TraréMreta I escrita por Franci C


Capítulo 2
Capítulo Um Loghion


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Espero que gostem!



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Loghion suava frio. Em alguns minutos iria conhecer a sua noiva, uma jovem princesa oriunda do Reino das Salamandras. Ele estava imaginando como ela devia ser… Sua aparência, sua personalidade, seus gostos.

— Calma... vai dar tudo certo. — O príncipe respirou fundo, enquanto andava de um lado para o outro dentro do quarto onde estava hospedado, no Palácio do Reino das Salamandras.

 

Ele suava por causa do nervosismo e do calor absurdo que existia no local. Isso o irritava um pouco, pois fazia com que suas roupas e seus cabelos grudarem em seu corpo.

 

Respirando fundo, ele volta a andar pelo quarto, agora o encarando, notando detalhe por detalhe.

 

Incrustadas nas paredes, algumas pedrinhas alaranjadas com magma que iluminavam um pouco o lugar. As cortinas pesadas balançavam com o vento quente que passava pelas janelas abertas, assim como as cortinas leves de seda que ornamentavam o dossel da cama de casal que ficava no centro do quarto.

 

De repente, distraído, o Príncipe para de andar por uns instantes e percebe que o quarto inteiro, desde os móveis até o teto, as paredes e o chão, é pintado em tons de branco com detalhes dourados.

 

Um espelho redondo, com alguns detalhes em tons de dourado, estava pendurado na parede branca, ao lado de uma escrivaninha igualmente branca.

 

Era um quarto bonito, porém pacato e quase sem vida. Pensou Loghion antes de ouvir leves batidas na porta.

 

— Sim?

 

Meu príncipe, trago-lhe uma mensagem da rainha do Norte. — uma voz abafada e apressada ultrapassou a porta e chegou aos seus ouvidos.

 

Limpando o suor da testa e rodando seu anel de prata no dedo anelar da mão esquerda, ele andou até a porta e a abriu. Um serviçal franzino estava ajoelhado diante da porta, suspendendo um pequeno bilhete.



“Meu filho, sua presença está sendo solicitada no salão de festas da ala Oeste. Venha logo, os convidados estão esperando.”

 


Agradecendo brevemente, o jovem dá as costas para o serviçal, fechando a porta em seguida. Ele andou até o espelho, para verificar seu traje. Era uma túnica real feita dos mais caros tecidos do reino do Norte, seu comprimento chegava até a metade de sua panturrilha, com tons de azul claro e alguns detalhes em dourado. Seus botões eram dourados com o símbolo do distrito de Paraíso em branco, nas bordas de suas mangas e em seu colarinho, cristais azuis e esmeraldas apareciam para completar a majestosidade do traje. Seu cabelo preto azulado estava solto e escovado, batendo em seu quadril — contrariando a tradição de seu povo.

 

Tinha se arrumado há eras, tamanho seu anseio em conhecer a princesa. Arrumando mais uma vez o cabelo na frente do espelho, ele se sentiu pronto para sair de seus aposentos.

 

Passando por corredores com alguns quadros de antepassados da princesa, tudo era muito quente e vibrante aos seus olhos. Serviçais andavam de lá para cá, parecendo estar com pressa, e em certos lugares por onde o príncipe passava, era possível sentir o cheiro de comida e ouvir talheres e batidas em panelas.

 

Provavelmente estou perto da cozinha. Pensou, passando a mão nas paredes, sentido o calor que emanava delas.

 

Descendo um conjunto de escadas, Loghion fica de cara com duas portas gigantes de metal com dois guardas, cada um de uma lado das portas. Um serviçal estava parado no centro das portas, aguardando para que os convidados chegassem para serem anunciados.



— Senhor… — o serviçal se curvou demonstrando respeito e abriu as portas do salão.

 

Eram um salão grande, com o teto em forma de cúpula, pilares com mais daquelas pedras com magma e um tapete vermelho estendido no chão à frente das portas, para os convidados passarem. Penduradas no teto, bandeiras do Reino da Salamandra ficavam à esquerda e à direita estavam as bandeiras de Paraíso.

 

Flores enviadas pelos distritos de Ervas-Daninhas e Águia Roxa enfeitavam o local, havia um lustre enorme de cristal no Centro do salão e outros menores espalhados pelo teto. Algumas mesas redondas estavam dispostas de forma organizada ao redor da pista de dança.

 

Os reis estavam sentados sob um altar, junto com suas famílias.

Loghion olhou para a família do Reino das Salamandras buscando a princesa com o olhar. A princesa não estava, para a frustração do príncipe.

 

Antes que ele pudesse pisar dentro do salão, o jovem serviçal pôs-se ao seu lado, anunciando sua chegada.

Acenando para algumas pessoas que o paravam no caminho, ele foi andando calmamente pelo salão até chegar em seus pais. Cumprimentou de forma respeitosa os reis do Reino das Salamandras e seus pais, com uma reverência e logo foi para o seu lugar.

 

O falatório junto com o som da música que a orquestra de sua mãe, o faziam ficar tonto e mais ansioso. De repente, a voz do serviçal ecoa pelo salão, anunciando a chegada da princesa e todos ficam em silêncio.

 

O príncipe se levanta rapidamente, engolindo a saliva e limpando as mãos suadas na roupa. De primeiro instante, ele não a vê por causa de um aglomerado de pessoas que se juntou na porta. Mas de repente, seu coração para e o mundo fica mudo e lento, uma mulher linda aparece em sua visão.

 

As pessoas abrem espaços para ela passar, Hoethy estava usando um vestido longo, branco com detalhes dourados, que deixava seus ombros de fora, e seu cabelo ruivo estava trançado com algumas joias. Ela andou confiantemente e se aproximou das mesas, parando em frente ao altar onde as famílias e o príncipe se localizavam, fazendo uma reverência elegante.

 

Loghion se curva em uma reverência mais que exagerada e atrapalhada e nota que a princesa não parecia muito à vontade. Hoethy força um sorriso para o jovem e então se junta aos reis do Reino das Salamandras.

 

Juntando as sobrancelhas numa expressão de confusão o príncipe pensa, se sentando novamente.

 

O que será que eu fiz?

 

— Caros amigos e convidados! — O Rei Tonriel começa a falar com a taça erguida. —  Esta noite estamos reunidos aqui para uma grande celebração! Minha filha, Hoethy, princesa do Reino das Salamandras e o príncipe Loghion, das terras de Paraíso irão se casar!

 

Os convidados aplaudem sorrindo, e a princesa se esconde um pouco no banco, assim como o príncipe.

 

— Finalmente, após tantos anos de guerra, os reinos do Norte e do Sul irão se reunir como previsto no acordo de trégua realizados por mim e pelo grande rei Tonriel. — o Rei Mutaw, pai de Loghion, se levanta juntando-se ao discurso e batendo de leve com a mão nas costas do governante do Reino das Salamandras.

 

Os dois continuam a falar sobre a unificação de famílias e de Reinos, contando as vantagens de ter uma aliança nesse vasto território. Logo com um gesto de mão de seu pai, fica subentendido para Loghion que era a sua vez de falar.

 

Sorrindo nervosamente ele se levanta da cadeira e toma a frente do altar, lembrando-se do discurso que teve que ler e reler durante meses. Ao terminar o discurso, o pai da princesa volta a falar que será um ótimo casamento, que seus filhos herdarão o mundo além de TraréMreta, que até agora era desconhecido.

 

Loghion olhou para Hoethy e viu que a princesa parecia querer só sumir dali.

 

— Enfim… Que a festa comece! — os reis falaram sorrindo e olharam para os mais novos, indicando que a dança entre os noivos deveria ocorrer naquele instante.

 

Respirando fundo e se levantando novamente, o jovem príncipe anda até a frente da princesa. O salão estava quieto, deixando-o mais ansioso. Estendendo sua mão para ela, ele a convida para dançar.

Com uma relutância percebida por Loghion, a princesa aceita e a música começa a tocar. A dança começa pelo salão e logo a multidão de convidados os esquece.

 

Limpando a garganta e tomando coragem, o príncipe começa a falar para tentar quebrar o clima tenso que estava entre os dois.

 

— Está quente aqui…

 

— É, esta. — A princesa desvia o olhar, olhando para o teto, para o lado, evitando o contato visual.

 

— Você não se incomoda? — Loghion pergunta querendo escutar mais de sua voz.

 

— Com o que? — Hoethy finalmente encara Loghion, com tédio no olhar.

 

— Com toda essa gente... olhando para nós como se fôssemos um pedaço qualquer de carne.

 

Ele olha para o salão, evitando contato com os olhos entediados de Hoethy.

 

— Recebo olhares assim desde sempre. Já estou acostumada com a... falsidade. — ela sorri fraco e ele volta a encará-la, fascinado.

 

— Eu também... Mas não consigo me acostumar... As vezes me pego pensando em como seria... — balança a cabeça, espantando os pensamentos de sua cabeça. — Bem... Isso não é importante agora.

 

Ele sorri, rodando-a pelo salão graciosamente.

 

— Às vezes tudo o que eu queria era ir embora desse lugar. — A princesa revira os olhos. — E o que você acha disso? Nosso casamento? Todos aqui esperam que tenhamos filhos, que iremos governar o Sul e o Norte e que tudo irá dar certo.

 

— Eu penso que tudo pode dar certo. Nosso casamento e o futuro de TraréMreta. Basta apenas que a gente tente. — Loghion respira fundo em uma pausa. — Não quero que você se apaixone perdidamente por mim agora. Acho que primeiro de tudo, devemos ser amigos.

 

O príncipe segurou com mais firmeza a mão de sua princesa e a encarou. Seus olhos azuis o lembravam de casa, acalmando- o um pouco.

 

— Você é otimista. — A princesa desvia o olhar, pensando. — Amigos? A maioria aqui já quer que a gente vá direto para... você sabe. — Ela sufoca uma risada, sempre lhe foi ensinado que isso não era algo que uma dama devesse falar. — Mas eu acho que podemos tentar ser amigos, desde que você não invada o meu espaço.

 

Ele sorri com seu comentário e para de dançar. A puxa pelo braço para fora da pista de dança e ela trava.

 

— Venha comigo, acho que já deu de dança por hoje.

 

— E você quer me levar para onde? — Ela ergue a sobrancelha, tentando esconder um sorriso.

 

— Para tomar um ar. — ele volta a puxá-la para a varanda do Salão de Festas. — Bem... já que vamos ser amigos... — estende-lhe a mão esquerda. — Sou Loghion, príncipe herdeiro das terras do Norte, filho do presidente de Paraíso e atual Rei do Norte. Tenho 22 anos e quero muito ser seu amigo.

 

— Bem, eu já sabia disso. — A garota ri baixo, e olha para o céu. — De todo jeito, eu sou Hoethy, princesa herdeira das terras do Sul, filha do Rei do Reino das Salamandras e do Sul, e... eu permito você ser meu amigo.

 

Ele seguram as mãos firmemente, num aperto de mãos amigável e sorriem. E, então o príncipe pensa, finalmente, que esse casamento não vai ser tão complicado assim.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado! Deixe seu comentário aqui e compartilhem com os amigos!



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