TraréMreta I escrita por Franci C


Capítulo 4
Capítulo Três Lypnia


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI! Boa leitura!



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À beira de um rio com uma cachoeira no Distrito de Grandes Cachoeiras, rodeada por uma mata quase intocada pelas pessoas, Lypnia se sentia em paz. Um grupo de crianças brincava na água ali perto, assim como havia uma dúzia de pescadores tirando a comida do dia do rio. Com uma cesta cheia de frutas e com três barris pequenos repletos de sangue de galinha, a jovem se ajoelhou na margem das águas cristalinas.

 

— Oh grande Quetzalcóatl, peço-lhe que o novo ciclo comece maravilhosamente bem. Rogo-lhe para que as colheitas sejam fartas e que minha vila seja protegida dos espíritos maliciosos das florestas. Agradeço-lhe pelas boas colheitas passadas, por favor, aceite essa oferenda como símbolo de gratidão. — A garota de pele marrom feito o tronco das árvores se curvou perante à estátua construída no centro do rio.

 

Após depositar o cesto no altar que estava sob as rochas, Lypnia voltou à sua posição inicial, encolhida no chão e rezando calmamente. Ela pedia por todos de sua pequena vila, mesmo com a impressão de que um grande mal estava por vir.

 

— Lypnia! Vamos! Está na hora de comer! — Jylie, sua amiga desde que nascera, grita para a menina, que sorri e se levanta.

 

Andando pelo meio da mata, Lypnia acaba se distanciando de seu grupo. Ela finalmente fica só, olhando as plantas e ouvindo o som da natureza.

 

Andando por alguns minutos, ela encontra uma grande árvore, com raízes grossas e galhos altos. Tocando em seu tronco, a garota conseguia sentir a vida correndo pelos vasos da planta, conseguia sentir até o minúsculo movimento de uma célula. Ela sorri de olhos fechados pensando no quanto sua vida estava maravilhosa.

 

Até que sons de gritos, tiros e explosões ecoam em seus ouvidos. Lypnia abre os olhos rapidamente e se desconecta da árvore, assustada com os barulhos que pareciam vir de sua vila.

 

Temendo o pior, a menina corre em direção à sua casa, porém se lembra dos conselhos do ancião cego de sua vila.

 

Em caso de perigo, suba em uma árvore e avalie a situação.

 

Seguindo as palavras do sábio, Lypnia escalou a árvore mais alta que conseguiu achar. E, mesmo cansada e com dor nos pés e mãos, ela olhou para o horizonte, procurando algum sinal estranho. Enfim ela viu, uma camada grossa de fumaça escura saía de dentro das árvores bem perto do local de sua vila. Havia um zunido intenso no ar, como se algo voasse muito rapidamente por ali.

Usando uma parte de sua habilidade, Lypnia fechou os olhos e se concentrou nos sons do ambiente. Tocando firmemente no tronco da árvore, ela se conectou à floresta e ficou aterrorizada quando viu sua vila sendo destruída por homens armados e com máscaras cobrindo seus rostos.

 

Seu povo estava no chão, alguns tinham suas marcas vitais sendo apagadas, já em outros… o brilho azul intenso estava extinto.

 

Tomando uma decisão impensada, a garota desce da árvore, saindo em disparada para sua vila. Chegando próximo ao local, ela sufoca um grito ao perceber que seus pais tinham acabado de sair de casa.

 

Lypnia corre o mais rápido que consegue e grita para que seus pais se escondessem, eles param no meio do caminho e se viram para a filha.

 

Dois homens mascarados abordam sua família no meio da fuga e atiram. Uma dor inexplicavelmente forte atinge o coração de Lypnia ao ver seus pais caindo no chão com as marcas vitais perdendo a força.

 

Desesperada, ela continua correndo, até que seu pé se enrola em alguns cipós que estavam no caminho e ela tropeça, indo de encontro ao chão. Ela estava nervosa e tremendo muito nas mãos, com isso seus dedos não conseguiam desembolar os cipós e os soldados se aproximavam cada vez mais. Lypnia desiste de tentar se soltar e se lança para a direita, escondendo-se na mata, esperando que os homens passassem por ela.

 

— Procurem por todos! Não pode sobrar um, vivo! Temos que acabar com esses vermes! — um dos soldados grita para os outros e passa correndo ao lado do esconderijo da menina trêmula.

 

O ataque continua, mais pessoas morrem e os homens mascarados entram cada vez mais na mata, procurando por cada um de sua vila. Até que eles se vêem satisfeitos e somem através das copas das árvores.

 

Soluçando, ela finalmente consegue se soltar e levanta, andando até os corpos de seus pais na vila. Eles estavam estirados no chão, suando e tremendo com suas marcas quase sem brilho. Lypnia coloca sua mão na testa de seu pai e percebe que ele estava com febre, faz o mesmo com sua mãe e constata a mesma coisa.

 

Ela corre até sua casa, a única que ainda não havia pegado fogo, e procura remédios feitos por ela mesma.

 

Chegando novamente perto dos pais, a menina percebe que a pulsação dos dois estava fraca, suas marcas estavam muito fracas e seus lábios estavam secos.

 

Num ato desesperado de fé, Lypnia começa a rezar para todos os deuses de sua religião, pedindo para salvarem a vida de seus pais enquanto ela tentava curá-los com seus medicamentos.

 

Não! Isso não pode estar acontecendo! Eu estou sonhando!

 

Tentando se beliscar para ver se era um sonho, a doce menina percebe que tudo era real.

 

Seus pais continuavam estirados no chão. A respiração estava pesada, os lábios de ambos estavam pálidos, sem vida e rachados.

 

No ombro do seu pai, Lypnia vê um pequeno buraco, havia uma bala incrustada ali dentro. Com uma pinça artesanal ela tenta removê-la, e com dificuldades, a menina tem sucesso.

 

Não precisava ser uma expert para saber que a bala estava envenenada com algo que não conhecia. Guardando a bala em um lugar seguro, ela continuou tentando curar seus pais, mas nada adiantava. O brilho deles continuava se apagando, suas respirações continuavam diminuindo. Até que tudo parou, seu brilho se acabou e suas respirações paralisaram.

 

A floresta estava sem som, em luto pelo genocídio que havia ocorrido ali. Apenas Lypnia gritava e chorava, inconformada com seus deuses por permitirem que aquela tragédia acontecesse.

 

Ela ouviu barulhos de passos fortes na mata, assim como galhos quebrando, mas não se importou. Estaria muito feliz caso os soldados voltassem para finalizar o serviço.

 

Ainda ajoelhada, a menina percebe uma volta na respiração do pai e olha para ele. Ele estava acordado, mas agora era um humano normal. Seu brilho se extinguira, assim como seus poderes.



— O que aconteceu aqui?! — uma voz grossa atinge os ouvidos de Lypnia, e ela levanta os olhos dos corpos de seus pais.

 

Um homem grande e robusto estava parado à sua frente. Ele vestia roupas grossas em tons de azul escuro, com peles de animais nas extremidades. Havia uma cicatriz grande em seu nariz, que começava entre as sobrancelhas — as quais estavam juntas em uma expressão zangada.

 

— O que aconteceu aqui?! — ele repete a pergunta e se aproxima mais alguns passos de Lypnia.

 

— Não se aproxime! — a menina gritou, velando o corpo de seus pais.

 

— Só me diga o que é esse caos.

 

— Eu… Eu não sei quem eram, eles desceram dos céus com máscaras horríveis e com armas estranhas. — ela responde com o lábio inferior tremendo, segurando um choro.

 

— Armas? Que armas?

 

O homem começa a andar entre os cadáveres e acha um em especial. Um homem mascarado estava caído no chão com as costas para cima e a barriga no chão, sua roupa era preta e parecia ser feita de um tecido completamente novo. Seu rosto estava coberto por uma máscara estranha, com alguns furinhos para a passagem de ar e vidros nos olhos.

 

Um pouco mais para frente sua arma estava jogada. Era uma arma nova, com tecnologia avançada, ninguém daquela região a conhecia.

 

Chutando o cadáver do mascarado para o lado, o homem robusto — que mais parecia um urso — ajoelha ao seu lado, investigando.

 

— Você tem alguma bala? Consegue encontrar algo do tipo para mim?

 

Lypnia se apressou em pegar a bala que retirou do ombro de seu pai e deu para o homem ajoelhado.

 

— Como isso funciona?

 

— Esses homens estavam atirando no meu povo e logo que as pessoas eram atingidas, suas marcas vitais enfraqueciam.

 

— Lyp… — a voz sussurrada de seu pai alertou Lypnia e o homem ajoelhado.

 

— Por favor, me ajuda… Meu pai está morrendo, eu dou todas as informações que sei, mas por favor… Me ajude… — a menina suplicou e o homem voltou sua atenção para o pai de Lypnia que estava deitado no chão.

 

— Ok… Vamos levar seus pais para o departamento médico da vila Glidetall no distrito Gelo. Minha frota agora vai te escoltar, assassinos perigosos estão à solta.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Volto com mais no próximo capítulo!



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