Potestatem escrita por V M Muniz, Batman
Notas iniciais do capítulo
E aqui começamos nossa aventura. Espero que gostem, de coração.
O sol estava alto no céu, cobrindo a cidade de Guthbeorth com seus raios dourados e aquecendo a todos os cidadãos. As pessoas iam e viam pelo centro comercial da cidade, comerciantes vendendo seus produtos, compradores abastecendo suas casas para que não faltasse alimento e outras coisas. Alguns músicos tocavam suas flautas na praça da cidade, alegrando a quem passasse com o som rústico e animado. Crianças corriam para lá e para cá, com espadas de madeira em mãos e duelando, como se estivessem em verdadeiras batalhas, e suas mães gritavam por eles, com medo de que se machucassem.
Uma mulher encapuzada abriu caminho entre a multidão, correndo rua abaixo, sem olhar para os lados ou pedir desculpas a quem empurrava hora ou outra. Seus cabelos pretos escapavam do pano velho e gasto de sua capa, voando contra o vento que a corrida fazia.
Quando enfim chegou ao seu destino, um beco que aparentemente não dava para lugar nenhum, olhou para os lados, garantindo que não havia sido seguida. Puxou o capuz para cobrir melhor seu rosto e começou a andar para dentro do beco escuro.
Afastado de toda a cidade e da barulheira de seus habitantes, o beco estava mortalmente silencioso, fazendo os passos suaves da moça ecoarem pelo solo de blocos de pedra bruta. Contrastando com o clima lá fora, o lugar tinha uma brisa congelante que trouxe arrepios à mulher. Apertou suas mãos contra o peito, lembrando-se da sua velha avó dizendo para onde deveria ir.
Seus dedos se encontraram com o gelado do pingente de pedra que havia recebido dela. Agarrou o objeto, olhando para frente, à espera de qualquer obstáculo.
Quando enfim chegou ao final do caminho escuro que seguia, ouviu o barulho de portas baterem, fazendo-a se sobressaltar. Olhou para trás, de onde viera o som, e viu, com dificuldade, duas portas de madeira escura fechadas. Portas que não estavam ali antes e que agora barravam sua saída.
Começou a ofegar, olhando para os lados e não encontrando nenhuma saída. Seu coração batia descompassado, o medo crescendo em suas veias, deixando-a apavorada.
Do escuro, ela ouviu um sibilo, seguido de tantos outros que finalmente tornaram-se uma frase:
— Intrusa! — E os sibilos continuaram, fazendo ecos e mais ecos. — O que faz aqui, intrusa? Veio zombar de mim?
Mesmo tremendo, a mulher retirou seu capuz. Os olhos amarelos brilhavam na escuridão. Controlando-se, ela disse em voz alta:
— Na escuridão, eu o saúdo — usou a saudação que aprendera com a mãe, curvando sua cabeça em uma mesura simples. — Sou Theadael Theonan, descendente de Riswinea. Filha de Conn, neta de Frithcen, a feiticeira branda.
A voz sibilou, cortante:
—Devo me sentir agraciada por ter recebido uma visita da rainha? — Riu roucamente, trazendo arrepios a Theadael. — E o que te traz ao meu covil, descendente de Riswinea? Poder? Ganância? Deseja algo que não pode ter?
— Desejo um filho, gerado pela magia — falou baixo, pedindo com clemência. — Não posso ter filhos, mas desejo ser mãe.
— Uma filha é o que deseja, então? — o sibilo falou, sua voz ecoando pelo local escuro. — O que terei em troca? Dar vida é um esforço grande, o pagamento tem que ser maior ainda.
— Posso pagar em ouro ou em joias preciosas. Diga-me seu preço.
Ela ouviu um ruído de descontentamento.
— Não, não, não, jovem rainha. Não quero seu ouro ou suas joias. Uma vida por outra vida. Esse é o meu preço. Uma criança nascerá de seu ventre, filha do Rei e da Rainha. Mas, na noite em que ela nascer, você irá morrer.
Duas lágrimas grossas desceram dos olhos da rainha e, num sussurro angustiado, ela selou seu destino:
— Eu aceito.
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♛ Capítulo betado por Glenda Cortelletti.