Tenha uma boa vida sem mim escrita por BluexMonday
Procuro as chaves reserva no corredor, abro a porta devagar e vou para o quarto em silencio, encontro Jess, encolhida na cama, usando uma camiseta branca surrada e meias listradas. Por um instante, contemplo-a dormir, e com certeza, ela é um anjo. Pele escura e bronzeada, nariz arrebitado e lábios pequenos, grossos, de uma cor próxima a coral. Cubro-a com meu cobertor favorito, ela se revira na cama, como se fosse um gato se espreguiçando. Eu me viro lentamente, para que ela não acorde, em vão.
— Você chegou, aonde você estava? Eu juro que não queria brigar... — Choramingou.
Jessica é esportista, estudante de botânica, pelo que sei, ela é uma aluna aplicada desde o fundamental, mas acabou sofrendo de um colapso, após a morte do irmão recém nascido. Lembro de quando nos conhecemos, no começo do semestre, era época de trotes universitários, ela era politicamente correta e bem intimidadora, inclusive. Estávamos organizando um pequeno protesto, sobre desigualdade social, e ela se ofereceu para nos ajudar, e ela praticamente nos liderou. Começamos a nos encontrar em todos os lugares, até ela começar a vir me encontrar na biblioteca, onde trabalho. Um dia, Jessica veio para devolver alguns livros, encontrei um bilhete entre eles.
No Meet's, hoje às 16hrs, apareça ♥
Nos encontramos várias vezes, até finalmente nos beijarmos.
— Me desculpe, Jess, eu não queria brigar também, não foi sua culpa.
— O que houve? — Ela apoia os cotovelos na cama e fica me observando, esperando por uma resposta digna.
— Não aconteceu nada demais, Stavo e eu... nos desentendemos, só isso. — Jamais poderia contar o que aconteceu.
De todas as coisas monstruosas que já fiz, essa vai ser a minha ruína, eu sei.
Jess sempre foi tudo que eu queria ser, ela é confusa, e um pouco torta, mas não magoa as pessoas, e mesmo que esteja perdendo a cabeça, ela age como se tivesse tudo sob controle. Me aproximo sorrateiramente, seguro-a pelos ombros, sentindo seus ossos, ela se levanta, ficando em pé. Deslizo as mãos até seu rosto, encaixo meu corpo ao dela, sentindo sua pele fria.
— Prometa, que nunca vai me amar.
Suas mãos percorrem minha barriga, alcançam meu sutiã, ela o retira e joga num canto do quarto, me dá um sorriso malicioso, como pede a ocasião, solta minhas mãos, e caí sob a cama, sem tirar os olhos de mim... Afundando na cama.
— Eu prometo, solenemente, que jamais vou amar você, Maya Duarte.
E então, eu vou me deitar com ela.
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