Ascensão - Alicança escrita por Nancy


Capítulo 2
Capítulo 2 - Desaparecimento


Notas iniciais do capítulo

MARRY CHRISTMAS!
Olá amigos, estou de volta com o capítulo prometido de natal para vocês.
Infelizmente, ele não é dos mais alegres hahahaha, mas espero que gostem!



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Como foi que eu cheguei no meu quarto? Pelos deuses minha cabeça... Talvez levantar devagar seja uma boa ideia. As coisas ainda giram um pouco...

Me levantei devagar e caminhei na direção do banheiro. Quem quer que seja que me carregou para o quarto – e pensando bem, era melhor que tivesse sido Zander – foi gentil o suficiente para tirar meu corset, aquele que Zander fez questão de deixar bem apertado ao amarrar. Tirei o resto da roupa e entrei debaixo da água fria do chuveiro. Fiquei ali um bom tempo, sentindo a água escorrer pelo meu corpo e levar parte da dor de cabeça infernal.

Me sequei com uma das toalhas penduradas e usei a outra para secar os cabelos. Devia ser bem tarde, pois o resto da casa estava em silêncio e do lado de fora da janela estava escuro. Me enrolei na toalha e saí do banheiro. Passei pela escrivaninha perto da cama e vi um envelope novo ali. Era a letra de Victor, com certeza. Abri a carta com tanta felicidade que eu não parecia ter nenhum problema maior em minha vida. Adorava receber as cartas de Vic, era uma pena que enviar novidades para ele era muito difícil, já que demorava quase um mês para que fosse entregue.

“Minha querida amiga Aida.

Ouvi de Faelern que você se aliou a pessoas bastante perigosas. Estou preocupado com você. Tenho fé em suas habilidades, mas ainda assim temo por sua vida. Me perdoe. Como seu amigo eu me importo demais com sua segurança. Te imploro Aida: não confie neles.

Bem, sobre mim: Estou em uma pousada em Valond, treinando para ser um ferreiro melhor. Se lembra da minha promessa? Bem, estou treinando bastante para cumpri-la.

Espero que essa carta encontre o caminho até você. Por favor tome cuidado.

Com amor,

Victor.”

Era uma ótima hora para responder a carta, afinal eu ainda estava um tanto emotiva por conta da bebida. Peguei a pena e o tinteiro e comecei a escrever em uma das folhas que deixava em cima da mesa.

“Querido Victor.

 

Sua carta chegou sã e salva, fico muito feliz em ouvir que está bem.

Entendo sua preocupação com minha nova aliança, mas não se preocupe, eu não tenho a menor intenção de ser descuidada com os Águias. Peço desculpas por fazê-lo se preocupar tanto comigo, mas espero que fique aliviado ao saber que pretendo ser tão cautelosa quanto você deseja.

Se tornar um ferreiro melhor quer dizer que vou ganhar um novo par de adagas? Porque eu ia adorar isso! Eu ainda uso as que você concertou na ilha. Elas são perfeitas para minhas mãos, muito leves e ainda assim bem afiadas. Mas ainda assim, mal posso esperar para ver meu novo par. Já pode começar a trabalhar!

Fico feliz em saber que você está sempre disposto a aprender mais.

Espero ouvir notícias em breve!

Com amor,

Aida.”

 

Mais tarde eu pediria à um dos membros dos Águias para entregar isso no porto. Eu não saía mais da casa de Airdan a não ser que Zander tivesse um ótimo motivo para me arrastar de lá. Meu medo era que Kael tivesse espiões do lado de fora.

Respirei fundo e me levantei, deixando a pena e a carta sobre a mesa. Estava frio, talvez devesse vestir algo. Assim que me virei soltei um grito.

— Aida... – Diego estava sentado em minha cama, apenas me observando. Filho da puta, quando foi que ele entrou no meu quarto? E eu estava de toalha! Zander mataria ele se descobrisse isso.

— “Aida...?”. Oito meses e você entra no meu quarto no meio da noite e ainda vem me chamar de mansinho?! – Parti pra cima dele, pronta pra acertar aquela cara que pedia pra apanhar. Ele se levantou rapidamente da cama, segurando meus dois pulsos e invertendo as posições, me jogando na cama. Infelizmente força física não era meu forte. – Me larga! – Ele me prendia com as pernas, sentado sobre minha cintura.

— Vai me deixar falar? Caso contrário não vou soltar.

— Quer morrer Diego? Perdeu o medo do perigo, foi?

Ele revirou os olhos – Eu vou te largar e você vai ficar quieta, sem tentar me esmurrar. – Ele não estava negociando. Seu olhar era sério.

Resolvi ficar quieta. Ele me soltou e seu me sentei na cama, ajeitando a toalha.

— Desembucha.

— Estive de olho em todos os seus amigos, incluindo aquele ferreiro que agora está em Valond...

— Victor... O que aconteceu com ele? – Já ia pra cima de Diego novamente, mas ele ergueu um dedo, o me fez pensar que ele talvez não dissesse mais nada se eu não ficasse quieta.

— Estive de olho caso Kael tentasse qualquer coisa... Ele desapareceu há mais ou menos duas semanas.

— DUAS SEMANAS? E VOCÊ SÓ VEIO ME DIZER AGORA?! – Ele segurou meu punho prestes a acertá-lo.

— Eu queria ter certeza de que ele realmente tinha desaparecido. Se acalme, inferno!

— E onde ele está?

— Se eu soubesse não teria vindo te dizer, apenas o resgataria.

— O que veio fazer aqui então? Me matar de preocupação? Ele pode estar morto!

— Ele não está morto. A Ordem Prateada está por trás disso, acredito que ele pode estar na masmorra do castelo de Nothcliff.

— Vou para Northcliff agora.

— Tem como você se acalmar? – Ele me soltou – Vista alguma coisa, antes que seu elfo zangado ache que eu tirei proveito da situação, e me encontre no salão. Eu tenho um plano, se é que você está disposta a ouvir.

— Você tirou proveito! Saia do meu quarto!

x

Assim que entrei no salão, Faelern me olhou.

— Faelern...

— Tem certeza de que essa informação está correta? – O elfo perguntou.

— Certo, estão todos aqui? – Diego chamou nossa atenção.

— Sim, agora ande logo com isso.

— O castelo de Northcliff é muito bem protegido. Com a Ordem dos Cavaleiros extinta, a Ordem Prateada tomou para si a responsabilidade de proteger os muros, bem como toda a cidade. Você conhece bem os Nobres Aida, sabe que não há nenhuma forma de passar despercebido para tentar entrar no castelo.

— E então o quê? Está sugerindo uma distração?

— É um plano possível, mas eles poderiam perceber e então as coisas ficariam realmente muito complicadas para o time da distração. Eu prefiro dizer sempre que a melhor forma de invadir um castelo é pela porta da frente.

— Sim, claro. Eu devo comprar flores e chocolates no caminho? Sabe, me adequar à regra de “primeira visita” á casa do rei. – Falei com ódio na voz. Ele era idiota ou o quê?

— Haverá um baile para a realeza, Nobres e alguns convidados dentro de algumas semanas. Tenho certeza de que a Ordem Prateada estará lá, bem como os novos aliados do Rei. Você tem uma ótima chance de conseguir entrar sem ser notada.

— Você quer que eu entre em um baile real... CHEIO DE NOBRES?

— Exato. – Ele respondeu friamente – Nobres e o alto escalão de Northcliff. Também quero que leve Kole com você. Ele é ótimo em encontrar o caminho mesmo no escuro e pode sentir quando há algo de errado.

— Você é mais estúpido do que parece se acha que eu vou deixá-la partir para Northcliff com um membro dos Águias. – Zander se intrometeu.

— Não tenho tempo para seus ataques emocionais, mago. Ela é uma Nobre e sempre será, ela é da realeza e atualmente estamos quase em guerra. Ela jamais poderá fazer seu trabalho se sempre tiver alguém a segurando por estar preocupado. Você é egoísta em seu amor, mago. Eu sugiro que o mantenha sob controle. – Diego realmente estava querendo morrer, falando com Zander desse jeito. Eu logo segurei suas mãos, impedindo que ele fizesse qualquer movimento que pudesse matar nosso informante imbecil.

— Pare de tomar minhas decisões por mim. – Olhei com raiva para Diego. – Infelizmente o idiota está certo. – Soltei as mãos de Zander que ainda mantinha o olhar fixo em Diego – Quanto mais pessoas vierem comigo, mais estarei em perigo, um grupo grande seria facilmente percebido. Um grupo grande e uma Nobre no meio seria pior ainda, seríamos mortos antes de conseguir arranjar um álibi. – Respirei fundo e me dirigi apenas a Diego agora. – O maior problema são meus olhos, são verdes e não vermelhos como o dos outros Nobres.

— Não fale com ninguém, a menos que seja estritamente necessário. Você é uma Nobre e ninguém ousará te questionar. Kole pode sentir o perigo, se algo der errado ele vai te tirar de lá.

Respirei fundo e engoli em seco. Olhei para Nina, que provavelmente dormiu na casa de Airdan, considerando o quanto estava passando mal no dia anterior.

— Já sei querida, vou preparar o navio para partir ao amanhecer.

— Deve estar totalmente pronta par partir ao amanhecer Aida, são alguns dias de viagem até Valond e você não pode estar atrasada para o baile de forma alguma.

x

Passei algum tempo arrumando minha mala em silêncio. Zander estava sentando em minha cama sem dizer nenhuma palavra. Eu sabia o quanto ele estava preocupado e o quanto tentaria me convencer a não ir apenas com Kole. A ideia de entrar no ninho das cobras me apavorava, especialmente quando havia mais delas do que o comum. A cidade estaria terrivelmente bem protegida e eu começava a me perguntar se Kael se lembrava de meu rosto ou se ele me descobriria por ser a única Nobre que não puxa o saco dele.

Victor... Era o mais tomava minha mente. O que estariam fazendo com ele na masmorra? Ele foi pego por ter relação comigo, disso eu tinha certeza. Talvez uma das cartas dele tenha sido interceptada. Eu temia pelo pior. Faelern me odiaria para sempre se alguma coisa acontecesse com seu melhor amigo. Eu também jamais me perdoaria. O que aconteceria com o resto de meus amigos se alguma coisa desse errado? Eu não queria me meter em uma guerra, não queria perder aqueles que amo. Eu devia ter ficado quieta naquele acampamento e jamais ter ido atrás daquele mapa com Sky.

Meus próprios sentimentos me impediam de respirar. Sentei ao lado do malão e escondi o rosto com as mãos, deixando o sufoco escorrer de meus olhos. Não aguentava aquilo, não nasci pra aturar essa pressão, tantas vidas nas mãos erradas... Senti os braços de Zander ao redor de mim, mas aquilo só fez com que eu começasse a soluçar e chorar ainda mais. Pensar que talvez eu não voltasse para vê-lo uma última vez.

— Você não tem que tentar ser forte todo o tempo... Sabe disso. – Ele falou com aquela voz calma que sempre me deixava mais tranquila.

Sim, eu tinha que ser forte o tempo todo, era ridículo chorar por esse tipo de coisa e eu me odiava por me permitir ser fraca desse jeito. Respirei fundo, engolindo as lágrimas e enxugando o rosto, tomei o controle das emoções novamente, usando as táticas que Zander me disse uma vez que sempre funcionavam com ele.

Olhei em seus olhos claros e o abracei. O dia estava dando sinais do nascer do sol e eu devia embarcar logo para passar despercebida pela multidão que logo tomaria a cidade.

— Vou voltar...

— É melhor voltar inteira. A ideia de ficar te remendando com necromancia não é legal. – Ele falou ainda calmo.

— Sabe que eu odeio quando faz piadas com necromancia...

— Sabe que eu odeio a ideia de você morrer.

— Ora, já devia ter se acostumado depois de tanto tempo. – Tentei fazer graça, mas sem sucesso dessa vez. – Não se preocupe, ficarei bem.

— É bom.

Ouvi algumas batidas na porta e a voz de Nina.

— Devemos partir logo Aida, está pronta?

— Sim, estou indo! – Respondi alto para que ela ouvisse.

Zander tirou o cabelo de meu rosto e selou meus lábios, colocando-me de pé. Ele fechou o malão com minhas roupas e o carregou escadas abaixo.

— Nem pensar que nós vamos ficar aqui parados sem fazer nada. Airdan e Tillie conseguirão os mapas de toda a cidade e as saídas secretas caso tudo dê errado e nós precisemos entrar lá. – Sky estava com lágrimas nos olhos, obviamente se controlando para não chorar. – Jace e eu vamos montar guarda para receber qualquer mensagem que vocês enviarem. Lembre-se que as águias treinadas podem atravessar o oceano em algumas horas e entregar mensagens urgentes, sei que os Águias sempre viajam com uma delas quando estão em alguma missão importante, mas elas são facilmente detectadas pelos soldados da Ordem Prateada, então tome cuidado, sim? Me prometa que vai tomar cuidado!

— Se acalme Sky, eu vou ficar bem!

Seena veio correndo escada abaixo e me abraçou. – Aida vai voltar?

— Vou sim menina. Quem mais vai te ensinar as coisas erradas da vida? – Baguncei seus cabelos louros e então ela me soltou.

Jace fez questão de me abraçar o mais forte que meu corpo “magro e frágil” – segundo ele – permitia.

— Volte inteira, gracinha. Não quero ter que te procurar embaixo de escombros outra vez...

Depois de milhões de abraços, finalmente saímos da casa de Airdan. Jace insistiu que iria comigo até as docas, para me proteger no caso de qualquer ataque. Zander não ficaria na casa nem com um decreto, então fui escoltada por meus dois cavaleiros até o cais. Me certifiquei de cobrir os cabelos com um capuz antes de sair.

— Sem beijos de despedida? – Olhei para Zander antes de embarcar.

— Pense nisso como uma recompensa para quando voltar. – Ele sorriu.

— Hm, que cruel. – Sorri de canto e então abracei Zander e Jace uma última vez, embarcando junto com Kole.


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Notas finais do capítulo

Ohh, Vic is missing...
Pois é, o que será que vai rolar nesse baile hein? Curiosos?
Espero que sim, pois o próximo sai no dia 31 como presente de Ano Novo!



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