A realidade ofuscante de uma mente sem esperança escrita por Wesley Lew


Capítulo 6
Capitulo 6 - Ciclo Vicioso




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Oitenta dias antes

As vezes na vida parece que tudo vai dar certo, uma namorada, um emprego, um faculdade, tudo se encaminhando, você acorda mais animado, mais disposto, mais feliz, esquece de seus problemas e os substitui pelos momentos alegres que a vida tem a te oferecer, tentando a todo custo evitar uma crise existencial.

Com Luana tudo parecia ótimo, estava tudo indo muito rápido, e assim como tudo começou rápido, terminou rápido. Em uma conversa aleatória eu percebia que gostava dela, porem, não era amor. E dava para perceber que o mesmo vinha dela. 

—E se um dia tudo isso acabar?. Pergunta ela.

—Se um dia tudo acabar, lembre-se que a cada momento esteve feliz. Dou uma pausa, e continuo. -Tudo tem seu fim, exatamente tudo, porem, a diferença esta em como viver até que este fim chegue.

Ficamos em silencio por um tempo, ela me abraça, e neste momento percebo que assim como eu, ela não sabia nada sobre a existência, estava a procura por resposta. Procurava viver cada momento ao máximo.

—Quando vim para cá percebi que na verdade só estava fugindo da realidade, da minha família... E você foi a primeira pessoa com quem tive amizade. 

Eu já sabia onde esta conversa iria dar, meus pensamentos já me indicavam onde ela queria chegar. Eu sabia que amanha já não estaríamos mais juntos.

Estávamos sentados no sofa, o nootbook dela estava com um filme pausado que a pouco estávamos vendo, ela estava levemente deitada em meu braço enquanto conversávamos. Eu queria apenas congelar este momento para toda eternidade, mas não dava, a vida prossegue.

Queria saber o que falar para prolongar este momento, pois sabia que assim que ela termina-se a frase, não a abraçaria mais, não a beijaria mais, não dormiríamos mais juntos, a vida prosseguiria como sempre antes foi. Vendo filmes sozinho, indo para faculdade sozinho, tudo sozinho.

Abraço ela, e a deito no sofa e assim a beijo. Foi um beijo longo, ela agarrava meu cabelo enquanto passava minha mão pelo corpo dela. E depois se sentamos.

—Eu entendo, mas não fique triste, a cada momento que estivemos juntos foi bom. Digo enquanto lentamente se afastamos. 

—Podemos ainda ser amigos... Eu não tenho muitos amigos aqui na cidade, você sempre foi a pessoa com quem mais falei desde que cheguei. 

Apenas aceno com a cabeça enquanto se despedíamos, sabíamos que isso não iria rolar. 

 

Naquela noite

 

Deitado no sofa lendo um livro, evitava a todo momento pensar sobre o assunto. Sabia que pensar sobre o acontecido era apenas se torturar sem motivo. Minha vida antes dela era assim e agora voltava ser assim. Me conformava em pensar que foi apenas um pequeno momento de distração em um mar de solidão.

Era noite de Sábado, não estava a fim de sair. Nenhum amigo ou conhecido me mandava uma mensagem. Queria que alguém lembra-se de mim, pergunta-se "Oi, tudo bem?", porem, nada disto acontecia. Apenas eu, lendo um livro, enquanto no Spotify tocava um musica ao som de um piano. 

 

 

Em algum canto da galaxia 

 

A Comandante Thy nunca tirava sua armadura, a realidade de uma guerra era dura para todos que a participavam, até mesmo o vencedor de uma guerra sofre após seu termino. 

Já havia perdido qualquer sentido de bem ou mal, certo ou errado, justo ou injusto. Se você quisesse vencer uma guerra, todos estes conceitos apenas iriam te atrapalhar.

—Se não existe certo ou errado, o que impede de se cometer crimes? 

—Sua pergunta é tola. Retruca a Comandante.

—Se não existe bem ou mal, o que impede de sairmos matando uns aos outros?

Ela para, a expressão em sua cara de como se tivesse ouvido uma besteira era totalmente visivel e responde ao soldado.

—Se existe bem e mal, conforme vocês  dizem, é apenas um conceito furado, pois, antes de tudo, a Religião, a Filosofia, as Entidades, sempre diziam o que era certo ou errado, bem ou mal, e sabe qual a melhor? Nada disso impediu vocês de puxarem sua espada e matar quem diziam ser seu "irmão", pois simplesmente isto sempre foi uma besteira.

Aos fundos alguns soldados começavam a sussurrar "Ela conviveu tempo demais com Toni", "Soube que era amigos". 

Thy rapidamente vai até eles e diz.

—Vocês dizem seguir uma filosofia superior, ter uma moral superior, que existe alguém em algum lugar pensando em vocês, que vocês tem algum proposito, porem, tudo isto não passa de uma tentativa frustada de fugir da realidade, vocês não aceitam estarem aqui sem nenhum proposito, sem o que fazer e criam filosofias baratas para suprir este vazio existencial.

Todos ficam em silencio enquanto ela prossegue com seu sermão.

—A pouco me perguntaram o que impediria de uns matar os outros sem um ser mágico ditar estas regras, mas, quem ditou as regras foi quem inventou este ser mágico. 

A expressão de furria pelo modo que ela tratava as divindades era grande, porem a frustração e o medo que tinham dela eram bem maiores para se quer a interromper.

—Se vocês precisam disto para não matar uns aos outros, ao breve momento que perceberem que isto tudo é besteira, eu que não quero estar perto de vocês, pois, não existe diferença entre vocês e as pessoas que eu lutei dia após dia naquela maldita floresta Sherwood, e respondendo a pergunta, o único motivo para não matarmos uns aos outros é o convívio social e a segurança que temos em nossa autoridades que se caso alguém descumprir uma lei será punido.

A realidade havia mudado, a moral havia mudado, porem, as pessoas eram as mesmas, querendo sempre achar um motivo para tudo o que acontece. Mas, para todos aqueles que estiveram no campo de batalha Sherwood, nada mais fazia sentido.


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