Unidos pelo futuro escrita por Amin


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei demais pra postar esse capítulo, mas tive problemas o escrevendo. Mas não desisti da fic e espero que gostem ♥



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 Sakura abriu os olhos com dificuldade. Sua cabeça latejava imensamente e a pouca luz do cômodo onde ela se encontrava, parecia danificar sua retina. Com tremendo esforço, ela manteve os olhos abertos, registrando pequenos detalhes do lugar desconhecido.

 Parecia o porão de um assassino. Bem a sua frente estava uma parede atulhada das mais diferentes ferramentas cortantes: facas, machados, serrotes, cutelos e ferramentas que a vidente duvidava que fossem usadas para coisas boas. Do seu lado esquerdo, uma forma que parecia horrivelmente uma maca estava coberta com um lençol branco.

 Tentou se virar para trás e ver mais do aposento, mas só então Sakura percebeu que estava com os pés e as mãos amarrados a cadeira. Algo quente e úmido empapava seus cabelos e com um arrepio sinistro ela soube que era sangue.

— Onde eu estou? – ela perguntou para si mesma em um sussurro. Não fazia ideia de como chegara até ali e do por quê de estar amarrada.

 Com a respiração cada vez mais descontrolada pelo pânico que começava a aflorar em suas veias, ela tentou desesperadamente soltar os pulsos presos por várias camadas de uma fita adesiva cinza. Quando conseguiu afrouxar um pouco o aperto no pulso esquerdo, um barulho alta a fez sobressaltar-se, o coração batendo freneticamente.

 Alguém estava por perto e fazia um barulho alto, tão alto que fazia a cabeça de Sakura latejar ainda mais. O barulho foi se intensificando, chegando mais perto...

 Sakura abriu os olhos respirando com dificuldade, o corpo tremendo por inteiro. Levou algum tempo para perceber que estava perfeitamente segura e deitada em sua cama. Com os dedos trêmulos, ela limpou o suor frio de sua testa, sentindo as ondas de pânico abandonarem seu corpo trêmulo.

 Estava prestes a relaxar quando, pela segunda vez, um barulho do lado de fora de sua casa fez seu coração disparar. Com muito cuidado, Sakura se levantou e caminhou pé ante pé até a porta. Parou quando ouviu o barulho de novo. Estava sozinha em casa. Tinha certeza que estava, por que Sasuke tinha dito na noite anterior que ele teria de ir para a delegacia.

 Andando o mais silenciosamente possível, Sakura saiu do quarto. Em um impulso, correu silenciosamente até a cozinha e pegou a primeira frigideira que conseguiu. Empunhando-a como se fosse uma espada, a vidente prosseguiu.

 Chegou à sala, constatando o sofá desocupado e mais uma vez ela ouviu o barulho. Tinha certeza que alguém estava na sua varanda, tentando adentrar a casa. Segurou com firmeza a frigideira na mão direita e levou a esquerda até a maçaneta da porta. Assim que seus dedos fecharam firmemente no metal frio, a porta se escancarou e instintivamente Sakura abaixou a frigideira com toda força que pode. Um baque, seguido de um ganido de dor e um grito de desespero.

 Uchiha Sasuke despencou para o chão. Um filete de sangue escorria do local onde a frigideira acertou até o queixo do rapaz. Desesperada, Sakura largou a frigideira apressadamente e reunindo toda a força que conseguiu, levantou o inconsciente Sasuke do chão. Cambaleando muito sob o peso do policial, Sakura o arrastou até a poltrona mais próxima e o largou ali. Correu até a cozinha e, dois minutos depois, voltou com vários cubos de gelos dentro de um pano de prato.

 Com os dedos trêmulos, Sakura pressionou o gelo contra a cabeça de Sasuke. Depois de alguns segundos, suas pálpebras tremeram e ele abriu os olhos com dificuldade, deixando escapar um gemido de dor.

— Sasuke-kun... você está bem? – Sakura perguntou receosa, ainda segurando o gelo.

— O que aconteceu? – Sasuke perguntou desnorteado. Sentia uma dor aguda do lado da cabeça, onde Sakura pressionava o gelo.

 Sakura ficou calada. Mordia o lábio com apreensão, demonstrando culpa e arrependimento em seu rosto. Desviou o olhar do rosto de Sakura e notou a presença de uma frigideira no chão.

 Em um lampejo de memórias, Sasuke se viu abrindo a porta da sala e sendo recebido com uma pancada na cabeça. Soltou uma exclamação de choque e voltou-se para Sakura.

— Você estava tentando me matar?

— O que? É claro que não! – Sakura respondeu assustada. – Achei que você estivesse na delegacia, ouvi um barulho e resolvi agir.

— Bom, pelo menos já se sabe que se você estiver com uma frigideira em mãos, faz um estrago – Sasuke disse mal humorado, arrebatando o gelo das mãos de Sakura e posicionando-o melhor no enorme galo que se formara em sua cabeça.

— Me desculpe – ela pediu. Sentia-se realmente culpada por machuca-lo.

— Tá tudo bem, pelo menos eu ainda estou consciente para operação de hoje à noite. Vai dar tudo certo – Sasuke respondeu. Fechou seus olhos e deixou o gelo agir em seu machucado latejante.

 Sakura mordeu os lábios, sentindo-se ainda mais culpada. Deveria contar para ele? Tinha certeza que ele não aceitaria a noticia de forma pacifica, ainda mais depois de ser machucado, mas a surpresa não seria pior?

 Inspirando fundo e enchendo-se de coragem, Sakura afastou-se um pouco de Sasuke, o suficiente para ter tempo de correr quando contasse o que ela havia feito.

— Sasuke-kun – Sakura chamou fracamente, não obtendo nenhuma resposta. – Eu preciso conversar com você sobre uma coisa.

— Hm – ele respondeu, informando que estava acordado e ouvindo.

— É... É sobre hoje à noite. Eu... Hm... – Sakura umedeceu os lábios. Sua boca estava tão seca que parecia que ela não bebia água há anos. – Eu preciso te contar...

 Mas o que Sakura queria contar foi interrompido pelo toque de celular do policial. Enraivecido, Sasuke colocou o gelo de lado e atendeu a chamada.

— O que foi Kakashi? Não tem nem uma hora que eu... – ele parou de falar, seus olhos arregalaram. – Tudo bem, eu já estou indo.

— O que houve? – Sakura perguntou preocupada.

 Sasuke não lhe deu atenção, pulando da cadeira, ele juntou suas coisas e saiu porta afora. Decorridos dez segundos, ele irrompeu pela porta e correu até uma atônita Sakura.

— Mantenha as portas trancadas. Eu virei te buscar às 19h30minh em ponto. Esteja arrumada. – E sem dizer mais nada, ele foi-se embora.

 Sem entender nada, Sakura levantou-se e começou a recolher o gelo que começava a derreter no chão. Seria um longo dia.

 

 

 Às 19h30min Sakura esperava do lado de fora de sua casa. A neve estava começando a cair de novo e Sakura desejou que aquele estúpido vestido de seda fosse substituído por grossos moletons.

 A echarpe de chiffon que lhe cobria os ombros não oferecia nenhum calor e conforto. Seus pés gelados, clamavam para que Sakura arrancasse a sandália de salto alto e colocasse as gostosas pantufas de coelho que ganhara de um cliente.

 Só quando sua respiração começou a condensar a sua frente é que o farol de um carro apontou no início da rua. Sakura tremia da cabeça aos pés quando Sasuke estacionou para que ela pudesse entrar.

— Você está dez minutos atrasados – ela informou azeda. Fazia esforço para não deixar seus dentes tilintarem de frio.

— Eu não mandei você esperar aqui fora na neve – foi a resposta ainda mais azeda de Sasuke.

 Seus cabelos estavam cuidadosamente penteados para trás e seu smoking estava impecável. Sakura o teria achado maravilhoso, se não estivesse com vontade de soca-lo bem na cara.

— Você está bonita – ele disse sua atenção dividida entre Sakura e a direção.

— Pelo menos uma coisa boa, porque eu estou morrendo de frio, meus sapatos estão me matando e eu nunca usei meu cabelo preso em coque antes – Sakura respondeu embrulhando-se melhor na echarpe.

 Sasuke deu um pequeno sorriso, mas não disse mais nada. Os dois continuaram em silêncio até chegarem em um edifício enorme e antigo. O teatro era um prédio imponente, com belas colunas beges, escadaria de pedra coberta por um tapete vermelho e aveludado e grandes portas de vidro onde as pessoas de roupa formal faziam fila para entrar.

— Uau, então é assim que um teatro parece – Sakura disse deslumbrada, seus olhos tentando captar o máximo de informações possível.

— Você nunca esteve em um? – Sasuke perguntou divertindo-se com o encanto de Sakura pelo prédio antigo.

— Não, você já? – ela perguntou interessada.

— Você sempre se esquece quem são meus pais – Sasuke respondeu dando de ombros e a compreensão espalhou-se pelo rosto maquiado de Sakura.

— É verdade, eu sempre me... – ela parou de falar. Não acreditava naquilo! Ficara quinze minutos em um carro com Sasuke e fora incapaz de contar para ele e agora seu pesadelo descia a escada acenando para ela de forma animada.

— Quem é aquele acenando para você? – Sasuke perguntou carrancudo. Tinha acompanhado o olhar de Sakura e agora via um homem vagamente familiar de cabelos ruivos bem penteados e smoking descendo as escadas.

— Por favor, não surta – Sakura implorou, segurando as mãos de Sasuke. – Eu sei que era para ser só eu, você e o Naruto hoje, mas um imprevisto aconteceu.

 Os olhos de Sasuke estreitaram à medida que Sakura ia falando e o estranho descia as escadas.

— O que você fez? – ele perguntou em um sibilo feroz, porém, aquele instante o ruivo alcançou-os e deu um radiante sorriso.

— E ai Sasuke, beleza?

 Os olhos de Sasuke faiscaram perigosamente na direção de Sakura, que inconsciente escondeu-se atrás do homem ruivo.

— Você prometeu não surtar – ela disse com a voz fraca.

— Não, eu não prometi isso – a voz de Sasuke estava mansa, o que fez a vidente se encolher mais ainda atrás do homem.

— Vocês já estão aqui! – a voz de Naruto berrou e Sakura quase chorou de alivio ao ver que Sasuke fora momentaneamente distraído. – Até você já chegou Kimimaro!

— Estou aqui desde as 19h – Kimimaro respondeu orgulhoso, passando a mão com cuidado pelos cabelos ruivos. – A propósito, essa peruca é realmente boa. Parece meu cabelo de verdade.

— Então você sabia da presença do Kimimaro? – Sasuke perguntou calmamente, fazendo os cabelos da nuca de Sakura eriçarem.

— Claro que eu sabia. Eu que recomendei a loja onde o Kimimaro comprou a que ele esta usando hoje e até voltamos na casa da Sakura pra ela testar qual seria a melhor base para cobrir as tatuagens do Kimimaro – Naruto informou alegre, mostrando os polegares para Kimimaro e Sakura.

— Voltaram na casa dela? Então vocês foram lá antes? – a suavidade na voz de Sasuke era tão aterradora que naquele instante, até Naruto e Kimimaro perceberam o perigo.

— Sakura não te contou? Que eu passei lá para vê-la e ela me pediu ajuda com o vestido? – Kimimaro perguntou dando um sorriso confiante, que vacilou sob o olhar de Sasuke.

— Ela não me contou nada – a voz de Sasuke não passava de um sussurro assustador.

— Me desculpe – Sakura pediu saindo de detrás das costas de Kimimaro. – Eu só não soube como te contar que o Kimimaro foi me visitar e eu acabei pedindo ajuda com a escolha do vestido e ele se ofereceu para vir com a gente.

— Não sabia que vocês tinham ficado tão amigos — Sasuke praticamente cuspiu a última palavra. – Onde você entra nessa história? – Sasuke vociferou para Naruto, que se afastou assustado.

— Eu também fui visitar a Sakura e chegando lá, encontrei os dois. Quando o Kimimaro soube que eu viria também, ele me pediu ajuda – Naruto respondeu em tom de quem pede desculpas.

 Antes que Sasuke pudesse abrir a boca e dizer qualquer coisa, Sakura tomou uma decisão e puxou-o para longe dos outros dois.

— Olha me desculpe por não tem contado nada, foi errado. Mas se não entrarmos agora, poderemos perder algo importante. Pode por favor, deixar a briga para quando chegarmos em casa? – Sakura implorou, segurando novamente as mãos de Sasuke entre as dela.

— Você não se livrará dela mais tarde – ele respondeu friamente e começou a subir os degraus pisando duro.

— Deu tudo certo? – Kimimaro perguntou preocupado quando Sakura se aproximou.

— Eu vou escutar mais tarde, mas pelo menos a missão esta a salvo – Sakura respondeu cansada. Ainda não tinha nem entrado no teatro e todo aquele drama já havia acontecido.

 Os três subiram juntos e em silêncio. A entrada não estava mais tão cheia, mas alguns retardatários ainda estavam por ali, deixando as portas de entrada difíceis para se passar. Sakura quase caiu quando um homem de cabelo loiro e olhos avermelhados esbarrou nela.

— Desculpe – ele disse antes de se afastar. Sakura achou que o conhecia de algum lugar.

 Não teve muito tempo para pensar quando viu Sasuke parado perto da entrada para a sala do espetáculo. Aproximou-se com cuidado e deu um sorriso fraco.

— Você me esperou.

— Não tive escolha, nossos assentos são lado a lado – ele respondeu friamente, demonstrando que ainda estava com raiva.

 Kimimaro e Naruto se aproximaram com apreensão, não ousando chegar tão perto quanto Sakura.

— Nós vamos cobrir uma área boa assim. Meu assento é na área esquerda, o do Naruto está na direita e vocês dois no meio – Kimimaro disse motivador.

— Vamos nos sentar antes que o espetáculo comece – Sakura disse e agarrou o braço de Sasuke, puxando-o para longe dos dois.

 Depois de alguns minutos tentando encontrar os assentos naquele mar de cadeiras vermelhas, os dois sentaram-se lado a lado em silêncio. Sakura olhou de soslaio para Sasuke e se aborreceu. Ele deliberadamente mantinha o olhar fixo para o outro lado, evitando qualquer contato com Sakura.

 Ótimo, fique com raiva porque eu arrumei mais alguém para nós ajudar, Sakura pensou com selvageria.

 As luzes se apagaram. Uma música triste e lenta preencheu a ampla sala. Uma mulher, com um suntuoso vestido roxo apareceu e começou a cantar. Parecia ser bem triste, apesar de Sakura não entender nada.

 Olhou novamente para Sasuke, mas este não estava ligando para a mulher que cantava. Esquadrinhava a sala com um binóculo dourado próprio para operas.

 Sakura tirou um binóculo idêntico ao de Sasuke e começou a esquadrinhar a sala. Via muitos rostos, a maioria concentrada no espetáculo, contudo, um velho dormia a sono solto duas fileiras à frente e um menino tirava meleca do nariz animadamente enquanto seus pais estavam absortos no espetáculo.

— O que exatamente estamos procurando? – Sakura pergunta em um sussurro quase inaudível.

— Não faço ideia, a parte do plano onde procuramos algo suspeito durante o espetáculo foi elaborada pelo Naruto – Sasuke respondeu no mesmo sussurro quase inaudível.

 Porém, depois de passar meia hora olhando pros lados com o binóculo e receber olhares carrancudos dos vizinhos de cadeira, Sakura admitiu que não estava acontecendo nada mais perigoso que o menino tirando meleca.

 Aprumou-se na cadeira e começou a prestar atenção da opera. A mulher tinha saído de cena, sendo substituída por um homem corpulento e outro vagamente familiar. Ajustando melhor o binóculo, Sakura focalizou o rosto do rapaz ao lado do homem corpulento. Ele cantava a plenos pulmões, seu rosto, outrora branco, estava tingido de vermelho pelo esforço, mas exatamente igual ao que Sakura se lembrava.

— Eu conheço aquele cara – Sakura disse mais alto do que pretendia. Recebeu um olhar azedo da velha sentada ao seu lado e deu um sorriso amarelo como pedido de desculpas.

— Que cara? – Sasuke sussurrou.

— O que esta cantando – Sakura informou.

— O gordo barbudo? – ele perguntou franzindo o cenho.

 Sakura olhou para o palco e viu que quem cantava agora era o homem corpulento. Não tinha percebido que a voz mudara, mas o outro rapaz continuava em pé ao lado do homem que cantava.

— Não, o outro. O que parece com você.

— Eu não pareço um palmito de peruca – Sasuke respondeu indignado.

— Vocês dois querem fazer silencio? – a velha pediu impaciente.

— Desculpe, vamos ficar quietos – Sakura disse dando outro sorriso amarelo a velha.

— Eu não pareço àquele cara – Sasuke insistiu, fazendo Sakura rolar os olhos de impaciência.

— Parecendo ou não, eu o conheço – a voz de Sakura estava tão baixa agora que Sasuke tinha que se inclinar para conseguir ouvi-la.

— De onde? Vocês são amigos? – Sasuke perguntou com ar indiferente.

— Não somos amigos. Naquele dia do parque, sabe, depois que o... – Sakura hesitou. Seus olhos cruzaram com os de Sasuke e ela percebeu que ele sabia muito bem do que ela estava falando. – Eu estava chorando e ele simplesmente começou a conversar comigo e eu nunca mais o vi de novo depois que fui embora.

— Bom, não é muita coisa, mas quando o espetáculo terminar vamos falar com ele. Pode ser apenas uma coincidência, mas... – Sasuke deixou a frase no ar. Não precisava completa-la.

 Sakura voltou seus olhos para o homem pálido no palco. A música era tão triste que fazia Sakura querer chorar mesmo sem entender nada do que estava acontecendo. Decorridos alguns minutos, o homem pálido deixou o palco e a música mudou.

 No primeiro instante, Sakura não entendeu porque o pânico a invadiu, mas logo depois, todo o seu corpo se inundou em compreensão. Era a música! A música que Sakura ouvira no sonho.

— Sasuke, essa é a música.

— Tem certeza? – ele perguntou ansioso. Sakura acenou afirmativamente. – Pegue o binóculo, vamos tentar ver se tem alguém agindo estranho.

— Vocês vão ou não vão calar a maldita boca? – a velha perguntou sem cerimônias, tinha um espasmo no músculo do queixo e parecia realmente zangada.

— Não, não vamos. E se você continuar me enchendo a porra do saco, eu prendo por desacato – Sasuke respondeu inflamado. A velha lançou-lhe um olhar avaliador e virou o rosto para o lado.

— Sasuke!

— O que? Não vou deixar essa morcega velha atrapalhar nossa investigação. Eu estou falando é de você mesma – Sasuke disse apontando o dedo para a velha quando ela lançou-lhe um olhar indignado. – Múmia pelancuda.

 Sakura segurou o riso. Múmia pelancuda?

— Vamos só tentar não chamar mais atenção ainda e procurar algo anormal? – Por mais que sejamos o mais anormal por aqui, Sakura completou em sua mente.

 Os dois começaram a vasculhar a sala novamente. Às vezes, sem motivo algum, sua mente se lembrava de Sasuke chamando a mulher de múmia pelancuda e Sakura tinha que refrear a gargalhada. Esquadrinhou fileiras e fileiras sem nada ver de diferente.

 Estava apontando o binóculo a esmo quando algo chamou sua atenção. Voltou o binóculo para o local e viu o homem de cabelos loiros e olhos avermelhados. Não estava muito longe dali e Sakura poderia jurar que, quando ela passou o binóculo rapidamente por ele, ele estava olhando bem em sua direção.

 No entanto, deveria ser imaginação de Sakura, porque ele estava olhando para ela. Durante todo o resto do espetáculo, Sakura virava o binóculo na direção do desconhecido, mas ele não olhara para ela hora alguma.

 Quando o espetáculo acabou e todos levantaram-se para ir embora, Sakura tinha certeza que imaginara o homem olhando-a. Ela e  Sasuke seguiram por entre as fileiras de cadeiras vermelhas, tentando chegar ao local onde os camarins deveriam estar.

— Onde vocês estão indo? – Kimimaro perguntou, brotando ao lado de Sakura e Sasuke.

— Eu tinha me esquecido que você estava aqui – Sasuke disse parecendo enojado.

— Estamos indo nos camarins. Um dos cantores veio falar comigo um dia no parque e como não temos pistas...

— Vocês vão tentar a sorte – Kimimaro completou dando um sorrisinho.

— Suas habilidades dedutivas são formidáveis – Sasuke desdenhou.

— Eu gostaria de saber onde o Naruto está – Sakura disse olhando a sua volta. Não queria ficar presa entre aqueles dois. – Eu deveria ligar para ele?

— Sakura? – uma voz conhecida chamou as suas costas, fazendo a vidente congelar. Não queria se virar, não queria se virar, não queria...

— Oi Yamato – Sakura saudou virando-se para encara-lo. Ele sorria amigavelmente, como se fosse a melhor coisa do mundo encontrar a ex-namorada. – Quanto tempo.

— Não sabia que você gostava de opera, você sempre foi tão simplória – ele disse ainda sorrindo amigavelmente.

 Sakura forçou um sorriso. Não sabia se encarava simplória como elogio ou não.

— Veio com o namorado? – ele perguntou apontando para Sasuke, mas pareceu registrar a presença do Kimimaro. – Ou ele é seu namorado? Por que tenho certeza que não são os dois. Você sempre foi devagar para o romance.

 Sakura viu que o desastre estava para acontecer. Tanto Kimimaro quanto Sasuke estavam com expressões assustadoras e quando eles abriram a boca para falar, Sakura rezou por um milagre.

— Por que vocês estão parados aqui? Eu estava esperando lá fora, mas vocês não vieram – Naruto queixou-se em vozes altas, chegando perto dos amigos.

 Uma ideia louca passou pela cabeça de Sakura. Agarrando o braço de Naruto, sorriu o mais convincente que pode e disse:

— Yamato, esse é meu namorado, Naruto.

 Sasuke e Kimimaro trocaram olhares chocados. Yamato parecia ligeiramente decepcionado, mas Naruto demonstrava clara confusão.

— Do que você... Ai! – ele exclamou quando Sakura pisou nos dedos do seu pé.

— Você é realmente o namorado da Sakura? – Yamato perguntou.

— Ao que tudo indica – Naruto respondeu carrancudo.

— Ele não é bem o seu tipo, não é? – Yamato parecia ter se recuperado. Voltando a sorrir amigavelmente, ele segurou uma das mãos de Sakura. – Foi bom te reencontrar. Sábia decisão baixar o nível depois que terminamos. Tchau. – E com uma piscadela, ele saiu da sala quase vazia.

— Quem era aquele cara e desde quando você e o Naruto estão namorando? – Sasuke soltou assim que Yamato se afastou o suficiente.

— Ele é meu ex-namorado e desde agora. Nós temos que ir, não sei se o pessoal ainda vai estar no camarim. – E sem ligar para as três caras confusas que a encaravam, Sakura disparou na direção dos camarins.

 Entraram em um corredor deserto e depois de um caminhada curta, começaram a ouvir vozes. Dobrando a esquerda, um sucessão de portas abertas mostravam os astros conversando, tirando a maquiagem, soltando o cabelo. Um homem alto e forte aproximou-se dos quatro com cara de poucos amigos.

— Não é permitida a entrada de fãs – ele informou. Era duas vezes maior e mais largo do que um homem normal.

— Não somos fãs – Sasuke falou. Tirou do bolso o distintivo da policia e mostrou-o ao segurança. – Somos da policia e viemos fazer umas perguntas a um dos cantores.

— Todos vocês são da policia? Ele deve ter feito algo muito errado – o segurança caçoou, dando passagem para que eles fossem aos camarins.

— Meu amor, o que estamos procurando? – Naruto perguntou, observando Sakura meter a cabeça para dentro de um dos camarins.

— Um cara parecido com o Sasuke e por que esta me chamando de “meu amor”? – Sakura perguntou confusa, tentando localizar o rosto do rapaz em algum lugar.

— Nós somos namorados ué – Naruto respondeu com simplicidade, dando um sorriso alegre. – Só não conte para a Hinata, porque eu estou saindo com ela e isso pode causar ciúmes.

— Tá saindo com a secretaria da Sakura? – Sasuke perguntou parecendo espantado.

— Não é nenhum crime, por que todo esse espanto?

— Ela é bonita demais para você. – Sasuke respondeu como se fosse óbvio que aquele era o motivo.

— A vida amorosa de vocês é ótima de se ouvir, mas eu achei o cara – Kimimaro informou.

 Sentado em uma cadeira de frente para um espelho, estava o rapaz pálido de cabelos negros. Os outros no camarim conversavam animadamente, mas ele parecia estar mais preocupado em ajeitar o cabelo.

 Quando eles entraram no camarim, a conversa parou. Todos os olhos se voltaram na direção dos quatro estranhos dentro da sala. Até mesmo o rapaz com quem foram falar pareceu notar a presença deles e se virou para melhorar encara-los.

— Sr.... É, qual é o nome dele mesmo? – Sasuke perguntou para Sakura, que balançou a cabeça negativamente. – Qual é o seu nome mesmo?

— Sai, Yamata Sai – ele responde sem emoções. – Não sei como passaram pela segurança, mas eu não dou autógrafo.

— Nós não somos fãs, somos da policia e gostaríamos de fazer umas perguntas – Sasuke informou em tom baixo, ciente de que todos prestavam atenção à conversa.

— Tudo bem, eu não tenho nada a esconder de ninguém – ele disse em tom alto, voltando seus olhos para as outras pessoas na sala, que recomeçaram a conversar. – O que vocês gostariam de saber?

 Com cuidado, Sakura tirou um pedaço de papel de dentro da bolsa e o desdobrou. Entregou-o a Sai com as mãos trêmulas.

— Poderia nos dizer o que estava fazendo nesses dias que estão nessa folha? Principalmente na parte da noite – Sasuke perguntou.

 Sai analisou a folha com atenção. Ficou um longo tempo sem responder nada, depois, pegou uma caneta em cima da mesa e começou a escrever na folha. Sakura trocou um olhar apreensivo com Sasuke.

— A maioria dos dias que estão aqui, eu estava trabalhando aqui à noite. Eu os marquei com um x, vocês podem perguntar na gerencia. Mas tem três dias nessa lista que eu estava encontrando uma garota. Anotei o telefone dela para que vocês possam perguntar a ela se estou mentindo ou não – Sai entregou a folha a um atônito Sasuke. – Mais alguma coisa?

— Você já viu alguma coisa esquisita por aqui Sr. Yamata? Algo anormal? – Sakura perguntou com delicadeza. Sai voltou seus olhos para ela, mas se ele a reconheceu do parque, nada disse.

— Não sei o que quer dizer com isso – seu rosto não demonstrava expressão alguma, o que o tornava um pouco assustador.

— Você entendeu muito bem a pergunta da garota – Kimimaro disse firme. Seu rosto estava impassível.

— Vocês todos são mesmo policiais? – Sai perguntou desconfiado.

 Pela segunda vez, Sasuke tirou o distintivo e o mostrou. Depois de alguns segundos olhando o distintivo, Sai pareceu se convencer.

— Eu sei de uma coisa.

— O que? – Sasuke perguntou tentando não transparecer animação.

— Duas semanas depois que estreamos aconteceu uma coisa bem bizarra. Eu estava bem aqui nessa cadeira quando aconteceu. Uma das cantoras deu um grito e quando fomos ver, ela tinha recebido uma caixa com um dedo humano dentro – o rosto de Sai não estava mais sem expressão. Ele parecia realmente assustado.

— Um dedo humano? Que cantora foi essa? Como entramos em contato com ela? – Naruto perguntou febrilmente, um bloco e uma caneta nas mãos, pronto para anotar todas as informações.

— O nome dela é Kurotsuchi, mas como vocês vão entrar em contato com ela, eu não faço ideia. Ela não apareceu mais depois desse presente bizarro.

 

 

Sakura não sabia o que dizer. Ela e Sasuke voltavam para a casa, mas não tinham trocado uma palavra depois que se despediram dos dois amigos.

 Seu estômago estava embrulhado e pela primeira vez ela sentiu verdadeiro pânico pela situação. A cantora sumira depois de recebeu um dedo. Sakura recebera uma caixa com vários pedaços diferentes. Era esse o seu destino? Sumir como a cantora?

 Talvez ela tenha fugido do país, uma vozinha em sua cabeça disse, tentando tranquiliza-la. Talvez ela tenha sido esperta e se mandado quando recebeu aquele dedo.

 Mas Sakura não poderia fugir, Sasuke precisava dela. Quanto mais Sakura pensava no assassino, mais ela tinha certeza de que ele estava envolvido na morte de Sasuke. Ela era a única que poderia descobrir como evitar aquilo. Jamais abandonaria Sasuke. Seria como deixar um pedaço seu para trás.

 Sasuke pode ser morto tentando salvar você, outra vozinha disse de forma maldosa, torturando Sakura com o seu medo mais profundo. E se Sasuke morresse tentando salvar a vida de Sakura? Nesse caso não seria melhor simplesmente fugir para bem longe?

— Sakura, você está bem? – a voz de Sasuke a arrancou de seus pensamentos. – Nós já chegamos, mas você não se mexeu. Estava tendo uma visão?

— Não, eu só estava pensando em como ela sumiu depois de receber aquele dedo – Sakura respondeu sinceramente.

— Ele não vai te pegar, eu não vou deixar – Sasuke colocou a mão sobre o ombro de Sakura. – Vai dar tudo certo.

 Incapaz de formular uma frase, Sakura acenou com a cabeça, piscando os olhos muitas vezes para dissipar as lágrimas. Saiu do carro entrou em casa. Queria se enfiar debaixo de seu edredom e deixar o medo sair em forma de choro.

— Eu queria conversar com você – Sasuke disse antes que Sakura pudesse se afastar. – Você tem cinco minutos para mim?

 Sabendo que não se livrara da briga por ter levado Kimimaro, Sakura se afundou em uma poltrona, incapaz de olhar para o rosto de Sasuke.

— Você está apaixonada pelo Naruto? – Sasuke perguntou sem rodeios.

 Esquecendo-se momentaneamente do seu desespero, Sakura aprumou-se na poltrona e olhou intrigada para Sasuke.

— Você andou bebendo? É claro que não!

— Mas você o apresentou como seu namorado – Sasuke respondeu em um tom falsamente indiferente.

— Só por que se eu tivesse escolhido ou você ou o Kimimaro eu estaria no meio de uma guerra – Sakura respondeu dividida entre choque e exasperação.

 Sasuke não respondeu nada. Quando Sakura pensou que a conversa acabara e começou a se levantar, ele lançou-lhe um olhar serio e disse sem hesitar.

— Eu amo você.

Silêncio.

— O que? – Sakura perguntou incapaz de digerir o que Sasuke dissera.

— Eu amo você e é por isso que fico louco só de saber que você e o Kimimaro se dão bem. Ele já me tirou alguém que eu amava, não quero que ele faça isso de novo – Sasuke parecia estar gastando cada grama de seu autocontrole para falar calmamente.

— Sasuke, eu e Kimimaro só nos damos bem e ele realmente sente muito pelo que aconteceu com a Karin. Ele não sabia mesmo.

— Você gosta de mim? – Sasuke perguntou ignorando tudo que Sakura dissera sobre Kimimaro, pegando-a desprevenida.

— Eu... Eu meio que gosto, mais ou menos. Mas não quero falar sobre isso agora – Sakura cortou, sentindo a culpa revirar seu estômago.

 Como poderia corresponder os sentimentos daquele homem se ela talvez fosse a causa de sua morte? Não podia fazer isso.

— Me desculpe Sasuke, eu realmente não quero falar sobre isso.

Dando as costas para o policial, Sakura correu para o quarto, o coração martelando contra o seu peito. Fechou a porta, sentindo seu corpo tremer da cabeça aos pés. O que Sasuke estava pensando? Se declarando daquele jeito, abalando toda a sua vida daquela forma.

 Não podia ama-lo, não tinha esse direito. Mas agora se sentia pior ainda por rejeita-lo. Ele a entendia e agora estava até acostumado com as visões. Era gentil do jeito dele e sempre tão honesto com ela sobre tudo.

 Se ele soubesse dos motivos de Sakura para rejeita-lo, com certeza ficaria bravo. “Quem é você pra decidir se vou morrer te protegendo ou não?”.

 Tomada pelo impulso, Sakura abriu a porta de supetão. Parado do lado de fora de sua porta, Sasuke estava parado, esperando por ela.

— Parece que você voltou ao seu juízo perfeito – ele disse dando um sorrisinho.

 E sem pensar nas consequências, Sakura atirou-se em seus braços e o beijou. Beijou-o como jamais beijara outro homem. Beijou-o com amor.


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