Unidos pelo futuro escrita por Amin


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de pedir desculpas pela demora em postar esse capítulo. Eu tive alguns contratempos e por isso acabei demorando mais do que pretendia. Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/749015/chapter/8

— Oi – Sakura saudou o homem sentado no banco do parque. Ele tinha cabelo longo, olheiras debaixo dos olhos, uma expressão de sofrimento e sua pele era cinzenta e transparente.

— Você consegue me ver? – ele perguntou espantado, observando a estranha garota de cabelo rosa sorrir e sentar ao seu lado. – Tem dias que estou vagando por aqui e ninguém foi capaz de me ver.

— Digamos que eu sou especial e consigo ver espíritos – Sakura disse descontraída. – Eu sou Haruno Sakura e você?

 O espírito ficou quieto e desviou o olhar do rosto da garota. Observou o parque e as pessoas que iam e viam. Pessoas jogavam comida no lago a sua frente, enquanto o estranho rapaz via a superfície lisa ondular enquanto vários peixes atacavam a comida que lhes era jogada. Um sentimento quente invadiu seu peito enquanto observava os peixes no rio, fazendo-o pensar que em algum momento em sua vida ele viera alimentar os peixes.

— Eu não sei meu nome – ele respondeu depois de um tempo. Olhou de soslaio para Sakura, mas ela não parecia espantada. – Eu não sei de nada de quando eu estava vivo.

— Isso é bem comum. Alguns espíritos, por motivos que nem eu conheço, perdem a memória e não conseguem seguir em frente por falta dessas memórias. Deve ter sido isso que aconteceu com você – Sakura disse de forma sábia, encarando o rosto translucido do espírito.

— Então eu estou preso aqui para sempre? Não estou vivo, mas também não posso descansar? – ele perguntou depressivo. Pensar que estava em um mundo onde ele não seria capaz de ser visto ou ouvido pelas pessoas o deixava triste.

— Você não pode ficar preso para sempre aqui. Acabaria consumido pela frustração e tristeza e se tornaria um mau espírito – Sakura informou e soltou um suspiro ao ver a expressão de dúvida no rosto do fantasma. – Maus espíritos são espíritos que não conseguiram descansar por vários motivos. Eles passam tanto tempo no mundo humano que perdem cada vez mais a consciência e se tornam maus. São atraídos por crimes brutais cometidos pelos humanos.

— Eu vou me tornar isso se não conseguir descansar? – ele perguntou assustado com o que poderia se tornar.

— Pra isso você precisa das suas memórias de novo. Só assim você vai saber o que te prende aqui e vai poder seguir em frente – Sakura disse sorrindo tranquilizadora. Algumas pessoas a encaravam como se ela estivesse louca, conversando com o nada, mas ela pouco ligava. O importante era ajuda-lo.

— Eu não sei como vou fazer isso – o espírito confessou observando o sorriso tranquilizador da garota.

— Eu posso te ajudar. Por que você não vem morar comigo e nós dois traçamos um plano para recuperar sua memória? – Sakura propôs gentilmente.

— Isso me parece um convite irrecusável – o espírito respondeu e sorriu de lado, sentindo-se mais confiante pela mera presença de Sakura.

 

Pequenos flocos de neve caiam suavemente, depositando-se no chão do parque. Sakura encarava o lago a sua frente, enquanto grossas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Pensava na noite passada sentindo um grande aperto em seu peito.

 O baque de descobrir que o fantasma que estivera acompanhando-a por dois anos era irmão do policial que agora protegia sua vida não a deixara dormir durante a noite. Apesar de Itachi ter possuído seu corpo, Sakura lembrava-se de tudo que os dois conversaram e sentia-se uma intrusa.

 Uma dor lancinante cortava seu peito toda vez que ela imaginava que jamais veria Itachi, nunca mais ouviria suas piadas, seus conselhos, advertências. Ver Itachi seguir em frente doeu tanto que agora, sentada ali onde ela o conhecera pela primeira vez, Sakura chorava sem ligar para as pessoas que a olhavam quando passavam.

 Mas o que mais doía era saber que Sasuke fora tão frio. Sakura entendia que ele precisava de tempo para aceitar as coisas, por isso mesmo ela viera para o parque antes que Sasuke acordasse, tentando dar um pouco de espaço para que ele lidasse com sua dor. Porém, toda vez que ela se lembrava da atitude de Sasuke na noite passada, mais lágrimas formavam-se em seus olhos verdes.

— Você está bem? – um rapaz pálido, de olhos e cabelo escuros, perguntou. Olhar para ele fazia com que ela se lembrasse de Sasuke e mais lágrimas escorreram pelo seu rosto. – Pelo visto não.

— Eu estou sim – Sakura disse desviando o olhar do rosto pálido. Secou as lágrimas e se concentrou para não voltar a chorar. – Eu estou bem.

— Tem certeza? Por que, sem querer ofender, você está com uma cara horrível – o rapaz disse franzindo o cenho, fazendo Sakura dar um pequeno sorriso.

— Eu imagino, mas estou realmente bem – Sakura afirmou mais para si mesma do que para o rapaz. Ela obrigou-se a olhar para o rosto pálido e forçou um sorriso. – Obrigada por se preocupar.

— Talvez eu possa... – antes que o rapaz terminasse a frase, um grito preencheu o parque.

 Com o instinto a flor da pele, Sakura pulou do banco onde estava sentada, tentando localizar de onde viera o grito. Sentiu o nervosismo correr por suas veias quando imaginou que o assassino poderia estar atacando ali de novo. Outro grito cortou o ar, mas dessa vez, com a audição aguçada, Sakura percebeu que não era um grito de dor, parecia um chamado.

 Pela terceira vez o grito ecoou pelo parque e dessa vez ela entendeu o que a pessoa estava dizendo. Olhou para o rapaz pálido ao seu lado, que parecia estar confuso com a situação e sorriu.

— Obrigada pela preocupação, mas eu tenho que ir – sem esperar uma resposta, Sakura pôs-se a correr afobada. Ouviu o grito de novo e ele estava mais perto do que ela imaginava. Correu com o máximo de rapidez que pode, ouvindo seu nome ser chamado em desespero.

 Fez uma pequena curva e viu Sasuke correndo pelo parque a chamando com preocupação. Os olhos ônix encontraram os olhos verdes e Sakura sentiu as pernas virarem gelatina. Ficou estática no mesmo lugar, respirando ofegante. Sentia-se feliz por Sasuke a ter procurado, mas o medo invadiu seus pensamentos. Tinha certeza que a primeira coisa que Sasuke iria fazer seria gritar com ela bem ali no parque.

 Ele andou a passos rápidos até onde ela estava fazendo os joelhos de Sakura tremerem. Quando ele estava perto o suficiente para que Sakura o tocasse, ela se preparou para os gritos, mas o que veio a seguir a pegou completamente de surpresa.

 Sasuke a abraçou com força. Sakura podia sentir o coração do policial bater disparado e sua respiração ofegante, indicando que havia um bom tempo que ele estava correndo. Incapaz de quebrar aquele contato, Sakura envolveu Sasuke com os próprios braços e ficou ali, reprimindo as lágrimas de felicidade e dor.

 Não soube dizer quanto tempo ela ficou ali, no meio do parque, abraçada com Sasuke até ele se afastar com delicadeza. Só agora Sakura reparou que ele parecia extremamente mal agasalhado. Blusa fina, calça de moletom e chinelos era a roupa que ele usava, a mesma roupa com que se deitara.

— Sasuke-kun... – Sakura começou a dizer, mas ele a silenciou com um gesto. Ele respirou fundo, parecendo estar controlando a raiva.

— Por que você saiu sem me avisar? – Sasuke perguntou no tom mais calmo e controlado possível. Não queria gritar com Sakura, não depois do tratamento que direcionara a garota na noite passada.

— Eu queria te dar espaço para se recuperar sobre os acontecimentos da noite passada – Sakura disse sinceramente, sem conseguir tocar no nome de Itachi.

— Saindo de casa sem deixar qualquer aviso? – Sasuke perguntou. Estava sentindo a raiva fugir de seu controle. – Tem ideia de como foi acordar e não te encontrar em casa? Você consegue imaginar como eu me senti?

— Eu... – Sakura começou, mas a raiva de Sasuke escapou de seu controle.

— Tem noção do quão desesperador foi? – ele vociferou irritado. Suas narinas estavam dilatadas e esbranquiçadas e seu olhar era puro ódio. – Eu fui parar no seu consultório, só para me lembrar de que hoje é sábado, então você não poderia estar trabalhando. Eu corri por toda essa cidade berrando seu nome, as pessoas me olhavam como se eu fosse louco. Eu pensei que você tinha sido sequestrada. Eu jamais me perdoaria se você estivesse morta.

— Eu sei que agi errado, mas eu estou viva, seu emprego está salvo – Sakura disse tentando acalma-lo, mas ao ouvir as palavras de Sakura, os olhos do policial brilharam de fúria.

— Meu emprego? – ele sibilou de maneira furiosa. – Você acha que eu saí correndo por ai de pijama por causa do meu emprego? Dane-se meu emprego! Eu nunca me perdoaria se te deixasse morrer não por causa de um emprego idiota. Você não entende nada mesmo. Você pode prever o futuro, mas é incapaz de enxergar o presente, o que esta bem na sua frente.

— E-Eu não entendo o que você quer dizer com isso – Sakura disse com a voz trêmula. Sem conseguir se controlar, voltou a chorar. – N-Não queria p-preocupa-lo, mas q-queria que você pudesse p-pensar no I-Itachi em paz – ela gaguejou em meio ao choro. A raiva de Sasuke foi abrandando ao ver a garota desmoronar a sua frente.

— Eu pensei no Itachi, a noite inteira para dizer a verdade. Eu só não estava a fim de conversar ontem logo depois de tudo que aconteceu. Eu estou triste ainda, muito triste para dizer a verdade. Ele era meu irmão e eu o amava demais – Sasuke segurou as mãos de Sakura. Seu toque estava frio e em meio às lágrimas Sakura via a respiração condensada do policial a sua frente. – Mas eu quero conversar com você sobre ele. Eu nunca quis conversar sobre o Itachi com ninguém antes, mas quero conversar com você.

— V-Verdade? – Sakura perguntou, as lágrimas diminuindo aos poucos.

— É claro. Eu quero saber tudo sobre esses dois anos que vocês passaram juntos e vou te contar boas histórias sobre ele. Tudo que eu senti sem o Itachi e tudo o que ele passou como um espírito, vamos conversar sobre tudo. Só precisamos ir para casa, ok? Antes que eu congele até a morte – Sasuke brincou fazendo Sakura rir em meio às lágrimas.

 Sem soltar sua mão, Sasuke caminhou para a casa com Sakura.

 

 O caminho até a casa de Sakura foi mais descontraído do que a garota imaginava, apesar de que Sasuke não soltara sua mão e isso a fazia sentir-se afobada e nervosa. Quando chegaram ao portão, a vidente soltou a mão de Sasuke e empurrou o portão.

— Achei que você tinha dito que eu deveria deixar esse portão fechado – Sakura alfinetou, olhando para Sasuke que sorriu sem graça.

— Achei que você deixaria eu congelar até a morte – uma voz feminina disse, fazendo os dois pularem assustados.

 Na porta da frente, em meio às plantas da varanda, uma mulher esperava com cara de poucos amigos. Ela tinha cabelo loiro comprido, olhos castanhos e seios fartos.

— Tia Tsunade! – Sakura exclamou espantada. Ela e Sasuke subiram as escadas até onde a mulher estava e Sakura sorriu. – Não sabia que estava vindo me visitar.

— Eu não estava – Tsunade respondeu ranzinza. – Mas algumas coisas aconteceram, então passei aqui para te ver. Vamos entrar antes que eu congele.

 Sakura abriu a porta e entrou, sendo seguida de perto por Tsunade. Sasuke entrou logo depois no mais absoluto silencio, sentindo-se repentinamente nervoso em conhecer um parente de Sakura.

— E quem é esse pedaço de mau caminho? – Tsunade perguntou analisando Sasuke dos pés a cabeça. – Você não me disse que estava namorando.

— E não estou – Sakura apressou-se a responder, ficando ligeiramente corada. – Ele é um amigo. E é policial. – ela informou e saiu para a cozinha.

— Policial... e você tem nome por acaso? – Tsunade perguntou para Sasuke arqueando as sobrancelhas.

— É Sasuke, Uchiha Sasuke – ele respondeu simplesmente, tentando manter a expressão vazia.

— Deveria ter imaginado. Você tem os olhos daquele demônio do seu pai – Tsunade disse com desgosto. – Ele uma vez roubou num jogo de pôquer, nunca perdoarei aquela ratazana traiçoeira.

— Não posso discordar sobre ele ser uma ratazana traiçoeira – Sasuke respondeu dando de ombros.

— Você sempre visita minha sobrinha usando pijamas? – ela perguntou desconfiada, olhando-o fixamente para Sasuke.

— Eu estou morando aqui por um tempo – Sasuke informou a contragosto. A tia de Sakura parecia ser uma mulher intrometida demais aos olhos de Sasuke.

— Por quê? – ela perguntou interessada, mas naquele instante Sakura entrou na sala carregando uma bandeja com xícaras de chá.

— Trouxe um chá para você se esquentar – Sakura informou alegre, depositando a bandeja numa pequena mesa de centro.

— Chá? Você acha que vou tomar chá? – Tsunade perguntou indignada, colocando-se de pé e se encaminhou para a cozinha. – Eu quero álcool, por favor.

— Eu não tenho álcool em casa – Sakura disse seguindo Tsunade para a cozinha. Inconscientemente, Sasuke seguiu as duas.

— Não acredito nisso – Tsunade falou enquanto procurava por alguma bebida.

 Ela abriu as portas dos armários olhando minuciosamente o conteúdo, revirou as gavetas, procurou alguma coisa na geladeira, mas no final, se deu por vencida e desistiu da busca.

— Como pode uma garota solteira na sua idade não ter nada alcoólico em casa? Não foi assim que te ensinei – Tsunade disse desgostosa. Voltou para a sala e a contra gosto pegou uma xícara de chá e tomou um gole. – Não sei como vocês conseguem beber essa água suja.

— Então, qual o motivo dessa visita repentina? – Sakura perguntou enquanto entregava uma xícara de chá para Sasuke. Seus dedos encostaram-se aos dele e a lembrança dos dois de mãos dadas voltou a sua mente, fazendo borboletas voarem em seu estômago.

— É sobre você-sabe-o-que – Tsunade disse misteriosamente. Lançou um olhar furtivo para Sasuke e depois olhou para Sakura, tentando indicar que não poderia falar sobre isso na presença de Sasuke.

— Sobre o que? – Sakura perguntou confusa. Tsunade pigarreou impaciente e tomou outro gole de chá.

— Aquele seu pequeno talento especial – ela respondeu no mesmo tom misterioso.

— Você esta falando das visões de Sakura? – Sasuke perguntou com uma voz de falsa ingenuidade. Riu internamente quando Tsunade engasgou-se com o chá.

— Ele sabe? – ela perguntou assustada depois de um acesso de tosse.

— É por causa dos meus poderes que ele está tendo que morar aqui – Sakura informou divertindo-se em ver sua tia tão desnorteada com a situação.

— Você está metida em alguma encrenca? – Tsunade perguntou desconfiada, recuperando-se do choque inicial.

 Sasuke e Sakura trocaram olhares culpados, mas os dois entenderam o recado: não tinha motivo para envolver Tsunade naquela situação perigosa.

— Não tem com o que se preocupar. O que você está precisando? – Sakura perguntou depressa, tentando desviar a atenção de Tsunade para longe do assunto de Sasuke morando ali.

 Tsunade pousou a xícara quase sem chá na mesa, sentindo seus instintos a informarem de que a sobrinha estava escondendo alguma coisa. Porém, entendia que ela era uma garota crescida e que se precisasse, pediria ajuda.

Abriu a bolsa e tirou de dentro dela um pequeno pedaço de papel. Sasuke sentiu o estômago apertar ao ver o pedaço de papel, imaginando se seria algo que talvez envolvesse Sakura em mais uma coisa perigosa.

 Sem soltar o papel, a tia agarrou as mãos da sobrinha e a encarou de maneira suplicante.

— Você precisa prever os números da loteria por tudo que é mais sagrado! – ela disse com convicção, segurando as mãos de Sakura com força.

 O queixo de Sasuke caiu. De todas as coisas que ele imaginara que Tsunade falaria, a última que ele cogitou fora ela pedindo os números da loteria.

— Tia! – Sakura exclamou puxando as mãos, livrando-se do aperto desesperado de Tsunade. – Você sabe que isso é errado.

— Você pode prever? – Sasuke perguntou ligeiramente interessado. O choque passou tão rápido quanto chegara.

— Ela pode! Mas nunca me deu sequer um número – Tsunade disse indignada. Agitou freneticamente o pedaço de papel na frente do rosto de Sakura. – Eu perdi muito dinheiro na minha última aposta, preciso dos números para reabastecer meu estoque de bebidas.

— Como se eu fosse prever os números para você beber feito uma morcega velha – Sakura disse irritada, mas ao ver o olhar perigoso de Tsunade, sorriu sem graça. – Mas é claro que você não tem nada de velha!

— Não precisa prever os números do prêmio máximo. Preveja alguns só para eu ganhar alguns trocados – Tsunade insistiu e tirou uma caneta da bolsa. – Por favor, faça a sua mágica e preveja os números para que eu os anote.

— Eu não posso fazer isso – Sakura respondeu impaciente. Sempre que Tsunade apostava e perdia grandes quantidades de dinheiro, ela recorria aos poderes de Sakura, implorando para que a mesma prevê-se de números da loteria a cavalos campeões.

 - Realmente, você não pode fazer isso antes deu ter uma conversa com esse daqui – Tsunade disse apontando para Sasuke. Ela voltou-se para o policial, que estava atônito e sorriu amigavelmente. – Vou te dar metade do prêmio se conseguir convencê-la e não me prender por trapacear.

— Está tentando me comprar? – Sasuke perguntou franzindo o cenho.

— É claro que não! Só estou tentando ajuda-lo. Eu sei que um policial não ganha tanto assim – Tsunade respondeu ainda sorrindo amavelmente. – Você poderia tirar umas merecidas férias.

— Não estou interessado nessas coisas – ele respondeu seriamente, fazendo Sakura suspirar aliviada.

— Nessas coisas? Então eu posso oferecer um material mais valioso – Tsunade disse com um ar misterioso, sorrindo de lado. – Uma coisa muito mais valiosa que dinheiro.

— Se é tão valiosa assim por que você não a vende? – Sakura perguntou ironicamente, arrancando um sorriso de deboche da tia.

— Por que ninguém está interessado em comprar as histórias absurdas da sua vida. Mas tenho certeza que ele estaria muito interessado em ouvi-las, consigo sentir – ela disse olhando de lado para Sasuke, que ergueu as sobrancelhas em um sinal de curiosidade.

— Que tipo de histórias? Eu não tenho nada vergonhoso no meu passado – Sakura falou sentindo-se confusa.  Puxou pela memória, mas não conseguia lembrar-se de quais histórias Tsunade estava falando.

— Não tem histórias vergonhosas? – Tsunade perguntou e logo em seguida soltou uma gostosa gargalhada. Ela voltou-se para Sasuke, que observava com atenção a situação. – Imagine essa linda garota com seus vinte anos. Um belo dia, ela tem uma visão. Ela prevê que ela e o namorado irão transar, então ela deixara de ser virgem. No dia seguinte ela... – em total desespero, Sakura pula em cima de Tsunade, tampando a boca da tia com uma das mãos. Se Sasuke sonhasse com o que aconteceu naquele dia, ela seria motivo de piada para o resto da vida.

— Você não pode contar isso, querida titia – Sakura diz sorrindo forçosamente, a mão tampando firmemente a boca de Tsunade.

— Por que ela não pode? É algo tão vergonhoso assim? – Sasuke perguntou interessado, sorrindo de lado. – Não imaginei que fosse algo tão interessante assim, agora estou curioso para saber.

— Viu, ele está curioso – Tsunade disse ao se soltar do aperto de Sakura. Ela jogou o cabelo loiro bagunçado para trás e sorriu triunfante. – Onde eu estava mesmo?

— Se você contar para ele eu juro que todo mundo vai ficar sabendo daquele natal – Sakura disse em tom ameaçador. O sorriso de Tsunade vacilou.

— Você não teria coragem – ela disse com a voz trêmula. Sasuke observou as duas se olharem intensamente. O que Tsunade tinha feito em um natal?

— Eu com certeza teria. Posso começar aqui e agora contando para o Sasuke – ela voltou-se na direção do policial e sorriu de um jeito assustador. Seu cabelo rosa estava bagunçado e as bochechas completamente coradas. – Quando eu tinha nove anos, ela foi passar o natal lá em casa e...

— Já chega! – Tsunade gritou, parecendo desconcertada com a situação. – Eu já entendi. Dessa vez eu perdi, mas vou achar um jeito ainda de você me dar esses números.

— Eu irei esperar sentada – Sakura disse triunfante.

 Sasuke sentia-se perdido. Dois segredos quase foram revelados e agora ele estava curioso sobre o que acontecia no final daquelas histórias. Soltou um suspiro cansado, perguntando-se quando foi a ultima vez que ele tivera paz em sua vida.

— Eu tenho que ir embora de qualquer jeito. A viagem é longa – Tsunade informou enquanto pegava a bolsa em cima da mesa.

— Foi uma boa visita. Suas táticas estão melhorando – Sakura disse sorrindo enquanto acompanhava a tia até a porta.

— Não adianta nada se você também está sempre melhorando as suas – Tsunade disse e logo em seguida deu um abraço apertado na sobrinha. Voltou-se para Sasuke e os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos. – Ainda terei outras oportunidades para terminar a história.

— Tia! – Sakura exclamou, mas Tsunade apenas sorriu e desceu cuidadosamente a escada coberta de neve. Quando ela cruzou o portão, Sakura trancou a porta de casa.

— Uma figura essa sua tia – Sasuke disse em tom brincalhão, sentando-se ao sofá da sala. – Agora que ela se foi, eu estou realmente curioso para saber o que aconteceu no natal. Prometo que nunca vou contar para ela – ele completou ao ver a cara de duvida de Sakura.

— Bom isso foi uma coisa bem engraçada que aconteceu. Ela estava completamente bêbada e... – Sakura se interrompeu segundos antes de perder os sentidos. Sua vista escureceu e ela foi incapaz de ouvir os chamados de Sasuke.

 Aonde ela se encontrava agora continuava escuro. Ela tentou se mexer, mas parecia presa ao lugar. Do seu lado direito, o som de alguém cantarolando uma música clássica chegava aos seus ouvidos.

 O medo a invadiu quando ela entendeu o que estava acontecendo.

— A-Aonde eu estou? – Sakura perguntou assustada, tentando livrar-se das amarras que a prendiam.

— Ora, ora. Parece que nossa pequena bela adormecida acordou – uma voz masculina disse. Sakura sabia que a ouvira em algum outro lugar, mas onde? – Achei que fosse perder toda a brincadeira, Sakura-chan.

— É você não é? O Psicopata Silencioso? – Sakura perguntou tentando se manter calma, mas não conseguir ver nada era desesperador.

— Eu não gosto muito desse nome, então, não me chame assim minha querida Sakura-chan – ele disse e Sakura o sentiu aproximando-se. A respiração do homem bateu em sua orelha, fazendo Sakura se encolher. – Eu não quero te infligir mais dor que o necessário.

— Você sabe que o Sasuke-kun vai te pegar – Sakura disse com a voz firme, apesar de estar tremendo de medo.

— Eu quero mais é que ele venha mesmo – o homem respondeu e deu uma gargalhada gélida. – Enquanto ele não vem, o que você acha de brincarmos um pouco?

 Uma dor excruciante invadiu Sakura e ela berrou com todas as forças.

 A vidente abriu os olhos e viu um par de olhos ônix a encarando com preocupação. Estava deitado no sofá onde Sasuke costumava dormir.

— Achei que você tinha desmaiado – ele disse preocupado, antes mesmo que Sakura perguntasse alguma coisa. – Em um momento você estava falando comigo e no outro você caiu no chão.

— Eu tive uma visão – Sakura disse sentindo o estômago revirar quando ela lembrou-se do que previra.

— Forte o suficiente para você não conseguir ficar de pé? – Sasuke perguntou preocupado. Estava com medo da resposta de Sakura, mas ele nem sequer precisava que a garota o respondesse. O medo irradiava em fortes ondas, chegando até Sasuke, contando o que a garota vira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unidos pelo futuro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.