Sophia escrita por znestria


Capítulo 1
De Volta a Hogwarts




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Já passavam das 9 da manhã quando Sophia acordou, assustada. Tinha sido um baque em sua janela que a despertara; lá fora chovia e ventava forte. Quando olhou para o seu relógio, pulou da cama, em desespero. 

“Droga, droga, droga…” xingava baixinho, estressada, enquanto tentava se vestir. Passara a noite anterior ansiosa, relendo livros de história, quando devia ter caído no sono e esquecido-se de colocar o despertador. “MÃE! PAI!”, ela gritou, enquanto tentava, sem sucesso, colocar a cabeça pelo buraco da manga. 

Sophia morava com os pais em uma casinha confortável de dois andares em Greenwich. Seus pais eram ambos professores e pesquisadores na universidade local; o pai tinha especialização em História da Arte e a mãe em Filosofia. Talvez fosse o amor por coisas velhas que os unira, ou talvez a simples incapacidade de ser um adulto responsável e ajudar a filha desesperada a se arrumar para ir pra escola…

“MÃE! PAI!”, ela chamou, mais alto que da primeira vez. Ouviu um baque no quarto ao lado, seguido por um grunhido do pai, e respirou aliviada, “Finalmente”. Quando o pai surgiu com o roupão mal colocado e os olhos semicerrados, parecia confuso e ficou, por um momento, observando Sophia correndo pra lá e pra cá do quarto. 

“O que foi?” ele perguntou, com uma voz sonolenta. 

“King's Cross? Onze horas? HOGWARTS!” Sophia respondeu, exasperada. 

A última palavra certamente fez efeito, pois o pai arregalou os olhos, conferiu o relógio e ficou frenético. “Que diabos…” ele guinchou. Saiu correndo de volta para o quarto, gritando para a esposa: “Kate? KATE! Vamos, acorde, estamos atrasados…”

Sophia ouviu a mãe murmurar algo de volta enquanto corria para o banheiro. Começara a escovar os dentes quando a ouviu pular da cama e entrar no mesmo ritmo alvoroçado dos dois.

“O trem, o trem, o trem!” ela exclamou, preocupada, e disparou pelo corredor. “Colin, ajude Sophia a ficar pronta enquanto eu preparo algo para comermos no caminho…” ela resmungou e desapareceu escada abaixo.  

Os três então correram por todos os lados da casa. Foi somente às 9:37 que ficaram prontos. Ao abrir a porta casa, porém, perceberam a chuva que caía torrencial e ameaçadora.

“Droga de chuvas de verão… E agora, como vamos para a estação?” O pai reclamou, estressado.

"Vamos ter que ir de táxi”, a mãe respondeu.

“Táxi? Vai sair muito caro! Sem falar que hoje em dia eles demoram mais que o metrô…”

“Francamente, Colin, olhe a chuva, não há condições de sairmos andando assim até a estação, vamos ficar encharcados, e Sophia vai ficar resfriada antes mesmo de começar o ano letivo!” a mãe protestou.

Os dois então começaram a discutir, mas Sophia, cansada, só grunhiu: “Vamos logo de metrô, o táxi vai demorar muito para chegar”. E saiu em direção à chuva.

 

 

Uma hora depois, os três se encontravam na estação King’s Cross, ainda com as roupas e os cabelos úmidos. No geral, ali era um lugar bem movimentado e cheio de pessoas apressadas, que costumavam estar muito preocupadas com outras coisas para perceber seus arredores. Mesmo assim, alguns encaravam Sophia e os pais, pois, afinal, eram um grupo que chamava atenção: os três estavam molhados, com a aparência alarmada, Sophia arrastando um enorme malão, e o pai, na pressa, esquecera-se de trocar as calças do pijama, que tinham uma estampa de trevos de quatro folha verde berrante.

No entanto, à medida que se aproximavam da plataforma 9, outros grupos de pessoas estranhas começaram a aparecer. Sophia sorriu ao ver jovens que, assim como ela, carregavam malões - e alguns tinham em cima, ainda, corujas engaioladas. 

Chegaram, finalmente, à barreira que dividia as plataformas 9 e 10. Já era a 6a vez de Sophia, então foi com naturalidade que se esquivou para dentro da passagem e desapareceu. Seus pais foram em seguida, e logo os três estavam na plataforma 9 3/4. Esta não estava tão cheia como de costume, uma vez que a maioria dos alunos já se encontrava dentro do Expresso de Hogwarts, uma reluzente locomotiva vermelha que soltava fumaça e chiava, ameaçando sair a qualquer minuto. E não era outra: o relógio marcava cinco minutos para as onze. 

Sophia abraçou os pais, apressada.

“Até logo!” ela se despediu.

A mãe se emocionou, como sempre fazia. “Ah, Soph…” suspirou, abraçando-a mais forte. “Cuide-se, comporte-se, tenha um ótimo ano…” 

“E não se esqueça de nos escrever!” o pai completou. “Toda semana, viu, Phi?” 

Sophia sorriu. O pai sempre a chamava de Phi, seu apelido de infância, quando ficava emocional. Abraçou os dois mais uma vez e então ouviu a locomotiva apitar novamente. Sophia levantou-se com um sobressalto, pegou seu malão e saiu correndo para entrar no trem, gritando, por cima do ombro, “Vejo vocês no Natal!”. 

 

 

Não tinha se passado nem um minuto desde que Sophia embarcara quando o trem começou a andar. Ela respirou finalmente aliviada. Seus pais, embora professores, não eram as pessoas mais organizadas do mundo, e, por isso, as idas até a estação muitas vezes eram marcadas pela mesma agitação que esta tinha sido. Nunca tinha perdido o trem, pelo menos. 

Sophia começou a andar pelas cabines, procurando seus amigos. No primeiro carro, encontrou uns colegas da Grifinória, e, no segundo, encontrou umas meninas do quinto ano, acabou conversando com elas por um bom tempo. Foi só no terceiro carro que Sophia encontrou seu grupo e entrou na cabine.

Rogério Davis se encontrava encostado na janela, com uma das pernas dobrada e apoiada no banco de um jeito descontraído. Ele tinha cabelos escuros espessos e um sorriso educado, e não havia dúvida que era uma garoto muito charmoso. Sean McKinnon sentava ao seu lado, também muito confortável com as pernas apoiadas no banco à sua frente. Sean era alto e esguio, contrastando com Rogério, e tinha cabelos negros enrolados. Do outro lado, Georgina Kingsley sentava com as pernas cruzadas. Georgie, como a chamavam, tinha longos cabelos castanhos em ondas e olhos cor de mel muito bonitos. Os três estavam conversando animadamente - ainda que de um jeito meio preguiçoso, cada um folgado em seu canto - quando Sophia entrou. 

“Sophia!” cumprimentou Georgie de um jeito alegre e gesticulou para que viesse do seu lado. Sophia abaixou-se para abraçar a amiga.

“Estávamos começando a pensar que tinha se perdido”, disse Rogério, que levantou-se para dar-lhe um abraço rápido.

“É, ou que talvez tivesse decidido sentar com a West” complementou Sean, com um sorriso torto no rosto. 

Sophia girou os olhos com o último comentário. Elena West era uma menina de seu ano que era muito estudiosa e inteligente, porém incrivelmente tímida. Seu jeito atrapalhado, somado ao fato de que nunca tinham falado com ela, fazia alguns colegas caçoarem da menina, que na verdade era uma pessoa com um bom coração, conforme descobrira Sophia no ano anterior, quando estudaram juntas para os N.O.M.s. 

“Sean, desse jeito vou ter que fazer uma intervenção para substituir você por ela no nosso grupo” disse Sophia, com as sobrancelhas erguidas, mas logo os dois riram e se abraçaram.

Sophia sentou do lado de Georgie, onde os pés de Sean antes ocupavam.

“É, quem sabe com a West a gente ia conseguir mais notas e menos detenções” comentou Rogério, e Sean deu um soco de brincadeira em seu braço.

“Ouvi dizer que ela conseguiu 11 N.O.M.s, será que é verdade?” Georgie disse, lançando um olhar indagador para Sophia. Então, como se tivesse levado um susto, disse repentinamente “Ei! Quantos N.O.M.s vocês conseguiram?” 

“Sete”, respondeu Sean. “Meus avós não acharam ruim, falaram que meu pai tinha conseguido sete na época dele também”.

“É, sete”, disse Rogério, em um tom despreocupado um pouco falso, “não como se isso importasse muito para eu virar um jogador de quadribol”.

“Eu consegui oito, raspando!” disse Georgie, um pouco mais animada. “Até em Poções tirei um E, mas o Snape só aceita quem conseguiu O… Não que eu quisesse continuar tendo aula com ele, também”, e riram. 

“Bom, eu terei que continuar”, comentou Sophia.

“Você conseguiu um Ótimo em Poções?” perguntou Rogério, boquiaberto.

Sophia concordou com a cabeça, e os amigos deram vivas e parabéns. Ela mesma tinha ficado um pouco surpresa, visto que Snape não a ajudava em nada (muito pelo contrário), mas sempre gostou muito de Poções e tinha certa facilidade. 

“Ei, então quantos N.O.M.s você conseguiu?” perguntou Georgie.

“Nove”, disse Sophia, com certo orgulho. Passara em todas as matérias que tinha pego, com Os e Es - menos História da Magia, que fora raspando com um A. 

Sean assobiou. “Acho que realmente precisamos da West em nosso grupo agora”.

Todos riram, embora Rogério de um jeito menos entusiástico. Então voltaram ao assunto do qual conversavam antes de Sophia chegar: a Copa Mundial de Quadribol. Tinha ocorrido durante as férias, e os três amigos foram, menos Sophia. Seus pais, que eram trouxas, tinham marcado com muita antecedência uma viagem à Grécia, e Sophia foi junto; da última vez que estivera lá, quando tinha uns 9 ou 10 anos, fora a melhor experiência de sua vida - antes, é claro, de descobrir que era bruxa. Sabendo que a Copa Mundial de Quadribol ocorria somente a quatro anos e que esta seria a primeira em muito tempo na Inglaterra, Sophia ficara chateada de não poder ir, embora consolava-se lembrando que não gostava tanto assim de quadribol (ela só assistia às partidas da escola, enquanto Rogério e Georgie jogavam no time, e Sean era fanático, visto que fora criado em uma família bruxa). Ao ouvir os amigos relembrarem os melhores momentos, entretanto, Sophia ficou mais deprimida.

“… um massacre, os artilheiros da Bulgária não tinham a menor chance!”, dizia Rogério balançando a cabeça.

“Um massacre dos dois lados”, comentou Georgie. “Aqueles búlgaros eram uns brutos, fiquei chocada com a primeira falta contra a Mullet, ainda mais vindo do goleiro! Ah, mas ela se vingou, marcou pelo menos uns 50 pontos…” 

“E o Krum, então?”, começou Sean, “Fez o pobre Lynch bater de cara no chão duas vezes!” 

“Mas aquilo foi genial, Sean, imagine se Chang conseguisse fazer isso! Íamos ganhar a Taça! Queria ver aquele Malfoy quebrando o nariz empinado no chão” retrucou Rogério animadamente. “Embora Potter talvez consiga, ainda mais com uma Firebolt… É, temos que ver…” 

“Ah, mas deu dó do Lynch”, insistiu Sean.

Georgie concordou com a cabeça. “Sim, mas era de se esperar que ele aprendesse com os erros! Na segunda vez ele devia ter subido antes de bater no chão.” 

Os três continuaram a debater passo a passo do jogo. Como se não tivessem tido tempo para conversar sobre isso depois, pensou Sophia, entediada. Então lembrou-se…

“Ei! E os Comensais da Morte? O que aconteceu, vocês viram?” ela interrompeu. “Não acredito que ficaram até agora só debatendo os lances!” 

Os sorrisos nos rostos dos amigos desapareceu.

“Foi assustador, realmente assustador”, suspirou Georgie, mexendo-se desconfortavelmente no assento.

“Não corremos perigo”, Sean tentou tranquilizar a amiga. “Ainda estávamos acordados, comemorando a vitória, quando começamos a ouvir barulhos estranhos, então corremos para fora e conseguimos escapar rápido”.

“Nos escondemos na floresta, tinha bastante gente lá”, complementou Rogério. “Meus pais, inclusive, ficaram com a gente o tempo todo”.

Sophia assentiu. Tinha ficado preocupada ao ver a notícia no Profeta Diário, ainda que o comentário oficial do Ministério sobre o assunto fora que não houvera casualidades cometidas pelos Comensais.

“Mas que foi horrível, foi. Eles—”, Georgie disse, enojada, “- ficaram jogando os trouxas para o ar, inclusive crianças… E tudo sem motivo nenhum! Doentio.”

Os dois meninos concordavam. Ficaram em silêncio por um tempo, até que ouviram o carrinho de doces se aproximando.

Cada um comprou uma quantidade generosa de doces, e os quatro passaram o resto da viagem discutindo empolgados sobre como seria o ano, que matérias pegariam, seus horários, os treinos de quadribol, quem seria o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas… Até que Rogério levantou-se com um sobressalto.

“Esquecemos de te contar, Soph! Lá na Copa, estávamos passando por um grupo do Ministério, entre eles o Bartô Crouch - sim, chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia - e ouvimos eles falando sobre algo em Hogwarts!” 

“É verdade!” exclamou Sean, lembrando-se também. “Falou algo do tipo ‘É, estivemos também muito ocupados com Hogwarts, naturalmente o evento tomará o ano letivo inteiro…’”

Sophia saboreou a informação. “Algum evento em Hogwarts? Mas o que será que seria?”

Georgie balançou a cabeça. “Não conseguimos ouvir mais… O estádio estava muito cheio, fomos praticamente empurrados para longe. De qualquer jeito, o outro homem que falou depois tinha um sotaque muito forte, acho que talvez fosse búlgaro”.

“E se… E se fosse uma competição de quadribol? Assim como a Copa?” sugeriu Rogério subitamente. “Existem outras escolas de magia, não existem?” 

Sophia acenou. “Sim, lembro-me de ter lido sobre Durmstrang, Ilvermorny, Castelobruxo, Mahoutokoro… Tinha uma na Rússia, não lembro o nome…” 

“Poderíamos formar um time de Hogwarts!” continuou Rogério, animado. “Imagina? Com os melhores de cada Casa!” 

Os quatro mergulharam, então, em uma discussão de quem seria o time dos sonhos de Hogwarts.

“Potter como apanhador, isso não temos dúvida”, começou Sean. Na falta de reação dos amigos, ele continuou: “Ah, qual é? Eu também gosto bastante da Chang e do Diggory, mas Potter só não capturou o pomo em todos seus jogos por causa daquela vez com os dementadores, e ele tem uma Firebolt!”

Eles murmuraram algo em concordância.

“Wood era um goleiro muito bom, pena que saiu”, Sophia disse.

“Ah, acho que o goleiro seria Grant, não é? Não é dos melhores -”, comentou Rogério, provavelmente recordando do último jogo contra a Grifinória, em que Grant deixara entrar 8 goles consecutivas, “- mas é melhor do que o Fleet, não é? E não vamos nem falar do Bletchley, aquele idiota”.

“É, mas quem sabe ele não tenta azarar alguém de outra escola? Não seria tão ruim…” disse Sean, e os demais riram.

“Os gêmeos Weasley como batedores?” propôs Georgie.

“O quê? Você devia estar no time!” protestou Sean. “Você é brilhante, lembra aquela vez que derrubou o Montague, aquele brutamontes, em dois segundos? Foi genial”.  

Georgie corou. “Obrigada. Mas mesmo assim, dois batedores muito bons ainda não funcionariam tão bem em dupla quanto os Weasleys”.

Falara em um tom decidido, então os demais não discutiram.

“E os artilheiros?” disse Sophia.

“Rogério”, listou Sean, como se estivesse respondendo o óbvio, o que fez o amigo sorrir.

“MacAvoy”, disse Georgie, e, ao ver o olhar confuso da amiga, acrescentou: “Ela é da Lufa-Lufa, muito boa. Ainda bem que estava doente na nossa partida ano passado, conseguimos vencer bem bonito.” Rogério riu em concordância.

“Johnson, da Grifinória?” Sophia sugeriu. “Ela é bem talentosa, acho que vai ser capitã agora que Wood saiu”.

“É, acho que sim. É isso, então? Temos nossa escalação?” concluiu Sean. Os demais se entreolharam e acenaram com a cabeça. Sean riu. “Ah, seria irado…” 

“Vocês perceberam que não colocamos ninguém da Sonserina, não é?” indagou Sophia.

“Exato!” disse Rogério, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e Sean e Georgie riram. “Ah, eles são muito violentos, não levam nada no esportivo, entende? Até perdi a conta de quantas vezes eles já tentaram nos azarar desde que entramos pro time. Além de nos chamarem de tudo quanto é coisa, antes e durante o jogo.” 

Sophia teve que concordar. Tinha amigos da Sonserina e não gostava quando falavam que todos de lá eram ruins, mas o time de quadribol - esse, realmente, era composto de pessoas mal intencionadas. 

 

 

O resto da viagem de trem foi tranquila. Rogério e Georgie, que eram monitores, saíam em alguns momentos para patrulhar os corredores, e geralmente voltavam acompanhados de amigos que encontraram. Jeremy Stretton, do quinto ano e que também estava no time de quadribol da Corvinal, ficou um bom tempo conversando com Rogério e Georgie, enquanto Sophia jogava uma partida de Snap Explosivo contra Sean. Quando anoiteceu, eles trocaram para os uniformes da escola. 

O trem parou, como sempre, em Hogsmeade. Ainda estava chovendo forte, assim como quando Sophia saíra de casa. Ela levantou a varinha e dela saiu um guarda-chuva transparente brilhante. Sorriu, satisfeita em poder usar magia novamente.

“Ei!” apontou Sean quando a viu. Ela então estendeu o diâmetro de seu guarda-chuva e os quatro puderam andar seguros da chuva até a carruagem.

Conseguiram uma carruagem mágica apenas para eles e então retomaram a discussão do evento em Hogwarts. O campeonato de quadribol entre as escolas de magia continuava sendo a aposta de Rogério.

“Será que algum outro Apanhador terá uma Firebolt? Já é alguma vantagem, não é?” 

“Você fala de um jeito tão animado sobre a Firebolt de Potter que nem parece que vocês mesmos perderam para ela” comentou Sean, cortando o clima do amigo.

Rogério bufou, mas Georgie não reagiu. Parecia absorta em seus pensamentos.

“Vocês não acham que… Que o Viktor Krum ainda esteja na escola, né?” ela perguntou, insegura. “Eu sei que ele tem 18 anos, mas se acabou de fazer ou se vai fazer 19…” 

Rogério e Sean pularam em seus assentos simultaneamente, os dois com uma expressão muito exaltada. “É VERDADE”, gritou Rogério, ao mesmo tempo que Sean dizia: “IMAGINA - HAHA - COMPETIR CONTRA VIKTOR KRUM!” 

Sophia e Georgie riram dos amigos. 

Se Viktor Krum ainda estivesse na escola, ele teria que estar no último ano, pensava Sophia. E, naturalmente, estudaria em Durmstrang, visto que é mais perto da Bulgária que Hogwarts. É, até Beauxbatons ficava mais perto… 

E foi aí que ela percebeu. As três escolas competindo… Como é que não entendera antes?

“Gente! GENTE!” ela teve que gritar mais alto para chamar a atenção dos amigos, que ainda davam pulinhos de excitação. “ROGÉRIO! SEAN!” - eles finalmente se calaram - “Eu descobri! Descobri o que vai ser o evento este ano em Hogwarts!” 

“O quê?” Georgie aproximou-se de Sophia, curiosa.

“O Torneio Tribruxo!” 

Os queixos de Rogério e Sean caíram e logo estavam uivando ainda mais alto do que antes. “ISSO FAZ TODO SENTIDO”, exclamou Sean, enlouquecido. Rogério tinha as mãos nos cabelos e dizia: “Não acredito… No meu tempo!”

Só Georgie que parecia confusa. “O que é isso?” ela perguntou, exasperada.

“É um campeonato que costumavam fazer entre as três escolas de magia da Europa: Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang.” Sophia explicou à amiga. “Cada escola elege um aluno para competir, e este tem que sobreviver a três tarefas muito difíceis.” 

Sobreviver?” ela exclamou.

“Pois é. Aparentemente o Torneio acabou um bom tempo atrás porque muitas pessoas morriam”.

“Bárbaro…” Georgie comentou. “Não posso dizer que estou surpresa, também, vindo de bruxos… Limites, eles não têm limites.” 

Sophia sorriu. Uma das coisas que mais apreciava em Georgie - o que as aproximou muito durante seu primeiro ano em Hogwarts - era o fato de que ela também era nascida trouxa. Sempre conseguiam compreender uma à outra, principalmente em alguns aspectos em que os bruxos eram, digamos, teimosos. “Elevadores!” costumava esbravejar Georgie, sempre que subiam as escadas para a Sala Comunal da Corvinal. “Tão simples, mas eles continuam nos fazendo subir escadas que se movem e nos deixam perdidos por aí! Sem falar dos degraus defeituosos!” 

Rogério e Sean continuavam agitados com a perspectiva do Torneio. 

“Que será que teremos que fazer nas provas?” divagava Sean.

“‘Teremos’?" repetiu Georgie.

“Acho que somos bons candidatos, não é? Estamos no 6o ano, não temos tantas coisas sobrando para aprender…” dizia Rogério.

“Como será que vão escolher? Será que é o Chapéu Seletor, novamente?” 

“Será que vamos ter que duelar com os demais candidatos?” 

"Quem sabe os professores não indicam? Flitwick gosta da gente, até, tirando aquela vez que acidentalmente explodi um abacaxi na sua frente, ele não gostou nada do suco em suas vestes…” 

“Ei!” interrompeu Sophia, um pouco menos séria do que pretendia ao lembrar da cena do Flitwick gritando com Sean, ambos cobertos de abacaxi. “Que tal descobrirmos se realmente vai ocorrer um Torneio Tribruxo antes de sairmos fazendo suposições por aí?”  

“Ah, corta essa, Soph” disse Sean, ainda com um sorriso no rosto. “Tenho certeza que está certa, faz todo o sentido do mundo!” 

Sophia suspirou e começou a conversar com Georgie, enquanto Sean retomava sua discussão animada com Rogério.


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