James Potter - I’ll be home for Christmas

Eram cinco da manhã e James ainda não conseguira dormir. Ele estava no quarto de visitas do Chalé das conchas, onde Teddy e Victoire moravam com o pequeno Remus, se sentindo um completo inútil enquanto tentava, mais uma vez, pegar no sono.

O teto do quarto era revestido de uma madeira marrom clara que rangia um pouco por conta do vento. Mas não era o barulho da madeira que o mantinha acordado. Muito menos o vento que batia na janela. Nem mesmo o choro de Remus lá fora.

Não. Tudo isso podia ser concertado com um simples abbaffiato. O que realmente o incomodava e tirava seu sono era o sentimento de completo fracasso. O fato de que, de alguma forma, ele conseguira perder a namorada, a casa e o emprego em menos de uma semana.

James estremeceu ao pensar no assunto novamente. Ele só queria dormir e de alguma maneira descobrir que tudo aquilo fora apenas um sonho. Um sonho muito, muito ruim. Mas um sonho.

Entretanto no fundo ele sabia que não era. O pesar na voz da, agora ex, namorada e do antigo chefe eram reais demais para terem acontecido apenas em sua mente.

O choro de Remmi também.

Ele nunca tinha acreditado que tão pouco tempo podia mudar tanta coisa até poucos dias antes. Em uma semana a loja que ele trabalhava fechou, descobriu que sua namorava o traia e ficou tão sem ação que acabou deixando o apartamento que os dois dividiam para ela. No desespero o bruxo acabou aparatando no chalé das conchas sem nem perceber.

Teddy era praticamente seu irmão, desde de pequeno era uma das pessoas de quem James era mais próximo e Vic era uma de suas melhores amigas. O lugar pareceu óbvio para o subconsciente de James.

Desde que chegou lá três dias antes ele só tinha saído do pequeno quarto para se alimentar. O moreno sabia que os amigos deviam estar preocupados, mas ele simplesmente não tinha força para fazer nada.

“E lá se vai mais uma noite sem dormir” pensou James enquanto cobria o rosto com um travesseiro ao perceber que alguns raios de sol já atravessavam a janela.

Podia ter se passado alguns poucos minutos ou algumas horas quando o bruxo ouviu batidas na porta. Ele falou algo que nem ele conseguiu entender e a porta de abriu revelando Teddy, cujos cabelos estavam acinzentados o que acontecia quando ele estava preocupado, que segurava uma xícara.

—Você precisa seguir em frente. - o metamorfomago se sentou na poltrona do lado da cama do quarto de visitas. - Pelo menos sair desse quarto e pegar um pouco de sol. Já seria um progresso.

—Você está soando como minha mãe. - James se sentou na cama e olhou em volta no quarto. Apesar de pequeno ele tinha uma cama, uma mesa de cabeceira, uma cômoda e uma poltrona. Tudo em tons de marrom claro, branco pérola e azul bebê. Não via o porquê tinha que sair dali.

—Esse é o objetivo. Eu e Vic vamos até a cidade hoje, e você vai ficar encarregado de passear com Remmi pela praia. - Teddy ofereceu a xícara, que continha café, para o amigo que aceitou.

—Você realmente vai me confiar com uma criança de dois anos? - o Potter bebericou o conteúdo da caneca, sem acreditar no que tinha ouvido.

—Claro. Você fez um ótimo trabalho se mantendo vivo pelos últimos 26 anos. Acho que consegue manter uma criança viva por algumas horas. - o bruxo se levantou para sair do quarto. - esteja preparado daqui a uma hora.
***

—Você gosta de mim Remmi? - James perguntou mesmo sabendo que não teria uma resposta. Ele tinha cedido ao pedido do primo e agora estava andando pela praia enquanto empurrava um carrinho de bebê com um pequeno metamorfomago dentro.

Como resposta o cabelo da criança ficou azul o que o moreno resolveu interpretar como um sim. Ele não podia lidar com mais rejeição no momento.

O fraco sol de dezembro lutava com as densas nuvens de inverno no horizonte formando uma cena com a qual James estava se identificando. Sentia saudade da cidade, poucos lugares eram mais melancólicos que uma praia deserta em pleno inverno.

Remmi continuava a rir para o nada dentro do carrinho e o moreno desejou internamente voltar a ter aquela idade. Onde nada era um grande problema e todos faziam de tudo para que você se sentisse bem.

—Não queira crescer Remus. Se grande é uma porcaria. - e então se arrependeu por ter falado porcaria perto de uma criança. Mas porcaria contava com palavra feia? Ele não fazia ideia.

O pequeno respondeu com um “gugu dada” e James novamente se perguntou o que estava fazendo da vida. Conversando sobre seus problemas com um bebê de dois anos que não sabia nem falar.

Quando finalmente voltou para o chalé das conchas Teddy e Vic já tinham chegado:

—Tenho notícias! - a loira falou entusiasmada enquanto atirava um exemplar do profeta diário para o primo, que olhou para o jornal nas suas mãos com cara de interrogação. - Vai ter um concurso para aurores em janeiro. Acho que você devia se inscrever.

—Para ser reprovado de novo? - James tinha tentado o concurso assim que sairá de Hogwarts.

—Você só reprovou da primeira vez por que teve uma febre de duende e não conseguiu completar a prova. - Teddy lembrou - depois disso você desistiu da carreira. Essa seria uma boa hora para seguir esse sonho de novo.

—Teddy está certo. Você não tem nada a perder. E sabe que pode continuar morando aqui o tempo que quiser.

—Mas te ver com cara de quem preferia estar morto preocupa a gente, James. - o metamorfo parecia realmente preocupado com o Potter, que se sentiu culpado.

—Certo. Eu vou pensar. - O moreno baixou a cabeça mas pelo canto do olho consegui ver o sorriso no rosto dos amigos o que o levou a fazer uma nota mental de realmente pensar em se inscrever para o concurso. Ele não queria decepcionar as pessoas que estavam o ajudando quando ele mais precisava.
***

Nos dias seguintes James fez um esforço para sair mais do quarto. Ele começou a ajudar Vic na cozinha e a cuidar de Remmi. Pelo menos uma vez no dia a prima colocava a música I’ll be home for Christmas e demorou um pouco mas o moreno percebeu a indireta.

Até que viver não era tão ruim assim. Remmi era provavelmente o bebê mais fofo que ele já tinha visto, e apesar do sol ter perdido a briga com as nuvens de inverno o resultado da luta foi uma tempestade de neve durante uma das noites que cobriu a praia com uma camada de neve branca e fofa que lembrava James dos natais na toca.

E ele nem sentiu falta do sol. Talvez brincar na neve não fosse tão ruim assim.