Um amor nada convencional escrita por Lady Ferret


Capítulo 14
Dona de casa


Notas iniciais do capítulo

As coisas vão ficando cada vez mais tensas, né? Espero que gostem...Boa leitura!! s2s2



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Durante todo percurso de volta pra casa, ficou com aquele abraço em sua cabeça, porque diabos tinha feito aquilo? Ainda mais sem perguntar e sem motivo algum! Não costumava abraçar nem a própria mãe, quem dirá amigas. Por um lado isso foi bom, o fato de estar distraída, pois talvez o que fosse enfrentar quando chegasse em casa não fosse algo simples, ou pelo menos era o que pensava, quando se lembrava do que estava indo fazer.

Quando finalmente chegou na favela, fez questão de percorrer o caminho mais longo para sua casa, estava realmente querendo evitar aquele possível conflito. Ainda mais porque estava começando a ficar estressado, pois podia notar alguns olhares e até alguns comentários sobre ela mesma. Tinha esquecido que teve um quase escândalo do lado de fora de casa e muitas pessoas presenciaram, ou seja, àquela altura do campeonato toda a favela já sabia o que tinha acontecido e, quando viram Ruby aparecer, os cochichos foram inevitáveis. Ela não sabia, mas tinha até mesmo algumas pessoas lhe perseguindo, para ver o que aconteceria quando ela chegasse em casa.

Enfim chegava na rua que dava para sua casa e logo respirou fundo, engolindo a saliva presente em sua boca. Seus passos começaram a diminuir, mas ainda assim não parou de andar. Tinha que lidar com aquilo de uma vez por todas. Chegou em casa e, por alguns minutos, exitou em abrir a porta. Com o canto de olho podia notar algumas pessoas paradas olhando aquela cena, o que a deixava ainda mais nervosa, mas tentou apenas ignorar. Então abriu a porta e deu de cara com sua mãe, que a princípio se assustou um pouco, mas ao ver que era a filha, apenas olhou seriamente para a garota e depois desviou o olhar para a televisão. Apenas isso, sem sermão, sem expulsão, sem uma palavra.

Ruby não sabia exatamente se aquilo era algo bom ou não, mas apenas fechou a porta atrás de si e foi para seu quarto. Jogou a mochila no chão, fechou a porta e se jogou na cama, ficando de frente para o teto. Sempre fazia aquilo quando queria pensar e refletir um pouco sobre a vida e, naquela hora específica, queria apenas entender o que tinha acabado de acontecer. Sua mãe realmente não tinha falado nada, era isso mesmo? Não deveria, mas aquilo estava lhe corroendo por dentro e, talvez (só talvez), aquele fosse o real objetivo de sua mãe.

Sentou-se na cama e ficou encarando a porta. A sua vontade era sair dali e ir confrontar sua mãe de uma vez por todas. Sabia que não seria fácil, porém quando mais rápido o fizesse, mais rápido aquilo tudo acabaria. Enquanto olhava para a porta começou a sentir uma dor em seu ombro e só então se lembrou do tiro. Durante o final de semana estava tão distraída com Sapphire que nem mesmo sentiu dor alguma, mas naquele momento começava a sentir certa dor e desconforto no ombro.

Pronto, estava decidida em ir falar com a mais velha. Levantou-se e caminhou até a porta, porém antes de abrir, exitou. Mais uma vez ficou naquilo por vários minutos, querendo e não querendo abrir a porta. Começou a andar em círculos dentro de seu quarto, até criar coragem suficiente pra sair, então foi de uma vez, sem pensar muita coisa.

Foi até a porta e a abriu, caminhando até a sala de uma só vez e, quando estava prestes a começar a falar, não avistou ninguém por ali. Parou, achou meio estranho… Depois voltou e foi para o quarto de sua mãe, porém sua mãe também não estava por ali, apenas sua irmã, dormindo. “Ela realmente saiu sem avisar e deixou minha irmã dormindo?” Pensou naquele momento, ficando com ainda mais raiva da mãe. Qual era o problema dela?

Voltei para a sala e, como não tinha mais o que fazer, apenas ligou a televisão e ficou assistindo qualquer coisa que estivesse passando naquele momento. Nada conseguia realmente lhe entreter, principalmente por voltar a sentir aquela maldita dor no ombro. Pelo menos sua irmã não estava acordada e nem chorando.

 

~*~

O  dia passou mais devagar do que realmente parecia e nenhum sinal da mãe. Sua irmã acordou logo no fim da tarde e Ruby logo foi cuidar da pequena, trocando sua fralda e lhe dando mamadeira. Aquilo estava muito estranho, já eram nove horas da noite e sua mãe anda não tinha chegado, será que tinha acontecido alguma coisa? Estava bastante preocupada, mas se recusava de ligar para a mulher ou algo assim, puro orgulho.

Com a irmã no colo, começava a fazer o jantar, já que não tinha a menor ideia de quando sua mãe iria voltar, teria que se virar do jeito que sabia, o que não era muita coisa. Para não ter que ficar fazendo bastante coisa, resolveu apenas cozinhar um macarrão, sem um molho específico, apenas o famoso alioli mesmo, até porque nem sabia se tinha ingredientes para fazer algum molho. Nos momentos em que tinha que mexer com algo perigoso, como o fogão, deixava a irmã na cadeirinha, dando um brinquedo qualquer para lhe distrair, até porque não conseguia ficar com ela no colo por muito tempo, devido o ombro machucado.

Terminou de cozinhar, comeu, deu mais mamadeira pra irmã, fez ela dormir, assistiu um filme inteiro e nada da sua mãe chegar. A vontade era de ficar acordada a noite inteira, esperando a progenitora chegar, porém tinha aula no dia seguinte e precisava dormir, pois acreditava que a mãe teria chegado até lá. Então desligou a televisão e foi para seu quarto dormir e, por sinal, sua irmã também iria dormir por ali naquela noite, para que ela não se sentisse só durante a noite.

Acordou atrasada na manhã seguinte, como já imaginava e, além disso, tentou não fazer muito barulho para não acordar a irmã, que dormia feito uma princesa. Antes de começar a se arrumar, foi até o quarto da mãe para lhe avisar que tinha que ir, porém para sua surpresa o lugar estava vazio. Caminhou, ainda meio sonolenta, até a sala e também não avistou ninguém. Aquilo era realmente preocupante e só então pegou o celular para poder ligar para a mais velha. Discou o número e esperou chamar, para sua surpresa, a mãe tinha deixado o celular em casa.

Se jogou no sofá e respirou fundo, aquilo realmente estava acontecendo? Não tinha a menor ideia de onde sua mãe poderia estar, apesar de provavelmente saber com quem estava. Começava a olhar para a televisão desligada, já pensando que não poderia ir para a escola naquele dia, pois teria que cuidar de sua irmã. Aquilo era bom e ruim ao mesmo tempo, então apenas se levantou e voltou para cama, até porque não era como tivesse alguma coisa que pudesse fazer que resolvesse aquela situação.

Não conseguiu ficar mais que quarenta minutos dormindo, pois logo sua irmã acordava e chorava desesperadamente. E acontecia basicamente a mesma coisa no dia seguinte e no próximo e no próximo e no próximo… até chegar na sexta feira e ainda nada de sua mãe dar as caras. Já não sabia mais o que pensar e nem o que fazer. Faltou uma semana de aula e não sabia que punições receberia por isso, mesmo tendo um motivo bastante plausível.

Duas da tarde, sua irmã dormia no sofá ao seu lado enquanto Ruby assistia um filme qualquer, quando alguém bate em sua porta. Aquilo era estranho, ninguém lhe visitava há bastante tempo… Talvez pudesse ser sua mãe, vai que tinha esquecido as chaves também, como o celular. Respirou fundo e se levantou, caminhando até a porta.

— Você é Ruby? — perguntava um homem, bem estranho e com a voz meio ofegante, como se estivesse correndo antes de bater na porta.

— Sim… e quem é você? — rebateu, não saindo da frente da porta, preparada para fechar a porta na cara dele se fosse necessário.

— Não importa quem sou eu… Eu vim aqui falar da sua mãe.

— Minha mãe? Como assim, o que tem ela? — Era a primeira vez em dias que escutava de sua mãe, estava visivelmente nervosa.

— Eu sei onde ela tá e, xêu te falar, ela não tá nada legal.


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Notas finais do capítulo

Eai, complicado né? O que acharam?



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