— E então Valério? Como foi a conversa com CoohWood? - Devon perguntou ao amigo assim que ele chegou no café, um encontro marcado pelos três amigos e Emily para saber o que aconteceu entre os dois homens que se odiavam desde sempre.

— Ele tentou me convencer a ir para o lado dele ameaçando à contar meu passado para todo mundo. - o homem disse sem entusiasmo.

— Já era de se esperar tal ameaça meu caro… - Christopher disse coçando a cabeça.

— Já…. Ele até demorou para fazer isso. - Devon disse bebendo um gole de seu hidromel.

— E sua resposta Valério? - Emily perguntou interessada.

— Eu disse que ele poderia contar à todos, mas jamais iria ficar ao lado deles. - Valério disse em tom de poucos amigos. - O que você achou garota? Que eu iria fazer parte do grupo dele só para proteger o nome da minha família?

— Não esperava nada mais tão nobre de você Hoorsmore, você é mais do que o nome de uma família. Você tem princípios. - ela disse e se levantou saindo da reunião.

— Aonde você vai Emy? - Devon perguntou.

— Trabalhar… Acho que é o melhor que faço. - ela disse séria olhando para Valério nos olhos e saiu.

— Caramba Valério, você também não facilita para o lado da menina não é mesmo? - Devon perguntou até que chateado.

— Não tenho motivos para tal. - ele respondeu rude.

— A menina só quer ajudar, - Christopher disse olhando para o amigo com a cara fechada. - Se ela não tivesse tido a visão dela e não tivesse se disposto à ir te avisar sobre o CoohWood, você teria sido pego de surpresa e sabe-se lá o que poderia ter acontecido. - ele falou irritado com o amigo.

— Como é que é? Visão? - Valério perguntou sem entender.

— Sim… Emily tem algumas visões às vezes. - Christopher falou. - Como você acha que ela soube de CoohWood? - ele perguntou sem entender.

— Ela disse que ouvira ele falando com seu irmão Graves, no trabalho dela. - Valério disse irritado pelo fato da menina ter mentido para ele.

— Realmente ela sabe como você é. - Devon riu.

— Ela deveria ter me contado a verdade como sabia disso. - Valério disse bravo. - Depois vocês perguntam porque não sou agradável com ela.

— Você acreditaria nela se ela tivesse te falado como ela sabia??? - Devon perguntou olhando cético para o amigo.

Valério não respondeu, pois ele sabia que não iria acreditar na menina.

— Então, por isso ela mentiu pra você. - Christopher respondeu. - Pra você acreditar nela e poder fazer o certo.

Houve um minuto de silêncio entre os amigos e então logo depois, Christopher disse se levantando:

— Bom, eu já vou indo, marquei de tomar um chá com Emily enquanto nós conversamos sobre o curso que ela está pensando em fazer.

— Que curso? - Valério quem perguntou interessado e no ímpeto.

— Um curso intensivo de Hunter. - o amigo disse.

— O que? Ela é louca? Ela não pode… Um dracovalier não pode ser um Hunter. - Valério disse sério e preocupado com a menina.

— Valério, essa menina já é uma maga e de alto grau e uma das melhores dracovaliers…. Nada nela é comum ou inapropriado. - Christopher disse. - Além do mais, ela quer saber se ela pode ser uma Hunter, pois algo nela despertou e ela está sentindo a necessidade de aprimorar isso. - o homem disse. - Vejo vocês por aí. - e com isso ele foi saindo.

— Mas ela disse que foi para o trabalho… - Devon disse sem entender.

— Aaaah tá que ela vai trabalhar daquele jeito… - Christopher riu ironicamente. - Ela só saiu para não brigar com o Valério. Até mais! - ele falou e saiu.

Christopher era um homem de trinta anos, um metro e oitenta, cabelos loiros curtos estilo militar, olhos verdes e descendente de franceses, Christopher Villaneuve; ele sempre tivera uma queda por Emily, ela sabia desses sentimentos dele para com ela, mas ela não dava nenhuma chance para ele, pois ela gostava de outra pessoa.

Christopher era um Hunter de alta classe. Todo Hunter tinha o poder de se transformar em um animal, mas não qualquer animal, um animal que definia sua personalidade e um animal que sempre mexeu com o Hunter desde pequeno. Christopher se transformava em um lobo enorme com a pelagem castanha clara; e mesmo se transformando em animal, todo Hunter mantinha sua consciência humana e conseguia se comunicar com as pessoas sem nenhum problema.

Emily nascera maga; não precisava de varinhas para fazer qualquer feitiço ou encantamento e muito menos para fazer alguma poção; mas quando fez quinze anos, em um dia de desespero, que ela precisou ajudar Valério e seus pais, subiu no Dragão de Valério, Impala, um dragão branco com uns detalhes azuis pelo corpo, e descobriu na hora que nascera para ser uma dracovalier também, obtendo êxito em todos os testes que a academia Dracartys haviam aplicado quando a menina fora se inscrever para estudar lá; quando ela se formou, a academia deu para a menina, um ovo de Dragão, vermelho com marrom, ao qual ela deveria aprender à chocar o ovo e então, quando o Dragão nascesse, ele iria escolher o momento certo de se conectar com a menina. O tempo de estudos da Academia Dracartys, era de um ano, então, Emily recebeu seu ovo com dezesseis anos; o ovo demorou seis meses para chocar e quando chocou, seu Dragão era o mais lindo que ela já tinha visto na vida: era uma mistura de preto, vermelho e marrom, com os olhos bem amarelos, em cima da cabeça apareciam pequenos chifres lisos da cor de suas escamas e no dorso de suas costas, como se fossem espinhos, só que feitos de cartilagem e se recolhiam quando o animal estava tranquilo e se eriçavam quando este ficava irritado com algo ou alguém. O dragãozinho, desde que viu a menina, ele se apegou à ela, e quando ela ensinou ele a voar, ele se conectou com a menina, encostando a cabecinha dele em seu pulso, deixando uma marca como se fosse uma queimadura, em forma de um tridente e logo Emily soube que seu Dragão era especial, o único dragão no mundo que tinha os poderes de fogo e gelo no mesmo animal. Apesar do poder de gelo do dragão, Emily dera o nome dele de FireHeart, pois seu coração assim como o dela, era quente e assim como ela, ele se estressava fácil com algumas pessoas. Quando ele cresceu, seus chifres e suas cartilagens no dorso das costas cresceram também, deixando ele quando irritado bem mais amedrontador do que o normal. E só Emily e alguns dracovaliers entendiam o que FireHeart dizia.

Os Feiticeiros, tanto os Brancos quanto os Negros, diferentemente dos Magos, precisavam do auxílio de uma varinha para fazer suas magias, as mesmas que os Magos, mas não conseguiam fazer sem elas. Cada varinha era feita de uma madeira diferente e de um núcleo diferente, variando desde fibra do coração de um dragão, até da essência de um Drugal, que eram as mais raras e as mais perigosas, pois sempre tendiam para o lado negro.

Os airvaliers, eram parecidos com os dracovaliers mas ao invés de eles montarem em dragões, eles montam cavalos alados; mas cursam a mesma Academia que os Dracovaliers. Devon Graves era um airvalier e um dos melhores que ainda estavam na ativa da “velha guarda”

Apesar de alguns morarem em Cork, na Irlanda, todos os Magos, Feiticeiros, Hunter, Dracovaliers e Airvaliers pertenciam à um lugar igual à Cork, mas em uma outra dimensão, uma cidade chamada Hendril, onde todas as coisas aconteciam; mas por ser uma espécie de espelho de Cork, tudo que acontecia em Hendril, acontecia em Cork mas com menos intensidade, por isso das chuvas e do céu cinza.

Christopher e Emily se encontraram em Hendril, onde a chuva era duas vezes mais intensa do que na Irlanda e foram para a casa da menina, uma casa enorme e ampla, onde eles poderiam treinar no porão sem causar problemas e chamar a atenção de ninguém.

— E como foi lá? - ela perguntou enquanto eles andavam na rua deserta pela chuva.

— Valério ficou estranho quando contamos que você teve a visão e mesmo ele sendo como ele é com você você decidiu ir contar pra ele sobre o CoohWood. - Christopher disse.

— Ele me odeia só porque ouvi ele falando com Devon sobre seu irmão, Percival e o que ele se tornou… - ela falou chateada e então entraram na casa dela.