Ascensão - Alicança escrita por Nancy


Capítulo 1
Capítulo 1 - O casamento


Notas iniciais do capítulo

Yess I'm back!
Olá caros leitores. Demorei bastante para escrever a terceira temporada, eu sei. Mas eu havia prometido que não iria postar sem que ela estivesse pronta e cá estamos! (está quase pronta).
Bem, espero que gostem o primeiro capítulo. Ainda estou seguindo o jogo, como fiz nas outras duas temporadas, porém temos algumas alterações de acontecimentos e até mesmo de personalidade.



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Muitos meses se passaram desde a luta no templo da Montanha de Valond. A situação ficava mais crítica a cada dia, Kael havia reforçado a guarda em todo lugar que estivesse sob seu comando, ele parecia sentir o que estava prestes a acontecer, mas não tinha ideia da diferença de nosso poder. Talvez ele não soubesse que eu havia me livrado do exército. Ele não tinha ideia que eu não tinha forças para bater de frente com ele, que eu estava fugindo feito um rato, me escondendo de meus problemas e querendo apenas sumir do mundo.

Diego não me trazia nada de útil havia meses e eu não via a cara dele tinha tempo. Estava apenas me preparando para socá-lo quando o visse. Estávamos “acampados” na casa de Airdan durante todo esse tempo. Me surpreendeu a calma e a paciência que ele tinha com todos nós, afinal devia ser um desconforto enorme ter um bando de gente na sua casa quando você só quer paz para ficar com sua noiva. Sim, Airdan e Tillie estavam noivos e era por essa razão que nesse exato momento Zander me ajudava a vestir a roupa que eu deveria usar no casamento deles.

— Ouviu o que eu disse? – ele me chamou a atenção, virando-me de frente para ele após terminar de amarrar meu corset. É claro que eu não ouvi, eu não ouvia a maioria das coisas que as pessoas me diziam, especialmente quando minha cabeça estava nas nuvens, mas ele já estava acostumado com isso, então apenas riu e tirou um fio de cabelo do meu rosto. – Relaxe... Nada vai estragar esse dia. Esqueça de tudo por algumas horas, certo? Se divirta um pouco. – De repente me peguei tendo que ouvir de um Elfo da lua que eu precisava relaxar... Imagino que as pessoas me viam como uma bomba ambulante prestes a explodir a qualquer momento, desaparecer de vista ou qualquer coisa do tipo. Durante a noite eu me pegava perambulando pelos corredores da casa sem conseguir dormir, passava horas no quarto lendo os romances idiotas que Zander sempre me trazia da biblioteca. Eu só saía do quarto para as refeições, pois caso contrário iriam começar a achar que eu estava doente e aí eu teria uma atenção redobrada, o que não estava nos planos.

Respirei fundo e olhei para Zander que ainda esperava uma resposta. Sorri sinceramente como não fazia na frente das outras pessoas. Zander era a única pessoa que conseguia me arrancar um sorriso desses nos últimos meses.

— Vou me divertir. – falei com a máxima sinceridade que pude, recebendo um abraço apertado em seguida. Eu havia me tornado ótima em fingir emoções que eu não sentia; rir sem o menor ânimo havia se tornado parte da rotina e fingir que não estava sendo assombrada por pesadelos e assustada pela própria sombra já era algo tão natural que eu me perguntava se algum dia minha vida ia voltar ao normal.

— Agora vamos arrumar essa bagunça que você chama de cabelo. – Ele riu, me empurrando para frente do espelho. Zander era durão em frente à maioria das pessoas, mas não comigo. Estávamos acostumados com a presença um do outro, ele era meu amigo quando eu não queria falar com mais ninguém, meu confidente quando eu queria chorar sem que me sentisse envergonhada por isso, meu amante nas noites frias e quando eu me sentia mais solitária. Talvez houvesse um motivo pelo qual ele me trazia aqueles romances idiotas (e que eu não largava mão)...

— Consigo superar e entender tudo o que Diego fez, mas não o perdoo por isso. – falei assim que olhei o comprimento de meus cabelos. Zander riu.

— Você não deixa que eles cresçam. Está sempre me pedindo para cortá-los, pare de reclamar. – Ele se apoiou em meus ombros, olhando para meu reflexo no espelho. – Sabe que fica linda de qualquer jeito.

— Mas ainda quero colocar a culpa nele. – Me fiz de emburrada, fazendo-o rir novamente.

— Certo, emburrada. Agora fique quieta e me deixe arrumar.

Zander tinha um dom impressionante para trançar cabelos que deixava qualquer mulher com inveja. Ele me obrigava a sentar na cama todos os dias e deixá-lo arrumar o que ele chamava de “bagunça”, embora para mim fosse apenas meu cabelo sendo original. Sorriu orgulhoso quando terminou e me roubou um beijo.

— Se me permite senhorita, vou me arrumar também.

Sorri – Á vontade senhor. – sentei-me na cama e ali fiquei lendo meu livro, esperando que ele voltasse.

x

“Que Eanna seja minha testemunha. Eu sempre cuidarei e a protegerei pelo resto de minha vida. Eu estarei ao seu lado até o último segundo, serei seu amigo, seu protetor, seu amor e sua família. Eu te amo.”

— Mathilda Deagret Stormbrow, a partir de hoje você é minha esposa e minha família. Meu coração pertence a você, assim como minha vida.

Tillie estava chorando.

— Airdan Ionis, a partir de hoje você é meu marido e minha família. Meu coração pertence a você, assim como minha vida.

“Pelos antigos Reis e Rainhas, vocês são agora parceiros pela vida e eternidade. Que Eles olhem por vocês durante sua jornada juntos.”

Apesar de Tillie ser uma Anã e Airdan ser um Elfo da lua, eles haviam escolhido fazer um casamento com os costumes humanos. Talvez pela curiosidade de Tillie sobre as outras raças ou pelo fato de não terem encontrado nenhum padre ou sacerdotisa anão.

— Me pague o que deve. Você disse que ela se casaria com um Elfo da lua – ouvi um dos irmãos de Tillie sussurrar para o outro.

— Você disse que ela se casaria com o Mago, não te devo nada. – o outro irmão sussurrou de volta. Olhei para Zander que revirou os olhos, tive que segurar o riso. A família de Tillie era extremamente animada e nos últimos dias confesso que até me diverti com eles.

Sky estava do outro lado do altar, chorando é claro. Olhei para ela, perguntando por que diabos estava chorando.

“É um momento de alegria!” ela me respondeu apenas movendo os lábios, fazendo aquela cara que dizia que eu era uma insensível sem coração.

Enquanto seguíamos o casal feliz para fora do salão, o pai de Tillie se aproximou de mim e Zander.

— Oh Zander, meu garoto... Minha pequena Tillie. – Ele também chorava.

— Não se preocupe, Airdan é uma boa pessoa. E sempre há a possibilidade de eu transformá-lo em cinzas caso trate Tillie da forma errada. – Zander sorriu.

A festa estava de fato maravilhosa. Tudo exatamente como Tillie e Airdan haviam planejado. A sensação de paz que me invadiu foi mais que bem vinda, meus risos e sorrisos eram verdadeiros e ali naquele jardim eu não me sentia ameaçada por nada. Estávamos todos sentados em uma grande mesa. Todos conversando alto demais, bebendo demais, comendo como se não houvesse amanhã. Sky chorava a cada segundo ao se lembrar da cerimônia, Tillie também chorava e as duas riam juntas. Eu nunca vou entender o que se passa na cabeça dessas duas loucas.

Jace conversava com um dos quatro irmãos de Tillie, contando-lhe uma de suas histórias mirabolantes, Seena tentava convencer Faelern a dançar, mas ela teria tanto sucesso quanto Sky tentando convencê-lo a usar camisas. Nina havia chegado atrasada para a cerimônia, mas Tillie a perdoou depois de receber a boa notícia de que a bebida extra estava sendo trazida do porto.

— Não entendo por que os Águias estão aqui. – Sky se aproximou de mim quando fui buscar mais bebida. – E Diego nos deu um guarda-costas, qual o nome dele? Kole... Não sei. Ele me dá arrepios.

— Desculpe senhorita Sky, nunca tive a intenção de te assustar. – Kole respondeu de longe.

— Ah ótimo, agora você anda escutando nossas conversas particulares? – Sky realmente se irritava com qualquer um que fizesse isso.

— E-eu... Me desculpe... É que sou um Kaleik, e-eu realmente escuto mais do que deveria. Me perdoe senhorita Sky, eu não sabia que era uma conversa particular.

— É privado se nós não estamos falando com você. Da próxima vez que vir duas pessoas conversando, não escute. – Isso soou um tanto rude, mesmo que ela estivesse nervosa com ele.

— Eu não posso enxergar senhorita Sky, sou cego.

Essa resposta realmente deixou Sky constrangida por ter falado daquela maneira com ele. O simples fato de ele ser um Águia a irritava e eu não tirava sua razão. Eu ficaria irada se tivesse que me aliar aos assassinos de minha família por um bem maior.

— Apenas fique longe de mim. – Ela voltou para a mesa, se sentando ao lado de Jace.

— Senhorita Aida, eu fiz algo de errado que ofendeu a senhorita Sky? – Kole se dirigiu a mim.

— Bem Kole... Sua organização matou a família dela e isso pode ser considerado um tanto ofensivo.

— Ah... Mas realmente é culpa da arma se as intenções de seu mestre são erradas?

— Armas não possuem livre arbítrio, você sim. – Deixei Kole pensando no assunto e me afastei, voltando para a mesa.

Nós tiramos as cadeiras da mesa, colocando-as viradas para o campo, onde agora o noivo e a noiva dançavam. Eu não estava nem um pouco acostumada com as tradições de um casamento humano, ou qualquer outro casamento. Aparentemente era tradição que após a valsa dos noivos, os padrinhos dançassem. Jace levou Sky até o centro da roda e ambos foram acompanhando Tillie e Airdan na dança. Me fiz de totalmente desentendida quando Zander se levantou e estendeu a mão para mim.

— Me daria a honra, Majestade? – ele adorava me chamar assim só para me ver irritada.

— Daria a honra de quê? – O olhei ainda sentada.

— De dançar! Se esqueceu de como fazer isso? – Ergueu uma sobrancelha.

— Ahm... Não, vou ficar aqui e observar, está bem assim.

— Ah, então você é terrível dançando... – Ele deu aquele sorrisinho sacana. Zander tinha o péssimo dom de saber exatamente o que eu estava querendo dizer.

— Não sou terrível. – Não precisava ofender minha honra. – E pare de me olhar assim! – Aquela cara de vitorioso dele me dava nos nervos.

Zander não desviou o olhar, tampouco desfez a cara de vitorioso. Ele só queria que eu admitisse... Filho da mãe.

— Certo. Eu não posso. – Cedi.

— Não pode o quê?

— Não consigo dançar. Ninguém nunca me ensinou essa tal de valta.

— Valsa... – Ele riu. Não pensou duas vezes antes de me puxar pela mão, me obrigando a levantar. Forte demais para que eu conseguisse empurrar, apenas o olhei com ódio, fazendo-o rir. – Não precisa saber dançar, apenas siga meus passos.

— Como aprendeu a dançar? – Seus passos pareciam perfeitos. Pela primeira vez em muitos meses, senti meu rosto arder quando ele me olhava, talvez fosse a cor de seus olhos naquela claridade toda, ficavam ainda mais azuis e penetrantes.

— Eis uma das vantagens de ter pais extremamente rígidos que adoram frequentar bailes elegantes apenas para mostrar para Ildis o quão poderosos e ricos eles são. Tudo em nome da alegria é claro. – Eu me sentia um pato que não sabia como mover os pés fora da água, mas Zander era simplesmente perfeito.

Quando notei, nós estávamos mais afastados do círculo onde várias outras pessoas dançavam agora. Tillie caminhou sorrindo até nós dois.

— Desculpe atrapalhar os dois pombinhos, mas parece que a bebida acabou. Aida pode ajudar Nina a trazer o resto? – Ela pediu com uma felicidade inegável na voz.

Sorri para ela e Zander. – Já volto. Não se divirta muito sem mim. - Saí de perto, indo encontrar Nina na entrada do salão.

x

Tillie encarou Zander por um tempo sem dizer nada.

— O que foi? – Ele finalmente perguntou.

— Não! – Foi a resposta de Tillie.

— Não? – O mago pareceu confuso.

— Eu sei muito bem no que está pensando... E não! Absolutamente não!

— Bem, eu estava pensando em pegar outro pedaço de torta de cereja...

— Não venha dar uma de espertinho, Zander! Você está pensando em fazer a ligação. Ela é irresponsável e você também. Eu não quero perdê-la também, mas vocês dois? Você é meu irmão, meu melhor amigo. Eu não posso perdê-lo, não faça isso!

— O que você faria se soubesse que vai perder Airdan? Quanto tempo temos juntos Tillie? Sessenta anos, talvez noventa? Tenho duzentos e oitenta e sete anos Til...

— MEMÓRIAS! São as memórias que contam! Todos os dias nós vivemos e respiramos sob o risco de perdermos aqueles que mais amamos, mas é por isso que o amor é uma coisa preciosa. Nós perdemos e choramos, mas continuamos vivendo, pois esse é o único modo de manter essas memórias.

— Você ao menos sabe o que é perder alguém que você ama?

— E VOCÊ SABE? – Tillie se enfureceu, lágrimas brotaram de seus olhos – Você acha que amou Kille tanto assim? Você era uma criança! Você apenas não consegue se esquecer dela porque se sente culpado por sua morte! Isso não é amor! Amor é perdoar, amor é continuar vivendo por eles, pois isso é o que ela gostaria que você fizesse, continuasse vivendo!

Zander não respondeu. Ele sabia que estava errado, mas imaginar a dor de perder Aida o dava coragem para pensar em coisas como aquela. Ver Tillie chorando de preocupação partia seu coração, mas a anã via em seus olhos que ele havia entendido o recado.

— Idiota!

— Pare de gritar comigo...

— Alguém tem que gritar.

— Me desculpe por pensar nisso. Posso comer aquela torta agora? – O mago desviou o olhar.

x

— Parece que alguém está tendo problemas para falar... – Me aproximei de Sky já dando risada.

— Não estou tendo poublemas pra falar. Estou ótima. Aliás eu posso falar sobre nossas rotas de comércio e política. – Aparentemente eu ofendi seu orgulho.

— Ora, eu acho que seu comportamento está sendo muito contumelioso.

— MEU comprotamento não é contoulemioso!

Me segurei para não rir.

— Você está sendo muito embusteira, Sky.

— Não estou sendo impostora coisa alguma!

Não consegui me conter. Nem ouvindo direito ela estava.

— Diga “paralelepípedo”.

— Paralepepídeo. – Ela tentava ser séria nas respostas, pensando antes de falar, mas nem assim a bebida a perdoava. Quanto mais ela falava coisas sem sentido, mais eu ria.

— Te amo, Sky... Você é de longe minha “belhor” amiga.

— Aidaaaaaaa!!! – Ela fez cara de choro.

— Skyyyy!!! – A imitei.

— Aida, seja veliz zerto? Não seja trieste. Eu vi você ountem... – Ela parou de falar, talvez tudo estivesse girando. – Preciso seintar. Taovez eu deivesse deitar um pouco... – Sky não se importou em deitar no chão e eu não me importei em rir até que minha barriga comeasse a doer. Jace se aproximou e me ajudou a carregá-la para o quarto.

— Estou feliz que tenha vindo me visitar Aida, é realmente uma data muito importante para mim. – Ele falou enquanto voltávamos para o salão da casa de Airdan. Outro bêbado. – Veja, veja! Aposto que consigo descer as escadas com esse vaso na minha cabeça!

— Oh, isso soa muito perigoso.

— Sim, mas eu sou um homem do perigo, eu corro pelas chamas do terror todos os dias!

— Irritar Zander não conta como “chamas do terror”.

— Oh... – Ele emudeceu. – Não me diga que se esqueceu do incidente com o furão?!

— Foi Seena quem tirou o furão do meu quarto, Jace. – Ri.

— Eu estava usando pressão mental nele! Pressão mental!

— Ah sim, nesse caso eu imagino que o furão esteja traumatizado.

— Certo. Veja isso! – Ele se aproximou por trás de Zander, puxando um adereço de penas de sua roupa, ele ia apanhar...

— Jace! Me devolve isso! – Zander vociferou.

— Olha só gracinha, eu roubei a frescurite do fresco! – Ele adorava chamar Zander de fresco para irritá-lo. – Isso é perigo o suficiente pra você, gracinha? Sou um homem do perigo!

“AI” “EI” “PARE ISSO NÃO TEM GRAÇA” “AI! ZANDER!” meus amigos bêbados iam me matar de rir a qualquer momento.

— Idiota. – Foi a última palavra de Zander antes de sair andando de volta para o jardim.

Jace voltou quase rastejando para perto de mim. – Viu aquilo? Eu sou corajoso! Eu podia ter salvo a ordem...

Ah pelos deuses... Agora ele está chorando.

— Oh, seu homem malvado. Você sabe que homens chorando são minha fraqueza, então está tentando se aproveitar disso... Que malvado. Eu devia saber que não é de se confiar em um homem como você... Bonitões que gostam de tirar vantagem da fraqueza de garotas.

— Ah... Sim. Bem, eu estava apenas sendo eu, sabe... Mau. Você não tem a menor chance de lidar comigo. – Ele secava as lágrimas agora.

— Acho que eu deveria ir embora antes que você quebre meu coração, homem malvado. – Me afastei rindo, indo para o lado de fora.

Faelern era o único que estava sentado enquanto todas as outras pessoas bebiam e dançavam. Me sentei ao lado dele.

— Sabe Solyn, eu não entendo... – Ele não perdia a mania de me chamar de Solyn, mas eu já não me importava mais.

— Bem Faelern, quando duas pessoas se amam, elas sentem vontade de se unirem para sempre...

— Eu sei o que é um casamento, já fui noivo uma vez. O que eu não entendo é: se Airdan é um elfo e Tillie é uma anã, porque eles escolheram uma sacerdotisa humana?

— Talvez eles não tenham conseguido encontrar nenhum sacerdote anão...

— Não existem sacerdotes anões.

— No que eles acreditam afinal?

— Trabalho duro e dedicação? – Ouvi ele ensaiar uma risada.

— Você tem se tornado tão mais tolerável ultimamente... – O olhei.

— Talvez tenha sido a quantidade descontrolada de álcool que eu ingeri.

— Nesse caso acho que eu deveria colocar álcool em todas as suas refeições.

— Desse modo eu nunca teria controle sobre minhas ações.

— Exato. – Sorri de forma sacana.

— Porque gostaria disso, Solyn? Sem ter controle sobre minhas ações eu não seria útil.

— Seria menos irritante.

Ele pareceu pensar um pouco.

— Por que magos elfos não carregam um cajado?

— Espere... Está tentando me contar uma piada?

— Apenas responda.

— Não sei... Por que magos elfos nunca carregam um cajado?

— Vamos Faelern, conte... – Zander estava atrás de minha cadeira, cruzando os braços e fazendo cara de quem ia queimar Faelern vivo.

Apenas ri e me levantei, fui me juntar à Tillie e seu pedaço de torta.

— “Mathilda Deagret Stormbrow”, que nome Tillie...

— Ora, o meu não é nada comparado a “Alexander Theodin Morthil”. – Ela riu.

— Fala sério? – Olhei na direção de Zander – Isso é bem típico de um lorde. – Tillie e eu rimos.

— Você é da realeza, deve ter um nome ainda mais engraçado...

— Não sou da realeza, Tillie. Não sou ninguém. – Desviei o olhar.

— Seu nome provavelmente é o mesmo que o do rei Kael... Qual o nome inteiro dele? – Ela fazia força para se lembrar.

— Kael Idiotus Du Imbecilis.

— Eu sei seu nome inteiro senhorita Aida. – Kole novamente ouvia as conversas que não devia.

— Não quero saber meu nome, Kole... Eu sempre fui somente Aida e vou continuar sendo somente Aida.

— Como quiser senhorita somente Aida.

— Eu quero saber o nome dela... – Tillie olhou para ele.

— Talvez um dia ela mude de ideia.

— Parem com isso! Eu não quero saber o nome, eu não sou da realeza, não sou ninguém! – Me irritei. Eu odiava a ideia de ter o mesmo sangue de Kael, ele não passava de uma barata.

Kole se afastou, voltando para seu posto.

— Aida? – Tillie me chamou.

— Desculpe...

Ela ficou muda por alguns instantes e então riu.

— Nós perdemos o bolo.

Não contive a risada. – Então, eu viu dizer...

— Minha mãe está pirando. Ela não demonstra, mas é óbvio que ela está.

— Ela parece bem durona.

— Bem, eu tenho quatro irmãos mais velhos, ela tem que ser durona...

x

Já estava prestes a anoitecer quando Tillie pediu a atenção de todos.

— Bem, já que não encontramos nenhuma sacerdotisa elfa ou um lorde anão para nos casar, resolvemos fazer uma cerimônia na forma tradicional dos humanos, mas eu sou uma anã e esse é meu casamento, então eu quero ver ao menos uma das tradições anãs aqui! – Ela sorria – Bem, a tradição consiste em uma competição com a mãe da noiva e as madrinhas. – Isso já me deixou empolgada, adorava competições. – A competição é a seguinte: uma a uma, a noiva desafia as concorrentes a ver quem bebe mais sem beijar o chão, quem ganhar a aposta, recebe uma joia escolhida por mim. – Agora estou mais interessada ainda. Tillie ia cair fácil, ela já tinha bebido mais do que aguenta.

— Eu serei a primeira! – A mãe de Tillie, já bêbada, se levantou.

Elas beberam infinitas doses da Aguardente dos anões – bebida forte para os fracos – eu podia jurar que Tillie ia cair a qualquer momento, mas sua mãe não aguentou tomar mais uma dose e saiu correndo para o banheiro, eu ri, mas só até perceber que Sky – que era a outra madrinha – não estava mais na festa e isso fazia de mim a próxima vítima da competição. Tillie parecia não ter fim!

— Já que Sky não aguentou nem mesmo a bebedeira da festa, vou escolher alguém para participar em seu lugar. – Tillie sorriu sacana para Nina, a capitã. A Lith se levantou orgulhosa da cadeira e foi se sentar ao lado da noiva.

Nina também não resistiu indo fazer companhia para a mãe de Tillie no banheiro. Agora sim eu era a próxima. Pelos deuses, ela já bebeu tudo isso e ainda nem está tonta.

— Somos você e eu Aida. Sem medo, venha! – Ela me provocava.

— Não fique se gabando, anã. – Fiz ela rir.

— Você está falando com a tricampeã do torneio anual de bebida dos anões.

— Oh, vamos ver se você é tudo isso mesmo, campeã. – Eu tinha a vantagem de que ela já havia tomado pelo menos trinta doses de Aguardente.

Vinte doses de bebida foram colocadas à nossa frente, dez copos para cada uma. Começamos a beber tão rápido que eu só sentia o ardor da bebida na garganta quando já estava bebendo o terceiro copo. Como Tillie ainda estava viva? As dez doses foram fáceis, então mais dez vieram. Eu já não estava pensando direito...

Mais dez e eu precisava me lembrar de respirar, mas Tillie também estava péssima. Até que no sétimo copo da terceira rodada ela já não aguentava mais. Ainda tive a audácia de beber as doses que me restavam, apenas para garantir que ela realmente tinha perdido a aposta.

— Vou vomitar... – Ela se levantou, correndo para o banheiro.

— Eu ganhei! Ganhei! – respirei fundo. Por que está tudo girando? Pelos deuses, preciso deitar um pouquinho... Posso ver vagalumes por toda parte...


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Notas finais do capítulo

Yay!!
Esse foi o primeiro capítulo da saga.
Como eu havia dito antes, essa temporada será bem longa se comparada com as outras duas.
O capítulo do casamento é beeeem grande, no total ficou com cerca de 7k palavras, por isso tive que dividir. Mas não se preocupem, vou lançar ele como presente de natal para vocês!
E então, me digam o que acharam!!



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