Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 29
Ahkvata, Cidade em Guerra


Notas iniciais do capítulo

Após encontrar uma das fugitivas que Thanos libertou de Ahkvata, a Divisão Sigma inicia os preparativos para uma invasão em larga escala que pode mudar os rumos da Guerra Gem.



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— AAAAAAAAARRRRRRRRRRGGGGGGHHHHHHHH!!!

Um grito ecoou pelo Jardim de Infância Beta, mas nenhuma das gems se importou muito, pois sabiam quem havia emitido aquele grito e o porquê: Ônix. A segunda oficial no comando da Divisão Sigma havia sido poofada após ter seu braço decepado por um golpe de machado certeiro desferido por Gilius Thunderhead, um dos guerreiros humanos do Esquadrão Platina. A gem negra havia recuperado sua forma física pouco antes do dia raiar (lembre-se de que o capítulo anterior acabou num horário noturno). A primeira gem que a recebeu foi Larimar, que deu um abraço bem apertado na oficial superior, mostrando profunda alegria por vê-la de volta. Ônix retribuiu com um sorriso amarelo, enquanto ela fitava o olhar nas próteses que estavam do lado de Larimar.

As malditas próteses que caíram do corpo dela quando foi poofada.

“Vamos logo com isso. ”

Foi a primeira coisa que Ônix disse para Larimar. Ela não se preocupou em perguntar como a gem azulada estava, ou o que aconteceu enquanto ela estava fora, nem mesmo agradeceu Larimar por ter cuidado de sua pedra. Esta insensibilidade fez Larimar ficar cabisbaixa, mas ela compreendeu o porquê: Ônix teria que reinstalar TODAS AS PRÓTESES que faziam parte de seu exoesqueleto de batalha, e aquilo era um processo para lá de doloroso. O grito que ela havia acabado de dar era o resultado de Larimar ter-lhe encaixado um dos anéis protéticos que ficavam em sua costa, e ainda faltavam dois, fora os “brincos” que ela tinha que colocar em sua orelha. Os anéis serviam, entre outras coisas, para permitir a montagem do exoesqueleto de batalha em seu corpo e permiti-la acessar com facilidade a rede de comunicações de Homeworld.

Larimar ficou bem desconfortável ao ver o tanto de dor que Ônix havia sentido com aquilo. Ônix já havia dito que estava acostumada com aquilo, mas Larimar não estava, e a cena foi tremendamente desconfortável para ela.

Larimar pegou o segundo anel protético. Ao acionar acidentalmente um mecanismo dele, ela viu o que pareciam ser vários dentes saindo dele, e um deles quase a espetou. Aquilo deixou a gem azulada ainda mais desconfortável, porque era inimaginável para ela como alguém conseguia aguentar ficar dia e noite com aqueles dentes fustigando sua forma física. Nesse ínterim de desconforto, Larimar começou a demorar e a aborrecer Ônix.

(Ônix): Larimar, anda logo! O que você está fazendo aí atrás?

(Larimar): N-Nada, eu já vou terminar de instalar tudo, eu prometo.

Larimar instalou outro anel e Ônix deu outro grito, que novamente assustou Larimar. A gem azulada então segurou a mão de sua oficial superior, como uma forma de confortá-la e instalou o último anel protético. Dessa vez, além do grito, a força de Ônix quase esmagou a mão da pequena Larimar, que começou a choramingar.

(Ônix, se levantando): Larimar, você está choramingando por quê?

(Larimar, choramingando): V-Você apertou minha mão com muita força!

Ônix deu uma olhada na mão de Larimar, para ver se havia algo que lembrasse mesmo um ferimento. Como não achou nada, a oficial superior simplesmente desconversou.

(Ônix): Ora vamos, nem foi tudo isso, sua mão ainda está tão boa quanto antes.

Ônix não fazia o tipo emotivo, ela nunca fez. Por causa disso ela frequentemente não entendia o comportamento de Larimar, que frequentemente se deixava afetar por coisas mínimas: se ela estava na ilha que servia de base para a Divisão Sigma, ela só queria saber de nadar no mar, subir nos coqueiros e correr pela floresta. Se alguém levantava um pouco a voz contra ela ou segurava sua mão com um pouco mais de força, ela ficava toda sentida. Ônix não era apática em relação a esta flutuabilidade emocional de Larimar, mas, por não saber lidar com aquilo, ela preferia ignorar aquilo tudo.

(Ônix): Vamos Larimar, vamos voltar para junto das outras.

Ônix e Larimar estavam num lugar não muito afastado, perto de um buraco de saída que estava deitado (sim, o Jardim Beta era tão destrambelhado que uma gem chegou a sair deitada. Isso para não entrar no mérito do buraco de saída que teve que fazer uma curva para acompanhar a parede), mas logo se dirigiram à clareira onde as gems estavam concentradas. Ônix se aproximou de um grupo de gems que estavam sentadas, rindo e conversando, dentre as quais estavam Jasper e Citrina.

(Ônix): Onde está a Comandante Cornalina?

(Jasper, sem prestar atenção): Sei lá.

(Ônix, séria): “Sei lá”? Isso é jeito de falar com sua oficial superior?

Quando Jasper se tocou de com quem ela havia falado, prontamente ela se colocou de pé e fez a saudação usual, acompanhada pelas gems que conversavam com ela, que a imitaram como se fossem suas sombras.

(Jasper): Não, senhora!

(Ônix): Bem melhor. Sabe onde está a Comandante Cornalina?

(Jasper): Não senhora. Ouvi alguma coisa sobre ela ajudar na vigilância do Jardim Beta, mas não sei exatamente onde ela está.

(Ônix): Entendo, então Larimar e eu vamos atrás dela. Descansar, soldado.

(Jasper): Não, senhora. Digo, digo, sim, senhora!

(Ônix, se dirigindo à Larimar): Vamos, Larimar.

Enquanto isso, Cornalina estava na ala leste, junto com Jet, Bixbita e mais alguns quartzos. O pequeno grupo estava ali a fim de detectar qualquer possível retaliação da parte da rebelião. Mas no momento, tudo o que elas viam eram as terras áridas que se estendiam infinitamente por aquela região.

(Quartzo Amarelo): Eu realmente estou começando a ficar entediada. Por que nós estamos aqui mesmo?

(Cornalina): Para procurar por resquícios de atividade rebelde. Lembrem-se que não foram só as Crystal Gems que nos atacaram. Tinham muitos humanos lá, e nós sabemos por experiência própria que eles não largam o osso facilmente.

(Bixbita): Verdade, só lembrar do que aconteceu quando ficamos ilhadas naquela cidadezinha abandonada.

(Jet): Ou do contra-ataque que eles armaram pouco antes de termos tomado aquela cidade deles.

(Quartzo): É, vocês têm um ponto. Mesmo assim, nós não só vencemos uma batalha importante, mas também matamos um dos membros do esquadrão de elite deles, o não sei o quê Prata.

(Cornalina): Esquadrão Platina, e se você acha que termos matado um deles é motivo para eles se abalarem, isso mostra que você não conhece os humanos. Muito provável de, agora mesmo, eles estarem planejando um contra-ataque que vai ser executado em questão de horas.

(Bixbita): Verdade, o poder de reação dos humanos é muito rápido. Minha hipótese para isso é que eles aprenderam a usar os teletransportadores e estão usando-os para espalhar vários batedores colônia afora.

(Quartzo): Caramba, isso explica aqueles humanos de pele vermelha e penachos na cabeça que viviam aparecendo por aqui.

(Cornalina): Eram batedores, sem dúvida.

Ônix e Larimar encontraram Cornalina e se juntaram à tarefa de vigia que a líder da Divisão Sigma já estava executando.

(Cornalina): Ah, bem-vinda de volta Ônix. Ocorreu tudo bem?

(Ônix): Sim, obrigada. Só o incômodo de sempre com as próteses e instalações. Você sabe, o usual. A propósito, o que está acontecendo?

(Cornalina): Nada demais, estamos apenas vigiando. Os humanos podem acabar voltando a qualquer momento, apesar da derrota que impusemos a eles.

(Larimar): Algum sinal deles?

(Cornalina): Até agora não.

(Ônix): Espera... tem alguém vindo! Meu detector de movimento está apitando!

Todas as gems se colocaram em posição de alerta.

(Cornalina): Quantos são, Ônix? São humanos ou Crystal Gems?

(Ônix): Bom... é apenas uma.

(Cornalina): Apenas uma gem? Está falando sério?

(Jet): Seja lá quem for, eu vou dar um jeito nela. Me cubram.

(Bixbita): Peraí, não seja precipitada, Jet!

Jet desceu para a via de entrada da ala onde ela estava, acompanhada por Ônix (armada com seu canhão de braço) e por Larimar (armada com seu arpão), enquanto o resto do grupo ficava nas paliçadas naturais, prontos para atirar ao menor sinal de hostilidade.

(Jet, perguntando para Ônix): Onde ela está?

(Ônix): Atrás daquela pedra.

(Jet, levantando a voz): Nós sabemos que você está aí! Saia com as mãos para cima ou vamos estilhaçar você assim que a virmos!

A gem saiu de trás da pedra: era uma pérola negra, de feições delicadas, que mantinha as mãos levantadas e um pouco trêmulas.

Mas também tinha uma expressão de emotividade ao reconhecer a lignita da Divisão Sigma.

(Pérola Negra): J-Jet?

(Jet): ... Erla?

Assim que as duas se reconheceram, Jet simplesmente desfez sua katana no ar e saiu correndo para abraçar a sua querida pérola, desaparecida desde que ela lutou contra um grupo de humanos que tentou fugir de um dos zoológicos gems. Ela jurava que, àquela altura do campeonato, ela nunca mais veria sua pérola, ou “Erla”, como ela gostava de chamar (Erla é diminutivo de “perla”, “pérola” em espanhol). Ao ver que a gem era aliada, todas as outras que estavam vigiando desceram para encontra-la também.

(Jet, chorando de alegria): Eu senti tanta saudade de você!

(Erla, chorando de alegria): Eu pensei que nunca mais fosse ver você de novo!

(Jet): O que aconteceu com você? Onde você este durante todo esse tempo?

Erla abaixou a cabeça, mostrando estar angustiada por conta das lembranças traumáticas trazidas à tona por aquela única pergunta.

(Erla): E-Eu... eu fui prisioneira na cidade dos humanos.

(Jet): O quê?

(Erla): Eu fui prisioneira do rei deles, fui obrigada a servi-lo de todas as formas.

(Jet, ficando zangada): O que eles fizeram com você?

(Larimar): Jet, não force ela.

(Erla): Ele... ele...

(Jet, séria): “Ele” o quê, Erla?

(Erla): Ele batia em mim! Ele batia em mim sem motivo! Ele me jogava numa masmorra, onde havia várias outras gems prisioneiras, e me chicoteava até eu perder minha forma física! Depois ele pegava minha pedra e a usava para adornar um enfeite humano!

(Cornalina): Minha Diamante...

(Bixbita): Como você escapou dele?

(Erla): Um humano me ajudou a fugir! Ele simplesmente lutou contra o rei dos humanos, que me mantinha prisioneira, depois ele destruiu a prisão e libertou todas as gems. Os outros humanos foram atrás dele, mas ele acabou fugindo.

(Bixbita): Impossível! Como um único humano destrói uma prisão, liberta dezenas de gems e consegue vencer outros humanos, SOZINHO???

(Erla): Eu não sei, só sei que ele tinha como arma duas luvas estranhas.

Aquela única frase deu um terrível flashback em Cornalina.

(Cornalina): Você disse que esse humano tinha o quê, Erla?

(Erla): Ele tinha duas luvas... por quê?

(Cornalina): E você disse que ele fugiu também?

(Erla): Sim... por quê?

(Cornalina, se dirigindo à Ônix): Ônix... você lembra que tinha um humano que volta e meia aparecia no campo de batalha usando umas luvas estranhas e liderando o Esquadrão Platina?

(Ônix): Sim, lembro perfeitamente!

(Cornalina): Ele desertou! Por isso vencemos o Esquadrão Platina na última batalha! Ele não estava lá para liderar os próprios soldados!

(Ônix): Isso não faz sentido! Por que ele não estava?

(Cornalina): De que importa isso? Sem ele, nós temos chance contra o Esquadrão Platina! Não, nós temos chance contra todos os nativos que lutavam ao lado dele!

(Jet): No que você está pensando, Alina?

(Cornalina): Erla, quantas gems tinham prisioneiras na cidade onde você estava?

(Erla): Dezenas delas, talvez tivesse até centenas, mas eu não cheguei a ver todas.

(Cornalina, decidida): Os humanos não estão apenas destruindo nossas naves e roubando nossa tecnologia! Eles estão escravizando nossas irmãs! Estão mantendo elas prisioneiras e as torturando! Estão poofando gems e usando as pedras delas como enfeites! ENFEITES!!!

— Igual àquela rainha humana que tentou lhe matar.

Quem tinha falado era Jade, que até então ouvira a conversa em silêncio e, por isso, acabou passando despercebida.

(Jade): Aquela rainha humana que tentou matar você e que eu quebrei o pescoço dela... ela também usava várias pedras de gems como adorno! Foi por isso que eu matei ela!

(Cornalina): Erla, se eu lhe der um mapa, você saberia dizer onde fica essa cidade?

(Erla, nervosa): E-Eu não sei... talvez...

As gems que estavam com Cornalina começaram a ficar surpresas com tamanha agressividade que ela estava mostrando em sua postura.

(Cornalina): Ônix, eu quero que você entre em contato com a Diamante Rosa e a Diamante Amarelo! Elas devem ser informadas disso! Se a principal força de ataque dos humanos está realmente defasada, então nós iremos tomar a iniciativa dessa vez! Chega de ficarmos nos escondendo, esperando que eles ataquem! Vamos levar a luta até eles e fazer justiça às nossas irmãs de armas!

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Antes de chegar às Diamantes Amarelo e Rosa, a mensagem de Cornalina havia percorrido meio mundo de gems, e todas elas queriam a mesma coisa: um ataque maciço e fulminante contra a cidade dos humanos. Uma coisa era eles desafiarem Homeworld para defender o mundo deles, isso era completamente natural, vários povos fizeram isso antes (antes de serem extintos). Tomar as armas e a tecnologia gem para usá-la contra Homeworld? Bem, eles eram os primeiros a fazerem isso de forma bem-sucedida, mas outros já tinham tentado, então era algo compreensível também. Mas torturar prisioneiras, poofa-las e usar suas pedras como adorno? Isso era ultrajante! Nem mesmo a odiosa desertora Rose Quartz havia descido tão baixo!

Se bem que... por defender os humanos, Rose defendia, por tabela, tudo o que eles faziam. Claro, talvez ela discordasse, mas quem se importa? Aquilo era uma propaganda incrível, saída diretamente da boca de uma testemunha ocular! Foi justamente aquela propaganda que deu ainda mais motivação para as gems combaterem os humanos, após a grande vitória no Jardim Beta.

Justamente toda essa comoção havia permitido à Cornalina e Ônix conseguirem uma videoconferência com suas respectivas Diamantes.

(Diamante Amarelo): E onde estão localizados estes humanos que você pretende atacar, Cornalina Laranja?

(Cornalina): No setor sigma da Faceta 5.

(Diamante Amarelo): Entendo... justamente o mesmo lugar onde a Comandante Hessonita sofreu sua primeira derrota. Graças ao infame “Esquadrão Platina”.

(Ônix): Verdade, mas agora é diferente! Como nossa fonte já disse, o líder deles desertou. Não sabemos sob que circunstâncias, mas ela foi uma testemunha ocular disso tudo! Com a morte de um dos guerreiros deles, e mais a deserção de seu líder, eles estão vulneráveis.

(Diamante Rosa): Espere, como podemos ter certeza de que essa informação é verdadeira?

(Cornalina): Temos um banco de dados com registros de diferentes membros dessa força de elite dos humanos, bem como de suas aparições nos campos de batalha. O líder deles não foi visto por ninguém na última batalha, o que bate perfeitamente com a história da Pérola Negra de Jet, digo, da Lignita J3T1.

(Diamante Amarelo): Isso é perfeito! Eu autorizo seu ataque! Vou reunir uma equipe de comandantes e encaminhá-los até sua localização. Vocês devem trabalhar juntos para tomar essa cidade, custe o que custar!

(Diamante Rosa): Espere, Amarelo! Talvez devamos reconsiderar! Muitas gems podem acabar sendo estilhaçadas. Não estamos falando de uma cidadezinha qualquer, estamos falando, provavelmente, da maior cidade dos humanos!

(Diamante Amarelo): E é por isso que não devemos perder tempo!

(Diamante Rosa): Eu só acho que talvez nós não devamos...

(Diamante Amarelo): Quieta, Rosa! Eu estou no comando!

(Diamante Rosa): Não é justo! Esta é minha colônia!

(Diamante Amarelo): E você não soube administrá-la! Sua falta de pulso para com as rebeldes permitiu que elas arregimentassem humanos para a causa delas, e estes humanos estão nos causando muita dor de cabeça! Eu e Azul lhe avisamos que você deveria desmontar cada cidade deles o mais rápido possível, mas não, você preferiu investir recursos e mais recursos em protótipos de zoológicos, a fim de preservar esta espécie, não é mesmo?

(Diamante Rosa): Este é o mundo deles, e eles são uma raça nova. Não podemos simplesmente extingui-los sem aprender nada sobre eles.

(Diamante Amarelo): Bem, pois nós aprendemos. Aprendemos que eles não passam de bestas irracionais que não querem diálogo e usarão de todas as formas possíveis para atrapalhar nossos planos. *se voltando para Cornalina Laranja* Comandante, você tem a minha permissão para dar continuidade à sua campanha. Reunirei um grupo de oficiais e suboficiais para lhe fornecer apoio. Ataque-os quantas vezes forem necessárias!

A videoconferência foi interrompida e a sorte foi lançada. Cornalina agora tinha carta branca para liderar uma ofensiva sem clemência contra os nativos resistentes.

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A grande movimentação de tropas da força-tarefa encarregada de atacar Ahkvata não passou despercebida pelos residentes. Sebek tinha dezenas, até centenas de batedores espalhados por regiões longínquas, graças aos teletransportadores gems que os humanos aprenderam a usar. Um desses batedores, um beduíno montado em um camelo, entrou a toda velocidade em Ahkvata, passando pelos portões da cidade e rasgando a rua principal cavalgando como se tivesse o diabo nos calcanhares. O beduíno estava se dirigindo ao palácio, mas viu, de relance, que o rei Sebek estava supervisionando a cidade em um passeio diário. Ele imediatamente se dirigiu ao cortejo e parou o camelo em frente a ele, obstruindo a liteira real.

(Sebek, aborrecido): Quem ousa interromper meu cortejo real?

(Beduíno, descendo apressadamente do camelo): Vossa Majestade, sou eu, Aarif, um de seus batedores! Surgiu uma emergência!

(Sebek): Que emergência pode ser tão grande a ponto de você interromper a inspeção diária de meu reino?

(Aarif): Um exército enorme dos gigantes de cristal está se arregimentando! Os outros membros de minha caravana estão espionando o inimigo e todos nós chegamos à mesma conclusão: eles estão vindo para cá!

Imediatamente, todos que estavam próximos à Sebek começaram a cochichar entre si, mostrando um forte sentimento de preocupação e desconfiança.

(Aarif): Precisamos reunir o Esquadrão Platina e contatar o faraó do Egito para planejarmos um ataque preventivo.

(Sebek): Isto não será possível... Thanos desertou, Menob morreu no último combate e meu irmão, quando teve que escolher entre seu próprio povo e as invasoras de cristal, preferiu o inimigo!

(Aarif): Como? Isso quer dizer que estamos sozinhos? Elas estão reunindo o maior exército que eu já vi! Não são apenas soldados! Estão trazendo peças de artilharia e máquinas voadoras! Não podemos dar conta de tudo isso sozinhos!

A partir dali o pânico começou a ser generalizado. Toda a população ficou apavorada diante daquilo. O Esquadrão Platina, que estava encarregado da escolta de Sebek, teve sérios problemas ao lidar com a população apavorada. Os três vikings se esforçavam para não deixar que Sebek percebesse que eles estavam reprovando sua conduta anterior para com o irmão.

(Baleog, cochichando para os vikings): Eu sabia que isso aconteceria! Sem o capitão as coisas já estavam feias, mas não! Ele tinha que deixar aquele maldito ódio por gems cegar o entendimento dele! Agora estamos numa situação horrível!

— PELOS DEUSES, NÓS VAMOS MORRER!!!

— TEMOS QUE IR ATRÁS DO CAPITÃO THANOS IMEDIATAMENTE!!!

— NÃO, PRECISAMOS PROCURAR O FARAÓ DO EGITO!!! FOI UM ERRO TERRÍVEL TERMOS BANIDO ELE DE NOSSA CIDADE!!!

— MAS ELE ESCOLHEU APOIAR AS INVASORAS DE CRISTAL, AO INVÉS DO PRÓPRIO IRMÃO E DO PRÓPRIO POVO!!!

— QUEM SE IMPORTA??? ELE TINHA UM EXÉRCITO GIGANTE, QUE PRATICAMENTE DOBRAVA NOSSAS FORÇAS!!! PRECISAMOS DELE AQUI AGORA!!!

(Sebek): QUIETOS!!!

Todos se silenciaram imediatamente para ouvir Sebek.

(Sebek): Se o inimigo realmente está a caminho de nossa cidade, isso quer dizer que qualquer tentativa de procurar Thanos será inútil! Se formos atrás de meu irmão, provavelmente o inimigo já estará incendiando nossa cidade no momento que chegarmos até ele!

— MAS TEMOS QUE PEDIR AJUDA A ELE!!! PRECISAMOS DAS CRYSTAL GEMS!!! NÃO TEM COMO AHKVATA RESISTIR A UMA INVASÃO DE LARGA ESCALA SEM AJUDA!!!

(Sebek): Silêncio! SILÊNCIO!!!

Novamente, todos se calaram, e Sebek aproveitou para discursar diante de todos.

(Sebek): Então vocês acham que nossa cidade não pode resistir a um ataque de larga magnitude sem ajuda? Vocês por acaso se esqueceram? Nós construímos tudo isto juntos! Construímos pensando no dia que seríamos atacados e mandaríamos uma mensagem ao Mundo dos Cristais, e agora que este dia chegou, vocês se acovardam? Estou ouvindo covardes dizerem que, sem a ajuda das Crystal Gems ou de meu irmão que simpatiza com aquela raça destruidora, não poderemos resistir ao cerco! Por acaso vocês se esqueceram de tudo o que passamos juntos? Vocês ainda se lembram de tudo o que fizemos e o que construímos, de tudo o que nos trouxe até esse momento? Vocês se lembram de todos os sacrifícios que fizemos juntos, enquanto as Crystal Gems se esqueceram de nós?

Música de base (a partir de 0:48): https://www.youtube.com/watch?v=qJnVwAH-5K0

(Sebek, cantando): Vocês se lembram quando

As grandes naves aqui chegaram?

Cidades destruídas

E as Crystal Gems, onde estavam?

Dentro daquelas jaulas

Uma voz de liberdade foi erguida!

Humanidade em aflição

Mas nunca se dando por vencida!

Acompanhando o canto de Sebek, os membros do Esquadrão Platina mais leais a Sebek começaram a cantar também.

(Gilius): Homens, mulheres e até crianças

Caíram juntos naquela matança

E o sangue que se derramou, digam pra mim

Será possível que foi tudo em vão?

(Tyris): NÃO!!!

(Axel): Ahkvata, cidade em guerra

Jaulas em ebulição

Prisioneiros em rebelião!

Onde estavam as Crystal Gems?

Sua ajuda nunca veio!

(Tyris): Chamando Ahkvata, cidade em guerra

Gritos de liberdade

De mortais contra divindades

(Gilius): Atendam ao nosso chamado!!!

(Sebek): Cada nação há de lutar

LADO A LADO!!!

 

Todos começaram a esquecer o terror inicial que estavam sentindo antes e a se sentirem motivados para seguir Sebek. O rei de Ahkvata levou todos os seus seguidores até a muralha e, juntamente com o Esquadrão Platina, começou a tomar a iniciativa para trabalhar na muralha. Toda a multidão que o seguia começou a trabalhar também de toda forma possível: carregando materiais de construção, preparando armas para as guarnições das muralhas, erguendo barricadas e paliçadas, preparando catapultas, trabucos e até mesmo canhões roubados de naves gems destruídas.

(Sebek, cantando): Espírito, alma e coração

Seguindo nossa antiga tradição

Zoar, Gate e Siquém

Onde estavam as Crystal Gems?

 

(Tyris Flare, cantando): De corredor em corredor

Lutamos até fugir daquela prisão

Vencemos antes por conta própria

Também venceremos esta coalisão

(Axel): Homens, mulheres e até crianças

Caíram juntos naquela matança

E o sangue que se derramou, digam pra mim

Será possível que foi tudo em vão?

(Todo o povo de Ahkvata): NÃO!!!

(Gilius): Ahkvata, cidade em guerra

Jaulas em ebulição

Prisioneiros em rebelião!

Onde estavam as Crystal Gems?

Sua ajuda nunca veio!

(Axel): Chamando Ahkvata, cidade em guerra

Gritos de liberdade

De mortais contra divindades

(Sebek): Atendam ao nosso chamado!!!

Cada nação há de lutar

LADO A LADO!!!

 

As obras continuaram a todo vapor. Cada habitante de Ahkvata havia se tornado um soldado em questão de minutos e agora trabalhava arduamente a fim de transformar a muralha de Ahkvata em uma poderosa unidade defensiva capaz de barrar o ataque maciço iminente de Homeworld. Carregadores traziam, em carroças, peças de artilharia, tanto humanas quanto gems. Eles prenderam as peças em elevadores e começaram a içar, enquanto grupos enormes no topo da muralha trabalhavam para instalar tudo: catapultas, trabucos e canhões gems. Dentro da muralha, também havia gente trabalhando para instalar buracos assassinos, terríveis instalações de onde grupos pequenos poderiam ferver piche em caldeirões e jogá-lo sobre possíveis invasores que tentassem escalar a muralha.

(Povo de Ahkvata, cantando enquanto trabalha): Quiriate-Arba e Desnushet

Destruídas anos atrás

Às suas armas

Morte aos cristais

Ahkvata, lute uma vez mais

 

Quiriate-Arba e Desnushet

Destruídas anos atrás

Às suas armas

Morte aos cristais

Ahkvata, lute uma vez mais

 

(Povo de Ahkvata, cantando enquanto trabalha): Ahkvata, cidade em guerra

(Sebek, cantando): Jaulas em ebulição

Prisioneiros em rebelião!

(Povo de Ahkvata): Onde estavam as Crystal Gems?

(Sebek): Sua ajuda nunca veio!

 

(Povo de Ahkvata): Chamando Ahkvata, cidade em guerra

(Sebek): Gritos de liberdade

De mortais contra divindades

(Povo de Ahkvata): Atendam ao nosso chamado!!!

(Sebek): Cada nação há de lutar

LADO A LADO!!!

 

Um formigueiro humano havia se formado na muralha de Ahkvata. O canto de cada habitante da cidade poderia ser ouvido a muitos metros de distância da cidade, e chegava a ocultar, entre os que estavam por perto, o som dos martelos batendo e das ferramentas sendo instaladas.

Sebek tinha muitos defeitos, mas uma qualidade imbatível dele era sua oratória, capaz de transformar ovelhas em leões com apenas algumas palavras. Ninguém mais se lembrava de como Thanos e Amennekht pareciam indispensáveis para ajudar Ahkvata a se defender do cerco, ou de tudo que as Crystal Gems ajudaram a fazer na batalha de Yuria. Não, agora só havia um pensamento permeando a cabeça de todos:

“Nós vencemos naqueles zoológicos! Podemos vencer aqui! ”

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Muito longe de Ahkvata...

Thanos, Penny e Neera seguiam viagem através de uma floresta muito verde, em direção ao mar. Já havia se passado muito tempo desde que Thanos fugira de Ahkvata e havia encontrado a peridote dourada, que ele apelidou de Penny, e a nefrita que ele chamou de Neera. O trio de viajantes se dirigia à Síria, a fim de pegar um navio que os levasse até a Europa, de onde poderiam achar um teletransportador que os levasse até a Torre do Mar Lunar. A caminhada estava ficando cada vez mais íngreme e Penny começou a reclamar.

(Penny): Mas que saco! Odeio essas elevações! Estão machucando meus conectores de gravidade!

(Thanos): Mas que porra é essa de conectores de gravidade? Fala que nem gente! Fala que está com dor nos pés! Pés que você nem tem, por sinal, apenas essa projeção holográfica.

(Penny): Mas dói mesmo assim!

(Thanos): Por falar em dor, no que é que você trabalhava, quando servia às Diamantes?

(Penny): Eu era engenheira, fui uma das responsáveis por construir o Jardim de Infância Prime da Diamante Rosa.

(Thanos): Whoa, você construiu aquilo? Nossa, então você é responsável por fazer aquelas gems?

(Penny): De certa forma, sim.

(Thanos): Parabéns, foi um ótimo serviço. E você, Neera, trabalhava com quê?

(Neera): Eu era piloto de transporte gem. Eu queria servir como piloto combatente, mas na minha primeira batalha eu fui capturada, e aqui estou eu.

(Thanos): Por acaso você não é uma daquelas gems que eu derrubei, né?

(Neera): Depende. Você não era aquele humano louco que botou uma mochila a jato e ficou se jogando contra as naves da Hessonita, era?

(Thanos): Eu era esse mesmo...

(Neera): Ai, eu mereço...

(Penny): E qual era o seu trabalho, Thanos? Se jogar contra as nossas naves feito uma desbotada louca?

(Thanos): Não, meu trabalho era quebrar gems.

(Penny): Ironicamente, você está aqui, ajudando duas das gems que devia ter quebrado. Por quê?

(Thanos): Por uns motivos aí, mas principalmente porque meu rei era um babaca...

A viagem continuou, até que o trio saiu da floresta e avistou, ao longe, uma grande cidade. Andando no ritmo em que estavam, eles poderiam chegar lá em 60-90 minutos.

(Thanos): Lembra que eu disse que não era uma boa ideia a gente ir para a Síria?

(Neera): Lembro.

(Thanos): Pois é, é pra lá que estamos indo.

(Penny, cruzando os braços): Mas como assim? Eu pensei que fosse má ideia!

(Thanos): É má ideia, só que a gente não tem muita opção. Precisamos pegar um barco para chegarmos à Europa, daí pegamos um teletransportador gem até a Torre do Mar Lunar.

(Penny): Defina “barco”

(Thanos): Orra meu, mas tá zica tua situação! Como é que vocês inventam de invadir um planeta e não se dão nem ao trabalho de conhecer o idioma local?

(Penny): Fácil, da mesma forma que você quebra um monte de gems sem nem conhecer o escalão delas. Não é tão difícil.

(Neera): Vai demorar muito para a gente chegar nesse tal barco?

(Thanos): Um pouco, porque estamos a pé. Se estivéssemos a cavalo seria mais fácil.

(Penny): Defina...

(Thanos): Não.

(Neera): Por acaso cavalos seriam aqueles animais ali?

Neera apontou na direção de onde vinha mais ou menos 15 soldados sírios equipados com armaduras, espadas e escudos. Os sírios estavam cavalgando na direção do trio.

(Neera): Eles estão vindo na nossa direção?

(Thanos): Não, deve ser só coincidência.

— Ei vocês, parem aí mesmo!

(Thanos): Acho que é com vocês...

(Capitão Sírio): Recebemos ordens para prender você, Thanos, pelos crimes que você cometeu em Ahkvata!

(Thanos): Me diga um deles!

(Capitão Sírio): Você depredou a sala do trono, quase matou o rei, libertou centenas de gems aprisionadas, destruiu os portões e também...

O capitão sírio foi interrompido quando Thanos pôs as mãos no chão e fez emergir uma jaula de pedra que prendeu ele e os seus homens. As duas gems ficaram espantadas com o que haviam acabado de ver.

(Soldado sírio): Ei, não pode fazer isso! Nós é que estamos prendendo vocês!

(Thanos): Pelos poderes concedidos a mim por Seborreia, rei de “A Gravata”, eu, Thanos, filho de meu pai, condeno vocês a cárcere a céu aberto por serem muito chatos!

(Penny): Caçarolas! Mas o que foi isso?

(Thanos): O nome disso é “eu aplicando a lei sobre os infiéis”

O trio simplesmente se retirou e continuou se dirigindo à cidade como se nada tivesse acontecido. Alguns minutos depois, já na praça principal, onde funcionava o mercado, Penny quis saber mais sobre Thanos.

(Penny): Onde você conseguiu estes poderes incríveis? Mesmo entre as gems, eu não vejo muitas que têm poder de controlar terra! Agora um humano? Isso é algo impressionante!

(Thanos): É que eu como meus legumes.

(Penny): Defina “legumes”

(Thanos): Mato comestível.

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Duas horas depois...

O trio agora estava num porto, onde vários marujos andavam para lá e para cá carregando caixas e barris com suprimentos para viagens. As duas gems estavam sozinhas, sem o Thanos, esperando-o enquanto observavam o cais. As gems ficaram extremamente admiradas ao verem os grandes navios movidos à vela.

(Penny): Whoa, então é assim que é um barco, não é?

(Neera): Parece ser uma tecnologia bem primitiva. Quer dizer, são bonitos, mas não parecem muito rápidos... nem muito confortáveis... Ei, olhe o Thanos lá!

(Penny): O que ele está conversando com aquele humano?

Thanos estava conversando com um sírio que, no lugar de uma das pernas, tinha uma lâmina. Ambos articulavam normalmente, mas à medida que ia passando o tempo, eles iam gesticulando de forma mais agressiva, com Thanos apontando veementemente para os navios.

(Neera): Acho que ele deve estar querendo conseguir uma vaga para nós numa dessas naves humanas.

Do nada, o cara cuspiu na cara do THanos e o grego revidou dando uma rasteira e derrubando o cara no chão. Ambos se agarraram e começaram a rolar.

(Neera): Era para aquilo estar acontecendo?

(Penny): Deve ser uma forma dos humanos de se cumprimentarem, que nem a nossa saudação às Diamantes.

Thanos chegou alguns segundos depois, com marcas de escoriações e uns hematomas leves na cara.

(Thanos): Aí pessoal, consegui um bom barco. Aquele ali.

Thanos apontou para um barco que estava desembarcando carga.

(Neera): Ele parte que horas?

(Thanos): Agora. Vamos indo.

OS três entraram no barco normalmente, o que pareceu um tanto estranho para um dos marinheiros, que estava ajudando a descarregar a carga.

(Marinheiro): Errr, senhor? Acabamos de chegar, estamos desembarcando a carga. Vai levar algumas horas até zarparmos outra vez.

(Thanos): Não se preocupe, eu sei disso.

Thanos pôs a mão no ombro do marinheiro e sorriu amigavelmente... depois o jogou para fora do barco.

O som de um homem caindo ao mar alertou os outros marujos, que prontamente foram para cima do passageiro clandestino, mas Thanos ficou só arremessando os caras na água como se fossem bonecas de pano.

(Capitão, saindo da cabine): O que está acontecendo aqui?

Depois do capitão também ser mandado para brincar com as sereias, Thanos usou os poderes de sua manopla para criar uma onda que afastou o barco do cais. O problema é que o barco ainda estava amarrado ao cais. Thanos fez um pouco mais de força até que um pedaço do cais se partisse.

(Thanos): Obrigado pela gentileza, amigos! Tudo isto foi cortesia de Sebek, rei de Ahkvata! Lembrem-se desse nome! Ele odeia os sírios!

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Horas depois...

Thanos, Penny e Neera já haviam entrado em alto mar. Era de noite, e a única fonte de luz que havia ao redor, além das lâmpadas a óleo do barco, era a lua cheia. O navio seguia viagem, empurrado pela leve brisa da madrugada e pela correnteza. No convés, Thanos estava sentado em uma cadeira, quando Penny se aproximou dele, sozinha.

(Thanos): Onde está a Neera?

(Penny): Ela está fazendo uma breve pesquisa sobre a vida dos humanos.

(Thanos): Ela está revirando o navio, né?

(Penny): É, mais ou menos isso.

(Thanos): Que seja, o navio provavelmente vai encalhar em algum banco de areia na Europa...

(Penny): Sabe Thanos, uma coisa curiosa que percebi é que os humanos não são criados com uma função pré-determinada. Aparentemente, eles podem fazer o que bem entendem da vida. Quebrar ou seguir leis é totalmente opcional.

(Thanos): De certa forma, com as gems é assim também. Quer dizer, a Rose escolheu quebrar as regras. Sem contar que, pelo que você me falou, você era só uma engenheira que começou a servir o exército depois.

(Penny): Falando nisso Thanos, por que você serve o exército dos humanos?

(Thanos): Isso é uma boa pergunta... provavelmente é porque não posso servir ao exército das Diamantes.

(Penny, rindo): Com certeza a Diamante Amarelo aceitaria um soldado com essa sua força no exército dela, mesmo sendo humano.

(Thanos): Não, mas com certeza eu não ia querer entrar no exército dela... eles não pagam com breja...

(Penny): Defina... Ei, espera aí, você fugiu da minha pergunta!

(Thanos): Que pergunta?

(Penny): A de por que você entrou no exército dos humanos!

(Thanos): Ah, isso? Bom, é que... o céu está tão bonito essa noite.

(Penny): Olha, olha! Está fazendo isso de novo!

(Thanos): Isso o quê?

(Penny): Fugindo da pergunta.

(Thanos): Que pergunta?

Penny ficou aborrecida e começou a dar soquinhos no braço do Thanos, fazendo o grego se levantar e se afastar dela.

(Thanos): Ai, ai, ai! Isso dói, para!

(Penny): Parece que agora eu te subjuguei, não é mesmo, humano?

(Thanos): Não, pare logo, Diamante! Me leve de uma vez para o zoológico!

— Vocês estão tentando se fundir?

Neera havia aparecido do nada e surpreendeu os dois. Thanos não entendeu, mas Penny ficou extremamente corada.

(Penny, constrangida): O que você está insinuando, Neera?

(Thanos): Não entendi.

(Neera): Ah, é que vocês estão de pé, fazendo movimentos sincronizados. Pensei que estavam dançando.

(Thanos): Eu estou tentando me defender dos socos dela.

Neera fez uma cara de surpresa e começou a lançar um olhar acusador na peridote baixinha.

(Neera): Nossa Penny, quer dizer que você é dessas?

As bochechas de Penny ficaram ainda mais coradas, num tom dourado intenso, deixando o rosto dela parecendo um par de faróis acesos. Sem dizer uma palavra, Penny saiu de perto e desceu para o deque inferior.

(Thanos): Vai fazer o quê, Penny?

(Penny): EU VOU DORMIR!!!

(Thanos): Eu pensei que gems não dormissem.

(Neera): Não dormem. Mudanto de assunto, eu achei isso no barco.

Neera entregou um livro de capa de couro ao Thanos. O grego abriu e viu que era um diário de bordo, com um mapa dentro. Ao abrir o mapa, viu que ele retratava, com riqueza de detalhes, a costa europeia para onde eles estavam indo.

(Thanos): Excelente Neera. Realmente valeu a pena você ter revirado todo o navio. Ah, a propósito, eu não havia entendido o que você quis dizer com “tentado se fundir”, mas acho que agora eu entendi... você é muito otária.

(Neera): Defina “otária”.

(Thanos): *suspiro*

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De volta a Ahkvata, os cidadãos continuavam trabalhando dia e noite para preparar a muralha para o ataque iminente. Já era aproximadamente umas 04:30-05:00 da manhã e os preparativos estavam quase prontos: paliçadas haviam sido instaladas, canhões e trabucos estavam em suas devidas posições e os caldeirões de piche fervente estavam devidamente posicionados nos buracos assassinos da muralha. À medida que os preparativos iam sendo concluídos, os trabalhadores iam deixando suas ferramentas de lado e pegando as armas, aguardando pela invasão. A tensão estava tão impregnada no ar que a uma certa altura do campeonato os membros da guarnição quase abriram fogo contra um cavaleiro encapuzado que havia vindo em paz para falar com Sebek. O cavaleiro em questão era um de seus batedores, que estava viajando para checar a atividade inimiga. Ele cavalgou até o palácio de Sebek, que estava vestindo uma armadura nova (a antiga foi quebrada quando ele e Thanos lutaram no capítulo 26).

(Sebek): Já de volta, Aarif? Como está a situação?

(Aarif): Os preparativos da muralha estão quase prontos. Acho que em uma hora nós terminamos.

(Sebek): Excelente. Alguma má notícia? Você me parece meio estranho.

(Aarif): Senhor, o exército inimigo já está em marcha. Eles estão se dirigindo rapidamente para cá. É um contingente enorme! Talvez a cidade não consiga...

(Sebek): Não quero ouvir esse tipo de conversa aqui, entendeu Aarif? Agora se junte aos outros defensores da muralha. Eu irei para lá assim que terminar de me arrumar.

(Aarif): Sim senhor. Quase me esqueço.

Aarif entregou um dispositivo para Sebek. Parecia um pouco com o prisma de Hessonita, mas tinha um formato cúbico e era menor. Assim que Aarif se retirou, o dispositivo se abriu, emitindo um holograma com a imagem de Merit.

(Merit, preocupada): Graças aos deuses! Você recebeu minha mensagem, Sebek!

(Sebek): O que você quer, Merit?

(Merit): Sebek, algo muito grave está acontecendo! Rose Quartz acabou de chegar aqui em Mênfis e me contou de que tem um contingente enorme de...

(Sebek): Eu já sei disso.

(Merit): Você já sabia? Então por que não me avisou? Por que não avisou Mênfis?

(Sebek): Porque os assuntos de Ahkvata não dizem mais respeito a vocês.

(Merit): Como assim, não nos diz respeito? Merit, nós crescemos juntos, como irmão e irmã! É óbvio que o que acontece com você e sua cidade me diz respeito!

(Sebek): É mesmo? Pois não foi isso o que você deixou transparecer quando declarou publicamente que preferia ficar do lado das inimigas da humanidade!

(Merit): Sebek, nós já conversamos sobre isso! As Crystal Gems são nossas aliadas, não nossas inimigas! Por que você as odeia tanto?

(Sebek): Pergunte isso ao meu tio Menkara...

Merit ficou calada. Ela lembrava do dia em que Menkara morreu. Foi na fuga do zoológico. Ele havia se jogado contra uma lignita e estava subjugando-a quando alguém atirou nele com um blaster.

(Merit): Sebek, pense no seu povo... muitos irão morrer...

(Sebek): Muitos já estão morrendo, Merit. A diferença é que agora iremos morrer como homens, e não como gado!

— Sebek!

A câmera do outro lado mudou de posição, focando em Pérola e Rose. Aparentemente elas estavam juntas de Merit e elas é que haviam iniciado a transmissão. Sebek fez uma cara de desgosto, mas que demonstrava que ele meio que já esperava por aquilo.

(Sebek): Eu já devia ter imaginado...

(Rose): Deixe-nos ajudar você! Ainda dá tempo para reunirmos as Crystal Gems e chegarmos em Ahkvata! Se você apenas prometer...

(Sebek): NÃO!!! CHEGA DE GEMS!!! Esta é a NOSSA cidade! Este é o NOSSO mundo! Nós não precisamos de gems querendo nos ensinar como travar nossas guerras contra elas mesmas!

(Pérola, indignada): Sebek, isso é loucura! Nossas fontes dizem que há um contingente enorme se dirigindo à cidade de vocês! As principais comandantes de Homeworld foram recrutadas para liderar o assalto, incluindo a Hessonita, e ela está com o Prisma! O mesmo prisma que ajudou ela a destruir Kenusa!

(Sebek): O mesmo prisma cujo poder nós superamos na reconquista de Kenusa! Além do mais, aqui não é Kenusa, aqui é Ahkvata! E o Esquadrão Platina não é um punhado de covardes frouxos que se submetem às mesmas gems que destruíram suas terras e mataram suas famílias! Nós somos sobreviventes e vamos sobreviver a isso da mesma forma como sobrevivemos aos seus primeiros ataques!

(Pérola): Você não entende! Vai condenar sua cidade à destruição! Não tem como vocês resistirem a esse ataque sozinhos! Permitam que a gente mande...

(Sebek): Não, vocês não entendem! Vocês não sabem o que nós sentimos ao vermos nossos lares seus entes queridos massacrados pela raça de vocês! A raça de vocês quer destruir a nossa e tomar nosso mundo! Não importa o que vocês digam, ainda são gems! As mesmas gems que estão fazendo nosso povo sangrar! E agora que vocês veem nosso povo se unindo e reagindo à tirania de vocês, ficam desse jeito. Não aceitam que a humanidade se erga e aponte o dedo na cara de vocês! Não aceitam ver a humanidade evoluindo e ganhando voz e poder para enfrentar seu povo, então tentam nos diminuir com esse papo de que “as Crystal Gems lutam pela raça humana”! NÓS NÃO PRECISAMOS DE VOCÊS!!!

A conversa foi interrompida quando Aarif entrou na sala onde Sebek estava, trazendo um comunicado importante.

(Aarif): Vossa Majestade, a muralha está pronta. Todos estão em suas posições. Só falta o senhor vir e nos dar suas ordens.

(Sebek): Bom trabalho, Aarif. Vá na frente que eu já estou indo.

Sebek terminou de vestir a armadura e, assim que Aarif foi embora, ele voltou a falar com as gems pelo comunicador.

(Sebek): Agora, se me dão licença, meu povo precisa de mim.

Música de base: https://www.youtube.com/watch?v=-cPEvti_yto

(Sebek, cantando): Acreditem, eu sei

De toda dor que eu causei

Mas cada gem bem que mereceu.

 

(Rose, no comunicador): Sebek...

(Sebek): Chega! Eu não sou o vilão

Apenas reajo a opressão

Que o seu povo impôs ao meu!

 

(Sebek, jogando o dispositivo fora): Agora elas vêm para cá

Prontas para nos esmagar

Mas meu povo não vai se calar!

Pois não temos nada a perder

Só os grilhões a nos prender!

Então que venham, que venham, que venham!

Sintam o peso de nossa justiça!

 

A enorme coluna gem que os batedores de Sebek volta e meia avistavam agora se dirigia à Ahkvata, bem perto do amanhecer. Naves de assalto e de transporte voavam baixo, cobrindo as tropas terrestres, constituídas majoritariamente de batalhões de quartzo, auxiliados por alguns canhões automotores leves. No meio da miríade de quartzos avançando em formação, Cornalina liderava a infantaria.

(Cornalina, cantando): Nossas irmãs aguardam lá

Ansiando pela libertação

Com os humanos a lhes torturar!

Eles merecem uma punição

Que seja severa e exemplar!

Em formação!

(Ônix): Em formação!

(Divisão Sigma): Em formação!

(Batalhões de quartzos): Em formação!

(Cornalina): Mostrem o peso de nossa justiça!

 

Sebek já havia chegado à muralha e estava dando as últimas ordens para os defensores, instruindo-os a como atacar o inimigo.

(Sebek): Os canhões devem ser os primeiros a atirar. Priorizem naves inimigas e máquinas de cerco. Logo em seguida todos os trabucos e catapultas deverão atirar os projéteis incendiários e de fragmentação contra a infantaria inimiga. No período em que trabucos e catapultas levam para recarregar, as guarnições devem alvejar as falanges inimigas com as flechas. Atirem em salva única pelo maior tempo possível antes de começarem a atirar à vontade! Mantenham as gems sob fogo supressivo o máximo de tempo possível antes que elas se aproximem das muralhas!

(Olaf, cantando): Há uma dura batalha pela frente!

(Tyris): Mas faremos isso por nossa gente!

O sol se ergue no horizonte. Iluminada pelos primeiros raios de luz da alvorada, o grande contingente gem se aproxima do horizonte, alertando a guarnição.

(Sebek): ESTEJAM PRONTOS!!!

(Povo de Ahkvata): Liberdade para sempre, opressão nunca mais

(Cornalina): Por nossas irmãs!

[Este é o canto de nossa gente contra o povo dos cristais]

(Cornalina): Tomar aquela cidade é nossa missão!

(Povo de Ahkvata): O inimigo devemos derrubar

Diante das muralhas de nosso lar!

(Cornalina): Estão prontas?

(Ônix): Estou pronta!

(Tyris): Estou pronta!

(Sebek): Sintam o peso de nossa justiça!


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Notas finais do capítulo

Oi gente, estou de volta. Dessa vez, duas músicas no mesmo capítulo porque sim, além da expectativa de uma batalha colossal se desencadeando no próximo. Vocês irão presenciar tanto o real poder defensivo de Ahkvata e o real poder ofensivo da Divisão Sigma. Não vai haver tanto os diálogos que houve aqui, já que o próximo será TODO voltado para batalhas. Também garanto que vai ter outra música no próximo, talvez até duas, se der sorte.

Aos leitores de "Além de Rainhas e Generais", agradeço por seus comentários e sua paciência. Enquanto esta fanfic aqui já está toda roteirizada e com um final planejado, ARG foi criada mais como um experimento, como uma história que eu vou criando de pouco em pouco, afinal, é minha primeira história 100% original. Recentemente incluí uma nova autora do Nyah! para me ajudar no próximo arco da história, que será bastante focado em referências sociopolíticas. Talvez o próximo capítulo ainda demore um pouco para sair.

Antes de me despedir, gostaria de fazer uma enquete rápida: com o lançamento da Netflix de um reboot de "She-ra", vocês teriam interesse se eu fizesse uma fanfic de "Mestres do Universo" com "Princesas do Poder"? Eu já escrevi uma prequel curtinha de três capítulos. Se vocês se interessarem, eu publico ela e, caso gostem, até transformo numa fanfic mais longa. O que vocês acham?



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