O dia passou rápido, Cecília pegou seu carro e foi com Dulce em um pequeno shopping que ficava perto de seu apartamento, Dulce ficou maravilhada com tudo, pois nunca tinha entrado em nada igual, sempre andando de mãos dadas com Cecília que lhe passava segurança, a segurança que nunca teve em seus poucos anos de vida, e lhe prometeu que ela voltaria ali com mais calma e que ela iria leva-la ao parque de diversões que tinha ali, para juntas se divertirem.

Cecília comprou algumas roupas, sandálias e escova de dente para Dulce, que não tinha nada e quando chegaram em casa, passaram o dia assistindo filme.

— Meu amor, eu tive uma ideia, nós vamos ligar para um amigo meu que é advogado e ver o que podemos fazer para que você não volte para as mãos do seu padrasto. Mas acho que já até sei o que ele vai me dizer; que se você contar tudo em um conselho tutelar, eles vão te encaminhar para um abrigo até que você encontre uma família que te ame de verdade.

Dulce ouvia com atenção deitada no colo de Cecília, em cima do sofá. Ela sentou com os olhos cheios de lágrimas tentando disfarçar e disse:

— Don..., desculpa, tia Cecília, eu não posso morar com você? Eu prometo que juro que não faço nada que lhe deixe brava, arrumo suas coisas, faço até comida, só ainda não sei muito bem, mas eu aprendo rápido. Só não quero ficar longe da senh... de você, porque você me dá colo, me abraça, eu gosto do seu cheirinho, tem cheirinho de mamãe de verdade.

Cecília sentou ao seu lado e a abraçou, como de costume.

— Oh meu amor, é mais complicado do que nós imaginamos, mas o que posso te prometer é que eu vou tentar. Mas Dulce, mesmo que não dê certo, eu não vou te abandonar, vou sempre estar do seu ladinho. Ok?

— Ok. – falou ainda grudada no pescoço de Cecília.

Após assistir um filme e meio depois do almoço, Dulce dormiu. E Cecília aproveitou para ligar para Cristóvão, que cuidava da parte jurídicas das empresas de Gustavo e era seu melhor amigo também. Ela explicou tudo a ele e o mesmo disse que para que ela conseguisse adota-la, teria que esperar primeiro os documentos do divórcio saírem primeiro e isso poderia ocasionar problemas pois até lá o padastro de Dulce poderia aparecer e entrasse com algum recurso para ter a menina de volta. E que o mais certo seria era ela conversar com Gustavo para que ele a ajudasse na adoção, usando sua influência, pois ela poderia adotar a Dulce com apenas seu sobrenome, mesmo estando ainda casada no papel com Gustavo, mas para que isso acontecesse, precisaria da autorização de seu cônjuge.

 Meu Deus, aquilo foi um banho de água fria em Cecília, ter que falar com Gustavo outra vez, ela nunca pensou que teria que passar por isso, ainda mais ter que pedir um favor a ele, mas não restava dúvidas, ela teria que encarar aquele problema de frente, e se era preciso implorar para Gustavo, pra ter a guarda de Dulce Maria, ela faria isso.

Assim que Cristóvão foi embora, ela deu alguns telefonemas e descobriu onde Gustavo estaria essa noite, São Paulo. Falou com Fátima, sua irmã, para que olhasse Dulce aquela noite, e começou a se arrumar, roupa, salto, maquiagem... não sabia o que iria acontecer, mas era bom ir preparada para lhe dar com a fúria de Gustavo Lários.