Operação Zumbi escrita por Morgenstern


Capítulo 15
15 - Sonho ou Pesadelo?




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Depois de todos os exames Vítor me deixou para descansar na sala. Eu realmente estava me sentindo mais fraca, com fome e estranhamente grogue. Olhei para o relógio na mesa antes que minhas pálpebras fechassem. Duas horas depois eu estava acordando, olhando para o relógio, para a sala, para o cobertor que havia aparecido para me esquentar. Eram oito horas o que significava que os Betas já haviam saído para as buscas me deixando para trás. Belos traidores, eu diria. Sentei na maca alongando os braços, pescoço e costas antes de descer para o piso gelado da sala. Me enrolei com o cobertor sabendo que minhas botas estariam provavelmente em uma limpeza, caminhei até a porta abrindo-a apenas para espiar se havia alguém no corredor.

Nada. 

Respirei fundo sentindo falta de minhas armas, sai deixando que meus pés me guiassem e apesar de não saber o que iria fazer ou para onde poderia ir, não conseguia pensar com clareza, só seguia meus pés pelo corredor. Para minha verdadeira sorte, não havia soldado ali, não havia médicos fora de suas salas, apenas eu, Cora, andando pelo corredor. Parei exatamente na penúltima porta do corredor esquerdo sabendo bem para quem ela me levaria. Respirei fundo erguendo a mão em direção a maçaneta, mas parei no caminho me perguntando se deveria mesmo fazer aquilo. Antes de pensar em uma resposta para aquela pergunta, a porta se abriu de repente mostrando seu interior escuro, realmente muito escuro até alguém dá um passo para a luz que vinha do corredor me assustando completamente. Não gritei por ficar completamente sem fala, minha única reação foi dá um passo para trás encarando-o assustada, chocada, nervosa, angustiada e todos os sentimentos de surpresa possíveis. Papai saiu da sala parando no corredor voltando logo em seguida quando o doutor Robson apareceu na porta de sua sala. Nenhum deles olhava para mim. Era como se eu não existisse naquele momento. Meus olhos se encheram de lágrimas, um nó se formou em minha garganta e todo meu corpo tremeu.

— Não sabemos se isso vai dá certo Richard. – papai disse, parecia cansado e com medo.

— É para o nosso próprio bem, Steven. 

— Nós sabemos se vai dá certo ou sobre os efeitos colaterais. Tantos outros mortos e transformados, como pode ter certeza se com ela vai ser diferente?

— Temos que tentar, para o nosso futuro. – o doutor Robson disse, ela estava muito mais novo e não parecia tão louco como agora. – Temos que arriscar, se George descobrir que estamos fazendo isso sem o conhecimento dele, ele vai nos matar. 

— Eu não me importo com o que ele pode fazer. Eu me importo com o que aquilo pode fazer. 

— Nós trabalhamos muito para chegar nesse resultado, Steven. Você sabe que é esse. Sabe que estamos certos só tem medo de arriscar...

— É minha família! – papai gritou me assustando completamente.

— Steven. – uma voz familiar soou de dentro da sala, me fazendo tremer ainda mais, chorar desesperadamente e travar. Papai encolheu os ombros já sabendo de quem pertencia.

— Faça isso por sua família, Steven. – o doutor Robson falou dando um passo para trás para que papai voltasse a sala. Em cinco minutos ele não falou uma única palavra. Ficou ali, parado no corredor, respirando, com os ombros encolhidos e a cabeça baixa. Eu sabia que ele estava pensando sobre o que iriam fazer dali em diante, sobre o que iria acontecer no futuro, sobre nossa família. Papai suspirou pesadamente e então ergueu sua cabeça encarando fixamente o doutor Robson e então, assentiu com a cabeça, mas antes que entrasse na sala ele sussurrou três palavras: Deus tenha piedade.

Meus olhos ardiam enquanto lágrimas desciam facilmente por meu rosto. Observei papai entrar na sala e fechar a porta, e eu não conseguia sair do lugar. As palavras que ele haviam dito quicavam em minha mente me deixando ainda mais sufocada, desesperada e angustiada. O que eu acabei de ver? O que foi isso? Eles estão vivos? Ou eram fantasmas me mostrando o que aconteceu antes que eu pudesse nascer? Eu estava ficando maluca? Pisquei os olhos tendo plena consciência de onde eu estava naquele momento, limpei o rosto rapidamente e então abri a porta apenas para checar se veria algo, nada. A sala estava como o doutor Robson havia deixado, a mesma desarrumação de quando estive aqui pela primeira vez. Não havia ninguém ali ou no corredor ou até que pudesse me pegar no flagra. Respirei fundo e entrei na sala fechando a porta atrás de mim.

Não liguei as luzes por motivos de segurança mas consegui me guiar pelos abajus que estavam acesso sobre a mesa. Olhei os papéis jogados sobre ela passando rapidamente sem muita atenção, abri cada gaveta encontrando nada além de papéis e mais papéis. Eu nem mesmo sabia o que estava procurando, mas precisava checar com meus próprios olhos o que o doutor guardava ali. Fui até a estante de livros esperando ver ali a resposta de que meus pais ainda estavam vivos, que estavam sobrevivendo como nós, que estavam lutando para voltar a cidade, mas tudo o que achei foram livros sem gênero científicos, A Vingança de Samantha O'Connell e O Mistério em Waverly. Suspirei pesadamente me virando para observar o lugar, tentando entender o que estava acontecendo comigo, como eu os vias? Como eu conseguia aquilo depois de tanto tempo? E principalmente, o que eles faziam com mamãe? Será que Vitor tinha mesmo razão sobre trabalharem juntos no laboratório? Minha cabeça doía com tantas perguntas e a agonia crescia por querer respostas a tudo aquilo. 

Balancei a cabeça dissipando os pensamentos, eu precisava encontrar algo ali, precisava saber o que aconteceu e o que estava acontecendo. Passos ecoaram pelo corredor, sussurros chegaram em mim pelo grande silêncio que estava aquela sala. Procurei desesperadamente algo que pudesse me esconder, olhei para a estante lembrando quando havia ido pela primeira vez ali e doutor Robson estava quase escondido ao lado dela, respirei fundo buscando todas as forças para suspendê-la no chão sem fazer barulho. O som de maçaneta chegou em meus ouvidos me fazendo soltar o ar preso em meus pulmões me escondendo atrás da estante quando a porta se abriu e a luz foi ligada.

— Por favor, seja rápido. – era a voz de John, o Governador da Cidade. 

— Só preciso mostrar uma única coisa a você. – reconheci imediatamente a voz do doutor Robson. 

A porta foi fechada e um grande silêncio inundou a sala me deixando apreensiva, com medo por talvez conseguirem me ver. Tentei espiar por cima dos livros, mas era impossível quando cada estante estava em uma altura não favorável a mim. 

— Eu estava revisando nossas tentativas desde 2000 e comparando com as que fizeram em 88. São parcialmente as mesmas, exceto por apenas um composto químico... – oh droga! Péssima matéria para mim. – Pude ver que os resultados foram completamente diferentes. As cobaias em 1988 tinham... 

— Voluntários, doutor Robson. 

— Certo, voluntários. Em 1988 eram do mesmo tipo sanguíneo. Em 2000 eram de vários. Pude testar cada um com vários resultados diferentes. 

— Está querendo dizer que...? – John perguntou impaciente.

— Bem, podemos ter tido sucesso em alguns desses resultados. 

— Ok. – John falou sem muita confiança no que ouvia. – Isso quer dizer que todas as vacinas deram certo? 

— Sim, isso e muito mais. Posso encontrar a Cura e... 

— Espere. – John pediu fazendo com que o doutor fechasse a boca e mais uma vez o silêncio naquele lugar. Tentei não respirar a poeira que havia ali, tentei não me mover um milímetro se quer. – Está dizendo que voltou com essa maluquice, Richard? 

— Não é maluquice, senhor. Quando reli nossas experiências, percebi que ainda deve existir uma chance. Steven e eu estávamos quase conseguindo em nosso último paciente.

— Qual paciente? – John perguntou, eu poderia imaginar erguendo uma sobrancelha intrigado. 

— Camile Chadwick. 

— O quê? Está dizendo que a última paciente testada está desaparecida, muito provavelmente morta há treze anos?

— Não, estou dizendo que...

— Richard, esqueça isso. Temos muitas outras coisas para nos preocupar agora.  

— John. – o doutor Robson disse carregando a voz, fazendo o Governador ficar em silêncio. Provavelmente olhando para o médico em repreensão já que ninguém, extremamente ninguém poderia se referir a eles pelo primeiro nome. – Eu tenho sérias suspeitas de que o que fizemos com Camile ainda esteja entre nós. 

— Você ficou louco! – John falou, ouvi a porta se abrir mas nenhum havia saído da sala.

— A filha dela. – doutor Robson disse rapidamente. – A filha dela pode ser a resposta. 

— A criança Chadwick? – um silêncio na sala e então John falou. – Tudo bem, descubra o que puder e não conte a George ainda. 

— Sim, senhor. 


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