A Proposta escrita por Maria Ester


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, minha primeira historia sobre o casal. Espero que gostem.



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Cecília tinha acordado cedo como já era de costume desde quando a dois anos atrás rompeu com seu futuro ex-marido, Gustavo Lários. Era um sábado típico em Doce Horizonte, muito frio e com uma fina neblina. Cecília saiu para ir na padaria, decidiu que iria a pé, precisava caminhar, colocar os pensamentos em dias.

Ao longe, sentada nos degraus da escada da igreja, que ficava a uma quadra do condomínio onde morava, Cecília avistou uma garotinha loira, mal vestida e um pouco suja, com seus cinco anos de idade aproximadamente, parecia ser criada em rua, estava de cabeça baixa com semblante de choro, aquilo lhe chamou a atenção. Se aproximando, sentou ao seu lado e tentou uma comunicação com a criança:

— Oi, tudo bem com você? Falou enxugando suas lágrimas.

Nada a menina respondeu, tentando se afastar. Cecília percebeu em seu olhinho vermelho de choro, que ela estava assustada.

— Desculpa, eu só queria enxugar essa lágrima feia, nesse rostinho tão lindo. Não precisa ter medo, meu amor.

Mais uma vez, não houve resposta, Cecília sentou ao seu lado na escada e percebeu que a menina batia o queixo e se arrepiava por causa do frio. Na mesma hora tirou seu suéter e colocou ao redor da menininha que continuava de cabeça baixa. Aos poucos a menina levantou a cabeça e olhou nos olhos de Cecília e agradeceu:

— Obrigada senhora.

— Não tem por que me agradecer, você está precisando mais dele do que eu. Eu me chamo Cecília e você?

— Dulce Maria

— Que nome lindo Dulce Maria. Não é muito cedo para uma mocinha linda como você está acordada e sozinha aqui não?

Houve um pequeno silêncio, rompido pela voz da menina.

— Senhora, preciso ir, muito obrigada pelo suéter. Toma! – entregou-lhe de volta.

— Pode ficar, ele é seu agora.

Os olhinhos da menina brilharam de alegria, ela sentiu o cheiro do suéter e já ia se levantando, quando Cecília pegou em seu braço e disse:

— Oh Dulce, eu não quero te assustar, muito menos te fazer mal, mas eu já percebi que você está sozinha meu amor, não precisa ter medo. Olha, eu estou indo na padaria, comprar pão, porque eu ainda não comi nada no café e estou morrendo de fome, você quer ir comigo? Nós compramos o pão, vamos até meu apartamento que fica ali naquele condomínio, e tomamos um café, o que você me diz?

Ela sentiu que a menina estava com fome, pois logo que se falou em comida, seu olho se arregalou e sua barriga roncou.

— Eu estou com fome.

Cecília se conteve para não chorar, pois ela e sua irmã bem sabiam o que era passar fome, quando passavam noites sem comer nada, porque o pouco dinheiro que tinham, não davam para suprir suas necessidades. Pegou na mão de Dulce e foram até a padaria.

— Dulce, você quer algo além do pão? – perguntou ao perceber que ela olhava para um bolo de chocolate.

— Não senhora, Dona Cecília.

— Bom, eu vou comprar esse bolinho de chocolate ali, porque se tiver tão bom quanto a beleza dele, vai valer a pena e quem sabe você mude de ideia quando estivermos comendo. – falou piscando para Dulce, que deu um leve aperto em sua mão em forma de agradecimento.

Chegando no apartamento, Cecília fez café e elas se alimentaram, no final dividiram o bolo de chocolate. Dulce era de poucas palavras e só respondia o que lhe era perguntado. Depois que terminaram o café, Cecília pegou a mãozinha de Dulce, olhou em seus olhos e disse:

— Meu amor, me conta o que aconteceu, eu só quero te ajudar. Porque você estava na escada da igreja chorando?

Houve um pequeno silêncio e em seguida um choro mudo, apenas lágrimas.

— Dona Cecília, eu fugi do meu padastro e agora estou com medo de ser levada pelo homem da carrocinha ou que meu padastro me encontre. Eu não quero voltar para lá, ele me bate, mesmo quando eu não faço nada. Ele me bota para roubar as pessoas e tenho medo, já fui pega varias vezes e ele ainda me bate por isso.

Antes que ela terminasse de falar, Cecília já estava aos prantos.

— Senta aqui, vem, senta aqui no meu colo.

Dulce foi, meio envergonhada, mas foi e foi o melhor abraço e o melhor colo que ela já tinha tido na vida, e elas choraram juntas. Cecília limpou as lágrimas de Dulce e falou:

— Termina de me contar, meu amor. Sua mãe não sabe que ele te bate?

— Minha mãe fazia o mesmo que ele, vivia me dizendo que eu era um fardo, eu nem sei o que é isso, ela bebia muito e faz pouco tempo que ela foi para o céu. Ou para o inferno, como meu padrasto vive dizendo.

— Nossa Dulce, e teus parentes? Tios, avós...

— Eu não conheço ninguém. Dona Cecília, eu preciso ir, antes que ele me descubra aqui, eu não posso voltar pra lá, senão é capaz dele me bater até eu morrer.

— Nada disso, você não vai sair daqui e enquanto você estiver comigo, nada vai te acontecer. Nós vamos resolver isso juntas, ta bom?

Dulce agora se atracava ao pescoço de Cecília, abraçando-a em um choro silencioso, houve um tempo até que ela conseguiu dizer:

— Ninguém nunca me abraçou assim e nem resolveu nada por mim, muito obrigada Dona Cecília, eu nunca vou esquecer da Senhora.

— Meu amor, que tal você me chamar de tia? Senhora e dona é muito idoso e eu acho que não estou tão velha assim. – piscou para Dulce.

— Tudo bem tia. – Tornando a abraça-la.

Ali, naquele exato momento, nascia um sentimento, um sentimento de amor, amizade, respeito, lealdade. Um sentimento elas não poderiam ainda explicar.


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