Gaara Chibi escrita por LaviniaCrist


Capítulo 5
Paragem




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PAÍS DO FOGO, PROXIMIDADES DE KONOHAGAKURE – DIA 2 – 18:21.

 

Apesar do horário, já estava escuro: as copas densas das árvores preenchiam qualquer espaço o qual a luz da lua, que surgiu há pouco no céu, poderia usar para iluminar algo. A vegetação numerosa deixava tudo com um clima úmido.

Temari estava cansada, porém, seguia apressada para seu objetivo. Faziam mais de um dia e meio que ela estava seguindo a rota para Konoha, sem pausas, mas por vezes ia um pouco mais devagar e outras mais apressada para compensar a diferença.

Já era possível reconhecer as árvores, as plantas e o ar fresco, era Konohagakure, finalmente. Poucos minutos adentro da floresta, ela encontra a pequena lojinha de chá e doces que sempre frequentava, seja na ida ou volta de lá. Se Kankuro marcou um ponto de encontro, certamente era ali.

" Finalmente... Agora eu preciso só de uma hora ou duas de descanso, depois vamos direto para Tanigakure!". Ela chega a sorrir, já se imaginando abraçando aquela criança fofa mais uma vez e enchendo de beijos.

Ao entrar na no estabelecimento, Temari perde o sorriso e começa a ficar um pouco mais séria. Haviam lá: doces, tortas, especiarias de outras vilas, diversos tipos de chá... Só não havia, em canto nenhum, um certo moreno problemático.

"Atrasado... Como ele ousa se atrasar!? Eu vou esperar no máximo uma hora e meia, se ele não chegar...". Seus pensamentos agora estavam tomados por várias formas diferentes em que poderia usar seu leque contra Shikamaru, dessa vez nenhuma estratégia o salvaria!

— C-com licença, a-a senhorita deseja algo-o? — era a atendente dali, que estava se preparando para fechar, mas que não ousaria despachar a cliente (ela tem amor pela vida).

— Chá verde e dangos... — mesmo tentando parecer gentil, aura maligna que se formava em volta de Temari não permite.

— S-sim! — a moça começa a preparar tudo, se atrapalhando um pouco pela pressa.

Enquanto a loira se dirigia até o banquinho do lado de fora para esperar o pedido, os pensamentos eram voltados em um divórcio antes mesmo do casamento: “Eu não preciso de um noivo se ele só sabe chegar atrasado em tudo... Se ele ousar dar qualquer desculpa PROBLEMÁTICA, ele vai arrumar sérios PROBLEMAS... SÉRIOS... eu vou fazer a mãe dele parecer um anjo comparada a mim...".

Entretida enquanto formulava seus métodos de tortura contra Shikamaru, ela nem nota ele se aproximar e se sentar ao lado dela, até que recebe um beijo na bochecha. Todos aqueles pensamentos cruéis são totalmente dissipados. O moreno sorria, oferecendo os dangos que comia.

— Foi mal... Esperou muito?—  ele passava a mão livre no cabelo, sorrindo sem jeito. — Aconteceu alguma coisa de errado? — ele sabia que Temari vir busca-lo pessoalmente não era um bom sinal.

Ela o encavara com as bochechas vermelhas, para tentar disfarçar ela pega o doce e começa a comer. “Droga... não é justo você me fazer ficar calma apenas com isso!" Ela desvia o olhar, só então notando que o chá estava na mesa.

— Aconteceu alguma coisa, certo? — o moreno pergunta novamente.

— Você comeu meus dangos? — ela agora fica séria.

— Foi só um pedacinho, você parece até o Choji quando se trata de doces... — ele suspira e bebe um pouco do chá agora.

— Você é muito folgado... — fala irritada, acabando de comer os doces o mais apressada possível para não dividir mais.

— Problemática... — a fala sai arrastada, seguida de um bocejo. — O que aconteceu?

“Não vai acreditar se eu contar...”. Temari agora olhava-o séria, na dúvida entre a resposta verdadeira e improvável ou uma mentira temporária.

— Shikamaru... — a dúvida continuava, precisava de mais um pouco de tempo.

— Não vai desistir, vai? — dessa vez ele não diz de jeito preguiçoso, estava distante enquanto olhava as estrelas.

— Não! Claro que não! — surpresa com a pergunta, ela rapidamente trata de decidir o que falar: — Aconteceu algo de muito errado com o Gaara que ninguém pode saber.

Agora o rapaz olhava para ela sério, um tanto surpreso também. Não era incomum ficarem contra Gaara, os mais antigos ainda não o aceitavam bem e também haviam os que não aceitavam um Kazekage em tempos de paz por acreditarem que isso gerava conflitos e gastos desnecessários.

— Não vou informar Konoha, pelo menos não até ser preciso. — ele fala sério. Afinal de contas, seu trabalho era garantir a paz entre as nações, isso incluía evitar a geração de conflitos entre alianças pela falta de diálogo nesses casos.

— Obrigada. Mas você realmente não vai entender o motivo de ninguém poder saber disso até ver por si mesmo... — ela acaba de beber o chá e se levanta, não havia sido o tempo de descanso programado, mas era o suficiente. — vamos!

— Tem certeza que não quer ficar e descansar? — ele se levanta também, imaginando o nível do que se tratava a situação: começar uma viajem longa a noite, ainda mais sem descanso, era uma péssima ideia.

— Vamos logo! — ela diz mais séria, agora começando a andar.

Depois de alguns passos, a loira ouve um suspiro pesado seguido de passos na direção dela. Ela sabia exatamente o que ele estava pensando: “que problemática... Isso vai ser um saco!”.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DE CHALÉS – DIA 2 – 20:44.

 

Com o passar dos anos e o aumento de turistas na temporada de pescas, o País dos Rios havia investido em uma área para visitantes, onde foram construídos vários chalés, a maioria próxima a um dos rios principais que cortava o vale de Tanigakure. O turismo e a pesca, para sorte de Kankuro, era sazonal.

Estranhamente, não existia uma fronteira rigorosa, haviam só dois guardas protegendo a entrada para a zona dos chalés, eles olharam alguns segundos para os irmãos e logo os deixaram entrar. Não é como se quisessem chamar atenção dos guardas, mas um rapaz de rosto pintado, roupas pretas e um capuz, com uma criança de cabelos vermelhos no colo era algo que não passava despercebido assim, não normalmente.

Depois de resolver toda a burocracia necessária para a estadia, Kankuro agradecia mentalmente a cada passo que dava em direção ao chalé alugado, se lembrando do dialogo estranho para conseguir a bendita chave que estava em suas mãos:

— Eu gostaria de alugar um dos chalés por uma semana, o mais afastado que tiver e de preferência próximo ao rio, por favor. — Kankuro encarava o idoso que estava atrás do balcão da recepção, estava tenso, principalmente por estar segurando Gaara no colo agora.

“Pelo menos você está dormindo, jaan... Eu até tentaria entrar com você escondido, mas podem achar estranho se nos virem juntos depois”. Gaara dormia abraçado ao irmão desde quando Kankuro o tirou do cesto, pouco antes de saírem da floresta que cercava a vila.

— Você é um ninja quieto ou um ninja agitado? — foi a primeira pergunta que o senhor responsável pela recepção fez.

— ... Eu não sou... — não poderia desmentir de cara lavada, era obvio demais que era um ninja — agitado, sou quieto e ele também é quieto, não daremos trabalho.

— Bom saber... — o idoso começa a olhar um grande livro de registros, procurando algo. — Ninjas comportados tiram férias com a família, certo?

— Sim.

“Droga... Ele não pode estar desconfiando de nada, não é!? Ele nem deve saber quem eu sou, olha para ele! Ele nem deve mais se lembrar o que comeu hoje! ” Era suspeito esse tipo de afirmativa por parte do idoso. Ele começa a olhar em volta, só tinham eles na recepção e não avistou outras pessoas por ali além dos guardas na entrada.

— Não estamos na época dos peixes descerem a cachoeira ainda, mas ninjas devem ser ocupados demais para virem pescar, certo? — ele passava lentamente o dedo pelas linhas, a unha comprida dava até certa agonia.

— Exatamente... — ele abraça um pouco mais o irmão, julgando ser o mais seguro caso atacassem de surpresa, aquele dialogo só ficava mais suspeito.

— Estamos só com duas pessoas hospedadas, eles estão em uma casa só ao invés de separados, igual a vocês. — o senhor olha para Kankuro e Gaara, passa a mão no rosto e olha novamente. — Como eu sou um velho tonto... Crianças não podem ficar sozinhas nos dias de hoje, certo?

— Não vou deixar ele sozinho! — a resposta sai apressada, com certo tom de irritação.

— Faz muito bem! Tem algumas pessoas que trazem crianças, mas que não tomam conta direito. Sabe o que acontece, certo? — ele para de passar o dedo pela folha.

“Você tem mesmo que terminar toda frase com essa droga de ‘certo’!?(irônico, não?) ... Kankuro, se contenha, jaan.... É só um velho, não arrume discussão atoa, ainda mais com um idoso! ”. Depois de respirar fundo, Kankuro encara o homem, esperando a resposta. “Se for uma ameaça, posso muito bem terminar com tudo, mesmo você sendo um velhote, jaan...”. Kankuro já se preparava para pegar uma de suas marionetes, com a mão sobre o pergaminho.

— Bem... — o idoso vira-se de costas, mexendo nas gavetas e pega um panfleto — eu indico os excelentes trabalhos de babá da minha neta! Ela adora crianças e vai cuidar muito bem da sua enquanto você se diverte, certo?

— ... — Alguns segundos com cara de paisagem depois — não certo, digo, errado... Er... Eu vou ficar com ele aqui por esses dias, mas não acho que vá precisar de uma babá nem nada assim, tá? Só quero mesmo o chalé... — o sorriso sem graça de Kankuro chegava a ser engraçado.

— Entendo. Você é um ninja quieto e responsável. — o senhor fala enquanto passa a mão na longa barba, deixando o panfleto de lado — sabe, eu não gosto de ninjas escandalosos e que arrumam confusão.

— Nem eu. — Talvez Kankuro não estivesse tão errado assim, afinal, ninjas pareciam não serem bem-vindos ali.

— Só assinar aqui e podem ir relaxar, certo? — ele indica com a unha uma linha no livro.

— Certo... — Kankuro assina, com a escrita mais embolada e garranchada que conseguiu.

O senhor pega uma das chaves que estavam penduradas e estende para Kankuro, que chegava a sorrir. “Finalmente... Como esse cara consegue tomar conta daqui nos dias de alta? Eu não quero nem imaginar...”.

— Ah! Um momento! — essa fala foi o suficiente para Kankuro perder o sorriso e se preparar para alguma surpresa indesejada. — Eu esqueci de entregar o formulário, só depois dele, certo? — o idoso pega uma folha de papel com vários quadros em branco para serem preenchidos.

Foram mais de quinze minutos preenchendo a papelada, novamente de modo a dificultar a leitura. Assim que terminou, Kankuro praticamente tomou a chave e saiu apressado, antes que aquele senhor se lembrasse de mais alguma coisa.

Foi assim que ele conseguiu a chave com a qual estava destrancando a porta do chalé. “ATÉ QUE ENFIM! ”, ele precisou se controlar para não gritar isso e acordar Gaara enquanto entrava.

A primeira coisa que fez foi checar se a casa estava toda em ordem, depois colocou o irmão em uma das camas e se sentou na outra. O quarto em que estavam tinham duas camas de solteiro, no chalé havia também uma suíte de casal, a sala conjugada com a cozinha e o banheiro.

“É melhor acordar agora ou deixar dormir até de manhã? Ele deve estar cansado da viagem... Deixa assim, amanhã de manhã acordo ele, jaan”. Ele sorri, satisfeito por fazer uma escolha certa quanto a cuidar de crianças, até que pensa um pouco melhor: “Não! Nada de deixar ele assim! A madrugada é fria! ”. Mais uma vez ele sorri por ser um irmão responsável, enquanto coloca a coberta cuidadosamente sobre Gaara, pegando também o ursinho e colocando ao lado dele.

 

PAÍS DOS RIOS, PROXIMIDADES DE TANIGAKURE, ÁREA DE CHALÉS – DIA 3 – 06:13.

 

Kankuro dormia pesadamente, noites em claro e dias sem descansar devidamente tinham o deixado perto da exaustão. Ele chegou a ficar acordado por uma hora ou mais depois de entrarem no chalé, mas como não notou nada de suspeito, pegou no sono.

Em algum momento, ele começa a sentir pequeninos dedos apertando seu rosto e mexendo em seu cabelo, era Gaara querendo acorda-lo. Kankuro tentava juntar a coragem necessária para se levantar e começar o dia cansativo: precisava fazer compras, arrumar tudo, levar o irmão para brincar...

— Kan-ku-ro... — a voz baixa só o deixava com ainda mais preguiça. — está dormindo? — dessa vez ele tampa o nariz do irmão, que automaticamente abre os olhos.

— Pom tia, Gaara... Já pote soltar peu nariz... — o irmão pequeno obedece enquanto dava algumas risadas — dormiu bem?

— Sim! — ele sorri adoravelmente. — Mas estou com fome... Vamos comer antes de continuar a viagem? — Pelo visto ele acabou de acordar também.

— Nós já chegamos... — Kankuro sorri e bagunça os cabelos vermelhos  — Vou levar você para comer alguma coisa e depois vamos comprar roupas novas...

— Não precisa — o ruivo sorri e fica olhando o irmão se levantar.

— Precisa sim! Eu trouxe algumas minhas, mas você não tem nada para vestir, jaan... — a fala sai um pouco arrastada enquanto ele se espreguiça.

— Mas eu não gosto de comprar roupas...

“Nem roupas e nem nada!”. Kankuro conhecia o irmão bem suficientemente para saber que a simplicidade dele beirava uma espécie de desleixo consigo mesmo.  Gaara não comprava nada para si, a não ser que fosse extremamente necessário. Kankuro ainda se lembrava de um dia em que o irmão ficou descalço porque a sandália havia arrebentado e ele não achava necessário arrumar uma porque: “o manto não deixa ninguém notar, estou ocupado demais para me preocupar com isso agora”, essas foram as palavras do Kazekage sobre.

— Mas não pode ficar com essa para brincar no lago, a não ser que queira ficar sem nada enquanto espera suas roupas secarem. — observando o irmão pelo canto do olho, dava para ver ele ficar quase tão vermelho quanto os cabelos.

— Tudo bem então... — Gaara pega o ursinho e abraça, esperando para irem.

— Não vai levar a pelúcia, vai? Você pode acabar perdendo ele, melhor deixar o ursinho descansando aqui, jaan. — A quanto tempo ele falava como se a pelúcia estivesse viva?

— Tá...  — ele fica um pouco triste, colocando o ursinho na cama de novo.

— Vamos? Quanto antes chegarmos, mais tempo vai poder brincar lá fora, jaan.

— Sim! — dessa vez ele fala mais animado, saindo do quarto.

“Você realmente está feliz, Gaara”. O irmão mais velho sorri, seguindo o pequeno para se prepararem e irem às compras. “Espera... Eu não conheço muita coisa daqui... EU VOU TER QUE PEDIR INFORMAÇÕES PARA AQUELE VELHO!?”. Agora era Kankuro quem estava desanimado, só de pensar em mais um diálogo estranho e suspeito com aquele senhor.


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Notas finais do capítulo

Paragem é sinônimo de dar uma pausa e de fazer uma parada. Para quem chegou até aqui, vai entender o título do capítulo.

Espero que tenham gostado!

Sugestões, dicas, críticas e observações são muito bem vindas.



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