Um morango para ℒ

— Então... Qual é a das algemas mesmo? – inquiriu Light.

— Não vê? Preciso te vigiar vinte e quatro horas por dia, do contrário jamais estarei convencido de que você não é Kira! – respondi com convicção.

— Não tente me fazer cair nessa conversinha de novo, Ryuuzaki... – provocou Light – Você teve essa ideia maluca porque está obcecado pelo Kira e talvez até por mim! Afinal, o que foi que eu fiz pra você me odiar tanto?

— Me diz, Light, o seu ego é desse tamanho todo aí mesmo ou você faz tipo? – peguei uma fatia de bolo e a coloquei na boca, apático e entediado. – Acha mesmo que estamos algemados porque eu te adoro? É uma questão de segurança! Não me faça explicar o óbvio mais uma vez. Você está drenando a minha paciência.

— Hunf! Está bem! – ele finalmente sossegou o facho – Mas já que estamos condenados a ficar assim até as suas ideias voltarem pro lugar, passa isso pra cá! – exclamou ele, catando o morango que estava em cima da minha fatia de bolo.

— Ei, essa é a melhor parte, me devolve! – tentei pegar o morango de volta, mas ele foi mais rápido e o ergueu no ar.

— Nananinanão, Ryuuzaki, seu malvado! – Light parecia estar se divertindo com a situação – Só vai ganhar morango se ficar quietinho!

— Por que está me tratando que nem cachorro? – cruzei os braços, enfurecido – Tá, pode ficar pra você, eu nem queria mesmo! – dei de ombros e me sentei na poltrona, resignado.

— Bobo... – ele ficou de pé, atrás de mim – É só pedir com educação!

— E onde estava a sua educação quando roubou comida do meu prato? – perguntei com firmeza.

— Ah, não guarde ressentimentos, Ryuuzaki... – ele posicionou a sua mão bem na frente da minha cabeça, segurando cuidadosamente o morango roubado. – Está vendo?

— É claro que estou, eu não sou cego. – respondi calmamente – O que pretende com isso, Light? Boa coisa não é...

— Vou dar comida na boquinha do meu bebê, não posso? – ele colocou o morango bem próximo da minha boca e me provocou com o seu joguinho barato: – Olha o aviãozinho...

Muito bem, eu não tinha nada a perder, então abri a boca. Ele colocou o morango delicadamente lá dentro. Eu olhei para trás, enquanto saboreava a fruta. Light estava com a cabeça por cima da minha, olhando-me de um jeito estranho. Seus dedos ficaram com gosto de morango, logo os lambi. Algo me diz que ele sentiu cócegas.

— Viu? Foi tão ruim assim? – perguntou Light.

— Já que de qualquer forma o morango foi parar dentro da minha boca, posso dizer que foi ótimo! – falei sorrindo – Mas isso não vai te livrar das algemas!

— Haha, por que não estou surpreso? – ele gargalhou triunfante – Você é teimoso que nem uma mula!

— Não tenho culpa se você dá motivo para que eu seja – retruquei, encerrando a conversa.

Havia 5% de chance de Light saber que não era só pelo morango que eu estava satisfeito.