Um Porto Seguro escrita por Hay Linn


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então pessoas queridas vou arrumar os primeiros cinco capítulos, e postarei os outros só depois.... Não, não, não... Não estou sendo malévola, só quero que vocês fiquem com um gostinho de quero mais ashuashuashua.
Gente compartilhem com os amigos, e amigos de amigos essa fic me deem uma help. Não estranhem minhas escritas doidas, as vezes eu tô assim rsrs
Mais um...



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Capítulo Um

ᴗᴗᴗ

Fevereiro de 2011

 

            Desde que me entendo por gente sempre foi eu e o meu pai. Nós moramos em Ohio, numa pequena cidade chamada Kent. Nossa casa é bem grande para viverem somente duas pessoas, é uma casa de dois andares pintada de branco e telhado marrom, mas o meu pai me diz que espaço nunca é o suficiente, principalmente quando se tem um filhote de pastor suíço branco. Sim o Jake é o meu xodó, eu o ganhei no meu aniversário ano passado, e ele vive correndo para todo canto da casa, mesmo com o jardim imenso que temos ele prefere pegar os meus sapatos e arranjar esconderijos dentro de casa para eles.

            Em todos os lugares da casa há fotos nossas, seja das pequenas aventuras que eu e meu pai fazíamos em nossas viagens de férias ou as mais recentes com o Jake. Na sala temos uma TV grande que meu pai usa para vê seus programas de comédia ou as temporadas de basquete, e estas sempre juntam bastante gente aqui em casa, principalmente por causa dos meus amigos, mas eu falo deles depois. Ainda há mais um cantinho da sala que é muito especial, é onde fica o piano, eu adoro tocar piano, especialmente porque meu pai diz que vai a outra galáxia quando estou tocando para ele, e tudo que eu mais quero sempre, é vê-lo feliz.

            A cozinha é o lugar que eu menos frequento não que eu não goste de comer, quem não gosta, mas a verdade é que eu sou um desastre na cozinha, são raras as receitas que acerto fazer, o básico eu sei. Claro meu pai fez questão que aprendesse a me virar com um pouco de coisas. No entanto algumas receitas mais especificas nem sempre dão certo. E eu digo isso porque amo doce, e sempre que eu invento fazer algum tipo de bolo ou torta algo dá errado, por isso prefiro me manter mais distante dessa parte da casa, o que uma Pâtisserie ajuda muito quando preciso me afogar nos doces.

             Meu pai é o que mais usa a cozinha ele é um tremendo mestre cuca, ele adora cozinhar. Aliás, não sei por que não herdei essa qualidade dele, seria tão favorável a mim. Acontece que meu pai diz que sou muito parecida com a minha mãe em quase todos os aspectos, ela morreu no meu parto, me sinto triste por não tê-la conhecido e também por ter tirado a vida da mulher que meu pai amava, é emocionante ouvi-lo falar sobre ela, dá para vê o quanto ele era apaixonado e dedicado à vida dos dois. Mas ele sempre me diz que Deus pode até ter levado sua amada para longe dele, mas ao mesmo tempo trouxe um anjo lindo para sua vida, eu no caso.

            A propósito eu sou a Clarissa Marie Falls, mas todos me chamam de Clare, tenho dezessete anos, tenho uma estatura média, olhos castanhos, e cabelo castanho acobreado, que tanto de castanho né, isso tudo puxando minha mãe, tenho poucas fotos dela, e ela era realmente linda, não tenho duvidas do porque meu pai se apaixonou por ela. Claro, meu pai é o excêntrico senhor John Falls, além de adorar cozinhar ele coleciona moedas, sim eu disse moedas, ele sempre viaja através das historias de moedas antigas e faz questão que eu embarque em todas as suas aventuras. Ele tem uma loja de jardinagem na cidade que ajuda no nosso sustento, e essa é uma das outras coisas que ele gosta, jardinagem, nos temos em nossa casa vários canteiros cheios de rosas de todas as cores. Ainda assim vejo o quanto ele gostaria de sair por cada canto do mundo em busca das mais peculiares histórias em que cada moeda existiu, mas ele insiste que sua época de ser audacioso já passou, e que está mais focado em me fazer sair do mundo tranquilo em que vivo. Ele nem sabe que eu não vivo em um mundo tão tranquilo quanto ele pensa.

            Enfim, este ano estou terminando o colegial, e estou extremamente ansiosa para começar a estudar na Universidade de Columbus, eu poderia continuar aqui em Kent e estudar na universidade local que é uma das melhores que conheço, mas meu pai quer que eu expanda meus horizontes e me aventure pelas boas oportunidades que o mundo tem a oferecer, eu não poderia jamais contraria-lo, eu o amo demais. Além de que, bem aqui no fundo do meu coração eu sinto que preciso disso, mesmo que aqui seja o meu lar onde eu me sinto segura e sinto que possa fazer tudo com tamanha alegria, pois sei que meu pai sempre estará pronto para me auxiliar, eu preciso buscar mais para mim, e para ele. E ainda mais importante Columbus fica a pouco mais de duas horas de viagem de carro, sempre poderei vir vê-lo, e me esconder, entre meus livros, música e o primordial a segurança do amor incondicional do meu pai, de toda a rotina maluca que deve ser na universidade.

            Hoje começa mais uma semana de aula, e eu preciso de toda força do mundo para conseguir me levantar da cama. Esse fim de semana foi inacreditavelmente de muitas estripulias, além de ajudar meu pai a plantar mais um canteiro de roseiras, teve uma pequena, que de pequena não teve nada, confraternização das bodas dos pais da Sam, uma das minhas melhores amigas, fora que depois todos os jovens que estavam lá resolveram que seria legal jogar verdade ou consequência, no final teve muitos micos e risadas, ou seja, fomos dormir bem tarde. Mas hoje eu só queria ficar em casa, além do meu quarto está uma verdadeira bagunça, eu não estou com animo para aula de hoje, sim hoje tem matemática, eu até gosto mais acho uma complexidade absurda, por que Senhor Jesus tinha que ser tão difícil de entender.

            Meu quarto é bem simples, e gosto de mantê-lo sempre organizado, mas com a correria para encontrar algo legal para vestir ontem acabei fazendo um ninho de rato em tudo que há de espaço. Tenho um banheiro só para mim, uma cama, que sinceramente é maravilhosa, me faz ter um sono dos deuses, uma escrivaninha branca, daquelas bem vintage sabe, e uma prateleira cheia de livros que é um dos meus maiores tesouros. Pois além de tocar piano, eu adoro ler, sempre que tenho tempo busco aprender novas coisas, e na leitura eu me encontro plenamente. Tenho livros desde Benjamin Franklin as mais recentes literaturas como John Green e J. K. Rowling, além de alguns mais metodológicos, já que a área que eu quero me profissionalizar exige bastante conhecimento cientifico.

            É isso ai, eu quero ser médica, desde pequena eu gostava de cuidar dos meus próprios ferimentos e dos de outras pessoas também, sempre achei incrível o quanto o empenho desses profissionais pode ajudar com a vida das pessoas. Eu gosto de visitar os pacientes do hospital público daqui, e levar algumas guloseimas que meu pai prepara ou flores que temos no nosso jardim, sempre que vou me sinto mais certa de que é essa a profissão que quero seguir, é emocionante contemplar a melhora na saúde de cada pessoa que se encontra ali, e o quão forte elas são para nunca desistirem de lutar pela vida, e isso sempre me fortalece. A vida é muito valiosa e vale a pena aproveitar cada instante que temos dela e fazer o nosso melhor para o próximo e para nós mesmos.

            Meus pensamentos são desviados quando ouço alguém batendo na porta do meu quarto, e tenho certeza que é o meu pai, porque até mesmo o Jake gosta de dormir até mais tarde, e quem disse que o cão tem culpa disso. Não disse que era ele, acabou de colocar a cabeça pela abertura da porta:

— Clare, querida é melhor levantar ou vai acabar se atrasando para a escola.

— Bom dia para você também pai, e eu já tô indo, ok?

— Ok mocinha, estou te esperando para o café da manhã. — Ele disse e saiu rindo de mim, dá para acreditar, ele sabe o quanto eu estou acabada depois de ontem, eu merecia um desconto para hoje, faltar só um dia não ia interferir no meu currículo escolar, mas eu tenho um nome a zelar e é da garota que nunca falta. É acabou-se o grande momento reflexivo da minha vida é hora de começar mais um dia.

            Depois de tomar um banho frio para vê se eu acordava direito, me troquei peguei minha mochila e desci as escadas para tomar o café da manhã junto ao meu pai. Quando estava descendo as escadas quase caio de cara no chão, pisei em falso em cima de um sapato que Jake havia deixado ali, peguei-o e levei para a sapateira, depois fui para a cozinha, onde meu pai tomava seu bom e velho amigo, o café. Nunca fui de beber café puro, sempre o misturei ao leite, acho que ele sempre me deixa muito elétrica, e eu não lido bem com isso.

— Bom dia querida, dormiu bem? - Sério isso?! Ah, não acredito ele sabe que não dormi quase nada, mas não posso menosprezá-lo, ele sempre tentar me animar nas primeiras horas da manhã. Principalmente em uma segunda-feira.

— Dormi maravilhosamente bem, e o senhor? – resolvi entrar na dele - Ontem veio cedo para casa nem me chamou para vir.

— Você parecia tão feliz se divertindo com seus amigos, que eu não quis atrapalhar o que quer que vocês estivessem fazendo. Todos os meninos estavam babando com todos aqueles seus sorrisos lindos. - Porque eu me preocupo em ouvi-lo, tudo que ele faz é me bajular.

— Eu não vi isso, na verdade quem era o centro das atenções era Sam, toda linda com aqueles olhos azuis e aquele cabelo loiro. Argh, como pode isso?! - Revidei revirando os olhos enquanto comia um bagel com creme de avelã e tomava meu café com leite.

— Tenho certeza que tinha alguns olhando especificamente para você, e eu acho muito mais bonitos os seus cabelos e os seus olhos. - Ele disse isso com aquela cara de, não ouse discordar de mim. Comi rapidamente e então lavei o copo que havia sujado na pia, peguei minha mochila para ir para a escola, dando um beijo em meu pai disse:

— Obrigada por sempre levantar minha estima. Tenho que ir agora pai, tenha um bom dia, eu te amo. - Não quis contraria-lo com aquela afirmação, sabia o quanto ele me achava parecida com a mamãe, e o quanto ele a amava, mais ainda fiquei me perguntando, se alguma dessas pessoas seria alguém que estava no nosso circulo, ou se seria só o papai tentando me bajular mais uma vez. Está certo que eu não sou uma das piores, mas também não sou uma beldade como Sam.

             Ela e a Katie são minhas melhores amigas, a verdade é que me dou bem com todos ao meu redor, mas elas duas são tipo pedaços de mim. Samantha Smith, ou Sam, como eu já havia dito é uma loira linda com seu belo par de olhos azuis e alguns centímetros mais baixa que eu, além disso, tem o melhor vocabulário quando se trata de defender seus amigos, sai cada coisa absurda que chega a ser impressionante o que aquela coisinha pequena é capaz de falar. Nós vamos juntas para a escola, também pelo fato de morarmos bem próximo uma da outra. O que convém para todas as fugidas de casa no meio da noite para comermos chocolate e sorvete rindo até doer nossas barrigas ou chorando com todo o drama jovem.

            Sam é a irmã que não tive, foi a primeira que conheci na pré-escola, e até hoje não sei o que seria de mim sem ela. Ela me ensinou tudo sobre o que uma mulher deve saber, posso dizer assim. Como as transformações do meu corpo na puberdade, meu primeiro ciclo menstrual, eu aprendi com ela, que aprendia com a mãe dela. Ela sempre fez questão de fazer o papel da mais velha, quando na verdade a diferença de idade é apenas alguns meses.

            Eu nunca quis importunar meu pai com relação a isso, apesar de ele está sempre disposto a falar ou fazer o que fosse preciso por mim. Eu tenho duas tias, Sarah e Joanne, irmãs do meu pai, mas nunca me senti a vontade para falar com elas sobre essas coisas, mesmo que nós as visitássemos nas festas de fim de ano, já que elas não moram aqui em Kent. Minha tia Sarah mora no Canadá com o marido e dois filhos que são dois pequenos travessos, já a tia Joanne está em Londres fazendo seu phd em Química, pense numa mulher inteligente, é ela, eu sempre fui mais apegada a ela, e sinto muita saudade.

            Também tem meus avós paternos que vivem em Cleveland, é para lá que sempre vamos no dia de Ação de Graças e no Natal. Já os familiares da minha mãe eu não conheço ninguém, meu pai conta que meus avós maternos haviam falecido e minha mãe era filha única. Hoje como em muitos outros dias, pesa na minha mente toda uma herança que levo deles, e o quanto minha mãe deve está orgulhosa pela mulher que estou me tornando, eu me sinto mais forte e com muito mais determinação para lutar cada dia mais pelos meus sonhos.

— Ah, finalmente a bela adormecida resolveu dar o ar de sua graça. – E essa é a Sam, nem tenho certeza se ela dormiu essa noite do tanto que está elétrica, deve ter tomado uns energéticos.

— Bom dia Sam, me desculpe pelo atraso, mas é que eu não estava com animo pra sair da cama hoje. Aliás, como ficou depois que eu fui para casa? - pergunto de um jeito bem inocente, como quem não quer nada, ela ficou horas secando Tom, um dos nossos amigos. Todos sabem que tem uma tensão rolando entre eles há algum tempo, mas como ambos são muito orgulhosos nenhum dos dois quer ceder, e ai fica nessa de ficarem trocando olhares, mas sem entrar em ação. Acho que Tom vai acabar cedendo, porque Sam é dura na queda.

             Tomas Hayes, o nosso querido Tom é um tremendo um gato, tem o corpo atlético, alto, cabelo castanho claro e olhos azuis claros, ele também joga na equipe de basquete da escola. Mas não chama tanta atenção como o capitão da equipe, Andrew Scott, que além de ser o centro das atenções, também faz de tudo para infernizar a vida dos nerds, eu com certeza não vou com a cara dele, ele é um pé no saco.

— Bem depois que a senhorita foi embora, todo mundo foi indo aos poucos só o Tom que ficou me infernizando mais uma meia hora, então dei um jeito de mandar ele vazar.

— Uuhh como você é má – eu disse e acabei rindo da careta que ela fez.

— Pare de me sacanear e vamos logo – ela disse antes de entrar em seu carro parecendo irritada, mas quando entrei e me sentei ao seu lado pude ver um cantinho de sua boca sorrindo para mim.

            Ao chegarmos ao estacionamento da Theodore Roosevelt High School, escola onde estudamos, encontramos Katie que já nos esperava sentada perto de uma árvore, na verdade dizemos ser a “nossa árvore”, já que sempre nos encontramos ali para caminharmos juntas para dentro, e passamos a maior parte do intervalo também ali, é onde escrevemos nossos nomes e o símbolo do infinito para nossa amizade, meio clichê, mas realmente significativo para nós.

            Katie Crosswood é a mais quieta do grupo, mas também é a que bola todos os planos mais sórdidos contra a elite da escola, ela é uma nerd, e sofreu muito até ter nosso apoio para revidar, agora ninguém mais meche com ela, a não ser o Andrew, mas este, nós desconsideramos, porque chega ser chato falar dele, e tenho pra mim que Katie fica ainda mais fula da vida quando citamos o nome dele em alguma conversa. Ela tem a minha altura, tem sardas no nariz, que particularmente acho que a deixa ainda mais fofa, cabelos castanhos e olhos esverdeados, ela é a cabeça pensante da turma, ninguém ousa discordar de suas afirmações, porque no final é ela quem sempre está certa. Esse ano ela foi escolhida como editora chefe do jornal da escola acho que ela nunca se sentiu tão realizada, e todos nos ficamos felizes por ela.

— Hey Katie – eu e Sam falamos ao mesmo tempo, levando-nos a risadas.

— Oi gente, – falou com uma voz baixa e triste, o que nos fez ficarmos alertas no mesmo instante – argh, eu já estou com a cabeça estourando de dor – ela soltou por fim - mal cheguei à escola e o Andrew veio encher meu saco dizendo que os jogos de basquete precisam de mais uma pagina no jornal, e que eles estão sendo menosprezados enquanto o clube de artes e música recebeu mais do que deveria. Affs, eu não mereço isso logo no começo da manhã.

— Katie não fica assim, acho que é só uma desculpa dele pra poder falar com você, não sei não, acho que ele é apaixonado por você – Sam disse, e eu juro que os olhos arregalados de Katie, me fez ter certeza que ela não ia deixar isso barato.

— Ahhh, mas olha só quem fala, faltou só comer o Tommy com os olhos e não fez nada, não é mesmo Clare? - falou com uma imensa satisfação.

— Ok acho que eu vou ficar fora dessa – falei já andando de costas rumo à porta de entrada da escola. Elas me olharam como se eu pudesse resolver a situação, mas acontece que nesse caso eu não podia, porque para mim as duas afirmações era verdadeiras, mas é preferível não me meter, já que eu não sou uma expert nesse assunto. E foi ainda andando de costas com um sorrisinho para elas que acabei trombando em alguém, e só não cai por mãos grandes e braços fortes me seguraram. E olha só que ironia do destino, tinha que ser ele.

— Ai caramba, desculpa, eu e minha mania de não prestar atenção por onde ando – falei com uma cara de alguém me tira dessa. E ainda me segurando com um sorrisinho no rosto e uma voz rouca enlouquecedora, ele me respondeu:

— Não tem problema, eu sempre estarei por perto pra te segurar – nesse momento eu queria muito poder tirar aquele sorriso sapeca dele, mas não estava em condições. Mas minhas queridas amigas acabaram por me socorrer.

— E ai Nickolas, nem parece que você passou mais da metade da noite de ontem acordado, nunca demonstra cansaço.

— Esse é o meu lema Sam. Não devo demonstrar fraqueza, senão como vou mostrar aos meus colegas que temos tudo para vencer.

— Com certeza você é bem forte mesmo – disse isso olhando para o braço dele ainda me segurando, como se não quisesse me soltar, mas acho que é só imaginação minha. Ele acabou notando o olhar fixo da Sam e me soltou.

— Pois é anh acho melhor a gente entrar antes de o sinal bater – disse um pouco sem graça agora, fez uma pausa e continuou - Até mais meninas – virando-se para mim disse: — Tchau Clare. Nos vemos mais tarde? – disse e saiu andando sem esperar por minha resposta, mas não sei se foi uma pergunta ou se ele estava afirmando, só que eu não consegui dizer nada, só balancei a cabeça confirmando. E para me chamar de volta a realidade Sam me sacudiu um pouco, e estalou os dedos na minha cara.

— Ok amiga ele já foi, pode sair desse estado catastrófico. Você precisa para de travar quando estiver perto dele – como se fosse possível eu pensei e revirei os olhos.

— Certo acho melhor a gente... – e antes de eu terminar a frase o sinal tocou, e tivemos que sair correndo para chegar a tempo na sala de aula.

            Durante as primeiras duas aulas que eram de inglês, eu não consegui prestar atenção em nada, só tentando achar uma solução que me fizesse menos boba na frente dele. Nickolas Hayes é uma das pessoas mais integras que tive o prazer de conhecer, está sempre disposto a ajudar todos, no que precisar, ele também joga basquete com Tom que é seu primo.  Ele também é o segundo no comando do time depois do Andrew.  Juntos, ele e outros garotos conseguiram ganhar muitos campeonatos. Além dele e Tom, há Collin Jones, outro amigo nosso, o mais engraçado do grupo, e eles são alguns dos caras que se juntam ao meu pai para assistir aos jogos de basquete, e costumam fazer uma bagunça enorme.

            Nick, como eu o chamo, é o cara mais lindo que eu já vi, e eu não exagerando, ele é bem alto acho que 1,83 por ai, cabelos pretos como a noite, e olhos fascinantes, duas bolinhas tão azuis e preciosas como safiras, um nariz de ponte reta e um sorriso com covinhas que me deixa de pernas bambas. Fazemos parte do mesmo grupo de amigos desde o começo da escola secundaria, e eu sempre tive uma queda, melhor dizendo um abismo, por ele, mas apesar de todo o carinho que ele me trata nunca passamos da zona de amigos, o que às vezes me deixa bastante frustrada e me faz chorar rios no ombro da Sam. Agora depois de quase três anos na zona de amigo eu já lido um pouco melhor com isso, mas assim como com o tempo eu fui me tornando mais forte para lidar com as decepções, ele foi ficando cada vez mais bonito e difícil de resistir.

            Dessa forma sempre que eu o vejo ainda fico monossilábica e meio abobalhada, chega a ser vergonhoso, por isso eu evito bastante ficar perto dele, mas ao contrario de mim que fujo, ele faz questão de me procurar onde quer que eu esteja. Sempre senta ao meu lado no refeitório e nas aulas que temos juntos. Tento ao máximo não pagar de lesada quando estamos juntos, mas há momentos como aquele em que ele me segurou tão próximo de si, que podíamos sentir a respiração um do outro, que me deixa totalmente fora do controle de minhas ações.

            Com o fim das primeiras aulas vou encontrar o pessoal no refeitório e tentar não babar de tanto olhar para Nick. De certa forma entendo o que Sam passa, mas diferente dela com o Tom, o Nick nunca demonstrou mais do que um extremo carinho e cuidado comigo, o que não deixa de me agradar, pois sempre que estou com ele me sinto segura. Não como quando estou com o meu pai, mas é como se meu coração entrasse na mesma sintonia do dele, e todas as partes dele se encaixassem nas minhas, completando um enorme quebra-cabeça. Não sei o que seriamos se estivéssemos em um relacionamento, mas sei que tê-lo por perto faz o meu dia ser bem melhor.

            No final do dia, em vez de ir para casa, acabei indo para casa de Katie, eu precisava urgentemente de um reforço em matemática senão não conseguiria tirar a nota que eu queria esse semestre. Sempre me esforcei bastante para manter minhas notas num patamar bem alto, para conseguir uma bolsa de estudos no curso que quero, mas esse semestre está me tirando o couro de tão difícil, são tantos trabalhos, testes e um monte de livros para ler. Que chega ser necessário todo um planejamento no meu caso, por isso sempre que dá peço uma força a Katie que é mega inteligente, e sempre se dispõe a me ajudar.

            Durante o intervalo deu tudo certo, eu não passei vexame, e consegui sobreviver à vontade louca de enfiar meu nariz na curva do pescoço do Nick.  Jesus parecia que hoje ele estava mais cheiroso do que os demais dias, e eu sou meio que fera em distinguir seu cheiro a quilômetros de distância, eu sei que eu exagero um pouco, ele tem um cheiro masculino amadeirado e refrescante como as brisas do mar, chega a ser difícil suportar tanto tempo ao lado dele sem pedir na maior cara de pau por um abraço só para poder ficar mais perto daquela fragrância maravilhosa.

            Katie acabou me tirando dos meus devaneios com uma pergunta que eu não esperava:

— E então, você já sabe com quem vai ao baile? - Ok, isso foi inesperado vindo de Katie, ela é sempre tão quietinha e quando Sam chama para a gente sair para algum lugar, ela inventa várias desculpas, e só quando Sam insiste muito que ela vai.

— Bom, eu ainda não sei, e tá tão longe ainda, não tinha pensado nisso. Mas os meninos é que tem que convidar as meninas, então vou esperar mais um pouco e vê, se ninguém me convidar eu devo ir sozinha mesmo.

— Até parece que o Nickolas não vai chamar você pra ir com ele – disse suspirando

— Olha Katie, não se preocupa com isso, tenho certeza que alguém vai convidá-la, você é linda, espontânea e pode não parecer, mas é muito divertida. Você sabe disso, eu nem preciso dizer – afirmei com firmeza a fim de levantar sua autoestima, porque de verdade tudo o que eu disse a ela eu não retiraria nem uma vírgula, e Katie com certeza merece ser muito feliz e principalmente que um cara legal goste muito dela.

— Ok, vamos deixar pra lá. Acho melhor voltarmos ao nosso estudo temos muito que vê ainda. – E então passamos o resto da tarde em volta dos livros, deixando o assunto de lado, por enquanto.

            No entanto eu não pude deixar de pensar que assim como eu, Katie sentia que precisava de um algo a mais em sua vida. Algo que trouxesse desafios. Contudo nada melhor para trazer desafios do que a universidade. E nós estávamos muito próximas dela para deixar que pequenas pedras no caminho nos fizesse desistir.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu consegui estender mais minha escrita deixando o capitulo um pouco maior. Espero que tenho gostado. Até o próximo. Bye Bye.



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