cafeína.  

Pude escutar minha prima descer a escada correndo como um furação. Nem tive tempo de me virar quando senti seus braços me envolverem e quase me derrubarem da cadeira com o abraço.  

—Prima! Que saudade!  

—Percebi – disse tentando recuperar o equilíbrio - Uau, onde a senhorita vai vestida assim? - ela tinha o cabelo loiro enrolado igual ao meu, mas estava alisado aquela noite, e ele ficou quase na altura da bunda. Estava vestindo um cropped e saia pretos e sapato de salto alto.  

—Vou em um barzinho no centro da cidade, você devia ir comigo! - ela disse se animando dando uns pulinhos.  

—Não sei...Estou cansada da viagem – ela me olhou com tédio como se dissesse “essa desculpa não vai funcionar” - é quinta ainda... 

—Pra mim o fim de semana começa na quinta, e amanhã não tenho aula, nem o André. Que por acaso tinha combinado de ir comigo e pode te levar assim que você se arrumar – ela disse sorrindo para mim, e eu pude jurar que vi um pouco de malícia quando ela olhou para ele.  

Levantei aos braços vencida e concordei com a ideia do bar. Os dois pareciam bem satisfeitos. Paula deu um beijo de despedida em todos e seguiu apressada para fora onde um carro buzinava loucamente. 

—Juro, aquela menina é ligada nos 220v – tia Mara que não tinha aberto a boca parecia bem feliz com o que tinha acabado de acontecer também -  E você Annabeth nada de beber! - seus olhos penetrantes iguais aos da minha mãe me obrigaram a assentir - Bom, então termina o bolo e o café e vai se arrumar.  

Quarenta minutos depois eu estava pronta. Com um vestido de alcinha vinho, botas de couro preta e um casaco marrom escuro. Tinha deixado o cabelo cacheado mesmo, mas dado uma definida.  

Mandei uma mensagem para Percy avisando que eu tinha chegado e que estava tudo bem, que eu iria sair com minha prima e os amigos dela.  

“Não vai me trocar, ein” - ele respondeu e eu sei que ele estava feliz por eu sair um pouco para distrair. 

“Nunca ; )” 

“Volta logo” - ele me mandou e eu desci as escadas. 

André brincava com meus primos, mas parou assim que me escutou descer. Estava arrumado, mas mantinha o ar casual que combinava muito com ele.  

—Pronta? - ele me perguntou se levantando. 

Assenti e ele me deu o braço para eu segurar, e foi o que fiz. Ele tinha uma energia muito boa, o que me fazia sentir confortável perto dele. 

—Se divirtam, crianças - minha tia gritou da sala e nós saímos porta afora.  

Entramos no carro e ele me deixou escolher a música, o que o fez ganhar pontos. 

—Então, você está saindo com a Paula? - perguntei para puxar assunto.  

—Ah, não - ele disse dando uma risadinha – ela está saindo com... outra pessoa. Você vai conhecer hoje.  

—Ah, ok.  

—Eu cuido dos gêmeos de vez em quando, seus tios trabalham muito, é difícil ver a Mara assim tranquila à noite.  

—Minha mãe comentou comigo, sobre não atrapalhar ela, acho que era isso.  

—Deve ser.  

—Você conhece a Paula há muito tempo? 

—Há uns cinco anos, eu acho – ele disse pensativo – ela é melhor com datas.  

—E nunca rolou nada entre vocês? - perguntei por curiosidade, mas acho que ele entendeu errado, pela olhada e o sorriso que me deu.  

—Não nunca, a gente sempre se tratou como irmãos. Mas e você? Se me permite perguntar, terminou mesmo com seu namorado? - simples e direto, se eu tivesse com bebida teria engasgado.  

—É complicado, mas sim, terminamos – ele assentiu e pude notar que estava segurando para não sorrir. Que os deuses me protejam para eu não fazer burrada essa noite.  

Chegamos no bar e os amigos da minha prima me receberam super bem. Ela me deu outro abraço de urso e me pegou pela mão para me apresentar a uma menina.  

—Essa aqui é a Mel – ela disse tentando ler meu rosto – minha... namorada.  

—Ah, prazer em te conhecer – cumprimentei ela e sorri para a minha prima. Ela nunca tinha me contado que gostava de meninas, mas fiquei feliz por ela confiar em mim. Mel tinha cabelo castanho liso um pouco acima do ombro, pele morena e estava de body e shorts jeans escuro.  

—Paulinha fala muito bem de você - ela disse sorrindo.  

—Ah que bom, nós costumávamos nos matar antigamente – eu disse e elas riram um pouco.  

Sentamos na mesa e logo todo mundo estava conversando, não me senti de fora em nenhum momento, parecia que eu era do grupo havia tempos o que me fez sentir muito bem e esquecer tudo aquilo que estava acontecendo em casa. 

O garçom trouxe o cardápio e eu fiquei muito tentada em pedir alguma bebida mais forte, mas lembrei dos olhos penetrantes da tia e resolvi resistir.  

—Se quiser beber alguma coisa eu não vou contar – André me prometeu.  

—Não, tudo bem – eu disse e ele fechou o cardápio também.  

—Então vou te acompanhar – ele se virou para o garçom - por favor me vê uma coca e... - ele olhou para mim esperando a resposta.  

—O mesmo.  

—Duas cocas – ele disse e o moço anotou o pedido.  

A noite passou muito bem, conversamos muito e rimos como se não houvesse amanhã. No final da noite alguém deu a ideia de passarmos na praia e foi como se tivessem descoberto a cura do câncer. Todo mundo comemorou. Pagamos a conta e seguimos para nosso próximo destino.  

Estava bem quente, e a areia ainda estava morna do Sol da tarde assim como a água.  

—O que está achando da cidade e de tudo até agora? - André me perguntou.  

Minha prima e Mel andavam abraçadas perto do mar e nós estávamos um pouco mais atrás.  

—Estou gostando muito daqui. Todo mundo é bem legal. 

Os amigos deles gritavam e corriam na areia e não estavam nem aí para quem podesse estar olhando.  

—Eu também? - ele perguntou empurrando meu ombro com o dele de leve. 

—Sim, você também - eu disse sorrindo.  

Sentamos um pouco de frente para o mar e ficamos ali por um tempo, só admirando as ondas quebrarem na areia.  

—No que está pensando? - ele perguntou.  

—Em como estou feliz de ter vindo para cá, estava um clima tão ruim em casa e tanta coisa tem acontecido, que tirar esse tempo foi a melhor coisa que eu fiz.  

—Fico muito feliz por você ter vindo também - ele disse e me olhou – parece que você foi feita para nosso grupo, não acha – assenti e continuamos a nos olhar, ele foi chegando mais perto e eu também dele. Até nossos lábios se tocarem.  


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Notas finais do capítulo

E ai o que estão achando? Comentem aí suas opiniões, vou adorar saber.
Até o próximo capítulo.



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