Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 5
Four


Notas iniciais do capítulo

Eu amo muito a Riley bicho, é isto.



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— Então, sabe, eu fiquei meio surpresa com o seu convite. — ela pontuou enquanto pegávamos a pipoca e nos dirigíamos à sala.

Eu me permiti observá-la por um segundo quando julguei que ela não via.

O cabelo parecia um tom mais claro, talvez, devido às luzes fluorescentes do corredor. Seu corpo parecia um pouco mais musculoso, não de uma forma desproporcional, e ela ainda se movia com a mesma fluidez de sempre.

Eu suspirei quando seus olhos castanho-claros se conectaram aos meus e eu percebi que ela ainda devia estar esperando uma resposta.

Desviei o olhar, corando por parecer uma completa idiota. Pude ouvir Riley dar uma risadinha baixa, mas sua linguagem corporal denunciava que ela estava tensa.

— Eu só... — balancei a cabeça e sorri levemente enquanto ela segurava a porta para que eu entrasse na sala primeiro — Na verdade, eu queria que você me perdoasse por ter, sabe, agido como uma vadia sem coração com você nas últimas semanas.

Ela riu novamente, seu sorrisos brilhando na escuridão. Eu achava que ela estaria chateada, no mínimo, com a minha negligência à nossa amizade depois de... Bem, depois de tudo. Não foi uma coisa muito legal ter ignorado-a completamente durante as semanas em que estive na fossa.

— Bem, eu não te chamaria de vadia... A não ser que você quisesse. — ela mexeu as sobrancelhas de forma sugestiva e sorriu galanteadora, o que me rendeu uma alta gargalhada. As pessoas que entravam na sessão conosco pararam assustadas para nos encarar. Eu não podia ligar menos.

Dei um soquinho em seu ombro e ela riu, fazendo graça novamente, — posicionou os dois punhos em frente ao rosto, imitando um lutador de boxe enquanto debochava da minha aparente falta de talento para lutas. Nos sentamos quando os trailers começaram e ela colocou a pipoca em meu colo, onde colocava a mão estrategicamente, vez ou outra.

Depois de um minuto de silêncio, ela suspirou.

— Esqueça tudo. Só estou feliz de estar aqui com você.

 

No fim, o filme era tão idiota que Riley e eu saímos da sala cerca de dez minutos antes do fim. Pra falar a verdade, dizer que o filme é péssimo seria um grande elogio. Foi simplesmente idiota, muito mais do que as comédias adolescentes geralmente são. Entre uma risada e outra, Riley ficava repetindo que deveriam enviar a equipe técnica de volta para a escola — talvez assim eles aprendessem a produzir uma história com um mínimo de coerência. Os efeitos especiais eram tão horríveis quento ou piores que os protagonistas — a coisa toda era um insulto à nossa inteligência.

— De qualquer forma — ela concluiu enquanto atravessávamos a saída do cinema — Uma bobagem assim pode ser boa às vezes, uma distração e tal.

Eu apenas balancei a cabeça. Não queria ter que dizer que realmente odiei o filme já que foi ela que escolheu.

— Eu sei que não é nada comparado ao que você gosta, tipo Romeu e Julieta. — Riley suspirou. Eu a encarei, perguntando-me o que se passava em sua cabeça.

Ela me encarou de volta enquanto vestia seu casaco e me ajudava a colocar a jaqueta. A insegurança que habitava seu olhar fez meu coração doer.

— Ei, qual é. Eu adorei. — sorri de forma convincente e ela apenas assentiu, mas pude ver que sua expressão se iluminou um pouco.

Droga.

— Quer comer alguma coisa? — eu propus, constatando que ainda era razoavelmente cedo.

— Não acredito que ainda está com fome, Isabella. Você comeu a pipoca toda! — ela acusou.

— O quê? Que ultraje! — eu a encarei divertida.

— Você é um monstrinho com um buraco negro no estômago. — ela riu e bagunçou meu cabelo com a mão.

— Calúnia! — eu revirei os olhos e a puxei em direção do seu carro novo.

Era um Mustang V6 Coupe 2011, como ela mesma havia dito. O interior era preto e os bancos eram de couro confortável. Eu não entendia muito de carros, mas eu tinha que admitir: ele era uma graça e combinava com a dona. A pintura branca contrastava perfeitamente com duas faixas azuis que o atravessavam de ponta a ponta. Eu não havia reparado antes, mas o azul brilhava de forma um pouco mais vívida que o resto da pintura.

— Foi você que pintou? — questionei, enquanto nos dirigíamos à vaga no estacionamento.

— O azul? — assenti — Sim. Gostou da cor?

— É um azul lindo.

— É, eu sei. — ela sussurrou enquanto me encarava nos olhos sem piscar.

Eu assenti sem graça, pegando a dica. Tentei inutilmente não corar e olhei ao redor assim que ouvi algo que pareceu um assovio.

Nós estávamos numa parte da calçada sem iluminação. As lojas alinhadas na rua estavam todas fechadas para a noite, as janelas estavam negras. Do outro lado da rua havia um lugar aberto. As janelas estavam cobertas com propagandas de cerveja brilhando na frente delas. Se inclinando na parede do lado da porta haviam quatro homens — um deles era o cara que assoviava.

— Ei, gracinha! — ele tentou de novo, acenando com uma mão acima da cabeça.

Riley e eu trocamos um olhar rápido, e eu o encarei novamente. Ele pareceu perceber que eu o havia notado — virou a garrafa de cerveja na boca e bebeu o líquido todo rapidamente, se livrando dela e dando alguns passos em nossa direção.

— Tá afim de uma carona emocionante? — ele me perguntou enquanto ainda dava alguns passos trôpegos.

Eu estava pronta pra abrir a boca para negar educadamente quando Riley deu um passo a frente.

— Ela não está interessada.

O cara desviou sua atenção de mim e parou de andar, já próximo de onde estávamos paradas. Seu rosto bronzeado, talvez latino, era coberto por uma barba espessa e um piercing estava estrategicamente posicionado sob sua sobrancelha direita. Ele era um pouco mais alto do que Riley, porém parecia mais magro e, mesmo parado, ele continuava meio trôpego.

— Então, belezinha, uma volta? — ele sorriu com dentes amarelos e apontou para uma moto, talvez uma BMW antiga, parada no fim do quarteirão.

Riley bufou por ter sido ignorada e o cara a encarou novamente, parecendo irritado. Ele fechou a distância entre nós com poucos passos e avançou para socar Riley que foi pega de surpresa.

Gente, eu não estou brincando: o magrelo acertou ela em cheio.

Eu o empurrei e pude sentir seu bafo alcóolico — ele cambaleou e tentou se equilibrar. Riley se recompôs e o acertou com um chute na virilha, fazendo-o levar as mãos ao local.

— Hija de la puta! — ele elevou os punhos e acertou Riley novamente.

Eu bufei em exasperação e me coloquei à frente de Riley quando o cara tentou avançar sobre ela mais uma vez. Aproveitei a distância entre nós e ergui a perna rapidamente, girando o quadril e acertando-o em cheio no queixo com o calcanhar.

Ele caiu de cara na calçada úmida e eu pude ouvir os outros três caras com quem ele estava no bar rindo, como animais selvagens.

Sequer me importei de checar se ele estava vivo — me abaixei junto à Riley e ajudei-a a levantar. Ela havia ganhado um corte no supercílio que precisaria de pontos. Um pouco de sangue descia livremente pelo seu rosto, mas ela nem parecia notar: estava me encarando, incrédula.

— Como você fez isso?

Dei de ombros enquanto andávamos em direção ao carro.

— Aulas de Muay Thai.

Ela suspirou.

— Meu amor, você é uma caixinha de surpresas.

 

— Bella... — ela meio gemeu, meio suspirou de forma agoniada.

— Estou quase lá. — eu sussurrei, inclinando-me mais em sua direção. — Você é uma menina levada.

Riley riu enquanto eu me afastava. O algodão que eu usava para limpar seu ferimento estava encharcado, apesar do corte já ter estancado. Joguei-o pela janela enquanto o motor ganhava vida novamente.

— Obrigada por me ajudar. Só não quero que a minha mãe me veja com todo esse sangue, ou ela vai achar que matei alguém.

Eu ri baixinho, mas ela parecia incomodada com a própria afirmação.

— Não foi nada, mas acho que não vai conseguir impedir ela de saber já que fomos ao hospital. Você sabe como é.

Ela suspirou. 

— É isso aí: não existem segredos em Forks.

Ela estacionou na guia da calçada em frente a minha casa. As luzes da varanda estavam acesas e eu pude ver um pequeno movimento na janela — Charlie me esperava.

Balancei a cabeça e tirei o cinto.

— Bom... É isso. — ela disse, umedecendo os lábios.

— Eu me diverti muito. Devíamos fazer isso mais vezes.

Riley sorriu verdadeiramente e uma onda surgiu em meu peito. Eu realmente gostava da companhia dela.

— Seria ótimo. — ela assentiu e ficou pensativa por um instante.

Sem mais nenhuma palavra, ela se inclinou sob o porta-luvas e vasculhou por lá até retirar algo. Era um livro.

— Eu queria te dar isso. — ela entregou-o a mim.

Eu o peguei com cuidado, observando a capa. Interview With The Vampire, de Anne Rice. Era um exemplar antigo, meio surrado, mas bem conservado. Deslizei a mão pela capa, sentindo a textura.

— Eu não sei se você gosta desse tipo de leitura — ela continuou —, mas esse livro é especial pra mim. Foi um presente do meu pai.

Ela suspirou pesado, sua expressão assumindo um tom triste.

Encarei-a com sobressalto. 

— Riley, eu não posso aceitar.

Ela negou rapidamente, empurrando-o para mim.

— Aceite, por favor. Ele é especial pra mim e... Quero que fique com ele. Porque você é especial pra mim também. — Sua voz falhou e ela fechou os olhos. Seus ombros caíram e eu lutei para entender a onda avassaladora de sentimentos que me invadiram.

Eu não encontrei qualquer palavra que pudesse expressar o que eu sentia, então sussurrei um agradecimento e ela assentiu. Pousei o livro em meu colo e encarei a escuridão, sem saber o que fazer.

Riley Biers era preciosa demais para esse mundo.

O silêncio desconfortável reinou por algum tempo, segundos ou minutos, e eu me perguntei o que Charlie acharia que estávamos fazendo ali — paradas na escuridão, dentro de um carro totalmente fechado.

— Eu... — Riley sussurrou, e eu a encarei esperando que continuasse.

Ela apenas franziu a testa e balançou a cabeça em negação. Parecia um tipo de conflito interno.

Então, sem aviso, ela ergueu meu queixo com a mão e seus lábios vieram de encontro aos meus.


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Notas finais do capítulo

Então, guys, queria me desculpar pela demora. Eu tô em uma fase complicada da minha vida e isso afeta a minha escrita. Não quero vir aqui e postar qualquer coisa só pra contar visualização. Eu me dedico em cada capítulo. Queria agradecer também todo mundo que me mandou MP perguntando se eu tava bem ♥ Março é um mês complicado pra mim mas segue o baile.
PS: se alguém acertar qual é a coisa com a pintura do carro da Riley, eu faço um capítulo bônus que vocês vão amar (eu ouvi um "POV Edythe"?) ahsuashaushaus que comecem os jogos!
PS²: fic nova Bellythe, você só vê com esta autora ~> https://fanfiction.com.br/historia/727934/Heaven/
PS³: ô gente, só por curiosidade, como vocês pronuncionam o nome da Edythe? segundo o google tradutor, é tipo "Edite" mas eu sempre leio/falo "Edái" ahsuahsuahsua

TT: @el.diablexx



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