Inojin soltou um resmungo ao sentir os movimentos da cama, abriu os olhos sonolentos à contra gosto, pois fazia tempo que não dormia sem sonhos ou pesadelos. Com a visão ainda embaçada avistou a morena vestindo a camisa social branca enquanto procurava o scarpan perdido no quarto.

Ele nunca na vida imaginou que dividiria o próprio quarto com a Uchiha ou teria algum envolvimento intimo com a mesma, nem mesmo quando estudavam juntos.

Lembrava-se que quando eram genins, a maior parte dos garotos morria de amores por ela, até o seu companheiro de equipe achava ela encantadora. Mas Inojin não fazia parte da maioria...

Ele achava assustador o sangue frio que ela tinha para tomar decisões, não apreciava o jeito mandão e metido. Ela não tinha a delicadeza e a graciosidade de uma flor. Nunca conseguiu enxergar qualquer encanto.

Pelo menos até agora...

Já fazia uma semana que rotina se prosseguia, toda noite sentia a brisa fria entrar pela varanda e logo depois um peso recair sobre sua cama. Era como uma droga que o embriagava.

— Você tem que sair tão cedo?— questionou roucamente.

Ele vislumbrou os olhos negros se abrirem surpresos.

— Tenho uma reunião com o hokage... — respondeu simplesmente ao colocar o salto — Te espero no escritório e nem pense em faltar novamente — repreendeu.

Inojin odiava colocar os pés na torre do Hokage, sentia o olhar de pena e os comentários sobre si por onde passava.

Afinal, tudo que envolvesse algum membro da família do Kage trazia borbulho.

A fofoca que começou no complexo Hyuga e rapidamente se disseminou por toda Konoha tinha adquirido varias vertentes, como a mais romântica na qual havia perdido um duelo pelo amor de Hima e versões mais simples na qual havia sido simplesmente rechaçado. Estranhou que versão real e mais escandalosa não estava na boca do povo, pelo jeito, os Hyugas sabiam muito bem o que omitir e o que espalhar. Porém ele deixou a Sarada a par de todos os fatos.

O loiro respondeu a morena com um murmúrio, fechou os olhos cansados ao escutar o som das pisadas cruzando o cômodo.

— ao menos use a porta— pediu sonolento.

Sentiu o suave vento entrar pela varanda propositalmente aberta, mais uma vez seu pedido não foi atendido.

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No fim daquela tarde, após um longo dia de trabalho no departamento de inteligência, Inojin enfim aceitou o convite para um happy hourproposto por Shikadai.

Logo os dois rapazes ocupavam uma das mesas do bar juntamente com a Uchiha.

Inojin olhou displicente para o cardápio, ignorando a discussão da dupla de gênios sobre os próximos acordos políticos, mas deixou sua vista recair sobre a garota por alguns míseros segundos.

Admirava a habilidade dela de sempre permanecer neutra e de se comportar como nada acontecesse entre eles...

Estava selecionando as bebidas quando o pequeno som de cochichos chamou a sua atenção. Levantou o olhar curioso para entrada, na qual estava parada a protagonista de seus pesadelos.

Himawari Uzumaki ao lado de Sumire Kekei.

Inojin sentiu seu estomago se contrair levantou-se avisando aos amigos que iria ao toalete.

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Abriu por completo a torneira do lavatório, deixando a água fria recair no seu rosto. Escutou a porta abrir e fechar atrás de si.

— Vai mesmo se abalar novamente por ela?— falou mordaz.

Só uma determinada garota seria capaz de usar aquele tom e teria a audácia de entrar no banheiro masculino.

Viu através do espelho rachado ela se aproximar.

— Falar é muito fácil, Sarada...

A morena se sentou na pia ao lado dele, suas longas mãos deslizaram nas gotas de águas ainda espalhadas na face do rapaz as secando. Inojin encarou o mar negro que o analisava.

— Sempre soube que vocês eram incompatíveis, claro que nunca imaginei uma traição por parte dela— Sarada pronunciou suavemente, passou a ponta dos dedos nos braços musculosos— mas ela é mimada sempre o deixaria em segundo plano e de cobraria atenção que você não seria capaz de suprir, além disso, Hima é sensível demais para entender sua vida de shinobi.

Ela pegou as mãos deles o direcionando para o quadril dela.

— Você não precisa sofrer por uma relação destinada ao fracasso— a voz da morena se tornava mais baixa e sedutora— Principalmente, se tem alguém disposto em ajudá-lo a esquecer...

Inojin entendeu o recado da morena e desceu os lábios até a boca dela beijando-a com volúpia, fechando a distancia entre eles. Sentiu as pernas dela se enrolarem em sua cintura.

Sarada era como uma toxina que conseguia queimá-lo com pensamentos perversos.

Levantou o corpo leve da garota pressionando-a furiosamente contra a parede, um gemido prazeroso escapou na boca vermelha finamente desenhada.

Inojin a fitou novamente e viu a própria imagem refletida no espelho negro, chocou-se ao ver o ser animalesco que esbanjava um desejo insano. Os orbes verdes bailavam querendo sentir e tocar ansiando o bel-prazer.

Mas esse não era ele...

— Sua oferta é tentadora Sarada—murmurou o loiro soltando o corpo da morena, tomando cuidado para não derrubar-la — Mas não posso mais...

Por mais gostasse de sentir o prazer cru que momentaneamente desviava os seus pensamentos em relação Himawari, estava se levando por um vicio que precisava quebrar antes que se tornasse dependente.

Pois sabia, assim que Uchiha se afastasse e o desejo apagasse, as laminas que sentia em seu coração voltaria a doer.

Afastou da morena e limpou o rosto, Sarada não conseguiu esconder o choque estampado em seu semblante, ela ajeitou furiosamente a camisa púrpura que usava.

Inojin saiu do banheiro antes de ser vitima de algum gengetsu.

Ao se encaminhar pelo corredor chocou-se defronte com a azulada.

Sentiu o coração apertar e a respiração parar por segundos. Uma bolsa negra contornava os olhos azuis opacos, o rosto estava mais fino por conta da acentuada magreza.

Por mais que sentisse raiva dela, uma onda de dor o preencheu ao ver ela naquele estado.

— Podemos conversar... fora daqui?...por favor... —Himawari suplicou quase chorosa.

— Claro.

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O Sol já começava se por fazendo uma pintura laranjada no céu, era uma cena bonita para se assistir. Ambos estavam sozinhos em um dos montes altos que deixava a falsa impressão da vila ser minúscula sobre seus pés.

Os grilos e corvos cortavam o silencio do local.

Inojin a encarou aflito, nunca vislumbrou o ar de tristeza circular a garota. Uma parte se odiou por preocupar e outra queria descobrir e acabar com a causa de tanto sofrimento.

A azulada o fitou diretamente com uma postura séria ao mesmo tempo frágil.

— Queria explicar, ao menos uma única fez, o que ocorreu no complexo e que, mesmo que não acredite, escute a minha versão.

Não conseguia negar aquele pedido, o estado dela provocava um sufocamento em si próprio.

— Prossiga ambos precisamos disso— respondeu com sinceridade.

Ela soltou um suspiro cansado e o mirou, fazendo do azul do mar se chocar com o verde água.

— Enquanto você esteve fora de Konoha, eu namorei brevemente o Kyo, era um namoro bobo de criança, sem nada demais...

O sangue de Inojin ferveu com menção daquele nome, se lembrava muito bem daquele Hyuga medroso.

— Kyo, assim como você, estava em missão de campo e quando voltou não estava a par do meu envolvimento e sentimento por você.

Os olhos estavam lacrimosos ao rememorar os fragmentos do passado.

— Durante a reunião do clã ele fez um pedido oficial união, com o objetivo de intensificar a união dos nossos laços Hyugas, apesar de eu levar também nome e sangue Uzumaki— ela parou brevemente para respirar, a voz dela ainda saía quebrada— Eu fiquei ultrajada por aquele pedido, no qual em nenhum momento fui consultada, e abandonei a reunião saindo pelo jardim...

Ela parou as pequenas lagrimas escorriam.

— Kyo, me seguiu e.... beijou-me...

Inojin cerrou as mãos tentando controlar a fúria que sentia ao relembrar cada detalhe da cena.

— Fiquei choque com tal ação— continuou Himawari tristemente, com a manga da  blusa secava as gotas salgadas que insistiam em cair— Eu juro, em nenhum momento correspondi, tentei empurrá-lo , afastá-lo, mas...

Inojin se aproximou segurando pela cintura a garota que se desfalecia em pedaços.

— Mas você chegou por trás de Kyo e entendeu tudo errado...

O choro se tornou copioso, o loiro sentiu o corpo pequeno tremendo em seus dedos.

— Eu juro, juro, tudo o que sinto por Kyo é fraternal— as mãos tremulas de Himawari pousaram na camisa de Inojin— Eu te amo tanto, tanto que me dói, me perdoa.

Inojin levou uma mão ao queijo dela, fazendo-a se aproximar.

Ele entendia aquela dor que corroia por dentro como acido, Inojin estava sentindo exatamente naquele momento ao vê-la minguar.

— Também te amo Hima— falou no fio da voz.

Abaixou os lábios fazendo uma trilha de beijos por onde descia as gotas salgadas, caminhou pela ponta do queijo até as linhas das bochechas pousando finalmente na boca inchada.

Beijou lentamente, sentindo o gosto das gotas salgadas, suas línguas se uniram explorando cada ponto como se fosse o primeiro e ultimo beijo. Himawari apertava fortemente a camisa do loiro, não suportando imaginar ele longe de si. Inojin abraçava-a protetoramente, a tristeza dela o esmagava. Os corações do casal batiam em descompasse.

Inojin se separou em buscar de ar.

— Me perdoe por não ouvi-la e fazer nós dois sofrer— pediu roucamente o loiro, com os olhos imersos em culpa.

Um vislumbre de um sorriso morno se desenhou no rosto da azulada.

— Só te perdôo, caso sejamos namorados— Himawari pronunciou brincalhona.

O loiro riu, abraçando a pequena contra si.

— Como queira, minha doce namorada.

Beijou novamente apreciando o sabor doce como mel que ela tinha e ele sentia sua alma acalentar com cada toque.

Só Himawari era capaz de atingir o seu âmago o enchendo como uma onda de paz e serenidade. Ele a amava com alma e coração.