A moça e o dragão escrita por calivillas


Capítulo 17
Meu homem




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— Jonas! – Virgínia sentiu um misto de alívio e receio ao vê-lo parado ali, bem na sua frente, o rosto impassível, mas os olhos brilhantes, cheio de emoção.

— Boa noite, irmão – Samuel estendeu a mão, mas a de Jonas continuou parada, ao lado do corpo, até o outro homem recolher a sua, sem graça. – Como foi a noite?

— Acho que não tão boa quanto a de vocês – Jonas falou em um tom ácido.

— Com certeza, a nossa foi muito boa – Samuel respondeu, com um sorriso de ironia.

— Onde você estava? – Virgínia deixou a pergunta escapar, impaciente.

— Sai com uns amigos – Jonas deu de ombros.

— E você se divertiu? – Virgínia não disfarçava mais o seu ciúme.

— Muito – Jonas respondeu de um jeito duro.

 - Que bom para você – ela falou com desdém.

 À parte, Samuel assistia aquele dialogo sem entender, por algum tempo.

— Espera! O que está acontecendo aqui? – Samuel perguntou, desconfiado.

 - Nada, não está acontecendo nada! – Virgínia respondeu, prontamente.

— O que você acha que está acontecendo aqui, Samuel? – Jonas perguntou com ar desafiador.

— Eu não sei...  Está parecendo uma... – Samuel respondeu inseguro.

— Uma briga de namorados. É isso que está acontecendo aqui, Samuel. Uma briga de namorados. E sabe por quê?

 - Jonas, por favor – Virgínia pediu, Samuel continuou calado, olhando fixamente para o irmão.

 - Porque você convidou a minha namorada para jantar e ela, por pura covardia, aceitou.

 - Não é isso, Jonas – Virgínia ponderou.

— Então, vocês estão namorando? – Samuel saiu do transe.

Sem escolha, Virgínia sacudiu a cabeça afirmativamente.

— Não só namorando, mas nós estamos morando juntos – Jonas completou, Virgínia segurou a respiração, esperando o que viria dali.

 - Mas, ela é mais velha do que você!

— Você não precisa me dizer isso. Eu sei fazer conta, Samuel. E não dou a mínima para isso.

— Você está sempre me surpreendendo, Jonas. Pelo menos, dessa vez, arranjou uma mulher de verdade – Samuel sorriu de um jeito simpático, Virgínia soltou o ar, aliviada.

 - Eu lamento muito, por não ter contado logo a verdade para você, Samuel, mas fiquei com medo que Judite descobrisse, ela tem um coração fraco e nunca aprovaria minha relação com Jonas.

— Lamento sobre isso e espero que saibam o que estão fazendo – Samuel falou com ar sério.

— Sim, eu sei muito bem o que estou fazendo – Jonas respondeu, seco.

— Sendo assim, não tenho mais nada a dizer, a não ser que foi bom revê-lo, irmão, e conheceu você, cunhada – Samuel estendeu a mão e, dessa vez, Jonas aceitou o cumprimento, Virgínia, grata, deu-lhe um beijo no rosto dele, depois, juntos ficaram observando o visitante entrar em um táxi e ir embora.

— Vencemos a primeira batalha – Virgínia falou com um suspiro.

— Mas, não estamos em guerra, Virgínia – Jonas a encarou com um ar de espanto.

— Agora, não pense que vai escapar de me explicar, onde você estava até a essa hora – ela falou sério, abrindo a portaria.

— Eu já disse. Saí com uns amigos, a turma de sempre.

— Tati estava lá?

— Sim, estava, mas por que essa preocupação?

— O que você acha?

Eles entraram no elevador.

— Eu acho que você está se preocupando à toa.

— Não mesmo, ainda me lembro de como você a beijou, naquele dia, na porta desse elevador.

— Isso já faz muito tempo, nem me lembro mais. Mas, se quiser eu posso beijar você assim, também, ou até melhor.

— Melhor? – Ela o encarou incrédula.

— Muito melhor

Ele deu sorrisinho safado e um passo para frente, a apertando contra a parede, grudou seu corpo no dela e lhe tascou um daqueles beijos indecorosos, indecentes, pecaminosos, deliciosos, deixando a sem ar. As mãos deles entraram por baixo do vestido dela, procurando, apertando, apalpando e ela se contorcendo e torcendo que o elevador subisse bem devagar, quarto, quinto, sexto andar, queria chegar ao céu, mas, parou no sétimo. Precisavam respirar, as pernas dela estavam bambas, a cabeça tonta, mal conseguiu entrar na sala escura. Ele a agarrou em um canto, a deixou sem saída, mas ela não queria escapar, queria ficar cada vez mais junto, colados, beijando, abraçando, pegando, os olhos fechados, as mãos e bocas ocupadas. Quando a luz se acendeu, demoraram um pouco para perceberem, de tão distraídos que estavam um com o outro.

— Virgínia! O que significa isso? – Judite gritou, apavorada.

— Judite! O que está fazendo acordada a essa hora? – Virginia rebateu surpresa, enquanto os corpos se separavam, em um pulo.

— Estava esperando por você. Meu Deus! Nunca imaginaria ver algo assim, tão absurdo e indecente, em toda a minha vida!

Teresa surgiu correndo vinda do quarto.

— O que está acontecendo aqui? – indagou, confusa.

— Eu peguei a sua cunhada aos agarrões com esse garoto!

— Bem que desconfiava! – Teresa falou com ar vitorioso.

— Ei! Eu não sou nenhum garoto! – Jonas rebateu.

— Perto dela é sim! Uma viúva da sua idade deveria se dar ao respeito, ter vergonha na cara, Virgínia – Judite disse com tom ácido.

— Eu me dou ao respeito, isso não impede que eu namore com quem eu quiser.

— Não com um garoto igual a esse! – Judite continuou ferina.

— Pare com isso, mãe! – Teresa interveio.

— Como assim igual a esse? – Virgínia deu um passo à frente, desafiadora. – Fique sabe que Jonas é uma pessoa incrível e eu o amo!

— Como você pode amá-lo? – Judite rebateu.

— Espera aí! É verdade você me ama mesmo, Virgínia? – Jonas parecia surpreso com aquela revelação.

— Sim, eu o amo, Jonas, por isso tenho tanto medo de perder você. Pode parecer piegas o que vou dizer, mas eu estava me afogando na minha tristeza, não enxergava saída quando você apareceu na minha vida e me resgatou.

— Que lindo! – Teresa suspirou com ar sonhador.

— Pare com isso, Teresa! Como você pode achar essa indecência linda! Uma mulher da idade dela se engraçando com esse garoto!

— Você tirou meu filho de mim, trouxe-o aqui para essa cidade, para morrer. Agora, ocupa a cama dele, com esse desajustado. Uma mulher da sua idade devia se dar ao respeito, não se comportar como uma prostituta oferecida – Judite cuspiu cheia de ódio, as palavras que estavam entupidas na sua garganta por tanto tempo.

— Pare com isso, Judite! – Virgínia exigiu.- Eu sou uma mulher honesta. Seu filho veio para aqui, para fugi daquela vidinha medíocre.

— Não está vendo que ele só quer se aproveitar de você, a viúva oferecida?

— Pare com isso, Judite! – Virgínia falou mais alto. – Você está na minha casa e não vou admitir que fale assim do meu homem.

 - Seu homem! – Judite estava chocada, seu queixo literalmente caiu. – Como esse garoto pode substituir o meu filho? Ele deve estar se revirando na cova, sabendo que a mulher dele se transformou em uma sem-vergonha desfrutável.

— Infelizmente, seu filho está morto, Judite. – Virgínia falou em um tom mais brando. – Foi uma tragédia, não podemos mudar isso, mas eu estou viva e feliz ao lado de Jonas.

— Por quanto tempo?

— Eu não sei.

— Espero que você não se arrependa depois, quando ficar sozinha, abandonada, sem nada – Judite completou mais resignada.

— Mãe, vamos dormir – Teresa pediu.

— Eu não posso dormir nessa casa.

— Não seja boba, Judite. Está muito tarde para sair por aí – Virgínia ponderou.

— Ela tem razão, mãe. Vamos dormir, amanhã a gente resolve. – Teresa segurou a mãe e a guiou de volta para o quarto, ela foi sem resistência.

Jonas e Virgínia ficaram sozinhos na sala.

— Vamos para o quarto, Virgínia – Ele pegou a mão dela e a levou dali.


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