Caos em Virgini escrita por Widowmaker


Capítulo 1
0. Prólogo




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— Qual o meu propósito, Pai?

Tu apenas observarás, e jamais intervirás.

Minha existência começa num sussurro do criador, que deu vida ao meu corpo etéreo. O sopro da vida que entrou pela minha boca e animou todo o meu corpo, me fazendo abrir meus três olhos para enxergar o mundo ao meu redor. Nua, eu me encolhia nas nuvens, sem ninguém ao meu redor. Meus olhos vasculhavam os arredores, em busca de algo que me desse uma orientação, mas tudo o que eu sabia era que eu estava lá para observar.

Veja, não há necessidade para formalidades aqui. Eu sou uma deusa, padroeira dos sacerdotes e dos guias espirituais. Eu represento a misericórdia e a honestidade no mundo dos mortais, e meus mensageiros espalham minha ideologia pelo mundo. Meu nome é um pacificador, e minha existência é a esperança, mas, como tudo o que é influente em mentes frágeis, em minha religião, surgiram alguns falsos profetas, mentindo e manchando meu nome, usando-o para controlar meus seguidores como bem entenderem, como se fossem marionetes ao seu próprio gosto. Desprezível.

Quando um deus é distorcido a ponto de representar outra coisa além de seu propósito, sua divindade se esvai junto aos seus religiosos, e durante anos eu me senti enfraquecida pela corrupção de meus falsos profetas, que penetravam na mente de meus fiéis e destruíam tudo o que o Criador havia conquistado para mim. E eu me encontrava impotente, numa posição onde eu não podia reagir, apenas assistir meus poderes se esvaindo, e minha memória se escurecendo. A dor do vazio preenchia-me os pensamentos, e eu temia perder minha imortalidade para criaturas tão egoístas e perversas, então, aceitando ter que enfrentar quaisquer consequências, eu quebrei a única regra imposta pelo Criador sobre todas as suas criações divinas: Eu intervi.

Lutei pelo meu próprio nome, na esperança de limpá-lo e restaurar o equilíbrio e purificar meus templos. Castiguei e puni todos os que me macularam e me profanaram, defendi os indefesos dos monstros que os escravizaram usando meu nome e voltei ao meu trono, o meu lugar na mente dos mortais, e então, eu O senti.

O Executor.

Sua mera presença a mundos de distância já podia ser sentida. Um sentimento desconhecido por todos os imortais se alastrou em meu coração, como uma doença misteriosa. Eu experimentei o sabor amargo do medo. Experimentei o desespero, a ansiedade e a melancolia, se espremendo caoticamente dentro de mim. Com a chegada destes novos sentimentos, um grande mal também se instalou, e trouxe, consigo, minha mortalidade. Percebi o dano devastador de meus atos apenas quando senti minha primeira pena cair, e junto a ele, uma dor insuportável em minha cabeça. Vozes gritando horrorizadas, centenas ao mesmo tempo, expressando o meu medo de quando o Executor me encontrasse. Minha mente se escurecia e meu terceiro olho queimava, ardendo em desespero. Em meu templo celestial, onde eu mais me sentia segura, todas suas forças agora lutavam para me expulsar, e minha nuvem me falhou. Impotente e confusa, fui jogada para fora de meu lar, expulsa do céu e largada para cair, sem poderes para contestar. Aceitei meu destino cruel, fechando meus olhos, e ouvindo as vozes de minha cabeça repetindo diversas vezes que eu falhei.

Que o Criador me tenha.

            Principium.


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Notas finais do capítulo

Críticas são bem vindas;
Sem previsão para continuação.



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