Sophia escrita por znestria


Capítulo 22
Aparatação




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Sophia terminou o livro de Viktor no dia seguinte. Carregou-o consigo o tempo todo e abria-o para ler sempre que tinha um pouco de tempo livre: durante as refeições, nas trocas de aula, nos intervalos. E, toda vez que aparecia um marcador, seu coração pulava.

Enquanto caminhava com os amigos para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, estava tão absorta na leitura que trombou com Sean, que andava à sua frente. 

“Pelas barbas de Merlin, Soph, largue esse livro!” ele reclamou. “Você e seu hábito de não conseguir largar um livro até terminá-lo.” 

Sophia levantou a cabeça somente para girar os olhos para o amigo.

“Ah, deixe ela”, defendeu Georgie. “Foi um presente de Viktor.” 

“É claro!” Sean disse ironicamente. “Se foi Viktor que deu, suponho que valha a pena ler até enquanto anda. Você vai acabar é tropeçando numa escada, caindo e quebrando o pescoço.” 

Rogério deu uma risada, mas Sophia só arqueou uma sobrancelha. “Muito delicado, Sean, obrigada”, ela respondeu.

Georgie veio a seu lado e pegou seu braço; as duas ficaram para trás enquanto os meninos seguiam. “Sabe, Sean está exagerando, mas você realmente não larga esse livro. O que há de tão especial nele?” 

Sophia comprimiu os lábios em um pequeno sorriso. “Olhe aqui, Georgie. Ele marcou os lugares que quer que visitemos juntos no futuro.” 

A amiga guinchou e deu pulinhos de alegria. “Ah, que bonitinho! Ele é tão romântico, Soph!” 

“Quem diria, não é?” ela riu.

“Então vocês estão realmente fazendo planos para o futuro! Quero dizer, você falou que ele te chamou para ir à Bulgária nas férias, mas isso aqui é diferente. Isso é a longo prazo.” 

Um risco apareceu na testa de Sophia. “É”, ela disse. “É, acho que é.” 

Os ombros de Georgie caíram. “Você não parece muito animada.” 

“Eu estava! Quero dizer, estou! Mas… Agora que você falou, isso realmente parece bem a longo prazo.” 

“Ah, Soph, nem comece com isso! Isso é bom! Ele gosta muito de você.” 

“Eu sei, Georgie, e também gosto muito dele. Mas não sei o que vai acontecer no futuro. Quando o ano acabar, ele vai voltar para a Bulgária e eu vou ficar aqui. Não tem o que fazer.” 

A amiga mordeu os lábios e fez uma expressão chateada. Pareceu pensativa por um tempo, mas logo animou-se. “Não vamos pensar nisso agora, Soph. Ainda temos meses até o fim do ano letivo! Vai demorar muito.” 

Sophia concordou silenciosamente, embora ainda apreensiva.

No entanto, a distância até o final do semestre parecia desesperadamente cada vez menor. Sophia estava sempre tão ocupada que os dias passavam num piscar de olhos, e os fins de semana também eram perdidos com as aula de Aparatação e as detenções. O dilema de seu futuro com Viktor, porém, foi posto de lado em prol de preocupações mais urgentes: o teste de Aparatação, marcado para o último dia antes do feriado de Páscoa. Ao mesmo tempo que Sophia queria que as férias chegassem logo para poder reencontrar seus pais, que ela não via há mais de meio ano, ela também estressava-se com o exame, que lhe era muito importante.

“Acalme-se”, dizia Viktor sempre que ela começava a ficar ansiosa. “O exame é pem trranquilo, é só fazer exatamente o que tem feito nas aulas. Focê está indo muito pem. E pode remarcar, se quiser.” 

Ela agradecia, porém também sentindo-se culpada por não contar-lhe inteiramente a verdade. Decidira não comentar sobre o futuro, pois era uma questão que ainda não lhes dizia respeito, e ele tinha coisas mais importantes para pensar - como, por exemplo, sobreviver à Terceira Tarefa. 

O mês de abril chegou antes que Sophia percebesse. No dia primeiro, que era o aniversário dos gêmeos Weasley, os dois novíssimos adultos comemoraram fazendo o que faziam de melhor: espalhando o caos pela escola. Soltaram bombas de bosta pelos corredores, fizeram um mini show de fogos de artifício no pátio e até tentaram colocar pó de arroto no cantil de Moody, mas o professor neurótico os pegou no ato e começou a gritar sobre vigilância constante. 

Ao final do dia, Sophia os encontrou para dar-lhes seu presente.

“Parabéns!” ela cantou, entregando-lhes um pedaço de pergaminho cortado pela metade e uma pena negra obviamente já gasta.

“Uau, Sophia, obrigado!” exclamou Jorge. “Agora poderemos finalmente escrever durante as aulas! Estivemos o semestre inteiro usando só os nossos dedos!” 

“E este pergaminho com certeza será o suficiente até nos formarmos!” continuou Fred.

Sophia riu. “Deixem-me explicar! Olhem, eu queria contribuir um pouco para a loja, já que faz tempo que não faço nada. Essa pena eu enfeiticei para sugar toda a tinta que molhá-la, assim, quando alguém tentar usá-la para escrever, ela estará sempre seca, não importa quantas vezes ela seja mergulhada no frasco. E o pergaminho também absorve tinta, assim ninguém nunca conseguirá anotar nada nele.” 

“Maligno”, elogiou Fred, abrindo um sorriso.

“Nossa pequena Soph, pronta para importunar o mundo”, Jorge disse, fingindo estar emocionado. “Ah, lhe ensinamos bem.” 

“É, talvez eu devesse andar menos com vocês”, respondeu Sophia. “Só não usem para nada muito malvado, ok?” 

Fred bufou. “É claro que não, você acha que faríamos mal a alguém? Com certeza não trocaremos a pena de Warrington por esta durante os exames.” 

“E não daremos este pergaminho quando algum professor quiser nos passar detenção por escrito”, piscou Jorge.

Sophia balançou a cabeça sorrindo. “Feliz aniversário”, ela disse por fim e se retirou.

 

 

 

Durante a última aula de Aparatação antes do exame, a ansiedade dos alunos era quase palpável no ar. A maioria ainda não havia conseguido aparatar com sucesso repetidamente; os únicos que tinham o privilégio de estarem confiantes eram Sean, os gêmeos Weasley e Angélica Clarke, da Lufa-Lufa. O resto, incluindo Sophia, ainda tinha dificuldade em evitar o estrunchamento, ainda que em partes pequenas do corpo. Georgie, então, estava ainda mais desesperada, pois só havia aparatado corretamente em uma ocasião.

Twycross os liberou pela última vez, despedindo-se com palavras de confiança e de boa sorte. Alguns o escutavam atentamente, ávidos por qualquer dica que pudesse ajudar no exame, enquanto outros saíam cabisbaixos, já aceitando o sentimento de derrota. 

“Não fique assim”, dizia Sean à namorada, que havia se juntado ao segundo grupo. “Você vai conseguir, sei que vai.” 

A menina só continuou seu caminho, sem dar atenção aos consolos. Sean, perdido, olhou com desespero para Sophia, mas ela só deu os ombros e um meio sorriso, pois entendia perfeitamente bem a preocupação da amiga. Já tinha aparatado algumas vezes, mas, sempre que achava que estava finalmente melhorando, ela acabava se estrunchando. E era realmente frustrante porque, quando começaram as aulas, ela acreditava que pelas últimas já não teria mais dificuldades.

A última semana do bimestre se arrastou de um jeito insuportável. Não bastassem os nervos que castigavam os sextanistas, os professores também decidiram dificultar suas vidas ainda mais, passando tarefas aos montes. A maioria ficara para depois das férias, mas a quantidade era absurda - e Sophia queria aproveitar o recesso para descansar e passar tempo com seus pais, ao invés de ficar trancada no quarto escrevendo sobre dementadores. 

Sexta-feira finalmente chegou. Durante a manhã, ninguém prestou atenção nas aulas; cada um lidava com a iminência do teste de uma maneira diferente: repetindo os três Ds para si mesmo, relendo os folhetos do Ministério distribuídos nas aulas extras em Hogsmeade, dando mini piruetas pelos corredores ou discutindo com amigos como convenceriam Madame Pomfrey a dar Poção Calmante a todos eles. O sentimento era bem familiar a Sophia, pois o clima estava parecido com o comportamento dos estudantes antes dos N.O.M.s (embora em um nível muito menor).

Sean era o único do grupo que continuava com seus modos habituais: no almoço, encheu o prato de linguiça e ficou por pelo menos quinze minutos comentando sobre como a qualidade de suas refeições tinha melhorado naquele ano. 

“Estou falando, desde que dei aquele poncho ao elfo, as porções da nossa mesa estiveram vindo muito melhores”, ele apontou pela sétima vez, entre suas numerosas garfadas.

“Já entendemos, Sean”, murmurou Sophia, tentando concentrar-se no folheto a sua frente.

“Destino, determinação, deliberação”, dizia Rogério com a boca cheia de comida.

“Você realmente não devia estar comendo tanto assim. Não quer vomitar durante a prova, quer?” disse Georgie, que havia se servido de exatamente duas asas de frango e três pedaços de batata assada. 

“Tenho que ficar o mais normal possível, e o estado normal do meu estômago é estufado”, ele respondeu, fazendo a namorada girar os olhos.

Sophia viu Viktor se levantando do lado oposto do Salão e o copiou, indo a seu encontro à porta. 

“Nerrvosa?” ele perguntou.

Sophia só bufou em resposta. 

“Non se preocupe. Faça o que sabe e, se non der cerrto, é só fazer de novo depois.” 

“Sabe”, ela disse, abrindo um pequeno sorriso, “acho que esse é o melhor discurso motivacional que já ouvi na minha vida.” 

Um risco apareceu na testa dele, e, antes que perguntasse, Sophia continuou:

“Estou falando sério. Minha mãe me disse algo parecido no domingo, contou toda a história de como tinha se sentido péssima por ter reprovado em seu primeiro teste de direção e sobre como na verdade não foi nem um pouco ruim. Só o preço do reteste, mas ela disse que eles não se importam em pagar para mim.” 

Viktor ainda parecia um pouco confuso, mas sorriu. 

“E, de qualquer jeito”, Sophia adicionou, “se eu refizer, poderei treinar com Elena, que me ajudou muito quando fizemos os N.O.M.s ano passado.” Olhou para a colega, que parecia perfeitamente pacífica terminando o seu almoço. 

“Focê non reprrovou ainda.” 

“Ainda.” 

Os dois estavam no meio de uma risada quando o sinal tocou, sinalizando que os testes iam começar. O coração de Sophia pulou, mas Viktor deu-lhe um sorriso reconfortante e um beijo na cabeça, fazendo-a se sentir bem o suficiente para dirigir-se à porta de entrada com apenas as mãos tremendo. 

“Destino, determinação, deliberação”, cumprimentou Rogério a seu lado. Sean e Georgie também apareceram, a última mais pálida do que antes.

Após minutos de espera angustiante, a examinadora do Ministério finalmente chegou. Ela era uma mulher baixa, magra e muito sorridente; vestia um chapéu pontudo que lhe dava mais uns trinta centímetros de altura e que parecia pesar bastante, chegando a quase desequilibrá-la. Ela parou em frente ao grupo e mostrou seus dentes amarelados.

“Bom dia, meus queridos. Meu nome é Madame Enoch, sou a examinadora do exame de Aparatação, aqui representando o Departamento de Transporte Mágico. Se puderem me seguir, por favor, vamos até o local da prova.” 

Os alunos andaram atrás dela ainda em silêncio. Alguns poucos ainda cochichavam, e Sophia pode ouvir Rogério falando a seu lado:

“Parece que pegamos sorte. A Miranda disse que, ano passado, o examinador foi um cara, um tal de Waters-não-sei-das-quantas, e ele era muito rígido, reprovou quase metade da turma.” 

“Metade?” repetiu Georgie, com a voz aguda.

“Essa Madame Enoch parece ser legal”, disse Sophia.

“Esperemos que sim”, ele concordou.

Chegaram a Hosgmeade e viraram em uma rua deserta; andaram por alguns minutos até se aproximarem de um gramado vazio na vila. Madame Enoch então os fez se organizarem em um canto para que pudesse explicar o exame.

“Aqui, cheguem mais perto. Estão todos me ouvindo?” Alguns resmungaram positivamente. “Ótimo. Agora, o exame é bem simples, vocês precisam só aparatar deste ponto até ali, dentro do arco (que ela conjurou na hora), assim!” E, em um Craque alto, ela desapareceu e reapareceu do outro lado. Sophia semicerrou os olhos para ver se o chapéu da mulher havia continuado em sua cabeça, mas ela logo reapareceu no lugar onde estava antes, como se nunca tivesse saído de lá. “E, quando aparatarem, fiquem exatamente no lugar onde estão, para que eu possa examiná-los bem.” 

A turma murmurou em concordância.

“Certo”, ela continuou. “Tenho aqui a lista dos alunos presentes, chamarei cada um por ordem alfabética. Podemos começar com a Srta. Renata Adams.” 

A grifinória adiantou-se, com uma expressão decidida no rosto. 

“Muito bem, querida. Assim que estiver pronta, pode ir.” 

A menina respirou fundo e então girou. Craque! Reapareceu do outro lado, um pouco desequilibrada, mas com certeza dentro do arco. Deixou um sorriso escapar por entre os lábios enquanto Madame Enoch examinava-a, olhando seu corpo de cima para baixo para certificar-se de que ele estava por inteiro. 

Não ouviram a examinadora falando, mas tiveram certeza do resultado ao ouvirem os gritinhos de comemoração de Renata. A maioria respirou em alívio, e Alicia Spinnet e Angelina Johnson correram para congratular a amiga. 

Os testes individuais continuaram, e não foi até a quarta pessoa que houve uma reprovação. Ian Bingly, da Lufa-Lufa, estrunchou uma mão e foi reprovado na hora. “Ah, coitado”, lamentou Sophia baixinho, enquanto Madame Enoch ajudava o garoto em prantos a colocar sua mão no lugar.

Além de um ou outro estrunchamento, o evento mais emocionante da tarde foi, com certeza, o teste de Guilherme Cunningham, que desapareceu em um Craque e nunca mais foi visto. 

“Não se preocupem, isso acontece sempre”, Enoch os tranquilizou. “Ele não deixou nenhuma parte para trás, então daqui a pouco reaparecerá. De qualquer jeito, não passou.” 

Rogério foi logo depois e conseguiu a aprovação. Só pode, entretanto, comemorar livremente com Sean, pois as duas amigas estavam muito aflitas para dizer-lhe mais do que “Parabéns”. 

Quando Enoch estava na letra ‘H’, Georgie não se segurou e ganiu: “Ah, estou com muita fome. Não devia ter comido tão pouco, não sabia que ia demorar tanto.” 

Sean fez uma cara engraçada, mas Sophia lançou-lhe um olhar duro antes que pudesse falar qualquer coisa. “Aguente mais um pouco, Georgie, já chega a sua vez.” 

“Não sei se aguento, Soph, estou me sentindo fraca!” 

“Ah, estamos tão pertinho da Dedosdemel, se ao menos pudéssemos passar lá e comprar algo…” disse Rogério. 

Sophia levantou a cabeça em um sobressalto e olhou desesperadamente para os lados. Avistou os gêmeos Weasley e Lino Jordan a pouca distância e correu até eles, antes que pudesse pensar no que estava fazendo.

“Ei!” chamou. “Vocês por acaso não têm nenhuma comida com vocês, têm?” 

“Não.” 

“Ah, não seria divertido passar na Dedosdemel e comprar uns doces? Deve estar bem vazio lá, não acham?” 

Fred levantou uma sobrancelha. “O que está sugerindo, Sophia?” 

“Ah, desculpe, mas Georgie está com muita fome e vai fazer o exame daqui a pouco. Tenho medo de que ela não consiga por estar com o estômago vazio.” 

Jorge piscou. “Deixe conosco.” 

“Mas não comigo”, disse Lino. “Já estão quase no ‘J’.”  

Sophia agradeceu profusamente aos gêmeos, que deram um sorriso divertido e se esquivaram para perto da saída. Ela voltou ao grupo e contou o combinado, então os quatro ficaram esperando, aflitos.

Os testes prosseguiram na velocidade de sempre, embora para eles parecesse que iam mais rápido que antes. Sophia corria os olhos pelo gramado, sondando por qualquer traço da cabeleira ruiva dos dois meninos. Madame Enoch já estava chamando a letra ‘J’. 

Angelina Johnson fez o teste e passou. Lino Jordan então foi o próximo convocado. O coração de Sophia foi para sua boca, mesmo a situação não lhe dizendo diretamente respeito. 

Os gêmeos finalmente apareceram. Traziam consigo uma pequena sacola; tão logo a entregaram, Georgie enfiou o conteúdo goela abaixo, pois Madame Enoch já estava examinando Lino fazia um tempo. Ainda estava com a boca cheia quando ela chamou “Kingsley, Georgina”.

Georgie se endireitou, terminou de engolir e andou até o ponto do exame. Sophia assistia com o batimento acelerado. Tinha apertado o braço de Jorge para agradecer pela comida, mas continuou segurando - tão forte que provavelmente o estava machucando, mas o garoto nada disse.

A amiga aparatou e reapareceu do outro lado, dentro do arco. Sean soltou um arquejo em comemoração, mas Rogério silenciou o amigo. O exame ainda estava acontecendo.

Madame Enoch observou Georgie por alguns segundos, e então a dispensou. Sophia apertou a mão ainda mais no braço de Jorge, e seu receio foi confirmado quando a amiga virou-se, revelando uma expressão muito infeliz no rosto. 

“Dois dedos”, ela lamuriou, uma vez inteira e de volta ao grupo de amigos. “Malditos mindinhos.” 

Sean abraçou a namorada, e Sophia ficou passando a mão em seu ombro, tentando consolá-la. A menina não estava tão derrotada, pois já imaginava que não iria passar, mas é claro que não estava se sentindo tão bem. 

Sophia estava tão consumida em amparar a amiga que ficara alheia aos exames ainda acontecendo à sua volta, e pulou em susto quando ouviu “Laurie, Sophia”. 

“O quê?” ela fez, com a voz muito aguda. 

Os amigos desejaram-lhe boa sorte. Respirou fundo e andou até o encontro de Madame Enoch. A examinadora ainda estava anotando algo em sua prancheta e mal levantou os olhos quando disse: “Assim que estiver pronta, querida.” 

Sophia fechou os olhos. Destino, determinação, deliberação, repetiu, fazendo-a lembrar-se de Rogério e rir de nervosismo. Enoch franziu a testa e Sophia rapidamente acalmou-se, voltando ao foco. Inspirou e expirou pela última vez.

Craque! Aparatara. Abriu os olhos, temerosa, e viu imediatamente que um de seus pés estava para fora do arco. Errara o destino por alguns centímetros. Seria o suficiente para reprová-la? 

Não pode pensar muito mais, pois Madame Enoch apareceu à sua frente. “Fique imóvel, meu bem, enquanto verifico se a senhorita trouxe o corpo inteiro para cá - embora tenha dado uma vista grossa no ponto de partida e acredito que não deixou nada para trás.” 

Enquanto Enoch olhava desconfortavelmente de perto suas orelhas, Sophia tentou arrastar o pé esquerdo (que estava para fora do arco) um pouco mais para dentro, mas a mulher instantaneamente percebeu movimento e repetiu: “Imóvel, querida.” Sophia então segurou a respiração enquanto o resto de seu corpo era minuciosamente vistoriado, não cabendo em si de impaciência. 

Enoch finalmente deu-se por satisfeita e se afastou da menina. O coração de Sophia parecia que ia explodir.

“Aprovada”, ela disse.

Sophia expirou, em alívio. Estava aprovada! Poderia oficialmente aparatar para onde quer que quisesse; não precisaria mais pegar metrô, táxi, lareira ou vassoura - só apareceria, do nada, em qualquer lugar do mundo!

Correu em direção aos amigos, dando pulinhos de alegria no caminho, e eles rapidamente entenderam: deram vivas e a congratularam ainda de longe. Abraçaram-se, felizes, e até Georgie disse “Parabéns”, embora em um tom afetuoso que soava também como um lamento.

O resto da tarde foi um borrão. Sean foi não muito mais tarde e, é claro, foi aprovado; os gêmeos Weasley, então, quando finalmente tiveram sua vez, passaram com distinção - Madame Enoch ficou elogiando os dois por vários minutos depois de seus exames. No geral, um pouco mais que três quartos da turma passou, o que era um bom número, ainda mais se comparado com o percentual do ano anterior. 

“Acho que realmente tivemos sorte”, concluiu Sophia, quando já estavam de volta à Sala Comunal no final do dia. “Um examinador mais rígido provavelmente não teria me passado. Meu pé esquerdo estava para fora do arco, mas Madame Enoch não ligou.” 

Sean assobiou. “Ainda bem, hein? Dez vivas à Madame de chapéu absurdamente grande!” Ele estendeu uma taça imaginária. “Ou melhor, sete vivas e meia!” acrescentou, olhando para a namorada, que riu. 

Passaram o resto da noite em um clima muito agradável. Estavam todos felizes com o resultado do exame de Aparatação (menos Georgie, é claro, mas que logo conseguiu se entreter engajando em uma discussão animada com Elena sobre o exame que agora fariam juntas) e com as pequenas férias que teriam. As últimas semanas tinham sido intensas, então sabiam que mereciam descanso.

Sophia foi deitar sentindo-se muito contente. Mal via a hora de contar a notícia para os pais - já fora satisfatório contar a Viktor, mas os pais ficariam ainda mais animados, pois era realmente um conceito muito desmerecido pelos bruxos, a ideia de poder aparecer em qualquer lugar em uma questão de segundos. 

Para falar a verdade, Sophia percebeu, ela só queria sair da escola para poder aparatar à vontade.


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