“O que está acontecendo? Não consigo me mover. O que você fez comigo?” Naruto questionou, tentando entender qual era a situação. Todos estavam confusos, aquilo os havia desestabilizados. As linhas de chakra saindo das mãos do inimigo não deixava dúvidas sobre o que acontecia: Ikari estava, de alguma forma, controlando os dois. Mas, como seria esse controle? Eles atacariam os companheiros? O que esse controle implicava?

Pela forma como o loiro falara, ainda parecia ter controle sobre o seu corpo. De onde Gai observava, com seus olhos afiados, o Uzumaki parecia se debater. De forma figurativa, é claro, porque como seu corpo estava sendo controlado, logicamente ele não poderia fazer algo de sua vontade; e sim, apenas o que o “mestre de marionetes” desejasse. Sabia porque os olhos azuis rolavam de um lado para o outro, deixando claro sua vontade de se mover.

Eliminou a possibilidade de ser um genjutsu. Os ninjas pareciam estar cientes de suas ações e no completo domínio de seus pensamentos e fala. A única coisa que parecia estar sendo controlado ali eram seus corpos. Que tipo de jutsu era aquele? Naruto e Sasuke eram os ninjas mais fortes já existentes, como teriam sido pegos em um jutsu tão bobo? Não estavam distraídos, tinha certeza. Então, como?

O Uchiha, do outro lado, tentou mover seu corpo. Frustrou-se, pois seus membros não obedeciam seu comando. Por que estava assim? Havia sido pego um genjutsu? Não, era um Uchiha, tecnicamente o mestre dos Genjutsus. Não poderia ter sido pego em um truque tão tolo. Mas caso não fosse isso, qual era a segunda opção? Era surreal o que acontecera. Ele e Naruto haviam sido pego sem nem ao menos pensar. O inimigo fizera um sinal de mãos e, de repente, eles não conseguiam mais se mover.

“Vamos acabar com essa brincadeirinha.” O homem de cabelos ruivos disse, começando a ficar irritado. Aqueles ninjas o estavam tirando do sério, apenas pensando e sem atacar. A maioria daqueles com quem lutou eram impulsivos e não pensavam muito sobre o assunto. Bem, mesmo que pensassem, sentiriam muita dificuldade para desvendar o seu jutsu. Poucos conheciam sobre aquela técnica e agradecia por isso, já que com o conhecimento ela poderia ser facilmente desfeita. Precisava fazê-los parar de pensar.

Moveu suas mãos e as linhas de chakra se mexeram, afetando os dois ligados a elas. Naruto e Sasuke mal tiveram tempo de raciocinar o que estava acontecendo antes que seus corpos se movessem sozinhos contra os amigos. O loiro partiu direto para os companheiros mais próximos, atacando Sai e Sakura, que foram pegos de surpresa.

O portador da Kyuubi era rápido, mais do que eles imaginavam. Claro, nunca acharam que algum dia lutariam contra ele, mas havia chegado a hora. Ele se lançava sobre eles como um raio, seus ataques de taijutsu fortes e precisos. Sakura era a melhor oponente naquele momento e ela e Sai nem precisaram se comunicar verbalmente para montar uma estratégia de equipe, ela no corpo a corpo enquanto ele ficava mais afastado lançando seus desenhos em cima do mais recente “inimigo”.

Até o momento estavam equilibrados, nenhuma das partes atingindo uma a outra. A mulher de cabelos róseos defendeu e atacou cada um dos golpes recebidos, preocupada com a situação, mas ao mesmo tempo orgulhosa de si mesma por estar sendo sujeito daquela situação e não mais a garotinha amedrontada que sempre se escondia atrás dos companheiros. Era uma ninja a altura de Naruto e Sasuke agora. Não andava mais atrás dele e, sim, ao lado.

Do lado direito, a luta também ocorria. Tenten, Lee e Gai ficaram encarregados do Uchiha, que, mesmo com uma mão só, era extremamente habilidoso. Empunhava sua espada com destreza e, por pouco, eles não haviam conseguido arranhões. Não era sorte, era fruto do treinamento. O time estava a tanto tempo junto que haviam se habituado a lutar em equipe. Atacavam e defendiam as costas uns dos outros em perfeita sincronia; mas sabiam que aquilo não duraria por muito tempo.

Por enquanto, estavam usando apenas taijutsu, mas quando Sasuke começasse a usar seu Sharingan. E também, o Rinnegan… não seriam páreos para ele, precisavam ser sinceros.

A única pessoa que havia conseguido parar Nagato havia sido Naruto. Que, para a infelicidade deles, estava lutando do lado inimigo. Eram fortes, mas não o suficiente. Gai sempre poderia abrir seus portões e usar sua técnica secreta, como fizera na guerra. Mas, mesmo que Lee fizesse o mesmo, não seriam capazes de derrotar Naruto Uzumaki e Sasuke Uchiha juntos. Precisava pôr sua cabeça para pensar numa solução para trazê-los novamente para o lado deles, só assim teriam uma chance de vencer. Para isso, precisava descobrir porque apenas os dois haviam sido fisgados pelas linhas de chakra, já que a sombra tocara a todos inicialmente.

“Lee, Tenten, deixo Sasuke com vocês a momento.” O sensei mal teve tempo de registrar as expressões de choque de seus alunos antes de se retirar da luta e se afastar o suficiente para pensar na situação. Precisava confiar no seu time. Por mais que parecesse impossível a vitória, pelo menos conseguiriam ganhar um pouco de tempo para pensar na situação.

Acalmou sua mente, deixando-a vagar para todos os lados, fazendo um mapa mental de todas as informações que tinha a sua disposição. A principal delas era o fato do Hokage ter escolhido a dedo a antiga formação do time 7, especificamente para esta missão. O Maito estava ciente do episódio da construção da ponte e o encontro com Zabuza, mas tudo o que sabia era o que ouvira. Não estava presente para saber detalhe por detalhe do que havia acontecido. Por hora, confiaria no senso de Kakashi.

Voltou a se aproximar dos companheiros, observando-os enquanto travavam lutas acirradas. Sakura já estava ofegante, mas não aparentava que desistiria tão cedo. Sai movia suas mãos tão rápido para desenhar que Gai quase não conseguia acompanhar o movimento. Lee e Tenten atacavam de forma conjunta, ela alternando entre chutes e seus instrumentos ninja, enquanto o Rock aproveitava toda a sua velocidade; os pesos já estavam jogados em um canto.

“Sasuke, Sakura, Naruto, vocês podem me contar em detalhes o que aconteceu na sua luta contra o Zabuza?” Ele perguntou, com a voz calma. Os três pares de olhos se moveram para a mesma direção, sem interromper a luta que travavam.

“O que você quer dizer com isso, Gai-sensei?” A Haruno perguntou, confusa. Durante a viagem, citaram a história da ponte, mas ela não conseguia entender exatamente a relação entre as duas coisas. E agora ele estava perguntando abertamente sobre isso, no meio do duelo…

“Naruto usou a raposa e derrotou Hakú, enquanto Kakashi cuidou propriamente de Zabuza.” Sasuke já havia entendido a situação. Já havia pensado nisso algumas vezes depois de ouvir sobre a missão e acreditava que toda a informação seria necessária para fazê-los se livrar do que os prendia a Ikari.

“Por qual motivo o Naruto despertou a raposa? Qual foi a chave para que ela o dominasse?” Incentivou-o a continuar, pensando em um panorama mais amplo, de forma a encaixar todas as peças que faltavam. Que eram muitas, inclusive.

“Chega de conversas! Uchiha Sasuke, você me deu uma ótima ideia!” Ele estava começando a ficar irritado. Aquele parecia ser um time diferente dos panacas que enviavam para lidar com ele e era por isso que precisava tomar mais cuidado. Eles se conheciam bastante, as fraquezas um do outro e as forças, principalmente os embates formados.

A mulher de cabelos róseos e o homem pálido sabiam exatamente onde se defender do herói de Konoha, como se tivessem gravados passos de uma coreografia de dança, executando-a com extremo afinco; ninguém acertava ninguém. Do outro lado, Sasuke conseguia acertar os companheiros, mas, de onde o ruivo via, o homem de cabelos de tigela parecia deixar ser acertado, para, logo em seguida, acertar o moreno com a mesma força.

Uma outra ideia passou pela sua cabeça. Precisava fazer com que Naruto e Sasuke se unissem, completando-se, e passassem a travar batalhas com o grupo oposto. Abriu um sorriso cruel, bolando uma estratégia em sua mente. Trouxe sua marionetes mais para perto de si, interrompendo as lutas.

“Acho que está na hora de mostrarem um pouco de poder. Toda essa luta corporal está me deixando entediado.” Os ninjas da Folha se perguntaram o que viriam. Nenhum deles ficou surpreso quando Naruto começou a ter um brilho laranja, o manto da nove caudas ao seu redor e Sasuke ativou seu Sharingan. Ao invés disso, tiveram receio. Já estava sendo difícil lutar com eles em seu modo normal, naquela nova forma… aquele poderia ser o fim. “Raposa, a morena dos coques e os dois cabelos de tigela são seus… o Uchiha pode ficar com os outros dois. Agora sim as coisas vão ficar interessantes.”

Os corpos deles obedeceram prontamente. Naruto estava mais rápido do que o normal, se é que isso era possível. Tenten foi jogada do outro lado, entrando em colisão com uma árvore antes que pudesse piscar. Lee, mais rápido, defendeu-se do golpe que recebeu, mas por muito pouco. Gai sabia que não havia mais tempo para pensar, enquanto estivessem lutando nenhum deles teria cabeça para bolar estratégias. E isso era ruim. Precisava dividir os times agora, de acordo com suas habilidades, ou estariam todos mortos em questão de minutos.

“Estejam atentos! Eu e Sakura iremos contra o Sasuke, somos os mais capacitados aqui para lidar com o Sharingan. Tenten e Lee, usem todo o seu treinamento corporal para deter Naruto. Sai, você sabe o que fazer. Todos em suas posições.”

Na teoria, a estratégia estava perfeita. Mas, na prática, as coisas aconteceram de uma forma diferente. As duas marionetes estavam programadas para atacar pessoas específicas, o que acabava colocando os times que Gai formara por água abaixo. Tudo se tornou uma confusão e não havia tempo para pensar em quem atacar, tudo estava acontecendo muito rápido.

Sasuke percebeu, então, que seu corpo se movia sozinho. Por ser uma marionete, pego pelas linhas de chakra, não precisava gastar forças mentais para pensar na luta; seu corpo se movia sem ele ao menos registrar o que fazia. O que significava que ele tinha todo o espaço da sua mente para se pôr a pensar. Naruto também, mas, bem, comunicar isso a ele era difícil. Os dois se moviam em sincronia, entretanto não exatamente próximos.

Era ele, somente ele, sozinho no vazio de sua mente. Resolveu continuar a linha de pensamento de seu sensei, começando do início, quando lutaram na ponte. Precisava voltar ao passado.