A moça e o dragão escrita por calivillas


Capítulo 13
Não vejo a hora.




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Quando se acha que as coisas não podem ficar pior, elas ficam, assim o fim de semana estava quase terminando e o cateterismo de Judite marcado para o dia seguinte, segunda-feira, logo cedo, por isso, Virginia até pediu folga no trabalho para acompanhá-la ao hospital. No domingo à tarde, todos sentados na sala, assistindo um desses irritantes programas vespertino na TV, quando o telefone de Jonas tocou, o que era estranho, pois a maioria dos seus conhecidos usavam mensagens de texto. Ele olhou para a tela e seu semblante mudou, levantou e indo até a cozinha, conversou em voz baixa com a pessoa do outro lado da linha, por alguns minutos. Depois, voltou e retomou o seu lugar, com um ar preocupado, Virginia o interrogou com o olhar, mas ele somente permaneceu calado o resto da noite.

Assim, ela teve que esperar até o apartamento ficar silencioso e escuro para retornar à sala e encontrar Jonas, ainda acordado, deitado no sofá.

— O que aconteceu? - Ela se ajoelhou ao lado dele, ele se virou de lado para olhá-la nos olhos.

— Nada.

— Como nada? Eu vi a sua cara depois daquele telefonema.

— Eu já disse não foi nada demais – ele virou de costas, evitando olhá-la.

— Você vai mentir para mim, agora?

— Não, só que é um assunto meu, nada que possa interessá-la.

— Deixe eu julgar isso.

— Tudo bem – ele se virou para direção de outra vez. – É o meu irmão. Ele está vindo para aqui e quer me ver.

— Ótimo, podemos convidá-lo para um jantar ou algo parecido. Quando é que ele vem?

— Na quarta. Só que você não conhece o meu irmão. Ele é mais velho, todo certinho, se acha o máximo. Um agro empresário como ele diz.

— E daí?

— E daí, que para ele, eu sou um fracasso, minha aparência, meu trabalho, minha vida.

— Jura que você está preocupado com isso? Você é perfeito! – Ela lhe deu um sorriso de cumplicidade, ele acariciou o rosto dela.

— Eu queria mostrar para ele a mulher com quem eu vivo, como posso ser feliz do meu jeito – Ele a beijou.

 - Por que não mostra? -  Virginia respondeu, assim que seus lábios se separaram.

Na sala de espera do hospital, no fim da manhã, Teresa e Virginia aguardavam ansiosas por notícias de Judite, quando o médico veio conversar com elas.

— Correu tudo bem, agora ela ficará na unidade intensiva, por algum tempo, em observação, e você poderão vê-la mais tarde.

— Graças a Deus!  - Teresa disse, soltando o ar aliviada.

— Obrigada, doutor.

— E agora, o que faremos? – Teresa perguntou, quando o médico as deixou sozinha outra vez.

— Podemos almoçar, tem um restaurante aqui perto.

Sentadas no restaurante, esperando pelos pratos escolhidos, Virginia prestou atenção na expressão mais tranquila de Teresa.

— Que bom que tudo deu certo, Teresa.

— Sim, eu estava muito preocupada com a saúde da minha mãe. Ela nunca mais foi a mesma, depois da morte de Theo, está definhando aos poucos.

— Foi muito difícil para todas nós – Virginia falou com sincero pesar.

— Mas, foi bom para você continuar aqui e não voltar, não se enterrar naquele fim de mundo. – Teresa não disfarçava uma pontinha de inveja.

— Por um lado, também, foi muito ruim ficar tanto tempo sozinha, muitas vezes, achei que deveria ter voltado, ficar com os meus conhecidos.

— Foi por isso que alugou o quarto para Jonas? Para não se sentir tão sozinha?

— Pode ser. E você, algum pretendente?

— Mal dá tempo, eu só cuido da minha mãe. Mas, tem o nosso vizinho, Otavinho, o dentista, você se lembra dele?

— Sei quem é, mas ele é casado.

— Não é mais. A mulher dele o deixou por outro. O coitado ficou muito triste, acabado e nós temos conversado bastante, acho que ele está interessado em mim.

— Ele é uns dez anos mais velho que você!

— Na verdade, quinze anos. Mas, o que importa se o homem for mais velho. – Ela deu de ombros. – Ele é um homem decente, tem um bom emprego e um excelente partido. Você deveria encontrar um homem bom e sólido assim também, Virginia. Ou pretende passar o resto da sua vida sozinha? Você já está passando da idade de ter filhos.

 - Não acho que isso seja tão importante, Teresa.

— Claro que é! Toda mulher tem que ter uma família. Se eu e Otavinho nos ajeitarmos, vou quer logo dois filhos.

No dia seguinte, ao voltar para o apartamento, Jonas notou algo muito estranho, demorou algum tempo para descobrir o que era: Silêncio. O lugar estava calmo e vazio, respirou aliviado, quando Virgínia surgiu do quarto.

— O que houve aqui? – Não podia esconder sua alegria.

— Judite vai passar a noite no hospital e Teresa irá dormir lá com ela.

— Quer dizer que eu poderei dormir com você e podemos transar, sem ter que nos preocuparmos com o barulho?

— Sim, podemos! - Virgínia respondeu, sorrindo.

Jonas deu alguns passos à frente, segurou-a pela cintura e a rodopiou no ar.

— Eu não acredito, que vou ter essa noite com a minha gata. Não aguento mais dormir sem você e naquele sofá.

— Calma, não precisa ficar assim, pois elas irão embora logo, podemos voltar a nossa vida normal.

— Não vejo a hora.

Eles sabiam que alegria acabaria logo, quando as duas visitantes regressassem para a sua casa, na manhã seguinte, por isso, Virgínia respirou fundo, pensando que aquela farsa estaria próxima de terminar. Contudo, naquela noite, eles fizeram muito barulho, depois, dormiram juntos.

Virginia é que foi buscar Judite no hospital para trazê-la de volta, acomodou a na sua cama, com lençóis limpos, sem as marcas da noite anterior. A velha senhora estava mais abatida e taciturna do que de costume quando chegou em casa, com recomendações de repouso.

— Não quero mais dar trabalho a vocês – Judite suspirou.

— Não é trabalho nenhum, só descanse e fique boa – Virgínia insistiu.

O dia correu sem nenhum problema, com Jonas no trabalho, ficava tudo mais fácil, Virginia não permanecia sempre atenta a algum deslize ou para inventar alguma desculpa, como quando Teresa descobriu algumas roupas do rapaz esquecidas, por descuido, no armário dela.

— Ele não tinha mais lugar para guardar as suas roupas, então eu cedi parte do meu armário – improvisou no momento, sob olhar desconfiado da outra mulher.

Foi naquela tarde que veio a grande surpresa, as mulheres estavam na sala, vendo TV e jogado conversa fora, quando o interfone tocou.

— Dona Virgínia, tem um moço querendo falar com o seu Jonas – Antônio informou do outro lado.

— Um moço? Que moço?

— Eu não sei não, falou que conhecia Jonas da cidade dele.

— Da cidade dele?

— Sim, eu mandei ele subi.

— Como você mandou ele subir assim? – Virginia ficou irritada, mas antes que Antônio respondesse a campainha tocou, então, ela ficou sem saber o que fazer. E se fosse um ladrão? Um sequestrador com um plano muito bem bolado?

Colocou o interfone no gancho, foi até a porta e olhou pelo visor. O homem do outro lado era bem-apessoado, cabelo com um corte certinho, vestido decentemente e a lembrava alguém, que não se recordava quem era, mesmo assim ficou receosa de abrir a porta, passou a corrente no trinco e abriu só um pouquinho, espiando com um olho pela fresta.

— Boa tarde, o senhor quer alguma coisa?

— Boa tarde, moça. Meu nome é Samuel e soube que o meu irmão está morando aqui.

— Seu irmão?

— Sim, sou irmão do Jonas.


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