A realidade ofuscante de uma mente sem esperança escrita por Wesley Lew


Capítulo 4
Capitulo 4 - Família




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Oitenta e seis dias antes

Num mar de infinitas possibilidades, a possibilidade de cair um meteoro na minha cabeça não estava fora delas, e é o que eu estava desejando neste momento ao ouvir o professor falar de Direito Tributário. Parecia tudo monótono, enquanto eu rabiscava mais um desenho em meu caderno em plena faculdade, eu deveria ter ido para artes, pelo menos meus rabiscos poderiam valer nota. 

Na infância quando uma criança mostra seu desenho todos adultos falam "Nossa, que incrível, este tem talento, devia investir em cima, temos aqui o próximo Van Gogh", quando você faz a mesma coisa aos 21 anos eles falam "Você não tem trabalho não? Vai ficar ai desenhando invés de estudar? Desenho não da dinheiro", destruindo todas esperanças que um dia criaram. 

Com o tempo você aprende apenas a ignorar a tudo e a todos, você cria um mundo apenas seu, onde você é livre, pode viver realmente sua vida. Porem, uma hora você precisa acordar e ver que aquele mundo não existe e o que restou? Uma realidade onde você acorda todos os dias as nove horas da manha, vai trabalhar as dez, volta as seis para ir a faculdades as sete e depois fazer trabalho até dormir. E talvez no fim de semana pode acontecer algo de bom, ou ao menos você espera que aconteça. 

 

Você reserva um pouco de dinheiro para gastar aos fim de semana sem que pese ou falte durante a semana, para você curtir um pouco, beber e tentar curtir alguma coisa. E na cidade não tinha cinema, eventos ou qualquer outro lugar que não fosse um Oppen Bar onde você já conhecia a maioria das pessoas que iam lá. 

Talvez ir para outra cidade, porem, todo ciclo voltaria a se repetir, e você acaba apenas cansando disto, de ir para festas, de ir beber, de ir estudar, de ir fazer tudo, apenas queria ficar deitado o dia todo.

—Toc Toc, tem alguém em casa?. Escuto uma voz, logo reconheço, era de minha mãe.

—Já vou abrir, só um segundo. Respondo com uma animação que faria um jegue se jogar da ponte.

—Viemos fazer uma visita. Comenta ela após eu abrir a porta, logo atrás dela estava meu pai e minha irmã. 

Realmente, eram minha família, porem, eu não tinha obrigação nenhuma de gostar deles. Pois, realmente, após 21 anos, ainda pareciam estranhos para mim, ao qual eu tive de obedecer suas regras por um tempo até arrumar um trabalho e sair de sua casa, e mesmo assim, ainda queriam dar palpite em minha vida.

—Vejo que não mudou nada. Diz minha irmã. Ela já era formada em Direito, passou no Exame da Ordem a uns 2 anos e ainda morava com meus pais.

—Nada precisa mudar, esta bom assim. Comento, enquanto coloco uma água para esquentar e fazer um café, porem, minha mãe já assume o controle da cozinha, que consistia em um espaço que tinha um fugão, uma mesa e uma cadeira, que quase nunca eram usados. 

—Deixa que eu faço, trouxe mais café para você. Comenta ela enquanto tira dois pacotes de Café Integral da bolsa. 

—Obrigado. Acrescento. 

Eu não devo os culpar nem os odiar, eles tentavam fazer o seu melhor, porem, sempre foram super protetores, enquanto eu só queria ficar na minha. 

—Encontramos com sua professora da creche, lembra, você amava ela e queria sempre ir na sua casa brincar com seu filho. Fala minha mãe enquanto a água começava a ferver.

—É... não lembro. 

—Você era muito novo, deve ser por isso. 

Já estavam sentando em um pequeno sofá da minuscula sala, que só cabia o sofá, uma mesa e a TV. Eu realmente não sabia se a TV realmente funcionava, pois, desde que ganhei ela, nunca a liguei tirando o dia que a ganhei para a testar.

Enquanto tomavam Café falavam de coisas aleatórias e eu já estava em meu próprio mundo perdido na conversa. E cerca de 20 minutos depois, já se foram. Não sei o motivo da visita, provavelmente para ver se eu estava bem, ou apenas ver se eu estava. 

30 minutos depois eu já estava sentado na cama, lia um livro para passar o tempo e olhava as horas no celular, Luana me manda uma mensagem avisando que estava pronta. 

Pego o carro, um celta ano 2010, cor preta, e vou até o local indicado, 10 minutos de distancia. Vejo a policia passando e logo em seguida os bombeiros, já imagino que deve ter dado algum acidente. Chegando no local, ela embarca, se cumprimentamos e já partimos. 

—Ficou sabendo? Agora pouco deu um acidente na Br. 

—Sim, vi a viatura e a ambulância passando agora pouco. 

—Pobre família, estava conversando com um amigo que conhecia ele, dizem que ele se suicidou, pegou o caro e apenas começou a dirigir e sem desviar apenas acelerou contra a barragem. 

—Nossa, que tenso, a família deve estar triste.

Chegando no local, curtimos um pouco, depois de 3 ou 4 bebidas acabamos se beijando. 

—Essa banda é muito boa mesmo, você tem um bom gosto.

—Não te disse? Eles são ótimos. 

E realmente eles eram, faziam um cover do Red Hot Chili Peppers simplesmente perfeito.

—Você tem hora para voltar?

—Não, a hora que quiser ir, só avisar.

Meia hora depois estávamos embarcando no carro, estávamos um pouco bêbados, porem ainda consciente do que fazíamos. Passo a mão na perna dela, e ela retribui com outro beijo. Ligo o carro e digo se ela não quer passar no meu apartamento. Ela aceita.


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