Realmente (Me Chamam de Rei) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 2
O destino de um herdeiro


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem ficou uma eternidade sem postar capítulo? Eu mesma. Esqueci mesmo kkkk



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Eu amava invadir o território da Hyeri. Eu praticamente tinha implorado para ela me ensinar a fazer coisas deliciosas. Felizmente, Hyeri gostava de receber intrusos na cozinha. Além de mim, o Tteok gostava muito de ir lá, por mais que o appa dele reclamasse bastante. Era diferente, porque eu ia para cozinhar, e o Tteok ia para comer. Além disso, eu era o rei, e o Tteok nem devia viver naquele palácio. Bom, era o que todos diziam, mas eu tinha um carinho muito grande pelo meu sobrinho adotivo.

A Sunghee já estava com seus nove anos quando encontramos Tteok. Era um passeio da Família Real pela cidade. O menino de doze anos, todo esfarrapado, parou a carruagem para pedir algumas moedas ao cocheiro. Nosso cocheiro o destratou e começou a gritar com ele, até que Jungkook resolveu ver o que estava acontecendo. Depois de discutir com o cocheiro, Jungkook conversou um pouco com o menino e decidiu levá-lo ao palácio, dizendo a mim que seria apenas por um tempo. Sunghee, é claro, ficou curiosa com a presença de outra criança na carruagem.

No palácio, o menino sem nome ganhou um banho e foi levado à cozinha para se alimentar. Seus olhos logo bateram na bandeja de tteoks que Hyeri tinha acabado de fazer. Ele comeu a bandeja todinha, o que o fez ganhar seu apelido, o único nome que tem. Passadas algumas horas, Tteok e Sunghee começaram a brincar, enquanto eu e Jungkook observávamos.

— Por que você não o tem como seu filho, Jungkook?

— Trazer um novo morador para o palácio? É abusar demais da sua bondade, meu irmão.

— Você é o Príncipe de Omelas, Jungkook. Você tem autonomia para uma decisão como essa. A escolha é toda sua.

E foi assim que ganhamos um novo membro na família. Obviamente, Sunghee e Tteok cresceram praticamente como irmãos pelo restinho da infância, o que me agradou muito. Eu e Yumi escolhemos ter só uma criança, com medo de que nossos filhos se invejassem. Eu tinha sorte, já que Jungkookie não tinha essa pretensão. Só roubou a minha esposa mesmo, a coroa ele não queria. Mesmo sem dar irmãos a Sunghee, eu me sentia mal por fazer dela uma criança solitária. Eu tentava passar o máximo de tempo brincando com ela, por esse motivo, mas não era a mesma coisa. Vê-la junto com Tteok lembrava a minha infância com Jungkook, o que eu achava delicadamente belo.

No começo, eu passava bastante tempo com os dois, mas fui percebendo que Sunghee não precisava tanto da minha companhia como na época em que era criança. Então, eu tinha momentos. Às vezes eles passeavam na cidade, e eu os deixava à vontade. Às vezes íamos para a biblioteca ler algum livro. Às vezes Sunghee o ensinava a tocar piano, e eu ficava espiando, de alguma forma cogitando que minha filha estava conhecendo o amor antes de mim, e esperando que fosse um bom sinal.

A minha esperança não durou tanto tempo quanto eu gostaria. Os anos passaram rápido até eu perceber que minha filhinha já estava com 15 anos, justamente quando as coisas no reino não estavam nada fáceis. Eu fingia para mim mesmo que não via isso como opção, mas todas as outras foram sendo eliminadas.

Eu estava jogando o jogo dos reis com Jungkook, como de costume, conversando sobre as decisões do reino.

— Movimentação com o cavalo… Xeque.

— Que ironia do destino — comentei, entediado. Metade de mim pensava em como salvar o rei do jogo. A outra metade pensava em como salvar a mim mesmo na vida real, o que englobava salvar o reino todo. — Os cavaleiros de Exilion estão expandindo territórios.

— E por que está preocupado? Não estão indo em direção ao sul?

— Estavam. E eu estava tranquilo. Agora eles estão começando a mandar alguns cavaleiros em direção ao leste.

— Aigoo. E se eles chegarem aqui?

— Eles vão chegar aqui.

— Mas nós damos conta de alguns cavaleiros, não damos?

— Alguns cavaleiros, sim… Mas você não acha que eles vão ficar nisso, acha? O poder bélico deles é muito forte.

— Maior do que o nosso.

— E quando eles perceberem isso, vão enviar a força total. Omelas tem muitas minas, Kookie, e o rei de Exilion AINDA não sabe. E quando ele souber, ele vai mandar tudo o que tiver. Ele mandaria os camponeses armados com foices se pudesse.

— Bom… Essa é a hora que você move a torre.

Olhei para o jogo.

— Que torre? Você comeu uma torre e a outra tem um peão na frente.

— A torre dos seus aliados, ora.

— Que aliados?

— Os que você conseguir, hyung. Se nós não temos poder bélico para enfrentar o Exilion, temos que conseguir ajuda.

— E quem nos ajudaria?

— Aí eu já não sei. Não sei exatamente quem poderia nos ajudar, mas eu aposto que tem algum príncipe de um reino muito forte dando sopa por aí.

Olhei para Jungkook.

— Ah, não. Isso não. É muito cedo, Kookie…

— Não é muito cedo. Você casou com 15 anos, ela está quase fazendo 16.

— E o Tteok? Você sabe que ela ama o Tteok.

— E você sabe que uma princesa unigênita não tem escolha. Nem você. De que adianta casar sua filha com um plebeu se entrar um exército aqui matando todo mundo? Me diz?

— Ele não é mais um plebeu. Ele é filho do príncipe.

— Você acha que eu não me importo com ele? Ah, hyung, jebal. Seria um sonho se Tteok pudesse casar com a princesa e virar rei um dia, seria um sonho se ele se casasse com o amor da vida dele, mas não serei a favor disso enquanto Omelas estiver em perigo.

— Até porque o filho do príncipe não precisa ser casado com a filha da rainha para ficar com ela, não é mesmo?

— Aish, quer mesmo falar disso agora? O reino em primeiro lugar, você sempre disse isso! Nossos pais casaram você com a princesa de Boombayah para salvar Omelas. Estávamos falidos, fa-li-dos quando os reinos foram anexados. Você disse que temos muitas minas, e todas elas ficam onde mesmo?

— No antigo território de Boombayah. Eu sei.

— Você sabe que eu nunca quis ser rei. Eu nunca quis ter responsabilidades como essa. Eu nunca achei que teria maturidade para fazer sacrifícios.

— A única coisa boa em ser rei é ter uma rainha.

Jungkook olhou para mim com sua melhor cara de tédio, claramente cansado das minhas indiretas. Pegou o cavalo e posicionou em cima do meu rei.

— Parece que você está tão chateado com eu ter ficado com a parte boa que quer passar para mim até mesmo a parte ruim. Eu não vou tomar decisões por você, hyung. Essa decisão é sua.

Eu fiquei algum tempo olhando para aquele jogo. Eu odiava aquilo, mas Jungkook estava certo. Eu peguei a minha torre, contrariei as regras e comi o cavalo.

— Chame o diplomata, jebal. E a rainha também. Ela precisa me ajudar a ver isso.



— Não tem mesmo outra escolha, tem? — Yumi perguntou, embora no fundo já soubesse que aconteceria daquele jeito.

— Essa é minha última opção. Não é uma decisão fácil, mas não tem outro jeito.

— Então vamos escolher um bom pretendente — concluiu ela.

— De fato — disse o diplomata. — Nem tudo está perdido, majestades.

Park Jimin abriu o mapa que mostrava os reinos da região.

— Aqui fica o reino de Exilion. Como o rei já sabe, o exército exilionino estava se expandindo para o sul, mas agora começou a virar em direção ao leste. A força total ainda está no sul, mas há pelo menos três tropas vindo para o leste, já que estão lidando com reinos menores. Conforme se aproximarem de Omelas, a tendência é que mais tropas mudem a rota.

— Tudo bem — eu disse. — Eles vão chegar um dia, isso é fato. Precisamos saber que reinos são viáveis para um possível casamento.

— Sim — disse Jimin. — O reino mais próximo com um príncipe na idade de casar é o Nomercy.

— O príncipe é bonito?

— Aish, não é essa a questão, Yumi.

— Eu estava brincando. Como está o poder bélico deles?

— Razoável. Estão dando conta das próprias fronteiras, mas eu não acho que haja tanta sobra. Eles são muito ricos, no entanto.

— Nós também somos ricos, isso não é problema. Tem outro? — perguntei.

— Já é um reino mais distante, um pouco além dessa região — explicou Jimin. — O reino Gotseven está conseguindo expandir seu poder bélico.

— Eu já ouvi falar desse reino — disse Yumi. — O rei não esteve aqui ou algo assim?

— Sim, foi em um baile alguns anos atrás — lembrei. — Rei Jaebum, é muito simpático, ele.

— Já que existe uma relação estável, não deve ser difícil conseguir uma aliança. Oppa, só uma pergunta. Por que não expandimos nosso poder bélico também, já que temos recursos?

— Porque isso não acontece do dia para a noite. Envolve treinar soldados, e eu já pedi para o comandante aumentar o número de combatentes, mas eles ainda estão sendo treinados. O exército gotsevenino provavelmente treina soldados há muito mais tempo.

— Devem estar falindo com tanto investimento — palpitou Yumi. — O que vai ser ótimo. Vão se interessar no casamento.

— Imagino que sim, majestade. Não tenho ouvido notícias muito boas sobre as finanças deles.

— Então precisamos viajar até lá? — perguntou Yumi.

— Por enquanto, uma carta basta, majestade. Vamos apresentar nossa proposta, e caso eles aceitem, será necessária a viagem para acertar os detalhes.


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Notas finais do capítulo

Agora as coisas vão começar a ficar interessantes hein...



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