Um Porto Seguro escrita por Hay Linn


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hello!!! Então não sei se vocês estavam/estão tão ansiosos quanto eu por esse capítulo. As vezes acho que estou indo muito rápido na história, acontece que eu fico imaginando tipo coisas que podem acontecer uns cinco anos depois kkkkk vai entender. Mas o fato é que eu precisava trazer esse capítulo agora... Se preparem para a avalanche.
ILoveUs nenéns ... :* :* :*



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Capítulo Cinco

ᴗᴗᴗ

            A sexta-feira chegou muito mais rápido do que eu esperava, quase não notei quando a semana terminou. Parece que os dias estavam virando um borrão em minha vida, não me sinto bem com isso, pois gosto de aproveitar ao máximo todos os dias e lembrar cada instante vivido. Como na terça em que fui ficar o resto da tarde com meu pai em sua loja, atendendo os clientes e vendo o quanto aquele trabalho fazia-o feliz. Foi assim o vendo trabalhar que notei que queria ser feliz naquilo em que eu fosse trabalhar também. Demorei bastante a perceber que não era só ter satisfação em fazer aquilo que gostamos como também passar ao próximo o nosso melhor e fazê-los se sentirem bem também, cada sorriso, cada agradecimento enche-me o coração de alegria por saber que estou fazendo o certo, e é disso que preciso.

            Hoje durante a aula Katie não se cabia de tanta ansiedade pelo encontro com o Andrew, eu também estava ansiosa, mas por ela do que por mim mesma, sei que o que tiver que ser será. Mais que tudo eu estava feliz pelo simples fato de Nick ter finalmente me convidado. Eu esperei muito por esse momento, já estava quase seguindo meu próprio conselho que dei para Sam de fazer as honras, mas enfim não foi preciso.

             Em se falando de Sam, ela chamou Tom para ir ao cinema, e ele aceitou claro, dizendo que depois a levaria para tomar sorvete. Assim sendo ela conseguiu o que queria. Enquanto íamos para casa ela não parava de me pedir ajuda sobre o que devia vestir, como se ela não fosse vestir o que ela mesma escolhesse ainda que eu dissesse algo ao contrário, essa é uma das qualidades que mais admiro nela. O mais importante é que ambas estaremos em encontros e nosso fim de semana promete.

            Quase cinco da tarde foi que caiu à ficha que vou sair com Nick, só espero conseguir me manter sã e não bancar uma louca apaixonada com ele. Fiz todas as tarefas que tinham para hoje, não era tanta coisa, pois não deixei acumular, então limpei a casa, dei banho de mangueira no Jake, devia leva-lo ao petshop os pelos dele precisam ser aparados um pouco, mas como meu pai está com o carro deixei para outro dia. Acabamos fazendo uma bagunça enorme no pátio de trás da casa, porque ele começou a brincar e no final eu fiquei toda molhada, mas foi muito divertido, ele sem dúvida era uma das melhores coisas que eu tinha na vida.

            Quando vi que horas eram corri para tomar banho ainda tinha que lavar o cabelo e secar, e eu tinha pouco tempo. Assim que consegui tomar um banho decente fui ao armário de roupas, fiquei pelo menos uns quinze minutos sem saber o que escolher para vestir. Por que tinha que ser tão difícil? Era tudo o que eu pensava, já estava entrando em desespero quando vi minha blusa de cashmere azul, lembrei-me de Nick me dizendo que o azul realçava ainda mais minha beleza. Então peguei um jeans claro com alguns rasgos, uma camiseta branca para vestir por baixo e meus velhos e surrados Vans.

            Assim que fiquei satisfeita com meu visual desci até a cozinha para vê se já estava assada a lasanha que tinha preparado para deixar para o jantar do meu pai. Mais cedo eu o havia avisado que sairia com Nick e talvez não chegasse para o jantar, mas deixaria algo preparado. Enquanto guardava a lasanha já pronta, ouvi a campainha tocar e levei um susto ao olhar para o relógio e ver que eram dezessete em ponto, meu Deus quase não deu tempo.  Enfim, tinha chegado o momento, então fui abrir a porta com Jake em meu encalço, quando abrir ele nem me deixou falar primeiro já ficou pulando em Nick, e é claro que ele deu atenção ao meu adorado cãozinho.

— Hey garotão, você tá crescendo rápido hein.

raumph raumph.

— É eu sei – Nick disse como se realmente tivesse entendido alguma coisa - faz uns dias que não venho aqui já estava com saudade também – foi lindo ver o sorriso dele fazendo carinho no Jake. Esses pequenos gestos me faziam o amar ainda mais, então ele ficou de pé e percorreu seu olhar por todo o meu corpo antes de mirar meus olhos e dizer: — Oi... Você parece ainda mais linda do que quando te vi hoje de manhã – falou com um sorriso no rosto, mas pude perceber uma leve tristeza no fundo de seus olhos. Há dias que eu notei o quanto ele anda calado com olheiras fundas e escuras sobre os olhos, o que estava me deixando preocupada, esperava que pudesse descobri algo hoje. Sorri meio sem jeito para ele, enquanto Jake tentava retomar sua atenção para ele.

— Acho que tem alguém que não quer te dividir comigo – falei sem responder ao seu elogio que havia me deixado sem graça, enquanto acariciava os pelos do meu cão.

— Acho que ele é que não quer dividir sua dona comigo – disse com um ar brincalhão – então vamos?

— Vamos - peguei meu celular e coloquei Jake para ficar sentando em seu cantinho para não ir atrás de mim, enquanto fechava a porta.

            Quando entrei em seu carro deixei que ele me levasse para qualquer lugar, pois sabia que estando com ele tudo estaria bem. Só depois de rodarmos bastante em algumas ruas, enquanto conversávamos e ouvíamos nossas músicas favoritas é que resolvi perguntar a onde ele estava me levando, ele fez um ar de mistério e disse que eu ia gostar muito do lugar e não precisava me preocupar.

            Depois de dirigir mais uns dez minutos paramos em um chalé que servia chocolate quente e outras bebidas quentes. Ele dava para uma trilha que ia para uma campina, e era lindo. Descemos do carro logo que Nick estacionou próximo a estrada e começamos a percorrer a campina. Como estava no fim do inverno, dava para vê os pinheiros ainda cobertos com um pouco de neve ao longe, além de alguns pontos no campo que ainda não haviam derretido, não tinha muitas flores, mas dava para imaginar o quanto aquele local devia ser bonito na primavera.

            Não muito depois de caminharmos um pouco paramos próximo a uma árvore baixa, perto dela havia uma mesa com bancos, acho que costumavam fazer piquenique por ali tem até mesmo um balanço, eu me sentei sob a mesa e ele próximo a mim no banco. Apesar de conversamos sobre muitas coisas durante a viagem até ali, sabia que ele tinha algo a me dizer e eu já estava ficando nervosa. Quando por fim começamos a ficar alguns longos minutos em silencio ele começou tomou a dianteira e falou:

— Você sabe o quanto eu gosto de você, não é Clare... Já faz um tempo que você passou a ser mais que uma amiga pra mim, eu me sinto bem ao seu lado, gosto de compartilhar tudo de mim com você... Você é muito importante pra mim, muito mesmo.

— Você também é importante pra mim Nick, e eu também me sinto assim por você – eu disse por tudo o que havia acabado de dizer - não sei explicar como ou o porquê – ele me mirava com os olhos brilhando, mas parecia que não era de alegria. Eu realmente não entendi esperava que ele tivesse feliz, tão feliz como eu estava por está ali com ele de mãos dadas, mas não era isso afinal. Senti minhas esperanças murcharem um pouco, era algo a mais e isso me deixava apreensiva apesar de suas palavras doces.

— Então é por isso que eu precisava conversar com você hoje – ele disse, mas desviou o olhar do meu – já tem alguns dias que eu quero falar sobre isso, mas ainda não tinha encontrado o momento certo... – as mãos dele começaram a ficar úmidas junto as minhas que ele segurava com força como se eu pudesse fugir a qualquer momento.

— E então... – eu o incentivei a continuar mesmo com o coração batendo como as asas de um beija-flor, eu queria mais que tudo ouvir as próximas palavras que sairiam de seus lábios. Estes os quais queria tanto beijar, tanto provar, mas o que eu ouvi... bem fez meu coração parar no mesmo instante. Não que estivesse muito feliz ou passando mal, foi muito, muito pior.

— Eu... estou namorando alguém – ele disse como se tivesse tirado um peso das costas. Continuou a falar sobre como aconteceu e que era importante para ele que eu soubesse somente por ele e não por outras pessoas, mas tudo que rodava na minha cabeça eram as palavras “estou namorando alguém”. Quem se importava em quem iria dizer ou não, e por que ele tinha que me dizer simplesmente como se me devesse algum tipo de satisfação. Ele não era mais que um amigo afinal. Bem não era para ser a escolhida, pensei com desdém. Lutei para não deixar lágrimas teimosas caírem, eu não podia fazer isso – tem pouco tempo...  – eu voltei a concentrar-me em suas palavras – mas eu precisava te dizer por que você é mais que uma amiga e é muito especial pra mim, eu precisava te dizer... eu imagino que seja estranho... anh, bem uma surpresa na verdade já que eu não estive com ninguém por um tempo – sim, um bom tempo, eu não o vi em um relacionamento desde que começou a estudar em nossa escola.

            Cada palavra que saia de sua boca sobre uma pessoa estranha para mim me sufocava por dentro. Não sei quanto tempo eu prendi minha respiração sem sentir meu coração bater, me sentindo como se tudo estivesse escapando pelos meus dedos, porque bem ali naquele momento eu tinha ficado sem chão pela primeira vez, e tudo que eu queria era correr para os braços de alguém e chorar. Eu queria o meu pai, meu porto seguro, precisava mais que tudo do seu conforto. Porque de repente o inverno tinha chegado mais cedo ao meu coração, e tudo se esfriou dentro de mim, tudo perdeu a cor. Foi então que notei que ele tinha parado de falar e me fitava atento a todas as minhas respirações um pouco entrecortadas. Esperando. Esperando que eu dissesse algo, mas dizer o quê, eu não tinha nada para dizer.

— Uau, eu... eu...  – eu não sabia o que dizer foi um baque muito grande. Então soltei a primeira coisa que veio em minha mente – eu.. anh fico... feliz por você.

— Mesmo?! – ele perguntou incrédulo - Vai ficar tudo bem entre a gente? Porque eu sei que somos bem próximos então não queria que ficasse nada estranho entre a gente, eu não me sentiria bem, na verdade eu não estava nada bem antes de ter te falado sobre isso.

— Estranho? – claro que ia ser muito – Não... não de jeito nenhum, imagina vai ficar tudo bem – e apesar de todo o estrago que estava em meu coração eu conseguir reunir forças em algum lugar e conseguir segurar todo o oceano que estava prestes a desaguar dos meus olhos. Mas eu precisa muito sair dali e logo. Foi ai que meu celular começou a tocar, e quando olhei vi que era Sam, sem deixar que ele notasse quem era apertei o botão para aceitar e disse: – ah, é o meu pai eu preciso atender, tudo bem?

— Tudo... – mas antes que eu me afastasse um pouco ele segurou meu braço e perguntou : – Está se sentindo bem, você parece um pouco pálida?

— Tá tudo bem sim, tudo bem, só um instante ok – desci da mesa mesmo sentindo minhas pernas trêmulas e me afastei um pouco, mas o suficiente para que ele pudesse me ouvir – Oi papai?

Oi papai?! Ah qual é Clare, acho que vou dar um treco aqui com o Tom, tá um saco aqui, eu tô quase me jogando nos braços dele e ele nem ai. Affs, desculpa tá atrapalhando seu encontro, mas a Katie não me atende de jeito nenhum, e eu precisava falar com uma de vocês antes de enlouquecer – ela disse rápido— mas qual é essa de me chamar de papai, tá de zoação comigo?

 — Ah nossa é mesmo – eu disse sem ligar para o que ela estava perguntando - tudo bem sem problemas, eu vou sim – era tudo o que eu precisava uma desculpa para poder ir embora, e ela surgiu no momento certo.

 — Clare o que tá acontecendo porque você tá falando como se estivesse falando com o seu pai, e você vai pra onde? Você tá quase chorando sua voz tá trêmula, eu sei por que conheço bem você. Tá me deixando preocupada agora.

 — Não de jeito nenhum papai, eu... – suspirei para aliviar o rubor da minha face e me acalmar – vou pedir o Nick pra me deixar em casa, não se preocupe eu estou indo.

 — Ok não tô entendendo bem, mas tô indo pra sua casa também – Sam falou, e dessa vez eu pude me concentrar realmente no que ela dizia.

 — Não – respondi um pouco rápido demais, mas eu não queria encontrar ninguém depois que Nick me deixasse em casa. Eu precisava pensar sozinha primeiro.

— Como assim, não? – Sam gritou do outro lado – Até parece mesmo, eu vou pra sua casa, eu entendo que talvez queira ficar um pouco sozinha, mas acho que não deve, vou tentar ligar para Katie e a gente se encontra lá. Sem desculpas, nós não deixaríamos você sozinha mesmo que quisesse – eu bufei sabendo que não conseguiria convencê-la do contrario.

— Não se preocupe – eu disse com um sorriso forçado e uma voz um pouco mais espontânea – eu e ele podemos marcar outro dia, ele vai entender não se preocupe – eu disse mais uma vez acentuando a palavra para que Sam pudesse captar o que eu queria dizer e desliguei o telefone sabendo que devia boas explicações a Sam mais cedo ou mais tarde. Há essa hora meu pai ainda não estaria em casa então não teria problemas, eu chegaria e me esconderia em meu quarto por um tempo – Anh meu pai ele... precisa que eu vá pra casa, tudo bem se a gente for? – eu disse me virando para olha-lo.

—Tudo bem – ele parecia um pouco abalado e preocupado ao mesmo tempo, mas acho que eu estava muito mais e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele me abraçou.

            E bem ali naquele momento eu quis deixar todas as amarras e gritar para o mundo o quanto aquilo tinha doído no meu coração, o quanto tinha o quebrado em pedacinhos, mas eu tinha que ser forte na frente dele. Não era hora de fraquejar, ele não me via como uma garota desejável, mas só como uma amiga, uma irmã a quem ele dedicava muito seus cuidados, triste, mas verdadeiro. Ele nunca me amaria como eu o amava.

            Durante todo o percurso de volta não trocamos uma palavra sequer eu liguei o rádio e deixei que tocasse qualquer música enquanto via a paisagem passar pela janela. Não pude olhar pra ele, mas sei que ele me observava, e esperava que ele me entendesse que eu estava muito surpresa pela noticia para falar qualquer coisa. Ao chegarmos à frente de minha casa, não deixei que ele descesse. O carro do meu pai já estava parado em frente à casa, mas eu não vi o de Sam, então suspeitava que ela não havia conseguido chegar primeiro do que eu, o que me dava alguns minutos para conseguir fugir por um tempo.

— Obrigada por me trazer mais cedo – eu disse a ele – nos vemos na escola segunda-feira – ele acenou, mas antes de sair ainda me puxou para deixar um beijo na testa.

— Tudo bem, até segunda – ele disse e quando fechei a porta ele desceu a janela e falou ainda: – se precisar de qualquer coisa me ligue ou mande mensagem de texto. Eu estarei aqui pra você – eu concordei com a cabeça, esperando que ele pudesse entender que podia ir embora, acho que ele entendeu que eu precisava de um tempo para processar tudo, então eu o vi partir e foi como se fosse pra sempre. Na minha cabeça eu pensei eu perdi... perdi e não sabia como lidar com isso.

            Em vez de entrar em casa, para enfrentar meu pai que estaria sentado no sofá e me interrogaria logo que visse a expressão no meu rosto, eu corri para a floresta. Corri com todas as minhas forças implorando para que o vento que batia em meu rosto me levasse para longe.

             Enquanto eu adentrava a floresta a chuva começou a cair, eu pensei que fosse minhas próprias lagrimas, mas elas ainda não haviam caído, mesmo que minhas emoções estivessem todas expostas agora. E quando finalmente elas transbordaram eu pedi a Deus que toda a dor que eu estava sentindo fosse embora com elas, porque eu não sabia como eu conseguiria seguir daqui para frente. Não sabia como seria me sentar a mesma mesa que ele no refeitório sendo que não seria eu mais a sentar ao seu lado, nada mais seria primeiramente eu como sempre foi.

             Acabei sentando em tronco caído depois que tropecei varias vezes no caminho, deixando minhas lágrimas rolarem até não restar mais nada. Sabendo que demoraria a aceitar essa nova realidade. Aceitar que no fim eu sempre seria sua amiga, e nada mais.

            Não sei por quanto tempo eu fiquei sentada naquele tronco de árvore caído, nem quanto tempo tinha chovido, pois já tinha parado e recomeçado. E parado novamente, já estava bem escuro na verdade, minhas lágrimas tinham parado de cair, era só eu agora sem forças para levantar e seguir em frente. Ouvi um cachorro latindo, imaginei que meu pai já houvesse tentado me ligar varias vezes e como meu celular molhou não tinha como eu saber. Mas aposto que Sam estaria lá com ele, e dito algumas coisas. De qualquer maneira eu precisava ir para casa, senão ficaria com hipotermia, por causa do frio e da roupa molhada.

             Levantei-me e pus-me a seguir a trilha de volta para casa. Antes que eu chegasse Jake veio correndo ao meu encontro, então não consegui conter as lágrimas que voltaram a descer pelos meus olhos. Parecia que não acabava mais, tinha sido assim durante horas enquanto eu estava na floresta, parava e recomeçava, parava e recomeçava, e agora tendo o pequeno Jake vindo ao meu encontro fez romper uma nova avalanche de emoções. Ao entrar em casa, Sam foi a primeira a me ver e veio correndo me abraçar:

— Ah meu Deus Clare, onde você estava? – ela disse com voz aflita – Estávamos preocupados, eu quase tive um ataque do coração. Você não pode sumir assim, e o seu celular? – ela falou rápido enquanto me verificava – Ah meu Deus, você precisa trocar de roupa se não vai ficar doente, olhe pra você – ela finalmente olhou em meus olhos e eu vi uma ira brilhar em seus olhos, Nick que se cuidasse quando ela o encontrasse – eu vou pegar uma toalha – ela disse por fim. Não consegui responder nada a ela, pois saiu antes que eu pudesse responder. Então olhei para meu pai, e ele também me olhou e tenho certeza que ele já tinha visto tudo dentro de mim. Ele me abraçou e sussurrou em meu ouvido que ficaria tudo bem. Eu acreditei nele. Eu sempre acreditaria.

            Enquanto estava em seus braços eu logicamente voltei a chorar, chorei tanto que solucei, mas o melhor é que ali nos seus braços eu me sentia segura. Meu pai nunca me abandonaria, ele sempre foi e será meu refúgio. Lembro bem, quando caiu meu primeiro dente, quando arranhei meus joelhos com a queda da bicicleta que eu tentava aprender a pedalar, quando sentia medo do escuro, quando eu precisava de conselhos, quando eu tirei minha carteira de motorista, em todos os momentos ele esteve comigo. E agora com o coração partido não era diferente, lá estava ele, me consolando e dizendo palavras doces.

— Não se preocupe querida você vai encontrar seu alguém que a ame tanto quanto você merece. Quem não notar a mulher linda, maravilhosa e que tem sorriso mais lindo do mundo, está perdendo tempo em não te paquerar – ele falou com aquela palavra um pouco antiga para nossos novos tempos – você tem todo direito de ser feliz, e vai ser muito.

             Aquelas palavras cativaram meu ser, e eu consegui sorrir um pouco, concordando com cada palavra que ele me disse. Eu percebi que era incrivelmente sortuda em ter um pai como o meu, ele não media esforços para me fazer feliz, eu o amava tanto que não tinha medida. Ele sorriu também vendo que eu já estava um pouco melhor.

— Agora vá se secar, eu não quero minha menina doente – ele falou. Assim que consegui desgrudar do abraço terno do meu pai, subi para o meu quarto.

            Imaginei que Sam não havia encontrado as toalhas, mas ao chegar lá me enganei totalmente, ela não só tinha encontrado como tinha pegado um pijama quentinho para mim, além das minhas pantufas favoritas. Quando cheguei à porta do banheiro ela estava terminando de preparar um banho na banheira para mim, eu me sentiria eternamente grata a ela por tudo isso. Ela era uma amiga sem igual e estava bancando a irmã mais velha de novo, eu sorri por dentro pelo pensamento.

— Oi – eu disse meio sem jeito.

— Oi, vem você precisa de um banho quente, fica aqui um tempo pra você relaxar enquanto eu vou preparar um chocolate quente pra gente, tá? – ela disse, mas antes de sair se virou e me deu um abraço apertado dizendo: – Vai ficar tudo bem Clare, eu estou aqui também, ok? – eu só concordei com a cabeça, sabia que ela faria de tudo para me ajudar a seguir em frente, ela era realmente incrível, eu precisava dá um toque no Tom, ele estava perdendo tempo assim como meu pai havia pedido.

            O mais importante é que Sam sabia que em momentos como esse é que eu gostaria muito de ter minha mãe viva, mesmo que meu pai suprisse toda e qualquer coisa para mim. Havia coisas que só uma mãe poderia dar, e muitas vezes eu encontrei esse carinho maternal em Sam, mesmo ela sendo tão jovem.

            Sammy acabou dormindo juntinho comigo, depois que tomei banhou e tanto eu como ela que havia se molhado ao me abraçar vestimos roupas secas. Bebemos duas canecas cheias de chocolate quente cada uma que meu pai havia preparado, ela ficou falando sobre seu encontro com o Tom, e em como ela não se importaria mais se ele a queria ou não. No momento tudo o que eu menos precisava era falar, e o silencio seria muito doloroso então ela tagarelava sem parar, até que dormimos. Um sono profundo para mim, sem interrupções, sem sonhos. Só o descanso.

 


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Notas finais do capítulo

Uau o que acharam? Alguém mais quer dá na cara do Nick, tá merecendo einh... nada de #teamNick e sim #chateadacomNick hahaha.... bjs até a próxima.



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