Término escrita por Ellaria M Lamora


Capítulo 1
ONESHOT


Notas iniciais do capítulo

Oneshot inspirada na músicas:

* The One That Got Away - Katy Perry
https://www.youtube.com/watch?v=iL5otbGgmRc

* Coward Montblanc
https://www.youtube.com/watch?v=YageeE8bI50

Boa leitura ♥



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Quando os olhos esverdeados pousaram no inocente e doce bolinho, a jovem soube que estava tudo acabado. Suas mãos o tatearam, perguntando-se quando havia começado a encarar aquele gesto tão meigo de Rin com tanta indiferença, deixando que o agradável calorzinho em sua barriga e coração simplesmente morressem, afogando-se em um mar de apatia.

— Eu usei menos açúcar nesse, já que você reclamou do excesso do anterior — A voz cansada de Kagamine Rin avisou — O Len insistiu que eu colocasse bastante granulado, mas sei que você não suporta isso.

Gumi assentiu, sem realmente prestar atenção nas palavras da loira do outro lado da mesa. Sua mente preferia concentrar-se em encontrar as respostas para suas dúvidas iniciais.

— Desculpe se não estiver muito bom. Ontem trabalhamos até tarde e no cansaço e preocupação de não colocar muito açúcar, posso ter errado em outra medida...

— Entendo.

Dando uma pequena mordida no cupcake, ela descobria a primeira parte do que a atormentava: era por causa daqueles bolinhos que tudo havia começado.

A família Kagamine era dona de uma singela lojinha de doces perto da escola e Gumi sempre ia lá com os amigos após as aulas. Nessa rotina, não demorou para reparar na extrovertida atendente de cabelos dourados que sempre a presenteava com amigáveis sorrisos.

A amizade das duas floresceu rapidamente e Rin, sempre que podia, a surpreendia com doces e cupcakes novos. Alguns eram invenções suas, outros ela roubava do estoque da loja e dava para a amiga, afirmando que a vida se tornava melhor com mais açúcar.

Em pouco tempo, Gumi viu-se apaixonada por aquela atendente.

Aguardava ansiosamente seus encontros com a loira, sentindo seu coração encher-se de expectativa diante da possibilidade de saborear algo novo da Kagamine e adorava observar o brilho que tomava conta dos olhos azulados, quando ela fazia um elogio para os doces que ganhava. Não se importava de ficar até tarde no celular com Rin, ouvindo seu desabafo e piadas sobre os clientes dos dias.

— Então?

Gumi fitou a namorada sem entender.

— Então o que?

— Está aprovado? — Perguntou, com um suspiro.

— Acho que sim.

Observando-a bem, não via em seus olhos mais nenhum brilho de expectativa.

Sabia que Rin não ligava mais para sua opinião como antigamente.

— A massa está boa e o recheio de morango também. — Completou, deixando metade do bolinho em cima da mesa. A Kagamine encarou-a com um olhar triste, ao perceber que o doce não seria comido por completo.

— Só isso?

— O que você quer que eu fale, Rin? Já te falei que estou sem muita fome.

— Eu sei, mas você sempre diz isso...

Gumi respirou fundo.

— Ah, Guu... Se você não quer mais comer os cupcakes, é melhor falar logo.

— Não começa.

Não começa? Esse é o sexto cupcake que você abandona na metade. Pode não parecer, mas eu me esforço bastante para fazer essas porcarias e você parece não dar a mínima! — Furiosa, ficou em pé e apontou o dedo para a namorada — E não é só isso, já que eu tenho sempre que insistir por várias horas para que nós nos encontremos e você nunca está disponível!

— Já te falei que a faculdade está consumindo um bom tempo.

— Para sua surpresa eu também estou exausta da faculdade e do trabalho da minha família, mas sempre tento encontrar um momento para nós. — Revidou, agarrando o cupcake abandonado e o jogando na lixeira mais próxima — Estava até planejando roubar aquela garrafa de Jack Daniel’s do Len para que nós dividíssemos no próximo final de semana, mas na sua cara eu já vejo o gigante NÃO que receberia.

Gumi usou o silêncio como resposta e assistiu os olhos azulados que ela tanto amara um dia encherem-se de lágrimas.

O que está acontecendo conosco? — A Kagamine caiu derrotada na cadeira.

Eu não sei. Eu juro que queria saber, só que... Eu não sinto mais o que sentia ao comer seus doces, Rin. — Desabafou, massageando a têmpora — Acho que chegamos em um ponto que não há volta.

Rin a fitou em choque.

Não! Não, Guu! Eu me recuso a ouvir isso.

— Rin. — Chamou-a com a voz falha — Nós estamos nos fazendo de cegas para o que acontece conosco. Você sabe que as coisas não tem sido as mesmas já faz um bom tempo... Talvez estamos empurrando com a barriga e adiando...

— Pare de falar como se você não se importasse. — Implorou, escondendo-se atrás das próprias mãos.

— Eu me importo, mas eu também estou cansada.

— E acha que eu também não? Acha que é fácil viver com essa sua indiferença?

Gumi levantou-se e a Kagamine seguiu-a com os olhos.

— Alguém precisa encarar a realidade e eu sei que não vai ser você. — Declarou, pegando as próprias coisas — Eu lamento muito, mas não dá mais, Rin. É o fim. Estou terminando.

— Não faz isso com a gente. — Implorou, em uma voz dolorosa — Eu sei que ‘tá tudo uma merda, Guu... Mas nós podemos consertar o que está errado, eu sei.

Ignorando os apelos dela, a jovem de cabelos esverdeados virou-se e caminhou para a saída daquela lojinha. Atrás de si, pôde ouvir os soluços daquela que um dia havia sido a pessoa que mais amara no mundo e que se transforara só uma conhecida.

Caminhando pelas ruas iluminadas na noite, Gumi enfiou-se em um beco e, sem forças nas pernas, permitiu que seu corpo escorregasse até que ela acabasse sentada. Ali, chorou silenciosamente e odiou-se profundamente: não queria magoar Kagamine Rin, no entanto precisou se firme em sua decisão, já que sabia o quão fácil a menina podia a manipular.

Não queria que a loira sofresse, mas o que podia fazer? Elas haviam mudado tanto, transformando-se em outras pessoas totalmente diferentes do início da relação... Gumi amadurecera e tinha outros planos, enquanto a atendente permanecera estacada na vida que levava.

O sentimento havia esfriado e, mesmo com toda a empatia que ela sentia por Rin, não podia prender-se em um relacionamento que sabia que não iria mais para frente. Ela gostaria sim de continuar amando a dona dos olhos azulados, como um dia fizera no passado.

Mas o passado não era o presente.

E Gumi precisava seguir sua vida.


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Notas finais do capítulo

Olá!

Eu gosto muito de trabalhar as emoções dos personagens e, por isso, tenho um enorme carinho pelo fandom de Vocaloid. Obviamente aqui vocês tiveram uma fanfic que não teve toda a narração interna tão presente nas músicas deles, mas eu tentei fazer o meu melhor com a Gumi lidando com os próprios sentimentos sobre o fim de uma relação.

Por isso espero que possam ter gostado ♥

(E claro, feedback é sempre bom, então vamos no'tapa no review' aí gente paskdapsodkas ♥)



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