Um amor nada convencional escrita por Lady Ferret


Capítulo 5
Visitando a Favela


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei um pouco mais que o normal pra postar, mil desculpas por isso! Mas tá aí o novo capítulo! YAY Boa leitura. s2



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O final de semana finalmente tinha chegado e Ruby estava agradecendo aos céus por não ver aquelas mesmas caras novamente, mesmo por apenas dois dias. Eram quase dez horas da manhã e, como esperado, a garota ainda estava dormindo, até escutar seu telefone começar a tocar. Acordou meio assustada e, ao perceber que o telefone estava tocando, apenas ignorou parque a pessoa parasse de ligar, até porque na maioria das vezes eram o pessoal da operadora que lhe ligava.

Quando finalmente parou de tocar, a garota se virou para o lado e voltou a fechar os olhos, foi o momento que o telefone voltou a tocar. Forçou a cabeça contra o travesseiro e soltou um grito abafado. Finalmente levantou e pegou o celular e viu que era um número desconhecido. Respirou fundo. Aquilo era mais um indício de que realmente era apenas a operadora, mas já que estava de pé, resolveu atender de uma vez por todas.

— Oi — falou seca e rispidamente, com os olhos fechados.

— Olá, bom dia! É a Ruby? — Não estava acreditando naquilo, conseguia reconhecer aquela voz, mas não estava acreditando que era realmente ela que estava lhe ligando.

— Sim, ela mesma… — continuou, no mesmo tom que anteriormente, sem nenhum ânimo pra conversar.

— É a Sapphire! — “Ah, não me diga!”, foi o que pensou naquele momento, mas não falou nada. — Então, eu tava pensando da gente fazer aquele trabalho de história hoje… — “Mas é claro que não!”, pensou mais uma vez, mas antes que pudesse falar qualquer coisa a outra continuou. — … por isso eu to aqui perto da sua casa, acho… É perto daquele lugar que você me deixou, quando a gente fugiu daqueles dois caras…

— Como é que é!? — gritou pelo telefone, se levantando em um pulo. — Você é louca? — Foi falando, se arrumando rapidamente e já pegando seu skate. — Só… fica aí e não faz nada estúpido! — completou, desligando o telefone logo em seguida e gritando para a mãe que iria sair.

Corria com o skate na mão, até encontrar um lugar um pouco mais plano para poder deslizar com um pouco mais de facilidade. Foram quase dez minutos deslizando pelas ruas esburacadas para enfim encontrar com Sapphire, que parecia estar conversar com um cara.

— Ei! — gritou de longe, chamando a atenção dos dois. Então se aproximou mais, ficando do lado deles. — Ela tá comigo, cara. Pode deixar. — Depois disso, o cara olhou feio para a mais baixa e simplesmente saiu dali. — Puta merda, você é muito sortuda, garota! Agora vamos!

— Calma, mas pra que tanto stress? Eu só tava conversando com o rapaz, ele tava me perguntando onde eu morava e coisa assim, só conversa.

— Como pode ser tão ingênua? Ele tava só te enrolando pra te roubar!

— Eu não sou tão ingênua, você que é muito desconfiada de tudo. Mas então, pra onde fica sua casa? — Ruby respirou fundo, tentando se acalmar, para então começar a caminhar para sua casa, junto da outra. Sapphire começava a olhar para todos os lados, um pouco impressionada com tudo aquilo, afinal, era  a primeira vez que entrava na favela. — Você tem que subir esse morro todo dia? — A outra apenas balançou a cabeça positivamente. — Deve ser muito cansativo…

— Eu to acostumada, faço isso desde sempre. Só é complicado subir com o skate, por isso subo com ele na mão.

— E é difícil andar nisso aí? — perguntou, apontando para o skate.

— Eu acho muito fácil, o segredo tá no equilíbrio. Se você tem um bom equilíbrio, consegue andar tranquilamente.

Foram conversando aleatoriamente até chegar na casa de Ruby, o que era algo bem improvável de acontecer. A garota não era muito de conversar, principalmente por tanto tempo e com aquela pessoa em especial, porém Sapphire parecia puxar assuntos de uma forma tão natural, que a conversa fluía de uma maneira tranquila e gradativa.

Finalmente tinham chegado à casa e Ruby já ia abrindo a porta, pedindo para a dupla entrasse. A casa era bastante simples, com poucos cômodos, o piso de cimento queimado, as paredes pintadas e descascando… Já estava mais que acostumada com aquilo, Sapphire apenas olhou em volta e pareceu não se importar com aquilo e realmente não estava.

Momentos depois de entrar, sua mãe chegava, segurando a irmã no colo, surpresa com a visita que a filha tinha trazido. Com um sorriso simpático, cumprimentou a garota e deu um beijo na filha mais velha, parando ao seu lado, esperando que pelo menos uma apresentação fosse feita. Ruby percebeu e resolveu fazê-lo.

— Essa é a Sapphire, uma colega da escola — dizia, apontando para a outra. — Essa aqui é a minha mãe — continuou, apontando para a mãe. — A gente vai fazer um trabalho de história, por isso ela veio aqui em casa…

— Prazer, eu prometo que não vou fazer muito bagunça! — dizia, demonstrando um sorriso simpático para a mulher.

— O prazer é todo meu. Não se preocupe em bagunçar, aliás, não repara na bagunça na casa, se eu soubesse que você viria, eu teria arrumado melhor as coisas — comentou, olhando para a filha ao dizer as últimas palavras, como se tivesse a repreendendo por não ter falado que ia levar alguém.

— Bom, estão apresentadas! Agora vamo que temos que terminar esse trabalho de uma vez. — Dito isso, as meninas foram para o quarto. — Er, pode deixar a mochila ali, eu vou pegar meu livro pra gente começar.

— Tudo bem. Tem alguma tomada por aqui? Meu notebook ta descarregado, acho que a gente vai precisar dele pra escrever e procurar o que a gente não achar.

— Tem, mas precisa afastar a cama, porque fica atrás dela.

Em pouco tempo, ambas começavam a ler e juntar ideias sobre o assunto que a professora passou, não era lá algo muito complicado, porém precisavam de muito leitura e informação para fazer algo bom. Na verdade se estivesse fazendo sozinha, Ruby iria deixar mais simples e, provavelmente, um pouco incompleto, mas Sapphire gostava das coisas mais detalhadas e perfeito. Acabou que no final das contas um ótima dupla tinha sido formada.

Foram fazendo o trabalho até dar a hora do almoço e, com isso, sua mãe batia na porta e entrava no quarto logo em seguida, chamando as duas para almoçar e que não iria aceitar não como resposta, pois elas precisavam de dar uma descansada para então continuar com o trabalho.

Logo as duas apareciam na cozinha e iam pegando seus pratos, para então comer. A comida estava dentro das panelas, que logo iam sendo abertas pela mais baixa. Era comida simples, porém bem gostosa. Arroz, feijão, chuchu e linguiça era o cardápio do dia, além de suco de acerola feito da fruta. Sapphire não queria abusar da boa vontade dos outros, então colocou uma quantidade bem pequena de comida no prato, mesmo sendo pedida para que colocasse mais, não o fez.

Como não havia uma mesa de jantar, todas foram para sala mesmo, comendo no sofá, enquanto assistia alguma coisa que passava na televisão. O copo ficava entre as pernas ou no chão mesmo, sem problema algum. O proto de Ruby era exatamente o oposto da colega, era o famoso prato de pedreiro, era incrível como ela comia tanto e ainda era magra, provavelmente era por causa das longas deslizadas com o skate.

Estavam tão distraídas com o programa que estava passando que terminaram de comer e, mesmo assim, continuaram por ali na sala, assistindo o que estava passando por ali. Foi quando o inesperado aconteceu, pelo menos inesperado para Sapphire. Tiros, não um nem dois mas um verdadeiro tiroteio começou a acontecer do lado de fora da casa. Rapidamente Ruby se jogou no chão e puxou a outra para também o fazer, enquanto sua mãe corria até o quarto, onde a outra filha se encontrava.

O terror continuou por quase quinze minutos inteiros, todas na casa tremiam com bastante medo, uma bala chegou a atravessar a porta da frente, mas por sorte não chegou a atingir ninguém. Sapphire nunca tinha passado por algo daquele tipo antes e nem mesmo imaginava que um dia iria passar por algo assim. Quando tudo finalmente parou, todas foram se levantando lentamente, uma tentando acalmar a outra.

— Acho melhor a gente encerrar esse trabalho por hoje… — comentou Ruby, ainda meio atordoada com o que tinha acontecido. Por mais que já tivesse passado por aquilo várias vezes, o medo era sempre o mesmo.

— Tudo bem, acho que é melhor mesmo… — concordou, indo pegar suas coisas para poder ir para casa.

— Mas não é melhor sair por agora não, é melhor esperar um pouco… Eu não sei se isso foi troca de tiro com a polícia ou entre o pessoal daqui — Sapphire apenas concordou com a cabeça, colocando a mochila nas costas e voltando a se sentar no sofá.

Depois de algum tempo, Ruby conseguiu tirar da cabeça da amiga a possibilidade de chamar um uber para lhe buscar, não era a melhor coisa para se fazer em uma favela, principalmente depois de um tiroteio! Então finalmente conseguiu convencer a outra de chamar um moto-taxi, que era algo bastante comum por ali.

Quando a moto chegou, ambas se despediram e então Sapphire foi embora, meio ainda sem jeito com aquilo, pois aparentemente nunca tinha subido em uma moto também. Ruby observou a outra ir até sumir do seu ponto de visão, se perguntando se ela um dia iria querer voltar ali, depois de tudo aquilo ter acontecido.


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Notas finais do capítulo

Eai, complicado né? Conta aí o que achou!



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