Sophia escrita por znestria


Capítulo 20
O Jogo




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“PHI PHI!” 

A voz do pai ecoou tão natural e próxima que Sophia poderia jurar que ele estava ali no dormitório com ela. 

“Oi, pai!” ela cantou.

O rosto do pai ocupava a superfície inteira do espelho - com certeza ele o segurava tão perto que Sophia quase podia ver seu hálito abafando o vidro. O pai tinha os olhos brilhando, e seu sorriso era tão largo que fazia aparecer o dobro de rugas do que geralmente havia. 

De repente, ele sumiu, ao mesmo tempo que Sophia ouviu a voz da mãe dizendo: “Abra um espaço, Colin.” E, sem dúvida, o rosto da mãe apareceu em seguida, e ela começou a soluçar:

“Ah, Soph… Sentimos tanto a sua falta…” 

Sophia piscou rapidamente para disfarçar os olhos que começavam a marejar. “Eu também, mãe. Como vocês estão?” 

O pai reapareceu no reflexo, e os dois conseguiram encaixar ambos rostos no espelho. “Estamos ótimos, querida. Acredita que a sua tia Margaret quebrou a perna novamente?” 

Sophia riu. “O quê? Como?” 

“Ah, é uma história muito engraçada. Lá estava ela, indo ao banco como sempre, quando de repente, ninguém sabe como, apareceu uma pomba em sua bolsa…” 

“Colin, agora não!” protestou a mãe. “Deixe a Sophia contar sobre a escola.” 

“Não tem problema, mãe”, Sophia disse, vendo a excitação do pai murchar levemente. “Qualquer história com a tia Margaret é sempre boa.” 

A mãe girou os olhos. “Podemos ouvir mais tarde. Mas conte-nos, Soph, sobre esse Torneio! Como está sendo?” 

“Ah, muito bom! As tarefas são sempre muito divertidas de assistir - quero dizer, não vi muito da segunda, mas enfim -, e no geral os alunos das outras escolas são legais, mas agora até já nos acostumamos com eles aqui…” 

“Ei, espera”, interrompeu o pai. “Por que você não viu muito da segunda tarefa?” 

Sophia trocou de posição na cama. “Ah, é que, bem… Eu participei indiretamente. Cada campeão tinha que resgatar um refém, e eu fui um deles.” 

A mãe começou a abrir um sorriso, mas o pai franziu a testa e aproximou-se do espelho, deixando à mostra somente suas sobrancelhas muito juntas. “Hein? Como assim usaram você de refém? Você ficou em perigo?” 

Sophia riu. “Não, pai, foi bem tranquilo. O Prof. Dumbledore nos colocou em um sono encantado e nos mergulhou no fundo do Lago. Ficamos na guarda dos sereianos até sermos resgatados. Não houve nenhum perigo de verdade - a refém da Fleur, por exemplo, era sua irmã mais nova, que tinha uns dez anos no máximo!” 

A mãe arrancou o espelho da mão do pai e repetiu, em um tom indignado: “Dez anos?” Era incrível como ela podia ser parecida com Georgie às vezes, pensou Sophia, e então se perguntou se talvez fosse por isso que tinha ficado tão próxima da amiga quando se conheceram. 

“Sereianos?” O pai logo voltou em foco. “Não são perigosos, são?” 

“Não! Eles são seres muito inteligentes, assim como os centauros. Inclusive só são classificados como ‘criaturas’ porque recusaram o termo ‘seres’. E isso só porque não queriam estar na mesma classe que vampiros.” 

Ele riu, aliviado. “Ah, gostei deles!” 

A mãe sorriu e o abraçou. Então levantou uma sobrancelha, fazendo uma cara engraçada. “Então, Soph, foi Viktor quem te resgatou?” 

“Sim”, ela respondeu, seu coração batendo rápido. Esse era o assunto que ela mais queria evitar, mas é claro que ele seria um dos primeiros a aparecer. “Ele transfigurou sua cabeça para a de um tubarão. Foi o segundo a resgatar seu refém.” 

“Um… Um tubarão, hein?” disse o pai, parecendo muito perdido. Começou a balbuciar algo, mas a mãe o cortou:

“Que bom! Ele está sendo gentil com você?” 

O coração de Sophia apertou. “Sim”, ela respondeu por entre os dentes. “Ele é bem atencioso.” 

“Hã, isso é… Ótimo! Muito bom mesmo…. Diga para ele, hã… Cuidar bem de você ou… Ele vai ter que se ver comigo!” 

A mãe riu da tentativa do pai de seguir o papel de sogro super protetor e então mudou de assunto, perguntando sobre Georgie, Rogério e Sean. Sophia aproveitou a deixa de muito bom grado, pois a conversa estava quase tomando um rumo muito estranho e desconhecido. Ela nunca tivera que conversar com eles sobre garotos, pois todas as suas experiências passadas - em Hogwarts, pelo menos - não foram sérias ou duradouras o suficiente para surgir a necessidade de apresentar alguém aos pais. Ela mesma provavelmente não teria mencionado Viktor se houvesse outra escolha, mas, considerando o Torneio, era impossível evitar citá-lo. 

Continuaram conversando por pelo menos mais uma hora. Elena e Nancy entraram no quarto em um momento, e Sophia apresentou as meninas aos pais, que nunca as tinham visto ao vivo. Por fim, Georgie a chamou para jantar, e Sophia desceu, ainda com o espelho, para deixá-los conversar com os amigos, de quem eles gostavam muito (das vezes em que tinham se encontrado nas férias). Finalmente se despediram, combinando se fazer a ‘ligação’ todo domingo à noite, e os quatro saíram para o Salão, Sophia abraçando Sean e Georgie, agradecendo profusamente, pois os espelhos com certeza tinham sido o melhor presente que ela já ganhara. 

 

 

 

O dia seguinte amanheceu límpido, para a alegria de todos. Já estava esquentando, ainda que muito paulatinamente, o que tornava as aulas de Aparatação mais suportáveis. Neste sábado específico, os amigos estavam especialmente animados, visto que Rogério havia marcado com alguns amigos de outras Casas de fazerem um jogo amistoso. Assim, todos mal viam a hora de serem liberados, pois a expectativa era excruciante; apesar de não ser parte do campeonato oficial, alguns já estavam até fazendo apostas - Sean, por exemplo, apostara cinco galeões que a namorada derrubaria Cátia Bell na primeira hora de jogo. 

“Vamos lá, vamos lá!” murmurava Sean, nervoso. O menino aparatava livremente pelo gramado, aparecendo subitamente do lado das pessoas, chegando até a assustar Georgie. 

“Sean!” ela reclamou. Estava tentando se concentrar, pois ainda tinha muita dificuldade em aparatar. “Pare com isso!” 

“Desculpa”, ele disse, inquieto. “Eu não consigo pensar em qualquer outra coisa. Por favor, Georgie, foque só na Cátia, ok? O resto não importa. E você vai estar com vantagem, pois os gêmeos Weasley me pareceram muito cansados na aula ontem, acho que não estão com a cabeça tanto no jogo…” 

“Sean! Eu não sou seu cavalo de corrida! Agora pare de me atrapalhar, fazendo o favor!” 

O garoto finalmente sossegou, afastando-se e resmungando: “Cavalos de corrida?” 

Rogério riu da cena, aparecer de também estar com uma cara um pouco preocupada. Passara a noite anterior discutindo táticas com alguns dos membros do time e foi dormir só de madrugada. Ele falava consigo mesmo às vezes, do mesmo jeito que sempre fazia antes de cada jogo de campeonato, e suas unhas já estavam roídas até o toco, assim com sempre ficavam antes do início da temporada. 

Sophia era a única que não estava enlouquecendo por causa do jogo. Não só pelo fato de que não era fanática por quadribol, como todos do mundo bruxo, mas também porque passara o dia anterior preocupada por causa de Viktor. Não o encontrara o dia inteiro e também não o vira na janta. Assim, durante a aula, enquanto todos os alunos lançavam olhares ansiosos em direção ao campo, Sophia virava para a direção contrária, tentando espiar o navio de Durmstrang. 

Quando Twycross finalmente os liberou, a manada disparou de volta para o castelo no mesmo segundo. Georgie foi a única que percebeu que Sophia havia ficado e voltou rapidamente.

“Ei, vamos!” 

“Ah, podem indo… Eu queria ver o Viktor.” 

A amiga juntou as sobrancelhas, preocupada. “Está tudo bem?” 

“Sim, acho que sim.” Sophia engoliu em seco. “Pode ir, encontro vocês no campo.” 

“Ok”, disse Georgie, dando um aperto rápido em seu ombro antes de apressar-se para se juntar ao namorado, que vinha correndo loucamente. 

Quando os dois desapareceram para dentro do castelo, Sophia respirou fundo e começou a caminhar em direção ao navio. Rezou para que não encontrasse Karkaroff, pois ele provavelmente a mataria com um só olhar. 

Estava com o coração na boca, tentando juntar coragem para entrar no navio, quando uma voz disse às suas costas.

“Ei! Quem é focê?” 

Sophia se virou em um sobressalto e encontrou-se de cara com uma menina alta e troncuda. 

“Ah, eu… Estava procurando por Viktor”, disse em uma voz fininha e rapidamente acrescentou: “Krum.” 

“Non é uma fã, é? As menininhas vêm aqui toda horra. Karkaroff non gosta nem um pouco.” Antes que Sophia pudesse responder, entretanto, ela pulou: “Ei! Esperra! Focê é a namorrada de Krum, non?” Deu uma risada gostosa e continuou: “Ah, é clarro! Non tinha te reconhecido. Ele estava almoçando agorra, já terrminou. Mas prrovavelmente non vai voltarr parra o navio. Saiu do castelo naquela dirreção.” 

Sophia, ainda aturdida, agradeceu e saiu na direção que a menina tinha apontado. Esforçou-se ao máximo para não sair correndo, principalmente quando outro menino apareceu e a garota alta disse, em um tom perfeitamente audível: “Adivinha quem esteve aqui, Poliakoff? Está vendo, ali? A namorrada do Krum!” 

Passou pela cabana de Hagrid, contornando a Floresta Proibida. Não havia sinal de ninguém por aqueles cantos. Onde ele está? pensou. Não tem mais aonde ir, a não ser… 

“Ah!” soltou. Havia a cachoeira. Ela era bem afastada e escondida, será que Viktor a teria encontrado? Sophia deu os ombros e foi; não custava nada checar, afinal. 

E o garoto realmente estava lá. Sentado em uma pedra, de costas, Viktor observava a água sem parecer perceber sua chegada. Sophia não conseguia decidir se a cena era mais poética ou dramática, mas abafou uma risadinha e se esticou para cutucá-lo. 

“Viktor?” chamou, fazendo-o pular de susto. Riu suavemente. “Tudo bem?” 

“Sophia”, ele respondeu, acalmando-se. “O que focê ecstá fazendo aqui?” 

“Procurando por você”, ela sentou-se a seu lado. “Não te vi ontem. Fiquei preocupada.” “Sérrio?”

“Sim.” Sophia franziu a testa. “Por que está surpreso?” 

Viktor desviou o olhar. “Achei que ecstivesse me evitando.” 

Sophia piscou. “Eu não estou te evitando. Por que eu estaria te evitando?” 

Ele deu os ombros. 

Sophia deu-lhe um empurrãozinho de lado. “Ei! Fale comigo”, disse suavemente. “Aconteceu alguma coisa? Porque quarta à noite estávamos perfeitamente bem, se eu me lembro corretamente”. Abriu um sorriso divertido ao lembrar-se do breve momento roubado no corredor deserto. 

Viktor demorou a responder. “Sim”, ele falou finalmente. “Mas quinta eu fui te visitarr e focê se escondeu de mim. Focê e seu amigo Rogério. Desaparrecerram em uma porrta, que desaparreceu também.” 

Sophia abriu a boca mas não conseguiu responder, então ele continuou:

“E depois, na janta, focê me ignorrou também.” 

O coração de Sophia pesava muito em seu peito. Ela, que sempre se considerou uma pessoa observadora, havia completamente desconsiderado Viktor, assim como antes havia desconsiderado Rogério. Será que era realmente incapaz de equilibrar seu tempo e atenção entre as pessoas com quem se importava? 

“Desculpa. Não era a minha intenção. O que aconteceu quinta foi… Bom, Rogério estava passando por uma fase muito difícil. Não está sendo o melhor ano para ele. E ele é meu melhor amigo faz seis anos, eu me importo muito com ele, e ele precisava de mim naquele momento.” 

Viktor assentiu. “Eu entendo. Focê podia terr me avisado antes, é isso.” 

“Eu sei… Desculpa”, sussurrou Sophia. “Você sempre foi tão compreensivo… E sempre teve tanta paciência pra todos os meus reveses.” Estava quase se desculpando novamente quando lembrou-se de algo que sua mãe sempre falava: “Diga menos ‘Desculpa’ e mais ‘Obrigada’.” Sorriu e pegou a mão de Viktor. “Obrigada.” 

Ele sorriu também, tirando todo o peso do coração de Sophia. Aproximaram-se em um beijo delicado. 

“Mas sabe”, murmurou Sophia, “você pode vir falar comigo também sempre que tiver algo errado. Não precisa só aceitar.” 

Ele concordou com um “Ok” quase imperceptível e seus lábios se tocaram novamente.

Os dois continuaram ali, apreciando a serenidade do momento e da paisagem, até que o estômago de Sophia roncou muito alto, completamente cortando o clima. 

Eles riram.

“Focê non almoçou?” 

“Não… Vim direto da aula de Aparatação para cá.” 

Levantaram-se e voltaram para o castelo. Chegaram ao Salão Principal somente para encontrá-lo deserto, com as mesas vazias de alunos, louças e comida.

“Droga!” exclamou Sophia. “O jogo!” 

“Que jogo?” 

“Relógio inútil, por que não me avisou?” Sophia começou a discutir, enquanto arrastava Viktor escada abaixo. 

“Você não me pediu”, retrucou o relógio.

Sophia grunhiu. Chegaram correndo ao quadro de frutas e entraram na cozinha sem cerimônias. Os elfos, que já estavam lavando as louças, pararam e os cumprimentaram alegremente; Sophia conseguiu alguns bocados e agradeceu apressada antes de puxar Viktor - que observava tudo atônito - para fora. Correram para o campo, Sophia explicando no caminho sobre o jogo, e ela suspirou aliviada ao ver que a partida ainda não havia começado. 

“Onde você estava?” perguntou Georgie quando a viu. “O jogo já vai começar!” 

“Perdi a noção do tempo!” desculpou-se Sophia, dando um abraço rápido de boa sorte na amiga. “Cadê o Rogério?” 

Georgie apontou para o outro lado do campo. “Ali, repassando algumas coisas com os meninos. Vai logo para a arquibancada, Sean já está lá. Eu dou boa sorte pro Rogério no seu lugar.” 

Despediu-se da amiga com um último abraço e saiu em direção às arquibancadas. Estava quase subindo quando percebeu os olhares em sua direção. Por um segundo, ficou confusa, até entender que os olhares eram na verdade para Viktor. Ah não, pensou. Novamente ela o havia desconsiderado. 

“Desculpa, não te perguntei”, disse, puxando-o para o lado. “Você quer assistir?” 

“Ah, sim!” ele respondeu, animado. “Faz tempo que non vejo uma parrtida de quadrribol.” 

Sophia sorriu. “Ok, mas não tenha altas expectativas. Rogério e Georgie me falaram que se sentiram crianças brincando quando viram o jogo da Copa.” 

Ele riu. “Certo.” 

“E os times não estão muito alinhados, misturamos alguns de casas diferentes… Eles quase não praticaram juntos também, só hoje mais cedo, então não sei como vai ser”, acrescentou Sophia. Estava começando a ficar ansiosa pelo desempenho dos amigos. 

Viktor sacudiu a cabeça, ainda rindo. “Non se prreocupe. Tenho cerrteza que vão jogarr pem.” 

Subiram as escadas correndo e encontraram Sean, que já gritava para o campo. Sophia e Viktor ignoravam as cabeças que se viravam à medida que passavam e sentaram ao lado do amigo, que pulou ao vê-los.

“SOPH! VOCÊ TROUXE KRUM!” Ele deu uma risada enlouquecida. “Ah, o Rogério vai surtar! Viktor Krum vai vê-lo jogando! HAHA!” 

O casal riu da euforia do menino. 

“Ah, Krum, prepare-se para ficar assombrado! A Georgie vai derrubar todo mundo, você vai ver! OUVIU, STEWART? QUERO MEUS CINCO GALEÕES!” 

Sean continuou berrando a plenos pulmões até a partida começar, quando ele fez tanto barulho que Sophia se perguntou de onde ele tirava toda aquela energia. Apesar da bagunça exagerada, o entusiasmo do amigo era cativante - Sophia sentira falta da emoção de ver os amigos jogando quadribol. É claro que as tarefas do Torneio compensavam em parte, mas, considerando que ela estivera desacordada durante a maior parte da Segunda Tarefa, realmente fazia tempo desde que pudera torcer. 

“Madame Hooch vai ser a juíza?” exclamou Sophia ao ver a professora entrar em campo.

“Sim! Você sabe, o jogo começou bem despretensiosamente entre os meninos do quinto e sexto ano da Corvinal e da Lufa-Lufa e do nada se espalhou pela escola inteira. Aí os professores ficaram sabendo e só deixaram porque a Madame Hooch concordou em supervisionar tudo, o que ela está fazendo feliz, porque acho que também sentia falta do campeonato”, explicou Sean. 

A Madame Hooch apitou e os dois times se agruparam. No time de Rogério, estavam quase todos da Corvinal, menos duas garotas da Lufa-Lufa e uma da Sonserina. O outro time era capitaneado por Cedrico e continha a outra metade do time da Lufa-Lufa, além de reforços da Grifinória. 

“Ei! Aquela é a McKellen?” gritou Sophia, apontando para a única Sonserina em campo.

“Sim!” uivou Sean.

Sophia abafou um gritinho de excitação. Amanda McKellen era uma garota de seu ano da Sonserina, que jogara no time somente no segundo ano. Ela era uma das melhores batedoras que Sophia já havia visto - talvez até melhor que Georgie -, mas saíra do time quando Marcus Flint se tornou capitão, pois os dois se desentendiam muito (provavelmente porque Amanda era uma pessoa decente, ao contrário de Flint e de todos os outros brutamontes que ele selecionara para a equipe). Ver Amanda jogar novamente era algo que fez Sophia quase chorar, pois ela sabia do quanto a garota se privara durante todos esses anos.

O jogo se passou em um piscar de olhos. Sophia encheu-se de orgulho do time e torceu mais animadamente do que nunca, mas seus clamores eram afogados em meio aos urros de Sean. Viktor também assistia muito alegre (ainda que de seu próprio modo menos barulhento) e comemorava por ambos os times.

Georgie, no final das contas, derrubou Cátia Bell. Ela e Amanda não demoraram a entender o ritmo uma da outra e trabalharam tão bem juntas que se equipararam aos gêmeos. Em uma jogada rápida, Amanda defendeu um balaço que ia em direção a Grant, e Georgie o redirecionou a Cátia, que vinha com a goles. A grifinória perdeu o equilíbrio e caiu em ziguezague até o chão (mas não se machucou seriamente). 

“ESSA É A MINHA GAROTA!” chorou Sean. 

A partida continuou sem graves acidentes. Curiosamente, notou Sophia, com a ausência de Montague não houve faltas, e o jogo baseou-se somente na habilidade técnica dos jogadores. 

O time de Cedrico estava ganhando de setenta a sessenta quando o pomo foi finalmente avistado. A plateia segurou a respiração por um segundo e então cada indivíduo começou a vociferar ordens e incentivos de todos os tipos para os dois apanhadores. Cho e Cedrico dispararam atrás da minúscula bolinha dourada em sincronia, ambos muito próximos. Eles esticaram e esticaram e esticaram os braços - até que Cedrico, no último segundo, virou-se subitamente em um sobressalto e desacelerou por um segundo, e a mão de Cho firmou-se em volta do pomo. 

A multidão explodiu. Mal conseguia-se ouvir a voz de Lino, magicamente amplificada, dizendo: “Chang captura o pomo! Corvinal - digo, Corvinal e Lufa-Lufa e Sonserina - ganham o jogo de duzentos e dez a setenta!” 

Sean e Sophia se abraçaram, pularam e gritaram. Sophia então jogou seus braços em volta de Viktor e deu-lhe um beijo, sem se importar com as pessoas à sua volta (elas também provavelmente estavam muito ocupadas comemorando para perceber). Quando se afastaram, percebeu que ele estava um pouco ruborizado, mas definitivamente contente. 

Desceram para o campo para parabenizar os times. Sean e Georgie, no momento em que viram, se enroscaram em um beijo que pareceu muito demorado. Sophia procurou Rogério na massa, mas era impossível de localizar o amigo em toda a baderna. Esperou, então, o casal se separar para finalmente congratular a amiga. Depois das duas se abraçarem, Viktor se aproximou e disse: “Focê joga bem.” Georgie não soube responder e só ficou mais vermelha ainda, se isso era possível. 

Foram passando pelos jogadores, cumprimentando cada um. Sean quase saiu na briga com Kenneth Towler, da Grifinória, que insistia que Cedrico havia deixado Cho capturar o pomo por cavalheirismo. 

“Cala a boca, Towler!” disse Georgie e encaminhou o namorado para longe.

Passaram por Cedrico e Cho, que, apesar de terem estado em times diferentes, comemoravam juntos - e muito afetuosamente. Passaram por Amanda McKellen, e Sophia exaltou muito a menina. Quando encontraram os Weasleys, que também não pareciam desolados, Viktor surpreendeu todos ao prestigiar um passo que eles haviam realizado (um rebate duplo, pelo que Sophia entendeu, embora não soubesse o que exatamente isso significava). 

Por último encontraram Rogério, mas ele parecia muito ocupado com a boca de Miranda Holborn. Ao perceber os amigos, os dois se separaram e Rogério foi receber os parabéns. Miranda, inclusive, foi até Georgie e a elogiou, e a amiga agradeceu educadamente, mas sem conseguir disfarçar a surpresa. 

Houve uma festa de celebração na Sala Comunal da Corvinal naquela noite. Muitos quintanistas e sextanistas das outras Casas também foram, pois não foi muito difícil pensar em respostas para as perguntas da águia (Sophia suspeitava que ela havia relaxado e decidido passar o pano para todos os visitantes, embora as respostas também a houvessem surpreendido pela criatividade). Quando a Prof. McGonagall finalmente apareceu para dar um basta na anarquia que aquilo havia se tornado, retirando alguns pontos de todas as Casas, todos se recolheram para seus dormitórios, mas nem um pouco desanimados. Sophia e as meninas continuaram celebrando até a madrugada e só foram dormir quando o dia começou a clarear.


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