A moça e o dragão escrita por calivillas


Capítulo 15
Eu só quero você




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Jonas voltou para o seu lugar, com um tanto contrariado, principalmente, ao perceber o olhar de interesse do seu irmão, acompanhando a saída de Virgínia da sala.

— Virgínia parece ser uma mulher muito boa, ter ficado viúva assim tão cedo e manter a dignidade desse jeito. Você teve sorte de achar um lugar tão bom para morar, ela deve estar passando por uma situação difícil para ter que alugar um quarto para você. Coitada!

 - Não, Virgínia, está bem, tem um bom emprego, só não gosta de ficar sozinha. Para falar a verdade, Samuel, eu e ela...

— O jantar está quase pronto – Virgínia voltou para sala carregada de pratos, copos e talheres.

— Deixa que eu a ajudo – Samuel disse, mas Jonas foi mais rápido e se levantou em um pulo, chegando junto a ela e tirando os objetos da sua mão.

— Tudo bem? – Virginia sussurrou para o seu namorado clandestino, ao percebeu sua cara fechada.

— Não, já ia contando para o meu irmão sobre nós dois – ele respondeu em voz baixa.

— Por favor, não faça isso agora, Jonas.

 - Virginia, Jonas estava me falando o porquê de você ter alugado o quarto para ele – Samuel se aproximou.

— Porque ... porque eu precisava de dinheiro e aproveitei para ter alguém com quem conversar.

— Mas por que não alugou para uma moça, seria o mais razoável? – Samuel perguntou e Jonas o encarou com o olhar cheio de fúria.

— Bem... porque eu já conhecia Jonas, sabia que ele não estava se dando bem no outro lugar e nós dois nos damos bastante bem. Acho que ele está mais feliz aqui.

— Muito mais, para falar a verdade... – Jonas começou.

— Saiam da frente que está quente – Teresa anunciou com uma travessa de frango fumegante nas mãos e depositou em cima da mesa. – Já volto com o resto, podem se sentar.

Judite surgiu com a salada e Teresa voltou com os outros pratos.

— Vamos comer, pessoal, enquanto está quente – Teresa convidou. – Espero que esteja bom.

— O cheiro está excelente – Samuel comentou, enquanto tomavam os seus lugares.

— Minha filha Teresa cozinha bem, assim como minha nora Virgínia. As duas aprenderam comigo – explicou Judite.

— Tenho certeza que a senhora foi uma ótima professora – Samuel comentou em um tom simpático, Judite sorriu lisonjeada.

— Fiz o que eu pude, pois acho muito importante, uma mulher saber cozinhar e cuidar bem do marido. Veja a minha nora Virgínia, ela foi uma esposa excelente até o meu querido Theófilo partir. Que Deus o tenha – Judite fez o sinal da cruz.

— Amém – completou Samuel.

— Virgínia e Theófilo sabiam que seu futuro era ficar juntos, desde pequeninhos até se casarem, mas, infelizmente, meu filho partiu antes de me dar netos – Judite fez uma expressão de pesar, os olhos de Virgínia procuraram dos de Jonas, que não parecia nada feliz com aquela conversa.

— Então, Theófilo foi seu único namorado, Virgínia?

— Bem...  Sim – ela respondeu, meio sem-jeito.- E você, é casado, Samuel? – E mudou de assunto rapidamente.

— Infelizmente, não. A mulheres de hoje em dia não levam o casamento a sério.

— É isso que eu sempre falo – completou Judite.

— No que trabalha, Samuel? – Teresa perguntou.

— Nas terras da família, não é grande coisa, mas temos umas cabeças de boi e umas ovelhas, que alguém tem que cuidar – Samuel encarou o irmão mais novo.

— Ainda bem que temos você, irmão – Jonas disse de modo provocador.

— E por quanto tempo ficará aqui, Samuel? – Virgínia interveio.

— Vou embora daqui há dois dias. Virgínia, seria muito atrevimento meu convidá-la para jantar amanhã? – Samuel perguntou, um tanto tímido.

Virgínia abriu a boca com uma desculpa na ponta da língua, quando Judite se adiantou:

— Mas, é claro que ela aceita, vai ser muito bom para ela se distrair um pouco, pois vive trancada nesse apartamento.

— Judite, eu não posso deixar vocês aqui, sozinhas – Virgínia rebateu, rapidamente.

— Claro que pode, você ainda é moça, cheia de vida, e precisa se divertir um pouco.

— Então, eu passo para pegar você amanhã às sete, porque eu sou da roça e lá nos jantamos cedo.

Daí para frente a conversa seguiu animadas com os visitantes comparando os hábitos das suas cidades, enquanto Virgínia sentiu o coração pular contra o peito pela angustia, procurou Jonas pelo canto dos olhos e não gostou da sua cara fechada.

No fim do jantar, Virgínia se levantou, recolhendo os pratos.

— Agora, é a nossa vez. Vamos, Jonas, lavar a louça!

Jonas se levantou prontamente, assim como Samuel.

— Eu ajudo vocês.

— Não precisa, fique aqui e continue a conversa, a cozinha é pequena para todo mundo – Virgínia retrucou.

 - Você pode me explicar o que está acontecendo aqui?! – Jonas perguntou, assim que se viram sozinhos na cozinha, a voz dele apesar de baixa não escondia sua irritação. Os barulhos da água e da louça encobriam as palavras quase sussurradas, enquanto ela lavava e ele enxugava.

— Acho que seu irmão está interessado em mim.

— Eu percebi e a sua sogra fica incentivando. Ela está bancando a cafetina.

— Não seja grosseiro, Jonas! Ela só está preocupada comigo, com o meu futuro, querendo me arrumar um bom partido.

— Quer dizer que meu irmão é um bom partido e eu não.

— Você é muito mais jovem que do eu, além disso, tem esse seu jeito, digamos, pouco convencional para o gosto dela.

— Então, invente uma desculpa e não vá.

— Será só um jantar, do que tem tanto medo, não pode ser ciúmes, é isso?

— Você vai sair com outro homem e acha que está tudo bem.

— Não é apenas outro homem, é seu irmão.

— Que está bastante interessado em você.

 De brincadeira, ela respingou água nele.

— Ei! Não seja bobo, Jonas! Eu não estou interessado em ninguém, a não ser em você.

Foi um alivio quando Samuel saiu e Teresa e Judite foram dormir, Virginia também fingiu que ia dormir e Jonas se acomodou no sofá da sala e, finalmente, o apartamento ficou em silêncio, em uma dissimulada paz.

Virgínia ficou deitada no sofá-cama, em vigília, esperando por Jonas, que não veio. Talvez, ele estivesse cansado e caiu no sono, contudo, Jonas deveria estar aborrecido com ela por causa da história desse jantar idiota, como ele poderia ser tão bobo? Sem conseguir dormir, foi verificar o que estava acontecendo, abriu a porta com cuidado e saiu do quarto pé ante pé, sem fazer barulho. Na sala, encontro Jonas enroscado nas cobertas, ajoelhou-se ao lado dele.

— Jonas, está dormindo? – sussurrou.

— Estou – ele respondeu.

— Não acredito que ainda esteja zangado.

— O que você acha?

Ela acariciou o rosto dele com as pontas dos dedos.

— Eu...

De repente, a sala clareou, assustados, eles viram Teresa de pé, com a mão no interruptor.


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