A Noble Relationship escrita por The heiress of Time


Capítulo 3
Um escocês des-mai-ado!


Notas iniciais do capítulo

*cai no chão rolando* OI, VOLTEI, TURO BOM?!
Vim hoje humildemente oferecer mais esse capítulo para Iemanj... Não pera... Para vocês maravilhosos leitores (só são dois, até o atual momento, então olá)!
Bem, gostaria de agradecer novamente pelo comentário da Missy Saxon ♥ e é isso

Aproveitem o/



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Antes mesmo de chegar perto da ex-companion, o Doutor, em sua infinita sabedoria, podia sentir que a notícia seria bombástica, na melhor das hipóteses, um simplesmente ruim, na pior delas… Talvez até os dois, fazendo uma média.

Seria uma notícia ao estilo Casos de Família, mesmo, no qual o mais polêmico é melhor.

Ele sentiu um calafrio percorrer seu corpo ao lembrar da garota de mais cedo, e o sobrenome que, em Londres e à essa altura dos anos, não era nem um pouco comum… Noble, Noble, Noble… Quem era ela? O que raios ela tinha a ver com tudo isso?

Então, após fazer uma prece rápida para entidades divinas em que ele não acreditava e tomando muito cuidado para não escorregar no asfalto molhado, o Doutor foi para onde Martha havia caminhado, observando-a remexendo na própria bolsa.

— Então? — questionou o senhor do tempo, enfiando as mãos nos bolsos da calça de moletom.

— Hmm? — retrucou Martha, de forma meio enrolada, sem levantar os olhos do que procurava.

— Você me chamou, — ele sibilou por entre dentes rangidos, a quem ela estava tentando enganar? — tem algo a me dizer?

Olhando de soslaio para o Doutor, ela endireitou a postura e olhou bem no olhos dele, segurando uma folha de papel nas mãos.

— Sim, eu não vou mentir. Tenho realmente algo a dizer. — o senhor do tempo empalideceu subitamente, e qualquer esperança que ele ainda nutria de que aquilo não seria mais um episódio trágico de um programa sensacionalista morreu.

Agora, queridos leitores, todos nós sabemos qual é a tal revelação bombástica, então as chances de realmente ficarmos chocados com o que está por vir é praticamente nula. Mas, porém, contudo e todavia, o Doutor — nosso querido, tapado e rude décimo-segundo Doutor — não faz ideia do que ainda está por vir. E essa é a cereja do bolo de coco.

— Vamos ser francos e rápidos, então. — Martha suspirou, hesitante, voz quebrando gentilmente no fim da frase — Você tem uma filha, Doutor. Aquela garota de antes é sua filha.

Ela o entregou a folha, que na verdade não passava de um prontuário médico high tech, onde fotos rodavam continuamente: Donna Noble grávida, um ultrassom de um bebê com dois corações, um bebê recém-nascido nos braços da ruiva. Onde dados listados expressavam uma vida inteira. Testes, relatórios de saúde… Tudo indicava para apenas uma coisa que não podia ser.

Mas ao contrário do que se esperava, a reação do Doutor foi… Nula. Zero. Inexistente. Ele literalmente ficou parado igual a um dois de paus.

E Martha, a coitada, obviamente esperava mais reação da parte do senhor do tempo, como qualquer um de nós. Ela esperava que ele abrisse a boca em choque, que gritasse, chorasse, brigasse, ou até que jogasse a foto no chão com repulsa, correndo para as colinas mais próximas.

Mas não. Ele permaneceu estático, congelado.

E a ex-companion, sem se aguentar mais, tocou o ombro do Doutor, que prontamente desmunhecou no chão, desmaiado.

— Misericórdia! Gente, — chamou Martha para ninguém em particular — alguém chama o SAMU. O Doutor está desmaiado!

E justamente quando ela tentou passar por cima dele para chegar a um telefone, o próprio senhor do tempo agarrou a perna dela, quase fazendo-a cair no chão, e grunhiu um “num pode sê!” antes de cair desacordado novamente.

Rolando os olhos, Martha deu um chute gentil nas costelas dele, contemplando levantar o Doutor sozinha para carregá-lo até o seu carro, antes de desistir da ideia. Afinal de contas, esse não era o Doutor “abrace-o e ganhe um corte de papel”.

Chamando dois agentes que estavam comendo coxinha perto do corpo do alienígena, a doutora os mandou levar o senhor do tempo desmaiado até o seu carro, onde o depositaram no banco de trás, antes de voltarem a comer suas coxinhas em paz.

Muito mais tranquila e sem a adição do peso metafórico do Doutor, Martha finalmente entrou em seu carro, deu partida e foi-se, cantarolando uma canção aleatória dos Backstreet Boys que tocava no rádio.

 

Agora, tendo todas essas informações, vocês leitores ainda devem estar se perguntando: “e agora?”, “o que ele vai fazer?”, “a Lou sabe disso tudo?”, “por que o Doutor nunca endireitou o circuito camaleão da Tardis?” e “como dois agentes britânicos estavam comendo coxinha?”. Bem, quanto a tudo isso, fiquem tranquilos, suas perguntas serão esclarecidas, mas apenas após o piti extraterrestre do Doutor. Logo, peço a compreensão de todos e que se segurem, pois agora é a parte chata, emocional e apelativa da história.

 

Após o que pareceram ser horas, o Doutor finalmente deu sinal de vida, piscando os olhos ainda meio desnorteado e um tanto nauseado, sem fazer ideia do que havia acontecido ou como ele chegou nesse lugar que mais parecia um escritório muito antigo dentro de um museu.

Olhando em volta, ele percebeu que realmente ele estava num escritório dentro de um museu.

Com essa pergunta esclarecida, o senhor do tempo acabou de se sentar no sofazinho em que estava, levou a folha de papel ao peito e voltou a fechar os olhos.

Espera um seguindo, aí! Uma folha de papel? Instantaneamente, os olhos deles se arregalaram e ele voltou o olhar para a folha de papel, sendo invadido pelas memórias daquele dia como se tentassem socar uma bola de basquete no crânio do Doutor usando um taco de beisebol.

Martha, que até agora permanecera silenciosa, finalmente resolveu levantar da própria mesa ao ver o Doutor se retrair numa expressão que parecia mais com a de uma pessoa que acabou de morrer, viu que tinha ido para o inferno, voltou a viver e percebeu que ir para o inferno teria sido melhor.

— Doc! Que bom que você acordou! — exclamou ela, se aproximando do senhor do tempo com um copo de chá de menta nas mãos.

— Acordei do quê? Eu por acaso dormi?

Ah, o coitado estava completamente perdido.

— No caso você desmaiou, mesmo… Depois que eu te contei que…

— Ah, ok. Lembrei agora! — interrompeu ele, dando um gole no chá quente, antes de prontamente cuspí-lo em desgosto. Estava sem açúcar.

— Então… O que você tem a dizer? — perguntou Martha, um tanto hesitante.

Afinal de contas, ela que decidiu jogar essa bomba proverbial no colo do senhor do tempo quando podia muito bem fingir que nada havia acontecido. Louise não conhecia esse rosto e o Doutor podia muito bem ter esquecido da existência de Donna, mas só de pensar de tudo que ela própria havia visto acontecer desde que Louise fora morar com a avó, o mínimo que ela podia fazer era isso.

— Sim, tenho. — ele respira fundo, olha para Martha e continua, firme na própria certeza. — É impossível. Eu não posso ter uma filha, especialmente não com Donna Noble!

— Por que não? — questionou Martha, voz falsamente controlada.

— Porque… Eu e ela nunca… Nós nunca… Você sabe! — a cada palavra, o sotaque escocês se tornando mais pronunciado.

Martha deixou um sorriso breve surgir no próprio rosto. Para um senhor do tempo com milhares de anos, ele podia ser a pessoa mais infantil do mundo.

— Eu sei, sim. E eu também sei que você já teve outros filhos por formas não convencionais.

Jenny.

O nome dela parecia pairar no ar, não dito, e os olhos azuis do Doutor encontram os castanhos de Martha. Ela sabe, claro que sim. Mas isso ainda não explica-

— Eu sei o que você está pensando, e eu não estou falando da sua filha.

As sobrancelhas dele se franzem, enquanto vasculhava a própria mente. De quem Martha estava falando? Não houve nenhuma outr…

É claro. O próprio Doutor não o considerava como filho, mas dadas as circunstâncias, o título parecia apropriado. Tentoo, a metacrise dele com Donna Noble.

— Oh.

— Oh, sim. — Martha sorriu novamente, vendo as cores retornando para as bochechas pálidas do Doutor. — Você não estava aqui quando ela descobriu a gravidez, foi um momento extremamente delicado.

Ele assentiu com a cabeça.

— E o que aconteceu com Donna depois?

— Bem, da última vez que a vi ela estava indo para uma cidadezinha litorânea… Broadchurch, eu acho.

— Sim, mas…

— Aparentemente, ter um bebê de um senhor do tempo era só o que ela precisava para recuperar toda a memória. Agora ela deve estar no espaço, te procurando. Bem, não a você, você. O outro você, o mais jovem.

— Eu sou jovem!

Martha soltou uma gargalhada musical, balançando a cabeça de um lado para o outro. Algumas coisas realmente não mudavam.

— E a minha… — se acostumar com a ideia não seria assim tão fácil, o Doutor logo percebeu — filha, como ela está?

A ex-companion deu de ombros, sorriso murchando lentamente.

— Louise está esperando, presumo. Pela mãe ou… — e ela elevou os olhos para o Doutor — pelo pai.

Ela não queria dizer o que ela parecia estar dizendo, queria?

E de qualquer modo, o Doutor, em sua infinita sabedoria, agora tinha uma decisão a fazer que podia ser muito mais importante que muitos mundos que ele havia salvado.


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Notas finais do capítulo

E agora um peekaboo filosófico só pq eu amo muito esse blog:
keyframe
n. a moment that seemed innocuous at the time but ended up marking a diversion into a strange new era of your life (um momento que parecia aleatório quando aconteceu, mas que acabou se transformando numa estranha nova era da sua vida)

Spoilers, spoilers...
Bem, se vocês leram esse capítulo e gostaram (ou não, novamente, vai de cada um) deixem um review, coloquem nos favoritos ou nos acompanhamentos, eu ficaria muito feliz ♥



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