Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 8
Six


Notas iniciais do capítulo

eis um capítulo onde vocês poderão apreciar as minhas habilidades poéticas.



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Eu corro pela floresta, procurando-a desesperadamente.

Minhas pernas parecem pesar toneladas e meus pulmões queimam. Eu não poderia distinguir o dia da noite e meu nariz ardia com o estranho cheiro que dominava o ambiente.

Eu me viro, encontrando Edythe Cullen alguns passos longe. Sua expressão é fria, indiferente. Meu corpo inteiro treme enquanto eu dou um passo atrás do outro, andando até ela; mas ela caminha para trás, afastando-se rápido, e, de repente, está muito distante de mim.

Eu tento chama-la, mas minha voz não sai. Ela continua se afastando, rapidamente, até desaparecer.

Edythe me deixa totalmente sozinha na floresta, em meio a escuridão.

Eu acordo com um grito abafado, sentindo as lágrimas molharem minha face. Sento-me desorientada, piscando para ajustar minha visão à escuridão do quarto, tentando controlar a respiração. Um bolo seco habitava minha garganta e minhas mãos apertavam o cobertor com força, tanto que minhas articulações ficam doloridas.

Depois de minutos de angústia, eu finalmente consigo parar de chorar, surpresa por não ter acordado Charlie com meu pequeno show.

Suspiro, coçando os olhos que agora ardiam. Meu corpo inteiro doía, na verdade.

Eu odiava ter pesadelos. Odiava acordar ofegante e trêmula, com a cabeça doendo e a garganta ardendo — o que vinha acontecendo com frequência nas últimas semanas.

Sonhar com Edythe Cullen sempre fora motivo de euforia pra mim, e se tornou algo tão natural quanto respirar. Eu queria dar cada segundo da minha vida a ela, e como as horas de sono sempre seriam inevitáveis, eu aceitava de bom grado os sonhos onde ela e eu estávamos juntas, em qualquer lugar do mundo, pertencendo apenas uma a outra.

Mas, desde que terminamos nosso breve e perfeito relacionamento — algumas semanas atrás — os sonhos magníficos foram substituídos por pesadelos agonizantes. A situação só piorou a alguns dias, quando meu ex-cunhado (eu odiava pensar assim) e, aparentemente, ex-melhor amigo, havia me procurado apenas pra avisar de que iria embora junto com o restante da família.

Eu apenas assisti, impotente, enquanto ele se virava e desaparecia na escuridão da floresta. Agora, eu tinha pesadelos com ele também — onde ele desaparecia por entre as árvores e eu ficava perdida e desorientada, sem conseguir encontrar a luz do sol.

Por causa disso, minhas horas de um sono saudável haviam diminuído drasticamente.

Charlie pareceu notar meu aparente desespero em realizar tarefas que me mantivessem ocupada quase todas as noites e viera ter uma “conversa séria” comigo. Quando sua mãe me deixou, ele dissera, eu passei por um tempo infernal. Eu só ficava imaginando coisas loucas que pudesse fazer, só pra parar a dor.

Eu me perguntei se ele pensava que eu estava em algum estágio inicial de depressão ou algo do tipo.

“Está tudo bem, pai. Não é tão ruim”. Era o que eu dizia — à todo.

Não era de todo mentira, na verdade. Haviam sim dias em que era insuportável. Dias em que eu acordava e lembrava de Edythe e imediatamente meu peito parecia se rasgar de dor e saudade. Dias em que minha cabeça parecia rodar e explodir, e eu ficava me perguntando o motivo das coisas aconteceram e se ainda havia alguma esperança pra mim.

Mas também haviam os dias bons.

Dias em que eu conseguia me sentar com meus amigos no refeitório e fingir ser só mais uma adolescente se recuperando depois de levar um pé na bunda, onde Angela e Erica me ajudavam a estudar e fazer os deveres ou sair para fazer compras. Onde eu e Charlie assistíamos algum jogo de basquete na TV ou fazíamos o jantar juntos. Dias em que eu e Riley ficávamos juntas, rodando por Forks sem um destino certo, ou quando eu me contentava em simplesmente sentar em um banquinho na oficina de sua casa e observá-la trabalhar com suas mãos rápidas em alguma peça de carro.

Por mais que a dor persista e o tempo não colabore, você acaba seguindo em frente. Mesmo sem perceber.

 

Eu encho a minha bandeja com fatias de pizza e um refrigerante, com Erica ao meu lado reclamando sobre calorias e gordura. Nós caminhamos em direção à Riley, Angela, Allen, Jeremy e Mike que estão sentados na mesa de sempre.

Eu respiro fundo quando Riley sorri e me dá aquele característico sorriso que eu sei que é especialmente dirigido a mim.

— Eu vou matar a Taylor se ela me passou gripe. — Jeremy reclama com o nariz escorrendo.

Mike, sentado ao seu lado, puxa um lencinho e o entrega ao garoto.

— Como, exatamente, ela poderia ter te contaminado? — seu tom insinua que ele já imagina a resposta, mas sua expressão parece inocente e brincalhona. Jeremy enxuga o nariz por mais tempo do que o necessário, olhando ao redor da mesa com os olhos suplicando por ajuda.

— Está... Se espalhando. — eu disse — Uns caras da delegacia também estão doentes, segundo o meu pai.

Jer me olha agradecido e mexe os lábios em um “valeu, gata” e Mike me fuzila, claramente insatisfeito com a minha intromissão. Todos sentados na mesa tentam controlar o riso diante da situação, uma vez que não era novidade pra ninguém que Mike e Jeremy estavam naquela estranha fase de tentar manter a amizade depois de um término — sério, isso nunca daria certo.

Não que eu culpasse Jeremy, em todo caso. Fora Mike quem terminara com ele, iludido com um cara mais velho que conhecera em Portland.

O cara deu um fora nele no segundo encontro.

— Ang, talvez você devesse guardar isso para si mesma. — Allen murmura, bastante concentrado em seu bolinho de carne.

— Nós vimos algo, caramba.

— Eu acredito em você. — afirmou Jeremy, ainda corado.

— Não, não acredita. Ele só está tentando pegar você. — Riley ri ao meu lado.

— Alguém pode me situar? — eu digo, confusa, mas sou ignorada.

— Era todo preto e enorme e estava de quatro. — Angela continua.

— Um urso. — Erica afirmou. — Ou o Pé Grande.

Eu reviro os olhos e imediatamente perco o interesse no assunto.

Eu odiava ser ignorada.

Me concentro em ingerir minha enorme quantidade de almoço no pouco tempo que eu sei que ainda resta. A garota Biers continua sentada ao meu lado, e — mesmo depois de almoçar em tempo record — continuava avidamente tentando roubar minhas pizzas, e, cara, ninguém toca na comida de Bella Swan.

— Só um pedaço. — Riley suplica.

Nau Riley, cai foia. — eu retruco com a boca cheia, esquivando-me de suas mãos traiçoeiras.

Ela ri da minha expressão irritada e baixa a guarda, parecendo finalmente desistir.

Um coro de vaias começa e nós duas nos viramos a tempo de ver todos comemorando o fato de Erica e Angela finalmente estarem se beijando — não um beijão, apenas um selinho. Allen apenas faz uma careta engraçada para a cena, mas parece indiferente, ainda muito concentrado em comer.

— Encontro de casais! — Jeremy grita e soca o ar, parecendo nenhum pouco decepcionado por sua paquera estar beijando outra pessoa. Mike se agarra cinicamente ao braço livre dele e gesticula um “yes, baby” enquanto Angela sorri sem graça e Erica cora, as duas ainda bem próximas. Allen dá de ombros, mas aponta com o garfo em direção à Riley e depois a mim.

O garoto sorriu como se já soubesse de tudo.

 

O tempo passou de forma muito mais rápido do que eu pude perceber. Os meses corriam entre escola, treinos com o time, deveres de casa, saídas com minhas amigas e, é claro, Riley Biers — que havia se tornado alguém realmente muito importante pra mim. Os raros dias de sol chegavam com um certo clima especial sobre a cidade.

As estações não podiam ser realmente diferenciadas em um lugar como Forks onde, mesmo no verão, fazia frio. Na primavera, tudo continuava verde.

Era de dar nos nervos.

— Precisa de ajuda? — Charlie ofereceu assim que entrei em casa com a caixa de papelão que chegara pelo correio.

Eu revirei os olhos. A caixa não devia ter mais do que 30x30 cm e estava molhada graças ao maldito tempo chuvoso em Forks. Na verdade, eu sabia que Charlie só queria futricar, talvez ter certeza de que não era um pacote de drogas que eu venderia na sublime Forks High School.

— Acho que dou conta. — eu simulei um grande esforço enquanto chutava a porta para fechá-la e depositava a caixa em cima do baço do sofá. 

— Okay, garota. — ele sorri da minha má atuação enquanto aponta o controle remoto para a TV.

Ler o remetente me fez sorrir.

Lauren não havia me ligado ou mandado muitos e-mails nos últimos dias — ela alegava  estar muito ocupada com suas novas aulas de canto, mas eu sabia bem que ela estava ocupada era com a professora.

Quase revirei os olhos quando abri o amontoado de papelão melecado e puxei o conteúdo para fora.

Um chaveiro minúsculo, cor de rosa, em formato de vibrador estava cuidadosamente embrulhando em papel bolha. Eu comecei a rir, balançando o objeto nas mãos, analisando o formato perfeito de um pênis.

De jeito nenhum eu vou usar isso, eu pensei. O presente viera acompanhado de um bilhete, super carinhoso, — que parecia ter sido banhado em um perfume enjoativo — onde Lauren havia conseguido expressar totalmente o seu talento em poesia.

 

Rosas são vermelhas,

Violetas são azuis.

Deixe a Riley foder a sua vagina

Em nome de Jesus.

 

É só você fazer “miau”

E aquela gata vai te lamber,

Então para de ser lerda

E deixa ela te comer

 

Rosas são vermelhas,

Violetas são azuis.

A bunda dela me encanta

Aquela boquinha me seduz.

 

A Riley é um capeta

Que quer te possuir

Então, pelo amor de Deus, Isabella

Para de cu doce e entrega logo seu tesourinho pra pirata Biers ;)

 

Continuei a rir, esquecendo-me completamente da presença de Charlie na sala.

Ele me olhava abismado, com a lata de cerveja a poucos centímetros da boca, a expressão congelada em um perfeito “o” enquanto o mini vibrador balançava em minhas mãos.

Eu corei violentamente, recolhendo a caixa de papelão, o bilhete e o chaveiro e disparei pelas escadas, tropeçando nos degraus, sentindo que todo o sangue do meu corpo subia em direção ao meu rosto.

 

Depois de jogar tudo em cima da cama e deixar um recado de voz para Lauren — onde eu não a xinguei de todos os nomes possíveis e depois tive uma intensa crise de risos — eu resolvi fazer meu dever de casa.

As minhas notas em cálculo não estavam as melhores e a treinadora Clapp andava me cobrando a respeito disso. A maldita garota Biers, pelo contrário, parecia nem precisar assistir às aulas — suas notas em cálculo? Pff. Perfeitas. Ela estava acima da média da turma nessa disciplina e eu quase podia ver uma futura Engenheira Mecânica crescendo nela.

Algumas equações, dores de cabeça e lançamentos de bolinhas de papel pela janela depois, eu finalmente consegui terminar tudo. Estaria perfeitamente adiantada e com o dia seguinte, um domingo, livre.

Encarei o pequeno chaveiro que brilhava — a coisa era néon no escuro — em cima da escrivaninha e dei de ombros enquanto o pendurava na mochila. Ouvi o som pesado dos passos de Charlie na escada e, segundos depois, sua voz ecoou pela porta aberta. Ele pousou o ombro esquerdo despreocupadamente sobre a parede.

Percebi a mudança logo de cara — eu havia aprendido a ler melhor o meu pai nos últimos meses.

Ele havia tirado a barba que estava por fazer e aparado o bigode. O cabelo estava perfeitamente penteado para trás e a camisa xadrez bem passada praticamente gritava que era uma peça nova.

Ele cheirava a sabonete e perfume.

— Então — ele tossiu — Sue nos convidou para jantar lá esta noite.

Ergui a sobrancelha. 

— Quando ela ligou?

— Logo depois de você subir com seu... Ér...

Ele correu os olhos em direção ao vibrador que se destacava brilhando na meia-luz do quarto.

Nós dois coramos ao recordarmos a cena um pouco constrangedora e ele logo continuou.

— Então... Hã...

— Oh, então é por isso que você está tão arrumado?

Seus olhos se arregalaram. 

— Arrumado? Eu? Qual é, garota, eu só...

Charlie passou as mãos pelo cabelo, nervoso e eu ri.

— Caramba, pai, você e a Sue, hein? — balancei as sobrancelhas de forma sugestiva e ele abriu a boca, sem conseguir proferir uma palavra.

Balançou a cabeça e gesticulou para que eu me arrumasse.

— Relaxa, pai. — eu ri, ficando de pé e deixando-lhe um beijo na bochecha — Eu não sei de nada.


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Notas finais do capítulo

o que sai desse jantar, hã?
MOÇA QUE FALOU COMIGO NO TWITTER, SE MANIFESTE AQUI POR FAVOR, BRIGADA

TT: @el.diablexx



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