Aventuras em Sinnoh: Saga Pérola escrita por little_celeby, CanasOminous


Capítulo 20
Seguindo Minha Vida




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Os jovens avançavam rapidamente pela Rodovia de Ciclistas na rota 206 com as novas bicicletas que haviam ganhado do ex-integrante da elite, Glenn Combs. Estava ficando tarde, pouco a pouco o céu começava a ser coberto pelo tom alaranjado que anunciava a despedida do sol naquela manhã, a cidade Eterna agora seria uma vaga lembrança em suas mentes, pois o caminho rumo à Hearthome seria repleto de surpresas e novos desafios. Luke pedalava mais a frente pela longa estrada fazendo manobras com sua bicicleta enquanto Lukas acompanhava lentamente o ritmo de seu irmão, carregando o pequeno Pachirisu e sua Roselia no cesto da bicicleta. O vento batia em seus rostos causando uma fria sensação de que a noite já se aproximava, os postes de luz começavam a serem ligados, e os outros ciclistas já começavam a deixar a rodovia.

Assim que a rota 206 chegou ao fim, os jovens continuaram seguindo para o leste até alcançarem a rota 207, um caminho rochoso e montanhoso que dava entrada a uma das diversas passagens do majestoso Mt. Coronet, localizado exatamente no centro da região de Sinnoh. No caminho alguns treinadores desafiavam Luke que continuou a treinar seu Gabite e seu Shieldon, assim como a nova integrante Froslass; enquanto Lukas preferia evitar qualquer tipo de batalha para não exaustar seus pokémons.


Os jovens aproximaram-se da entrada do Mt. Coronet e observaram a vastidão da montanha, o local era provavelmente um dos pontos mais altos de Sinnoh, perdendo somente para o lendário vulcão de Stark Mountain. A imensa parede rochosa erguia-se além de onde seus olhos alcançassem, e desse modo a montanha serviria como forma de proteção para que os jovens acampassem lá mesmo, onde provavelmente passariam a noite.

— Ei pessoal, hoje eu preparei uma macarronada com molho fungi e carne. As berries que eu estive cultivando deram um toque especial para a comida, bon apetit. — sorriu Lukas, servindo o banquete para seus amigos. A comida do garoto continuava a melhorar a cada dia, Dawn fazia de tudo para aprender a cozinhar com o amigo, mas por mais que tentasse, sua comida nunca ficava igual. 
        Depois de terminada a janta eles começaram a arrumar o acampamento para passar a noite, Luke rodeava a encosta da montanha, acompanhado de seu pequeno Shieldon à procura de pedras raras ou qualquer registro de fóssil nas redondezas. O Mt. Coronet o fascinava, e há tempos ele tentava encontrar uma oportunidade de explorá-lo com mais calma. Lukas permanecia abraçado a seu Pachirisu no acampamento, enquanto Dawn acompanhada de seu pequeno Piplup fitava o céu que logo estaria coberto por estrelas.

— Às vezes eu sinto saudade de casa... — comentou a garota, recebendo um olhar curioso de Lukas que parecia interessado em prolongar o assunto — Não sei, nunca gostei muito de sair, mas agora estou aqui, em uma grande aventura com meus dois melhores amigos. — disse ela com um sorriso e na sequência olhando para Lukas que jazia deitado ao seu lado.

— Eu também, sinto saudades do tempo de infância. Sei que ainda somos crianças, mas a cada ano que passa parece que temos mais obrigações. Ahh, eu queria poder ser criança para sempre. — disse Lukas — Eu quero me tornar um grande coordenador para poder mostrar para meus pais como nós melhoramos. E você? Como têm andado suas pesquisas Pokémon?

— Admito que tenho deixado isso um pouco de lado. Acho que preciso voltar a trabalhar na minha vocação, tenho estado "ocupada" com umas coisas tão bobas ultimamente. — riu Dawn de modo meio sem graça, em seguida deitando-se ao lado do garoto — Mas me conta Lukas, o que tem achado dessa aventura? E a Vivian? Rola mais alguma coisa além de amizade?

— O quê?! N-Não tem nada entre eu e a Vivian, nós somos só amigos, entende? Não que eu goste dela, ou adore o jeito como ela fala comigo e me trata, essas coisas do tipo e... N-Não pense que seja algo além de amizade. — gaguejou Lukas assustado.

Dawn sorriu e abraçou o garoto que ficou sem reação por um momento, ela permaneceu abraçada como se quisesse protegê-lo, Lukas sentia que Dawn era como uma irmã mais velha para ele, e irmãos mais velhos sempre sabem o que está acontecendo com os mais novos.

— Vou te dizer uma coisa, eu sinto que têm algo a mais no jeito que a Vivian fala com você. Eu sou mulher, e sei como as mulheres agem. — sorriu Dawn, arrumando o cabelo do garoto — Mas não acho que ela combine com você.

— Hm? Não entendi o que você quis dizer com isso então. — riu Lukas um pouco confuso.

— A Vivian é aquele tipo de garota que preza muito a amizade, acho que ela te considera tanto como um amigo que o “eu gosto de você” virou uma coisa casual, mas quem está em volta não consegue entender este sentimento. De certa forma eu entendo como ela se sente.

— Vocês mulheres nos confundem. — brincou ele.

Pouco depois Luke retornara ao acampamento junto de seu Shieldon, que ficaria mantendo a guarda noturna junto do Machop de Dawn. As noites em Sinnoh eram frias, os jovens estavam muito bem agasalhados enquanto preparavam-se para dormir. Dawn colocou um pequeno cobertor em volta de seu Machop para que o pobre Pokémon não passasse frio durante a noite, enquanto Shieldon mantinha-se ereto em frente ao acampamento mantendo a vigia, pois se uma tarefa lhe fora designada por seu mestre, ele iria cumpri-la.

A noite foi passando e os jovens logo caíram no sono, os dois Pokémons mantinham a vigia noturna quando avistaram um vulto aproximando-se da montanha. A sombra carregava um lampião fazendo com que não fosse possível ver seu rosto naquela densa escuridão, Shieldon rapidamente colocou-se em sinal de alerta, mas a figura agachou-se e acariciou a cabeça do Pokémon que percebeu não tratar-se de nenhuma ameaça. Machop nem sequer notara o vulto, pois havia acabado por adormecer. Provavelmente era apenas um aventureiro, e sua presença não demonstrava nenhum sinal de perigo.

Por ter um sono leve, Lukas acordou com os passos que ouvira por entre os pedregulhos nas proximidades. Ele levantou-se lentamente e percebeu a presença de uma mulher vestida de preto na encosta da montanha, parecendo examinar uma das parede. O garoto andou em sua direção e perguntou:

— Com licença, mas a senhora está perdida?
A mulher virou-se e revelou um leve sorriso.

— Sou uma Pesquisadora Pokémon, não há necessidade de ficar preocupado comigo, conheço cada canto deste continente como ninguém. — sorriu ela, aproximando-se do garoto — Meu nome é Cynthia.

A mulher levantou um pouco seu lampião de modo que Lukas pudesse ver de relance o formato de seu rosto. Ela era uma mulher linda, tinha longos cabelos loiros e olhos cinzentos que brilhavam na escuridão da noite. Suas roupas eram todas pretas, e como estava frio, ela vestia um longo sobretudo de mesma cor. Lukas ficara fascinado com a beleza da mulher, mas sua mente ainda não sabia dizer se tudo não passava de um sonho, ou se realmente estava acontecendo.

 — E o que um garotinho como você faz acordado há uma hora dessas em meio a essas planícies? Você é um aventureiro? — perguntou Cynthia.

— Eu me chamo Lukas Wallers, estou em uma jornada com meu irmão e minha amiga, desculpe-me se te incomodei, é que eu fiquei assustado com a presença de alguém no acampamento. — explicou ele.

— Não tem problema. Eu que peço desculpas por ter te acordado. — sorriu ela, andando até a entrada do Mt. Coronet e tocando nas paredes rochosas da montanha — Você já ouviu as lendas desse continente?

— Não senhora, você as conhece?

— Sim, além de Pesquisadora preso muito o estudo de Pokémons Lendários e mitologia, procuro saber as lendas e os mitos contados sobre essas criaturas através das gerações, e digo que o Monte Coronet guarda mais mistérios do que aparenta.

— A Senhorita deve ser muito inteligente. — disse Lukas um pouco sonolento.

— Gosto de lendas Pokémon, particularmente aquelas sobre o Monte Coronet são as minhas preferidas. Você está em uma aventura pokémon, não é? Eu me lembro de quando era eu quem estava saindo em uma aventura com meus amigos. Isso me trás tantas lembranças... — sorriu ela — Oh, perdoe-me, estou aqui conversando e tirando você de seu sono. É melhor eu continuar meu caminho.

— Não, não precisa ficar preocupada, senhorita.

Cynthia sorriu e olhou o garoto que parecia sonolento em sua frente, ela agachou-se e abriu a bolsa que carregava no momento, e de dentro dela retirou um pequeno ovo, entregando-o para o garoto que parecia confuso com o presente que recebera.

— Eu quero que fique com esse ovo, de dentro dele irá nascer um Pokémon que precisa de muita atenção e carinho, e tenho certeza que você poderá tornar-se um ótimo treinador para o Pokémon desse ovo. — explicou ela.

— Muito obrigado... — disse Lukas sonolento, que pensava estar imaginando coisas — Desculpe-me a pergunta, pois acho que ainda não a reconheci. Nós já nos encontramos alguma vez...?

— Acho que não, mas sei que são poucos os que têm o sangue nobre e a honra de ter um sobrenome como Wallers. Seu pai foi um grande homem. Não quero prolongar essa conversa, volte a dormir, amanhã será um longo dia... — sorriu Cynthia.

— Tudo bem mãe, boa noite... — disse ele bem baixinho, fazendo Cynthia dar um doce sorriso com o erro que ele cometera.

Cynthia retomou seu caminho para dentro do Mt. Coronet. A luz de seu lampião já começava a tornar-se ofuscada dentro da longínqua caverna, o futuro talvez ainda reservasse um novo encontro com aquela misteriosa mulher, mas no momento tudo que restara eram as lembranças de uma sombra esquecida numa noite gélida de inverno.

Os jovens acordaram com os primeiros raios de sol que começavam a raiar naquela manhã, o pobre Machop de Dawn parecia ter adormecido durante a noite pelo cansaço, enquanto o pequeno Shieldon de Luke continuava em pé mantendo a vigia até que seu dono ordenasse que ele parasse.

— Ei campeão, tá na hora de descansar, você já fez um excelente trabalho. — disse Luke, retornando seu Shieldon para a pokébola e então voltando a dormir.

Ao seu lado Lukas espreguiçou-se em sua cama e viu o sol nascer no horizonte por trás das montanhas. Tudo parecia perfeitamente normal, o garoto levantou-se e começou a arrumar sua mochila para escovar seus dentes quando avistou um pequeno ovo parado ao lado de sua mochila. O encontro com a mulher na noite passada não fora um sonho.

— Ahh!! O ovo ainda está aqui!! — gritou Lukas caindo para trás.

— Eita porra, roubaram alguma coisa?? — acompanhou Luke que acordara com o susto.

— N-Não, uma mulher estranha trouxe um ovo misterioso ontem de noite, mas isso foi no meu sonho! S-Será que aquilo aconteceu mesmo...? — perguntou Lukas incrédulo.

— Como era essa mulher? — perguntou Dawn, que também acabava de levantar-se de sua cama.

— Estava um pouco escuro, então não consegui ver com mais detalhes. Acho que ela era loira, e estava vestida de preto. Ah, e era muito bonita também.

— Orra, até eu queria ter sonhado com essa mulher. — brincou Luke, recebendo um leve tapa de Dawn.

— De qualquer modo, o que você fará com o ovo, Lukas?

— Bom, acredito que eu vá cuidar dele, não é? — sorriu o garoto, segurando o pequeno ovo em suas mãos como se fosse um filho — Eu nunca tive um ovo Pokémon, mas acho que deve ser legal. Vou cuidar dele todo dia. O que será que vai nascer?

— Eu não sei, mas dou graças à Arceus que não fui eu quem ganhou esse bagulho. Cara, eu odeio cuidar desse tipo de coisa. Principalmente de Pokémon bebê, eles sempre são tão fofinhos e mimados e ficam se fazendo de coitados. Odeio eles. — resmungou Luke.

— Tudo bem, eu cuido sozinho dele... Mas você não vai nem chegar perto do Tyranitar que vai nascer de dentro desse ovo. — brincou o irmão.

— Passa essa porcaria pra cá, pivete!! — gritou Luke, correndo atrás do irmão.

Os jovens se aprontaram e terminaram de arrumar suas coisas para deixarem o acampamento. Era por volta de oito horas da manhã, e uma fina camada do sereno da noite ainda cobria o chão da caverna. Pela primeira vez eles estariam entrando no Mt. Coronet, o que deixava Luke fascinado a cada passo que davam dentro da cadeia de montanhas. Algumas fontes de água natural podiam ser vistas no local, e belas  fendas na caverna davam iluminação para que eles fizessem seu caminho. Os jovens não queriam perder muito tempo na caverna do monte, então rapidamente seguiram até a Rota 208. Luke estava à procura de um novo Pokémon para seu time, mas não havia encontrado absolutamente nada que lhe fosse útil.

A Rota 208 começava a partir do oeste dando saída de uma das passagens do Mt. Coronet, o local era coberto por várias pontes feitas de madeira que garantiam passagem entre um conjunto de rios, formados através de belas cachoeiras da região. Os três tiraram suas mochilas e as deixaram em um canto enquanto apreciavam a vista. O local estava relativamente vazio, pois ainda era cedo, então apenas alguns Pokémons podiam ser vistos rondando aquela rota. 

— Meninos, olhem só que cachoeiras lindas! Nós poderíamos parar um pouquinho aqui para aproveitar, o que acham? — sugeriu Dawn.

— Demorô mano, eu topo a ideia. — disse Luke animado, rapidamente retirando seu moletom e sua camiseta para preparar-se para saltar dentro da água. Era uma altura muito grande da ponte até o riacho, mas para Luke a altura não passava de um obstáculo — Aí pivete, eu te desafio a pular dessa ponte no rio lá embaixo.

— Você está louco?? É muito alto Luke, ele pode se machucar! — alertou Dawn.

— Que nada, o máximo que pode acontecer é ter umas pedras lá embaixo, daí a gente perde o Lukas pra sempre, mas não é nada demais. — brincou Luke, tentando calcular a distância da ponte e a altura.

— Você é louco, quem pularia em uma altura dessas? — perguntou Dawn, vendo o pequeno Lukas tirando sua camiseta e pulando da ponte.

— Nussa, ele pulou mesmo cara!!! — gritou Luke.

— VOCÊ É LOUCO, MOLEQUE?! — gritou a garota, vendo Lukas desaparecer nas águas do riacho pela forte quantidade de espuma que era formada pela cachoeira. 
Dawn quase entrou em pânico, não era possível ter nenhum sinal de seu amigo naquela altura.
— Vai salvar ele Luke, foi você quem deu a ideia dele pular!!

— Euuuu?? Mas foi ele quem decidiu pular! Maldição, isso que dá ser facilmente influenciado. Não se afogue pivete, a cavalaria já tá chegando!! — gritou Luke, segurando na sequência na mão da garota que levantou seu olhar pasma, como se não quisesse acreditar no que o garoto estava para fazer.
        — Você não vai fazer o que eu estou pensando, não é?
        — Vem comigo Dawn, a gente pula junto!

— Nem pensar!! Eu tenho medo de altura e não sei nad...!!

— ...Agora não vai ter mais!! — gritou ele, abraçando a garota e pulando da ponte em direção do rio. Dawn soltou um grito ensurdecedor que só foi calado quando eles caíram dentro da água, o pequeno lago estava bastante movimentado pelas correntezas causadas pela cachoeira. Luke riu quando saiu da água e encontrou-se com o Lukas aguardando-os na margem.

— Yow brother, curtiu pular lá de cima? — perguntou.

— Foi muito divertido. Mas onde está a Dawn, ela ficou lá em cima?

— Ela pulou junto comigo, deve estar nadando agora, daqui a pouco ela sai da água. — concluiu Luke, sentando-se na margem da lagoa.

Lukas deu um leve sorriso enquanto observava as águas cristalinas daquele pequeno riacho, mas até agora não havia sinal de sua amiga.

— Você não acha que ela está demorando um pouquinho pra sair de dentro da água?

— Acho que não.

— Você tem certeza que ela sabia nadar?

— Claro que sim, que garota de quinze anos não saberia nadar? — brincou Luke, olhando para a água novamente e percebendo que já fazia um tempo que Dawn não aparecia — Era só o que me faltava...

Luke rapidamente pulou novamente para dentro da água acompanhado do irmão, ele mergulhava a procura de Dawn que ainda não dera sinal de vida, até que Lukas a avistara boiando próxima de algumas pedras do outro lado da margem. Luke rapidamente nadou em sua direção e retirou a garota da água. Ela estava inconsciente. Lukas se desesperou ao ver que a amiga estava machucada na região do abdômen, provavelmente na hora do pulo ela teria batido em alguma pedra.

— Você devia tomar mais cuidado, você machucou a Dawn!! — disse Lukas enfurecido.

— Não foi de propósito cara, eu só queria que ela se divertisse!! — respondeu ele apavorado — O que a gente faz agora, mano?? Você sabe fazer respiração boca-a-boca?!

— E-Eu não aprendi isso no curso de primeiros socorros, eu tinha vergonha!! — respondeu Lukas, olhando para Dawn que parecia desacordada.

— Mano, isso é tudo culpa minha! Meu Arceus, e se ela morrer?!

— Nada de pânico! Nada de pânico!

— Liga pros bombeiros! Liga pra polícia! Liga pra Dona Lurdinha, qualquer coisa manolo!!

— Ligar pra quem, criatura?? Aqui não tem nem telefone, e o Pokégear da Dawn ficou lá em cima!! Faz alguma coisa você, Luke!

O jovem olhou por um momento a feição pálida da garota, seus lábios estavam úmidos, e nem ele tinha certeza do que estava fazendo. Dawn jazia deitada, Luke agachou-se e segurou-a em seus braços, beijando a garota em seguida na tentativa de fazer uma respiração boca-a-boca. Não era uma respiração boca-a-boca, mas havia dado certo. 

Lukas ficara totalmente sem graça com a atitude de seu irmão, ele não estava nervoso, em seu coração sentia-se feliz por ter o irmão ao lado da garota que ele mais gostava. Lukas apreciava Dawn somente como uma irmã,  seu coração puro nunca conseguira ver nada em uma mulher além de uma amizade. Lukas virou-se por um momento como se quisesse deixar seu irmão mais a vontade. Dawn esticou seu braço e segurou levemente no rosto de Luke que continuava a beijá-la, e mesmo que fosse por acidente, ela também apreciara o ocorrido.

— O que você estava fazendo, Luke...? — perguntou Dawn ofegante.

— Opa. Acho que eu agi por impulso. Merda de sentimentos... — respondeu ele meio sem graça, sendo interrompido pela garota na sequência.

— N-Não, eu gostei... — sussurrou ela em silêncio, sentando-se em seguida e olhando para seus amigos a sua volta — Obrigada meninos, por terem me salvado. 
Dawn levantou-se e logo em seguida e deu um tapa na cara de Luke.
 — E por quase ter me matado ao mesmo tempo, seu desgraçado. Eu não sei nadar!

Luke permanecia com sua mão no local em que recebera o tapa, mas logo deu uma leve risada. Aquilo não havia quebrado a sensação que sentira a pouco, caindo na gargalhada logo em seguida.

— Ahh, mas foi se querer!! E como eu ia saber que você não sabe nadar?! — desculpou-se o garoto.

Luke caiu na risada, o que irritava ainda mais a garota. Dawn sentou-se na margem do lago e passou a mão em seus cabelos que agora estavam molhados.Os dois irmãos sentaram-se ao lado da garota, e em seguida Dawn deu um leve sorriso e tornou a agradecer.

— A gente pensou que tivesse perdido você. — comentou Lukas.

— Eu não poderia deixar vocês dois sozinhos à sua própria sorte. Vocês ainda vão ter que me aguentar por muito tempo. — disse Dawn.

— Cara, desculpa mesmo por ter te jogado de lá de cima. Eu queria que você se divertisse Dawn, não era a minha intenção te machucar. — disse Luke.

— Só não faça mais isso, por favor. Mas pense bem, pelo menos teve um lado positivo, não é? — continuou ela, passando levemente seus dedos sobre seus próprios lábios como se insinuasse o beijo que recebera.

Nesse instante Lukas levantou-se com uma nova ideia em mente.

— Eu estive pensando pessoal, a gente podia acampar aqui então. O sol está brilhando bem forte, nós podemos passar o dia o aproveitando, não temos pressa, e o torneio só começa nesse fim de semana. O que acham da ideia? — sugeriu Lukas.

— Por mim tudo bem, contanto que ninguém pule daquela ponte que nem um retardado de novo... — brincou Dawn.

Os jovens subiram até onde haviam deixado suas coisas e depois desceram novamente, preparando seu acampamento na encosta da lagoa. O Piplup de Dawn parecia divertir-se na água enquanto brincava com Roselia, Shellos e Pachirisu. O Mothim de Lukas voava por entre as cachoeiras animadamente, enquanto Machop treinava sob as fortes quedas d’água. Gabite jazia escondido nas sombras de uma grande pedra na companhia de Shieldon, Titânia descansava próxima à cachoeira fornecendo sombra e proteção para equipe,  enquanto Froslass jazia mais distante da equipe carregando seu pequeno livro de poesias. O pequeno ovo recém recebido de Lukas parecia receber o máximo de cuidado dos outros Pokémons, sendo que a todo momento algum Pokémon ia checar se tudo estava ocorrendo bem.

Luke andou em direção de Dawn e sentou-se novamente do seu lado, a garota não olhava para ele, apenas continuava mergulhada em seus pensamentos sentindo a leve brisa que batia no momento.

— Desculpa Dawn, foi sem querer naquela hora, de verdade...

— Qual dos momentos? O que você me jogou, ou o quê você me beijou? — brincou num tom irônico.

— Os dois. — riu ele um pouco sem graça — Eu não devia ter te colocado em perigo em momento algum... Me desculpa.

— Olha, por um lado foi bom você ter me jogado de lá de cima, por que se não, eu não teria passado pela melhor sensação da minha vida. — sorriu ela, dando um leve suspiro e em seguida falando um pouco acanhada — Foi a minha primeira vez.

— O quêêêê?? Primeira vez?? Com quinze anos?! Nooossa, que estr... Quer dizer, diferente.
Dawn olhou para Luke com desgosto de modo que o garoto imediatamente percebesse que poderia ter dispensando aquele comentário.

— Desculpa então se eu faço tudo no meu tempo, “senhor apressadinho”. Argh, essa nova geração é uma droga, eu preferia as coisas na minha época. — retrucou Dawn, levantando-se no mesmo instante.

— Drogaaa!! Por quê eu sempre tenho que abrir minha boca?! — praguejou Luke.

Porém, Dawn parou por um instante e voltou cabisbaixa ao lado de Luke sentado-se novamente.

— Não vou conseguir ficar brava com você hoje, por mais que eu tente.

— Acho melhor eu parar de falar também, antes que eu cause mais problemas...

Os dois mantiveram-se quietos por algum tempo, como se quisessem dizer o que realmente sentiram naquela hora, mas a timidez de ambos impedia tal ação. O sol continuava a brilhar com força de modo que os chamasse para dar um mergulho, até que Luke virou-se para a garota e deu um leve sorriso.

— Não quer aprender a nadar? Eu sou um Magikarp desde criança. Vem comigo! — disse ele, segurando na mão de Dawn e levando-a para dentro da água novamente.

Os jovens continuaram aproveitando da melhor forma possível, Lukas continuava a brincar de vôlei com uma grande bola inflável com seus pokémons, enquanto Luke sorria ao saber que estava ao lado de sua amiga ensinando-o a nadar, 
Luke segurava levemente o corpo de Dawn de modo que ela boiasse para aprender a nadar aos poucos, ele achava engraçado como uma garota de quinze anos, e que ainda por cima morava numa cidade litorânea, não sabia nadar, mas naquela manhã ele estava disposto a fazer tudo para seu agrado.

— Eu estive pensando Dawn, foi realmente muito perigoso pular de uma altura daquelas sem saber o que tinha no fundo do lago, poderia ter acontecido algo pior.

— É verdade, acho que só nós somos loucos o bastante para pular de uma altura daquelas... — continuou a garota com uma leve risada.

Os dois nadavam calmamente quando de repente algo caiu em sua frente dentro da água, Dawn tomou um grande susto e rapidamente pulou no colo de Luke que segurou-a espantado. Lukas ouvira o barulho e rapidamente correu para ver do que se tratava.

— O que foi aquilo?? — perguntou Dawn assustada, vendo uma menina ruiva sair de dentro da água com os braços esticados e uma feição animada em seu rosto.

— UOW!! Essa foi demais!! Vamos pular de novo!! — gritou a garota, dando-se conta de que estava sendo observada pelos jovens — Oxi, mas que coincidência encontrá-los por aqui, pessoal!

— V-Vivian?? — perguntou Lukas.

— É, tem que ser alguém que não bate muito bem da cabeça pra pular de uma altura dessas... — comentou Dawn de modo que a garota não ouvisse.

— Eita, Lukas-kun!! Parece que nos reunimos novamente! — disse Vivian.

— É verdade eu não imaginava que você chegaria tão rápido à Hearthome, como se saiu no concurso de Jubilife? — perguntou ele.

— Fácil, fácil. No caminho eu arranjei um companheiro de viagem pra me ajudar na jornada, por isso consegui dar uma agilizada. Ele ficou lá em cima na ponte, acho que daqui a pouco ele vai descer. — disse Vivian, olhando para Luke sem seguida que continuava com Dawn em seus braços — Ué, por que ele está carregando a Dawn-chan no colo?

— Você deu um susto nela quando pulou que nem um Snorlax doido dentro da água... — disse Luke.

— Que lindo!! Lukas-kun, me carrega também, me carrega também!! — gritou Vivian, pulando no colo do garoto que não aguentou o impacto e caiu no chão com a garota em seu colo.

— D-Desculpa, Vivian!! Isso foi muito repentino!! — disse ele.

— Desculpa nada, foi muito louco!! Você é um fofo Lukas-kun, faz de novo, faz de novo!! — gritou ela animada.

Os quatro riram com a estranha cena e com o inesperado encontro com Vivian, mas parecia que os acontecimentos do dia não parariam por aí, pois quando um rapaz loiro aproximou-se do grupo, Luke cessou seu riso no mesmo instante.

— Ei Vivian, eu disse que seria melhor se a gente não fizesse essa parada para chegar mais rapidamente à cidade de Hearthome... O que aconteceu para você estar dando tanta risada desse jeito? — perguntou o rapaz, surgindo de trás das pedras.

— Ah, esse aqui é o meu companheiro de viagem, seu nome é Stanley. Stanley, pessoal. Pessoal, Stanley. — apresentou a garota.

— Nós já o conhecemos, Vivian... Foi quando nos encontramos na Rota 202 há algumas semanas. — respondeu Luke num tom sério.

— Nossa, com tanta gente para que pudéssemos nos encontrar nessa aventura tinha que ser justamente você... Ninguém merece, é muito azar para um dia só. — respondeu o loiro.

— Faça-me o favor Stanley, a gente chegou primeiro, vaza daqui. — disse Luke de modo ignorante.

— Espere um pouco, eles não estão fazendo nada de errado Luke, por que não esquecer as diferenças por um instante e aproveitar esse momento? — perguntou o irmão.

— A Vivian está com ele, Luke. Faça isso por seu irmão. — disse Dawn

— Vou fazer isso por você, mas não pense que isso muda a minha consideração por esse otário. — respondeu o garoto.

— Tanto faz, não faço questão de sua presença. — concordou Stanley.

— Uooooow!! Briga, briga, briga!! — gritou Vivian.

— Você não esta ajudando muito... — comentou Lukas.

Os dois grupos permaneceram reunidos até o fim da tarde. Dawn, Vivian e Lukas se divertiam na água, mas Luke já não parecia estar tão sorridente quanto no início da manhã, ele apenas trocava olhares ameaçadores com seu rival que permanecia do outro lado da margem. Titânia aproximou-se de seu dono e começou a conversar.

— Quem é aquele jovem? Parece-me que vocês dois são grandes rivais pelo modo como vocês se olham. — disse a serpente.

— Ele é o Stanley, ele é um ex-amigo dos tempos de escola. — explicou Luke enfurecido.

— O que houve para que vocês quebrassem essa amizade?

— Isso não importa... O problema é que... eu sou muito estúpido. Cara, eu não gostaria de ter um amigo como eu.

— O orgulho é o complemento da ignorância, jovem Luke. Pelo que conheço de sua pessoa acredito que o motivo do término dessa amizade foi culpa sua somente pela intonação que pronuncia suas palavras. Acredito que você deveria conversar com este garoto. — disse a serpente.

— Dispenso essa, Titânia.

Luke continuou mergulhado em seus pensamentos, ambos os treinadores se encaravam como rivais mortais. De um lado jazia Luke, acompanhado de Titânia e Gabite, enquanto do outro estava Stanley com um Staravia e seu Grotle. Mesmo que todos estivessem se divertindo, o clima agradável do local não mudaria nada nos pensamentos de Luke.

O dia foi passando e logo ele chegava ao fim. Lukas parecia animado em poder ter se encontrado com Vivian mais uma vez, sendo que Stanley também era bem recebido pelos amigos que não tinham nada contra sua pessoa, afinal, isto era algo que apenas Luke mantinha em seu coração.

— Ai pessoal, eu tive uma ideia! Já que tá todo mundo indo pra Hearthome, por que nós não vamos todos juntos amanhã? — sugeriu Vivian animada — A gente podia acampar aqui hoje, contar histórias de terror, jogar truco, observar as estrelas, brincar de explorador, fazer uma noite do pijama...

— E quem não tem pijama...? — perguntou Lukas.

— Ah, não tem problema, eu empresto uma camisola minha que vai deixar você L-I-N-D-O!! — disse Vivian animada.
— Camisola? — disse Dawn seguido de uma risada.
Vivian sorriu e logo tomou uma decisão precipitada na sequência:
— Então está resolvido, hoje todos nós vamos passar a noite aqui e nos divertiremos muito!!

— Acho que não teremos outra escolha mesmo. — riu Stanley.

— Tanto faz, amanhã eu me livro de você. — respondeu Luke.

A noite caiu, e depois de um agitado dia os jovens puderam finalmente descansar. Agora que o grupo conta com a presença temporária de Vivian e Stanley, a aventura promete esquentar e tomar um rumo diferente, principalmente pelo fato de que Luke continuar detestando a presença de seu rival.


Mesmo que com todos os incidentes do dia, desde o beijo acidental de Dawn até o misterioso encontro de Lukas com Cynthia, os jovens poderão seguir com sua aventura rumo à Hearthome, e nessa cidade, o destino parece reservar algo realmente fascinante para nossos jovens. Sua aventura está para mudar como nunca.


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