Operação Zumbi escrita por Morgenstern


Capítulo 16
16 - Preciosa Cora




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Os dois saíram rapidamente da sala sem mais uma palavra dita em voz alta, esperei alguns minutos de segurança para sair do meu esconderijo e respirar novamente. Só poderia ser brincadeira ou sonho duas coisas acontecerem em menos de uma hora e que me tinham como assunto principal. Observei mais uma vez aquela sala encontrando a pasta de médico que doutor Robson havia deixado antes de sair, olhei para a porta e não resisti, abri a pasta encontrando mais papéis, documentos e pesquisas com números e anotações que não entendi. Algo que eu deva me interessar, talvez? 

Fechei a pasta, abri a porta apenas o bastante para colocar a cabeça para fora e espiar se vinha alguém, sai tendo a certeza de que era seguro, mas voltar para a sala onde Vítor me deixou com certeza não era a melhor opção para mim naquele momento. Passei direto para as escadas rolantes disfarçando está descalça, provavelmente com expressão de doente mas com roupas de uma verdadeira Beta. Parei frente as portas do shopping imaginando se voltaria para o dormitório e ficaria sozinha ou esperaria meu grupo para, pelo menos, ter pessoas para me dá cobertura... 

Para o que? 

Eu nem mesmo sabia. Só tinha uma única certeza entre toda essa loucura: eu precisava me proteger do doutor Robson. Sai do shopping dando meia volta para os muros ao norte atrás do shopping onde os Betas, provavelmente, iriam se reunir depois das buscas. Eu poderia ficar lá, poderia esperar por eles ou poderia ir a procura de meu grupo...

Ok, tudo bem, eu desisto de sair da Cidade por hoje. 

Chegando ao muro ergui a escada que ficava escondida entre a grama alta e subi. Não estava armada, não havia calçado minhas botas e nem mesmo sabia se tinha algum guarda ali, apenas subi esperando está segura. Chegando a topo nada se via ali a não ser a lua que iluminava metade dos prédios que eu sabia que estavam ali e iluminava metade do murro. Puxei a escada só por precaução e então sentei na borda deixando meus pés nus para fora. Tudo bem Cora, vamos pensar exatamente em tudo o que aconteceu. Houve o sonho com o médico sem ao menos eu o conhecer. Houve a consulta e algo que ele injetou em mim, deixando até mesmo Vítor intrigado. Houve a cena entre ele e meu pai, que eu precisava apenas de uma certeza para saber se ainda estava vivo e houve a conversa com o Governador. Ele queria a Cura de volta e acreditava que eu a tinha, louco? Não, eu diria pirado da cabeça! Mas de qualquer modo, se aquela notícia chegar aos ouvidos do Presidente, eu realmente precisava me preocupar, afinal, o quanto essa Cura seria importante para nós?

Mas então... 

Se o doutor Robson acredita que eu a tenho... 

E se ele estiver certo...

Eu sou imune... 

Ao vírus? 

Vozes vindas do outro lado do muro, o lado de dentro da Cidade, chegaram aos meus ouvidos. Eu conhecia muito bem aquela voz, mas não tinha certeza se poderia encará-lo outra vez. A segunda voz pareceu exclamando um grande xingamento. Olhei para o mundo lá fora pensando se seria mais fácil ser mordida por um zumbi do que por outros Betas. No final das contas tive que descer a escada para que os veteranos pudessem subir e deixar o lugar pronto para quando os Betas retornassem, e é claro que Nathan e os outros se assustaram quando me viram ali.

— O que está fazendo aqui Cali? – Nathan perguntou ajudando a puxar a escada para cima. 

— Não sai dessa vez. – foi tudo o que respondi, pela primeira vez, sem jeito por está sozinha sem meu grupo.

— Por que não? – outro perguntou. Eu lembrava dele, Leo, talvez? 

— Tive que fazer alguns exames e perdi a saída. 

— Você está bem? – ele perguntou desviando seu olhar para minha roupa e meus pés descalços.

— Exames de rotina. – Nathan disse antes que eu pudesse responder. Leo olhou intrigado para Nathan por ele saber tanto sobre mim, o que me deixou nervosa.

Há, mas não era mesmo. 

— Califórnia fazendo exames, perdendo as buscas e sem arma? – Leo disse em tom de zombação. – Vivi para ver isso. 

— Há. Há. Há. Ainda posso te deixar no chão com minha mão. 

— Na verdade pode até com as palavras. – Nathan disse passando por mim, sem nem mesmo evitar amargura em seu tom de voz.

Encarei esperando que ele olhasse para mim, mas Nathan não olhou, encarou a vista do mundo lá fora sem se importar com o que havia dito na frente de outras pessoas. Leo, por outro lado, desviava seu olhar entre eu e ele, buscando entender o que já estava nítido com a atitude de Nathan. Mas aquilo não iria me fazer voltar atrás com minhas palavras, afinal, Nathan era louco? Nem mesmo sabia meu nome ou sobre mim e já acha que está apaixonado, aliás, todos ali pensam que me conhecem, mas realmente ninguém me conhecia de verdade.

A noite se passou rapidamente, vários outros Betas veteranos chegavam com isopor e bebida, algumas comidas e logo chegaram os grupos que haviam saído. Por incrível que pareça, sorri quando Tori subiu e não parei até que todo meu grupo estivesse ali. Luke me abraçou forte comentando o quão difícil havia sido sem mim, há, é claro que foi. Parker não me notou ou fingiu não me notar quando saiu para longe.

— E ai, o que você fez? – Tony perguntou. 

— Nada. Exames, dormi muito e vim para cá. Como foi lá fora?

— Ah! Nós tivemos um pequeno problema ao escolher alguém para vigiar. – era Tori trocando olhares com Tony. – Ninguém queria ir, daí você sabe, foi mais uma discussão. 

— Tudo bem, eu irei da próxima vez.

— Falando nisso... – Luke disse. – O soldado responsável pela saída de hoje pediu que você se apresentasse no posto. 

— Hoje? – perguntei intrigada. 

— Sim. Não é estranho? Você nem mesmo saiu. 

Encarei Luke, Tony e Tori decidindo se contaria ali mesmo ou arriscaria descer e ser encontrada por algum soldado que já tinha ordens do Presidente. Eu sabia que, dependendo do Governador, meu fim seria quase o mesmo, só que... Menos doloroso. 

— Por que você está assim? Aconteceu algo que não sabemos? – Tori perguntou. Olhei sobre seu ombro procurando por Parker, afinal ele era do grupo e eu gostaria que pudesse ouvir e pensar em algo, mas o idiota estava conversando com Arlete. 

— É, aconteceu. – falei acenando para que me seguissem, me distanciei o máximo que pude de todos, mas de um modo não intrigante para alguém que poderia nos notar. 

Os três ali formaram um semicírculo frente a mim, ansiosos, curiosos e totalmente alienados do que havia acontecido enquanto estavam fora. Respirei fundo antes de contar tudo, sobre Vítor desconfiar do doutor Robson e pedir exames, sobre meu sangue, minha visão alucinante e o que ouvi escondida na sala do médico. Tony, que gostava de histórias sobre conspirações, ouvia tudo com interesse indescritível. Tori, que gostava de encontrar erros em tudo o que eu falava, ouvia com uma sobrancelha erguida e Luke estava simplesmente chocado com tudo aquilo. Não consegui não olhar para Parker, só para checar se ele nos viu, mas nem mesmo estava de frente para nossa direção. 

— Cora, você tem certeza que ouviu exatamente isso? – era Luke. 

— Claro e nem mesmo me perguntem se eu imaginei a cena, realmente vi meu pai. Talvez seja pelos remédios, mas eu vi!

— Legal! – Tony exclamou. – O que você irá fazer? Matar o doutor? 

— É claro que não. – Tori disse. – Você precisa dele para saber de tudo. 

— Tortura então? – Tony perguntou para ela, os dois concordaram com a cabeça me deixando surpresa. 

— Eu não pensei em tortura ou matá-lo. Na verdade acho que eles estão me procurando para fazerem isso comigo. 

— Se pensar bem e ele estiver certo sobre seu sangue, terão que tirar todo ele para que o conteúdo seja cem por cento e não metade disso. Até por que, para distribuí-lo, precisariam de muito. – Luke disse. 

— Foi o que pensei, mas e se não for para distribuir? E se for apenas para um deles? 

— Um deles quem? – a voz de Parker veio das costas de Tony nos assustando completamente fazendo-o erguer uma sobrancelha, intrigado. 

— Aconteceu uma coisa muito séria com a Cora, Parker. – Luke disse e pela primeira vez, ele olhou para mim. 

Droga! Que não olhasse! 

Seria melhor do que ver naqueles olhos o quão chateado estava. 

— O que aconteceu com a preciosa Cora? – Parker perguntou irônico, fazendo Tori apertar os olhos para ele em repreensão.

— O sangue dela tem a Cura para o vírus, que foi criado pelo pai dela e testado na mãe dela antes de Cora nascer. E agora o Governador e todos os soldados devem está procurando por ela para terem de volta. – Tony disse sem ao menos parar para respirar. Parker ergueu as sobrancelhas em surpresa e então desviou seu olhar para Luke apenas para ter certeza na história do mascote. 

— Quando o Soldado Anthony nos pediu que avisasse Cora para se apresentar, talvez seja sobre isso. – Luke disse, Parker concordou com a cabeça desviando seu olhar para o chão, pensativo. 

— Eu ouvi quando o doutor Robson disse claramente que injetou o antidoto em minha mãe e que acredita que eu a tenha no sangue. E ele a quer de volta, mas como ela não está aqui, sobra apenas...

— Você. – Parker completou fixando seu olhar no chão.


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