Adult Wolf escrita por CASS


Capítulo 2
II — O primeiro dia do resto da sua vida.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Aqui, vocês já sabem algumas coisas que aconteceram nesse intervalo de vinte anos e conhecem alguns dos personagens novos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748920/chapter/2

MAIS CEDO, NAQUELA MESMA SEMANA

 

   Era apenas mais um novo, entediante, irritante e extremamente desnecessário primeiro dia de aula. Podia-se ver os novatos saltando empolgados para fora do ônibus escolar, e até mesmo alguns veteranos felizes em rever os amigos.

   Mas Allison não estava feliz. Na verdade, olheiras escuras frutos de uma noite de pesadelos marcavam sua pele pálida; a maquiagem não fora suficiente para esconder a profundidade das marcas. Seu cabelo estava bagunçado e solto, e ela estava sentada em uma das mesas do pátio da escola. Sozinha. Afundada em si mesma, talvez pela primeira vez na sua história. Tinha marcas de unhas no pescoço, que fizera à noite. Escondera com um lenço fino e azul, que fragilmente enlaçava seu pescoço. Seu cabelo estava solto, com os cachos bagunçados caindo pelas costas curvadas.

   Ultimamente, sonhos horríveis escureciam sua mente, e crises de raiva a atacavam sem aviso prévio. A única corajosa o suficiente para se aproximar era Chloe.

   — Garota, o que você comeu? — ela riu, sentando ao lado de Allison. — Parece que vai matar alguém.

   — Não sou eu que piro na lua cheia, lobinha.

   — Qual é, projeto de Stydia, assim você me magoa.

   A morena levantou o rosto para encarar a amiga, que ainda mantinha um sorriso vibrante nos lábios.

   — Stydia?

   — Stiles mais Lydia. — ergueu indicador e médio separados, juntando os dois. — Chama-se “shippar”.

   — Isso é coisa de vinte anos atrás, você é tão retrógrada... — Stilinski soltou uma risada fraca, balançando a cabeça.

   Chloe começou a raspar as unhas na madeira da mesa à sua frente, olhando em volta atentamente. Fez-se silêncio durante um tempo, e Allison sentiu-se na obrigação de continuar a conversa.

   — Nem me deu tempo de sentir sua falta.

   — Você chegou cedo pra burro, acho que você que não aguentou de saudade. — a loira enrolou uma das mechas cacheadas no dedo.

   — Precisava pensar.

   — Dispensou ir de carro com a galera, parece uma coisa séria. — Chloe deixou de sorrir por um segundo e encarou os olhos verdes da amiga durante um tempo. — Assim, seu namorado vai deixar você. — o sorriso reapareceu, ainda mais brilhante.

   Allison revirou os olhos.

   — Já disse que eu e Thomas não estamos namorando.

   Lahey soltou o cabelo e deu uma gargalhada, ainda com olhos fixos em um ponto atrás da outra.

   — Eu não estava falando do Tom, Ally.

   Os olhos de Allison correram para seguir os de Chloe. Ela encarava Benjamin McCall, com um sorriso malicioso. O garoto estava, como sempre, exibindo o físico esportivo para os novatos, com um taco de lacrosse em uma mão e um boné branco na outra. Stilinski ficou vermelha, e virou de volta para a posição de antes, não sem Ben reparar antes. Deu um soco em Chloe, provavelmente sentindo mais dor do que ela, que gargalhou.

   — Vai se ferrar! — segurou a mão com a outra. — Nunca!

   As duas começaram a discutir sobre o ódio que McCall e Stilinski compartilhavam, que era imenso, e Chloe sempre dissera que o futuro de ambos era ficarem juntos até a morte. Ally sempre respondia a mesma coisa “eu me mato antes de isso acontecer”. Não foi diferente daquela vez.

   A resposta de Allison foi dada poucos segundos antes de Benjamin se aproximar, com metade sua equipe nas costas, rodeado pelos melhores amigos, Parrish e Hover, colegas de aula das duas garotas também.

   — Ora, ora, Stilinski. — Benjamin murmurou, olhando a garota por inteiro. — Você está só o pó.

   Os garotos riram, e Chloe levantou.

   — Ô, babacas, deixem ela em paz ou eu arranco a garganta de vocês, uma por uma, e como no jantar.

   McCall deu uma gargalhada forçada, passando o taco para os ombros, com os braços ao redor.

   — Lahey, seu pai é beta do meu, cala a boquinha. — Chloe tentou argumentar, ou dar um soco no nariz perfeitinho de Ben, mas Allison puxou a loira para sentar novamente.

   Levantou-se, apoiando os braços na mesa, o rosto praticamente colado com o de Benjamin. O ato agressivo fez o lenço cair do pescoço, revelando as marcas, que desciam lentamente até o peito. O garoto ergueu as sobrancelhas, com um sorriso malicioso.

   — Noite em claro com o Raeken? — virou levemente a cabeça. — Pensei que eu fosse o senhor das garras aqui.

   Foi o suficiente para que mostrasse seus olhos esverdeados brilhantes¹.  Allison encontrou sua deixa para resposta ali, forçando um sorriso, o coração acelerado pela raiva.

   — Por quê? Está com ciúmes?

   Chloe levantou e ergueu as mãos, soltando um “uooooou” sonoro.

   — Deveria? — ele encarou a menina, desconcertado por um momento. — Você é só um mosquitinho de olhos bonitos. Por que eu deveria sentir ciúmes de alguém como você?

   Allison quis dar uma de Chloe e dar a resposta que ela daria. Mas apenas respirou fundo e cravou as unhas nas fendas da mesa.

   — Vaza daqui, McCall. Meu dia não precisa ficar pior com sua presença. — olhou para os outros garotos. — Vocês são tão legais, por que andam com essa coisa?

   — Coisa?! — perguntou, irritado. — Você é a coisa dessa conversa, Stilinski! Você grita e prevê mortes, isso nem é coisa de gente normal.

   — Posso fazer pior e ver sua morte, o que acha? — sorriu, e olhou para a amiga, que ergueu o corpo, tirando os cabelos dourados do rosto para mostrar os olhos, da mesma cor do cabelo.

   — Dois mosquitos tentando assustar um urso.

   — Você vai ver o mosquito, McCall. — ameaçou Chloe, tentando avançar contra o rosto dele com as garras à mostra, sendo segurada por Thomas, que aparecera atrás das meninas.

   — Já estão furiosas com esse Zé-ningúem? São só sete da manhã, gente. Relaxem.

   Chloe sorriu para ele, recolhendo as garras e voltando aos olhos azuis. Abraçou o amigo, e deixou o caminho livre para Allison lhe dar um selinho. Mesmo brincando sobre Ally e Ben, sabia que “Thomallison” era bem melhor.

   O selinho pareceu ter deixado Benjamin ainda mais furioso, que quebrou o taco de lacrosse no meio, o barulho fazendo o trio (Stilinski, Lahey e Raeken) se sobressaltar.

   — Não venho pra escola pra ver indecências de casal feio. — murmurou, e Parrish deu uma meia risadinha.

   — É só ir embora, McCall. — Thomas estendeu a mão para a porta de entrada da escola, calmamente.

   Aquilo deixou o filho do líder da matilha extremamente possesso, vermelho de raiva, tremendo o queixo para conter as presas. Colby Hover, o único humano que sabia de tudo até então, segurou o ombro de McCall, tentando puxá-lo para longe, sem sucesso. Parrish ajudou a puxar Benjamin, e finalmente foram embora. Allison suspirou, voltando a sentar no banco, e Chloe e Thomas a imitaram, a loira abraçando a amiga.

   — Ele é um babaca, só é assim porque o pai é o Alfa.

   — Grande merda. — respondeu Thomas, limpando a poeira imaginária da roupa. — É dor de cotovelo por não ser nada além disso.

   — Ele é o capitão de lacrosse. — Allison olhou para o garoto.

   — Repete comigo: Grande merda.

   O grupo riu. Thomas olhou para o relógio rapidamente. O alarme já ia soar, e ele precisava chegar, sem usar poderes, até o outro lado da escola para seu primeiro período.

   — Tenho história agora. Encontro vocês em química? — perguntou, levantando. Deu um selinho rápido em Allison e bagunçou os cachos de Chloe.

   — Claro. — respondeu a loira. — Até, Tommy.

   — Até. — abanou, correndo humanamente até a porta, abrindo-a.

   Stilinski segurou o rosto, olhando as unhas ainda cravadas na mesa. Soltou, massageando-as. Ainda era humana, mesmo que gritasse feito louca e previsse coisas ruins. Suspirou. Fora horrível prever a morte da mãe. Ela não queria ter que fazer aquilo novamente. O sinal soou, mas Allison não queria levantar, tampouco ir para aula e encontrar McCall sentado lá. Bufou pelo nariz, sendo erguida pela amiga.

   Elas começaram a andar para a entrada, também, e alcançaram a primeira sala com facilidade, entrando na aula de economia com o velho e irritante treinador Finstock. Sentaram-se nas primeiras cadeiras assim que ele abriu a porta, e quase fechou na cara dos gêmeos Greenberg. Nunca entenderam o motivo de o treinador odiá-los tanto.

   Ele ficou repetindo várias vezes que era para todos prestarem atenção, que a vida de quem estava no penúltimo ano não seria fácil e que ele não ia ajudar ninguém, muito menos os Greenberg. Muito menos eles.

   As aulas correram exaustivas para Chloe, mas Allison não prestava atenção. Era o primeiro dia de aula e ela estava com a mente em outro planeta. Nem percebera quando chegou o recreio, sentando com alguns colegas na arquibancada para ver o irmão treinando junto com aqueles mauricinhos. Aria e Corey eram os únicos McCall que Allison gostava, além, é claro, de Scott e Malia, que a tratavam como filha desde a morte de Lydia.

   — Terra chamando Stilinski! — gritou Tahnee, irmã de Thomas. — Onde está sua mente?

   — Sinceramente? — a garota murmurou. — Na minha mãe.

   Aquilo fez todos se calarem. Chloe abraçou a amiga de lado, e ela retribuiu, séria.

   — Já faz sete anos. Pensei que você já tinha superado. — murmurou Corey.

   — Você superaria? — perguntou Thomas. — Deixa a garota.

   — Eu queria poder fazer algo para mudar tudo.

   Silêncio. Silêncio assustador.

   ...

   Estavam todos prontos para sair para almoçar, Allison preferiu não comer. Foi até o banheiro sozinha para retocar a maquiagem que borrava aos poucos. Foi abordada na porta por Ben, com uma das mãos segurando a porta.

   — Tá chorando, Stilinski? — o escárnio presente em sua voz era tão forte que enjoava Allison. — Terminou com seu namorado?

   — Sai da minha frente, McCall, ou eu esqueço que você é o filho do meu alfa e te enfio tramazeira garganta abaixo. — ela disse, com os dentes trincados.

   O garoto deu de ombros, deixando-a passar, observando-a entrar no banheiro.

   — Bebê chorão.

   — Babaca.

   Bateu a porta com força, ouvindo um barulho de algo quebrando. Olhou em volta. Os vidros do toilette estavam intactos, as portas também, mas o barulho não saía da sua mente. Estilhaços forravam seus olhos, como se visse algo quebrando, mas isso não acontecia realmente.

   Já não conseguia mais ver nada, apenas o grande espelho escuro quebrando. Andou alguns passos procurando apoio, escorregando no chão úmido e caindo em cheio no chão.

   Por incrível sorte (ou terrível azar), Ben esperava para atazanar Allison lá fora. Ouviu o barulho, e o grito da garota, que saiu sem que ela mesma percebesse. Abaixou-se, segurando os ouvidos, antes de abrir a porta e encontrar a garota encolhida no chão, tapando os próprios ouvidos. Aparentemente, rasgara metade da blusa. Sangue escorria de seu nariz.

   Bastou um segundo de dúvida sobre ajudá-la ou não para ela começar a tossir, como se estivesse engasgada. Benjamin correu até o corpo dela, segurando-a no colo e correndo até a enfermaria, numa velocidade que ele tentava mascarar.

   ...

   — O que você fez com ela?! — foi o grito de Thomas Raeken para Ben.

   — Eu encontrei a garota gritando no banheiro, e a trouxe pra cá! — McCall deu um empurrão forte em Tom, usando ambas as mãos espalmadas no peito do adversário.

   — O QUE DIABOS VOCÊ ESTAVA FAZENDO NO BANHEIRO FEMININO, SEU DESGRAÇADO?

   — Chega, vocês dois! — gritou Chloe. — Eu vou ligar pro xerife Stilinski, vocês dois, parem!

   Lahey discou o número de Stiles rapidamente, tremendo. Ele atendeu, e ela contou tudo que acontecera, desde a noite anterior.

   Não demorou muito para que Stiles aparecesse junto com Derek e Scott na escola, correndo para a enfermaria, onde Allison permanecia inconsciente dentro da própria mente.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Te espero no próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Adult Wolf" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.