Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 135
MAGNUS - Investigação na correria


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora. Novembro e Dezembro foram bem tensos e pra piorar foi um cap complicado. maaaaaaas, pra compensar ele tá enorme e com uma surpresinha.
espero q gostem.
beijinhos
no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper,
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Meg, Apolo e Zia
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão na África, os grupinhos:
— Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus, Adunni (gótica trança filha de Iemanjá), Eniola (filho mecânico, gosta futebol), Sarah (tbm gosta de futebol)

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— Indo para a Irlanda: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse
— Inglaterra: Sam, Blitzen, Hearthstone, Anúbis, Sadie, Will, Nico.
— Indo para a Alemanha: Mestiço, Mallory // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar), Ciara



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MAGNUS

Nossa, como eu dormi bem. Depois do susto do ataque noturno, e também depois de tanto tempo no mar, foi bom ter uma noite de sono em terra firme. Esperava ser atacado por mosquitos no meio da noite, mas felizmente foi uma noite tranquila, e uma manhã também, pois já estava no começo da tarde quando acordei.

Posso dizer que não fui o último a acordar, apesar de ter sido recebido pela reclamação de Jacques quando o fiz.

— Finalmente, eim? - disse ele.

— Shiu, foi uma noite longa. - reclamei olhando para o beliche onde Calipso ainda dormia.

Dentro do quarto compartilhado que nos deram, não havia mais ninguém além de Calipso. Depois de resolver meus assuntos com o banheiro, saí então para procurar o resto do pessoal. 

Do lado de fora, andando pela vila, não havia nenhum sinal de que tínhamos sido atacados na noite anterior. Provavelmente já estavam naturalizando isso, já que toda noite um ataque acontecia, pelo o que havia entendido. As pessoas andavam de um lado para o outro, conversavam, crianças corriam com bolas de futebol embaixo do braço. Enfim, só mais um dia.

Saindo da Casa de Campo, vi Leo carregando potes de comida e acompanhado de Festus, que atraía a atenção de todas as crianças. As crianças olhavam para Festus com os olhinhos brilhando e discutiam algo entre si em iorubá que provavelmente era algo na onda de “será que pode fazer carinho ou subir nele?”. 

Leo já estava indo na minha direção, afinal era o caminho para onde estávamos alojados, mas teve seu caminho interrompido por duas crianças que pararam em sua frente, uma com o dedo na boca, e outra pulando que nem um canguru.

— A gente pode subir nele? Por favor! - pediu a criança pulando.

— Ahm… - resmungou Leo olhando para mim e para Festus.

Imagino que era difícil dizer não para as duas crianças, e tudo piorou quando outras começavam lentamente a parar por perto na esperança de terem a oportunidade de brincar com Festus também. Com isso, Festus fez um barulho metade resmungou e metade rugido simpático e afirmou com a cabeça.

Leo não precisou traduzir, as crianças logo começaram a comemorar. Umas até gritaram algo em iorubá e outras correram até Festus. Estava aberta a temporada de montar em dragão, pela cara.

— Mas não o dia todo tá? - pediu Leo - Toma cuidado com eles, Festus. Nada de voar! Toma cuidado com ele tá, crianças? 

— Tá! - exclamou meia dúzia de crianças.

— Ahhh… voar! Por favor! - pediu um menino.

— Não. - disse Leo firme - Sem voar, ou sem dragão nenhum.

Festus afirmou com a cabeça e deitou no chão para as crianças subirem nas suas costas. Uma das crianças mais velhas, mas que nem chegava a 10 anos, tomou para si a liderança de tentar organizar a briga por caber nas costas de Festus. E, enquanto isso, Leo suspirou, olhou para mim e foi em minha direção. Agora mais perto, eu notei que eu podia ter acordado mais tarde do que ele, mas ele parecia pior do que eu. 

— Hey. Não quisemos te acordar. - disse ele - Já está tendo o almoço.

— A Alex tá lá? - perguntei.

— Tá sim. - respondeu Leo - A Calipso já acordou?

— Não… - respondi e ele suspirou, cansado.

— Queria dormir que nem ela. Não consegui pregar o olho a noite inteira. - admitiu ele. Sinto como se tivesse ficado a noite inteira acordada mas acho que por talvez uma horinha eu tenha caído no sono. Maldita Mami Wata.

— Você… está bem? - perguntei - A Alex me contou que a Mami Wata mostrou um mundo que não existe ou algo assim.

— É… isso seria um resumo disso. - disse Leo cabisbaixo - Eu vi minha mãe, que já morreu. Sabe? Não foi nada legal. Aí agora tô aqui, todo desestabilizado como se ela tivesse morrido ontem. Foi tão real, sabe?

— Putz… ahm… - eu disse sem saber se ‘meus pêsames’ era a melhor coisa a se dizer, com certeza não - Que bosta… Faz sentido estar desestabilizado e não conseguindo dormir direito. Eu não sei como eu ficaria se, do nada, minha mãe voltasse e aí me tirassem ela de novo.

— Sua mãe também morreu? - perguntou Leo.

— É… - respondi suspirando pesadamente.

Aquilo estava sem dúvida virando uma conversa no mínimo meio complicada. Eu fiquei arrepiado só de imaginar como devia ser do nada passar por uma segunda vez pelo dia que minha mãe foi assassinada. Talvez Leo estivesse pensando algo parecido, pois ficamos em silêncio e cabisbaixos por um tempo.

— MAGNUS! - gritou Alex mais além, interrompendo nosso silêncio - VEM COMER!

— Ah.. tá… já vou! - respondi.

— Eu vou lá levar comida pra Cal… - disse Leo aproveitando a deixa.

— Ok. E… erm… sei lá, se quiser conversar… - ofereci - Não que eu seja lá especialista no que falar.

— Valeu. - respondeu ele com um sorriso.

— ANDA QUE O DIA TÁ CHEIO! - gritou Alex novamente.

Me despedi de Leo, e fui ao encontro de Alex. Ela tinha começado a sair da Casa de Campo, acompanhada de Adunni e Eniola, mas quando me juntei a eles, nos quatro fomos para dentro. 

— Você já arranjou programação pro dia? - perguntei perdido - Iemanjá falou algo?

— Vamos tentar falar com Logunedé. - disse Alex cochichando para mim.

— O cara que você perguntou para Iemanjá? - perguntei enquanto entrava na fila da comida.

— Isso. - respondeu ela olhando ao redor com medo de alguém além de Adunni e Eniola terem ouvido algo - O problema é que não sabemos como ainda. Mas sabemos algumas pessoas que podem saber, Iemanjá não pareceu querer ajudar muito hoje mais cedo, mas aparentemente um tal de Xangô chegou.

— É o pai do Olujime, né? - perguntei.

— Isso. Parece que ele estava numa reunião… a mesma que Carter, Zia e Meg foram. - respondeu Alex.

— Não vou sair daqui sem saber o que esse Logunedé quer comigo. Foi muita demora para chegar até aqui. - disse Alex - Então temos que ir agora.

— Vamos sair hoje? - perguntei novamente perdido - O que aconteceu enquanto eu dormia?

— Iemanjá disse que não precisa da ajuda de vocês por aqui. Sem ofensa. - disse Eniola.

— Foi com palavras mais gentis… - adicionou Adunni - Temos que distribuir as forças que temos. Estamos gratos por terem vindo ajudar e trazer Olujime, mas temos as coisas sob controle por aqui, por isso talvez sejam mais úteis em algum lugar. Não estamos fazendo isso só por praticamente virem de brinde com Olujime, outros daqui já foram para outros lugares.

— Para onde vamos então? - perguntei.

— Não sabemos ainda. - disse Eniola.

— Então vamos aproveitar antes que começarmos a ir de uma hora pra outra pra outra parte da África. - disse Alex.

— Posso pelo menos comer então? - perguntei.

— A vontade. - disse Alex.

Bem, foi exatamente isso que eu fiz. Devorei aquela comida apimentada nigeriana com muito gosto, estava morrendo de fome. Enquanto isso, Adunni, Eniola e Alex ficavam conversando. Enquanto comia, eu também percorri os olhos pelo pessoal comendo, e notei o outro rapaz que tinha participado mais ativamente da luta contra a Mami Wata. 

Era um cara com dreads e que, apesar de não aparentar tão gritantemente de fora como eu ou Alex, por exemplo, ele também parecia sem graça como um turista em se juntar à refeição. Pra completar, também estava sozinho, segurando o prato e procurando um lugar para sentar.

— Esse cara lutou bem pra caramba ontem. - disse indicando o rapaz com a cabeça - Você e a Sarah também, claro.

— É o André… - explicou Eniola - Ele é filho de Ogum. Veio lá do Brasil até aqui. Ele é legal. Joguei futebol com ele uma vez, não joga tão bem apesar de ser brasileiro.

— Estereótipos - resmungou Alex.

— Ele tá sempre sozinho… - resmungou Sarah - Acho que é meio tímido.

— HEY! ANDRÉ! - exclamou Alex do nada acenando para o rapaz, do nada - Vem sentar com a gente!

Ele olhou para Alex tão confuso quanto a gente. Até mesmo olhou ao redor para checar se tinha outro André, mas não, era ele mesmo. Meio acanhado, ele foi até nossa mesa e se sentou ao lado de Eniola. Não duvidaria se o histórico da partida de futebol passada com Eniola deu alguns pontos a mais para nossa mesa.

— Tava falando pra eles que você joga futebol muito bem. - disse Eniola querendo quebrar o silêncio que prometia ficar.

— Mentira.... - rebateu André depois de alguns segundos analisando Eniola para deduzir se era verdade ou mentira, a resposta também acabou fazendo Eniola cair na gargalhada.

— Bem, de futebol eu não sei, mas você lutou bem ontem. - disse Adunni.

— Ahm… Não senti que lutei tão bem não. - admitiu André - Meio burrice tentar comprar briga com um bicho de água daquele jeito. Mas queria ajudar de alguma forma.

— Pode tentar ajudar de um jeito um pouco menos passível de morrer. - sugeriu Adunni.

— Se quer ajudar… que tal acrescentar algo no seu roteiro do dia? - disse Alex com um sorriso que, se eu fosse André, tomaria cuidado com ela.

— O que? - perguntou ele.

— Conhece Logunedé? - perguntou Alex.

— Orixá da riqueza e fartura. - disse André.

— E da guerra e da água. - disse Eniola olhando para nós com um claro olhar que significava que aquilo era sinônimo para “tomem cuidado”.

— Queremos… precisamos… bater um papo com ele. Simples. - explicou Alex.

— Hm… - resmungou André, pensativo - Pode ser.

Quando todos terminaram de comer, fomos atrás de Xangô por toda a vila. Depois de seguir as orientações de algumas pessoas, conseguimos encontrá-lo numa casa bem parecida com a Casa de Campo, só que bem mais afastada de tudo. Ele e Iemanjá estavam conversando, com expressões tensas, no pátio central da casa, que ao contrário da Casa de Campo, parecia totalmente vazia, com exceção dos dois.

Xangô parecia alguém que renderia uma luta muito boa e difícil, talvez até impossível. Era alto, forte e usava uma saia bem longa vermelha. Mesmo se minha audição fosse melhor, eu não conseguiria entender sobre o que ele e Iemanjá conversavam, já que falavam em outro idioma. E pra piorar, quando nos viram chegando, eles interromperam a conversa totalmente.

— Esses são alguns dos semi-deuses que falei. - disse Iemanjá - São os nórdicos.

— Vieram de bem longe então. - disse Xangô olhando para o nosso pequeno grupo - Estão com cara de que querem alguma coisa.

— Queremos encontrar Logunedé para entender o que ele quer comigo. - explicou Alex - Ele apareceu para mim um tempo atrás e quero entender porquê.

— Logunedé é complicado. - explicou Xangô aparentando estar ansioso para aquela conversa terminar - Nem sabemos de que lado ele está nessa confusão. Se fosse pra dizer algo importante ele provavelmente já teria dito, não? Podia estar simplesmente espiando vocês, caso ele tenha seus momentos de estar trabalhando com Oxum, afinal é a mãe dele.

Tinha certa lógica no argumento, eu tinha que reconhecer. Mas ainda não era o suficiente para nos dar muitas respostas, e tenho certeza que Alex também pensava isso.

— Mas… - disse Alex, mas Xangô ergueu a mão e ela parou de falar.

— Mas isso não é uma certeza nem uma resposta muito boa. - admitiu Xangô - Logunedé é meio complicado de contatar mas vou tentar. Está bem assim?

— Não podemos falar com ele diretamente? - perguntei.

— Na verdade… - disse Iemanjá olhando para Xangô e para Alex - Eu tentei entrar em contato com ele a noite e, nada… 

— Oh… - disse Xangô parando para pensar - Tem uma cabana na floresta que às vezes ele gosta de ficar. Podemos checar se tem algo por lá. Acham que conseguem ver isso vocês cinco? Temos muito o que terminar e resolver, e de preferência o mais rápido possível.

— Tem monstros no caminho ou algo? - perguntei.

— No normal, não. Só animais. Mas não podemos ter certeza que a situação atual alterou tudo. - explicou Iemanjá - Chamem seus outros dois amigos também, se eles estiverem bem para isso. No final do dia, se estiverem ainda sem saber para onde ir, queria pedir para ajudarem uma amiga minha, ela também está tendo muitos ataques e não tem tantos para ajudar.

— Ah sim… - disse Xangô suspirando pesadamente olhando para Iemanjá de um jeito estranho, como se falasse “cuidado” - Até lá, se quiserem ir atrás de Logunedé na esperança de ele estar em uma das casas dele, vou passar um mapa para ensiná-los a chegar lá. Mas lembrem-se que ele pode até mesmo nem sequer estar na África. Mas tomem cuidado.

Xangô então começou a andar e, com a mão, gesticulou para que nós o acompanhássemos. Nós seguimos ele até uma sala ali perto que era claramente uma biblioteca. Havia várias estantes nas paredes com livros com capas coloridas e cara de velhos, rolos de papel no formato mais antigo de livro, e até umas placas de madeira e barro.

Uma mulher, debruçada sobre uns livros na mesa logo perto da porta, olhou por uns segundos para nós, mas logo perdeu o interesse na gente. Xangô e Iemanjá também ignoraram ela e foram até o único armário que tinha ali. Xangô abriu uma das gavetas e de dentro dela ele tirou de lá o que parecia um papelão bem largo com um mapa impresso.

Ele apoiou o mapa de papelão numa mesa vazia no centro da sala e pegou uma das pontas como se o mapa fosse uma figurinha de álbum que tinha que separar do papelzinho que protegia a cola da figurinha. Só que o jeito que ele puxou o mapa provava que não era um simples mapa em figurinha gigante. O mapa saiu muito fácil e com um leve brilho conforme Xangô puxava. Notei também que não era como se ele estivesse puxando o mapa do papelão, pois a imagem do mapa ainda continuava lá.

A parte que foi separada do papelão agora parecia um mapa de papel comum, o quão Xangô deixou na mesa enquanto guarda o papelão com o mapa, completamente inalterado, de volta à gaveta. Enquanto ele fazia isso, eu encarei o mapa e notei que era o mapa dali, pois ele mostrava uma espécie de vila, ao lado de um grande lago, ambos escondidos no meio do verde.

— Nós estamos aqui. - disse Xangô apontando para um dos maiores quadrados na aglomeração de telhados que era a vila no mapa. 

Ao mesmo tempo que ele apontou para o lugar no mapa onde estávamos, apareceu ali um pontinho vermelho brilhante. Faltava só estar escrito “você está aqui”. 

— Logunedé tem uma cabana no meio da floresta que às vezes gosta de passar um tempo quando caça. - explicou Xangô, mas ainda sem apontar para o lugar na floresta - Vocês vão ter que seguir o lago para norte.

Só aí então ele apontou para a entrada da vila, bem na margem do lago e provavelmente o mesmo lugar onde chegamos no dia anterior.

— Eniola e Adunni vão saber dizer para que lado é o norte. Mas assim vocês seguirão pela extensão do lado seguindo a trilha. - disse ele percorrendo o dedo pelo mapa para explicar tudo que falava e, seguindo o dedo dele, aparecia uma filha pontilhada - O lago então vai acabar ficando um riacho que os levará até uma pequena cachoeira. Nesse ponto, vocês vão para o oeste, entrando na floresta.

— Tomem cuidado com a parte do lago, já que é de onde os ataques diários costumam vir. - lembrou Iemanjá.

— Pode deixar! - exclamou Jacques.

— Se guiar nessa parte da floresta não é tão fácil. - disse Xangô - Quase ninguém vai até ali. Se existir ainda uma trilha, ela está bem apagada. Cuidado para não se perderem. De toda forma, é mais ou menos por aí que vão encontrar uma cabana de madeira, é a de Logunedé.

— Isso é mais para oeste do que a casa do Ifá? - perguntou Adunni.

— Sim. Vão ter que andar mais. - respondeu Xangó, cruzando os braços - Mas não muito, imagino.

Timidamente, enquanto todos estavam ocupados nos detalhes, vi Alex esticar o dedo até o mapa e passar o dedo na pontinha dele, e um fragmento de linha pontilhada apareceu ali, exatamente onde ela passou o dedo.

— É melhor ir de moto ao invés de a pé, né? - perguntou Eniola - Ao menos até a cachoeira.

— E vocês tem motos pra todos…  e todos sabem dirigir uma moto? - perguntou André.

— Eu só sei não me matar em uma. - disse Alex.

— Eu peço pro meu pai a dele emprestada pra vocês e eu vou com a minha e alguém na garupa. - sugeriu Eniola - Ainda não dá pra todo mundo se o resto dos seus amigos forem, mas… Com um pouco de vontade da pra encaixar três em cada moto.

— Você não vai. - respondeu Adunni séria.

— Pare de me tratar tipo uma donzela indefesa, por favor. - pediu ele.

— E se aparecer algo mágico para lutarmos? Ou até o próprio Logunedé? - perguntou Adunni.

— Eu me viro! - reclamou Eniola.

— Se ficarem deste jeito, nenhum dos dois vai. - ralhou Iemanjá.

Eniola e Sarah imediatamente ficaram quietos e cabisbaixos, sem ousar fazer mais um ruído sequer.

— Podem pegar um cavalo no estábulo ou até alguma bicicleta. - sugeriu Iemanjá.

— Eu também tenho uma moto. - disse Adunni.

— Temos Festus. - lembrou Alex.

— Tenham cuidado e cuidem um do outro. - lembrou Iemanjá.

Não sei quanto aos demais, mas eu senti que o papo terminava ali. Adunni foi a primeira a entender a deixa, pegou o mapa de papel na mesa e foi dobrando-o enquanto ia em direção à porta.

André e Eniola foram pegar a moto de Eniola, Adunni foi pegar a própria moto e eu e Alex fomos buscar Leo, Calipso, Olujime e Festus. Quando nos separamos dos três, eu olhei com calma para Alex, preocupado com qualquer reação da última noite. Não tínhamos tido a oportunidade de ficarmos a sós desde então, afinal ela acordou primeiro e o quarto, pra piorar, era compartilhado.

— Tô te vendo me encarando com o canto do olho. - reclamou Alex.

— Foi mal… - resmunguei coçando a nuca - É que a gente não teve tempo direito de falar sobre a noite passada desde… bem… noite passada.

— Não quero falar mais do que já falamos. - admitiu Alex, já tinha sido difícil fazer ela falar, mas menos do que a média dela.

— Tudo bem. - respondi - Só queria checar se estava bem pois hoje indo comer acabei cruzando com o Leo e… acho que ele ficou meio mexido por ontem.

— Eu estou bem. - garantiu ela.

— Vou fingir que acreditei. - respondi - Qualquer coisa, sabe que estou aqui né?

— Eu sei… - respondeu ela - Agora, por favor, não deixe essa conversa mais melosa do que já está.

— Sim, senhora. - garanti, sorrindo de leve.

Depois disso, não demorou tanto assim para chegar onde estava Leo e Calipso. Os dois estavam sentados na cama, conversando, e um prato esquecido em cima da mesa que ficava no centro do quarto provava que Calipso tinha comido seu almoço atrasado com sucesso.

— Cadê o Olujime? Não o vi o dia inteiro. - perguntei, ao sentir falta dele.

— Já arrastaram ele para treinar junto com o pessoal daqui. - explicou Leo - E pra se enturmar também.

— Agora fiquei com ciúmes. - admitiu Calipso - Vamos ficar aqui o dia inteiro sem fazer nada? Vamos tentar entrar ao menos em um desses treinos ou achar algo pra fazer. O pessoal nos EUA ou na Europa descobriu algo do próximo lugar para ir?

— Nada de novo por lá que afete a gente mas, temos algo para hoje sim. - disse Alex - Inclusive, viemos buscar vocês para uma pequena aventura na floresta atrás de um orixá que talvez possa não estar lá, mas é o que dá pra fazer por hoje.

— Explica isso aí direito, por favor? - pediu Leo.

— Aquele cara que eu disse que tinha aparecido para mim. - explicou Alex - Vamos atrás da cabaninha que às vezes ele costuma ficar e cruzar os dedos para ele estar lá. Adunni e Eniola vão com a gente também, e o brasileiro de ontem, o nome dele é André.

— Vamos de moto, aparentemente, até um pouco mais da metade do caminho ou na garupa dela… - comentei.

— Então vamos lá fazer essa busca seguida de interrogatório. - disse Leo.

— Procuramos Olujime? - perguntou Calipso.

— Ele tava empolgadinho para treinar com o pessoal. - explicou Leo - Acho que temos gente o suficiente. Sete pessoas…

— Oito comigo! - exclamou Jacques.

— Você não é exatamente uma ‘pessoa’... - comentei.

— Só por isso quer dizer que eu não conto?! - reclamou Jacques.

— Vou atrás de Festus. - disse Leo pegando suas coisas rapidamente e logo saindo correndo do quarto.

Festus provavelmente ainda estava sendo um substituto de playground. Calipso se espreguiçou e pediu para Alex explicar mais sobre os planos para hoje. Infelizmente o mapa estava com Adunni, mas conseguimos convencer que, na teoria, sabíamos o caminho.

Esperando por Leo, acabamos indo para a entrada do nosso alojamento e, quando ele apareceu, fomos para a entrada da vila, onde Adunni, Eniola e André já estavam esperando a gente. Adunni estava tentando, inutilmente, convencer Eniola a não ir.

— Desiste. - dizia Eniola com um sorriso, acabando por fazer Adunni bufar, irritada.

Olha, fiquei com dó por ele por um segundo, pois Adunni olhou para ele irritada e, sem falar mais nenhuma palavra, sentou-se na sua moto. Eniola mordeu o lábio e olhou para a própria moto, aparentemente tentando se consolar que Adunni não ia com ele.

— Eu… vou com Leo no Festus. - disse Calipso ao ver todo o clima que ficou ali.

— Esse… é Festus? - perguntou André tentando confirmar enquanto olhava para Festus, que afirmou com a cabeça para ele - Tem mais espaço que uma moto né? E… é mais foda.

— Sobe aí. - disse Leo enquanto ele subia pegando o primeiro lugar em Festus.

— Meninas em uma, meninos na outra? - perguntou Alex olhando para mim e para Adunni e Eniola com suas motos.

— Ok… - respondi indo sem graça até Eniola.

Ficamos os dois, dois bestas, olhando meio decepcionados para Adunni com Alex na moto. Tenho que admitir que uma parte de mim tinha pensado que tinha chances de ir na moto com Alex. Quero dizer, o jeito mais seguro de não cair da moto por um segundo tinha parecido interessante, agora não mais. Com o canto do olho, Eniola notou minha decepção.

Tenho certeza que ele notou até porque, quando sentamos na moto e tivemos maior segurança para conversar sem ninguém ouvir.

— Só tá afim dela ou são namorados? - perguntou Eniola.

— Tá mais para namorados, mas ela não gosta de chamar disso. - expliquei - E você?

— Complicado. - disse ele.

— Entendi. - respondi.

— Bem… cuidado para não se queimar com o escapamento, tá? - explicou ele rapidamente indicando onde era - E segure bem. 

— Ok… - respondi olhando preocupado para o escapamento.

Fazer o que né? Me segurei em Eniola e com duas motos e um dragão de metal, formamos um peculiar grupo. Seguimos pelo caminho relativamente fácil, seguindo o lago com Adunni e Alex na frente e Festus controlando sua velocidade para nos acompanhar por terra ao invés de facilmente passar direto por nós. O lago passava à direita e à esquerda passamos pela vila. Vi a casa de Eniola passar ao nosso lado, o foco da luta de ontem e o foco dos maiores esforços para o aumento do muro que construíam ao redor da cidade.

Depois de passada a casa de Eniola, lentamente a vila foi sendo substituída por uma floresta cada vez mais densa. Ouvi um passarinho ou outro cantando e o vento batendo nas folhas. Teria sido um passeio muito legal se eu tivesse ido na mesma moto que Alex.

Foi uma jornada silenciosa mesmo quando o lago virou um riachinho que ia se aproximando de um paredão de pedra no horizonte, que logo revelou a nossa pequena cachoeira de objetivo. Então, todos paramos e olhamos para a trilha mal feita que tinha logo ali. Ao menos era o que eu achava ser a trilha, torcendo para a falta de vegetação e grama numa área específica e exatamente do tamanho de um corredor comum, mas muito estreito, ser de fato a trilha.

— Aqui não dá pra ir mais de moto… - disse Adunni enquanto ela e Alex desciam da moto.

— Acha que as motos vão estar aqui quando voltarmos? - perguntou Eniola enquanto fazíamos o mesmo e o pessoal em cima de Festus também descia dele.

— Acho que só podemos torcer para que sim. - respondeu ela. 

— Só eu que estou achando esse pedaço da floresta desconfortavelmente silencioso? - perguntou Calipso.

— Não. - respondeu Alex.

— A gente tem alguma escolha alternativa? - perguntei.

— Desistir… - disse Adunni dando de ombros - Imagino que não seja do interesse de vocês.

— Não. - disse Alex prontamente.

Mesmo sem ter muita escolha, encaramos a entrada por um tempo antes de entrar na trilha de fato. Respiramos fundo e seguimos para dentro da floresta silenciosa. Cada galho que o pé de alguém quebrava ou folha que era esmagada ou esbarrada fazia um barulho enorme.

Mas claro que só isso não é suficiente. Ah, não. Porque somos todos bem ferrados afinal de contas, né? Ainda tinha que ter aquela estranha sensação de que tinha alguém nos observando. Eu troquei um olhar rápido com Alex e ela afirmou com a cabeça. Eu traduzi como sendo ela também sentindo que alguém nos observava. 

Essa sensação continuou durante toda a caminhada, que parecia infinita. Eu não via ninguém ao nosso redor, mas sentia as pizzas de suor se formando embaixo do meu braço. Eu comecei a me perguntar se por acaso não estávamos perdidos, pois estávamos andando um bocado. Imagino que os outros tenham pensado o mesmo, mas ninguém ousava falar. Havia uma pressão ali, sem dúvida.

Ainda assim, Adunni andava na frente bem confiante e, no meio do silêncio de todo mundo, só Jacques teve coragem de falar.

— Não estamos perdidos não, né? - perguntou ele repentinamente, dando um susto em todo mundo.

— Creio que não… - disse Adunni com 98,5% de certeza.

— Olha… ali! - disse Leo apontando para o céu na direção à nossa frente mas um pouco para a direita - Não é fumaça ali?

— Onde há fumaça, há fogo. - disse Eniola.

— E onde tem fogo tem ou um incêndio florestal ou uma pessoa. - completou Alex.

— Incrivelmente, eu prefiro que seja a segunda opção. - falei.

— Não tão incrivelmente assim, na minha opinião. - respondeu André dando de ombros.

— Vamos naquela direção então? - perguntou Calipso ameaçando tomar a dianteira - É praticamente na nossa rota.

— Espero que não saia da trilha. - disse Eniola.

— Você ainda tá vendo alguma trilha? - perguntei surpreso e ele começou a rir e começou a coçar a nuca.

— É…Bem… tá mais pra não do que pra sim… - admitiu ele.

Seguimos na direção da fumaça e, surpreendentemente, encontramos uma pequena casa de madeira e tijolos de barro. Ela tinha uma chaminé, por onde saía a fumaça, e a porta estava entreaberta.

Prontos para a porrada, deixando Festus de prontidão do lado de fora, fomos nos aproximando da casa até passar pela porta mas não havia nada além de uma tremenda bagunça nível “rolou uma briga aqui”. Tudo estava quebrado para todos os lados, até a janela estava quebrada ao nível de se tornar apenas um buraco impossível de se fechar na parede. 

Mesmo com tudo quebrado, dava para ver que apesar do lado de fora ser pequeno e simples, o interior era muito chique. Tinha tapetes bonitos, almofadas com penas que infelizmente agora estavam espalhadas por todo lado, uma cama que só de olhar eu já fiquei com sono (mesmo considerando que as duas pernas debaixo estavam quebradas) e lâmpadas bem bonitas presas na parede iluminando tudo.

— Não tem como essa ser a casa de outra pessoa né? - perguntei.

— Bem, não é uma possibilidade nula. - admitiu Adunni.

Olhei ao redor em busca de algo que fosse interessante ou nos ajudasse, os outros faziam o mesmo. Só que então comecei a ficar preocupado quando notei algo faltando.

— Alex? - perguntei atrás dela, mas nada dela.

Fui até o lado de fora, onde Festus estava, em busca de Alex, os outros começaram a compartilhar da minha preocupação também, mas não havia nenhum sinal de Alex.

— Ela estava logo do meu lado, perto da janela… - disse Calipso preocupada.

— Você viu alguém por aqui, garoto? - perguntou Leo para Festus, que negou com a cabeça.

Segui a indicação de Calipso e tentei ver do outro lado da janela, pelo lado de fora. Foi aí que vi Alex, no limite das árvores, com uma… pessoa… que parecia homem e mulher. A pessoa segurava a boca de Alex impedindo ela de falar e usava uma longa saia azul e dourada, e algum adereço com pérolas ou algo do tipo, que pendiam na frente de seu rosto.

As peças que pendiam do seu rosto se moviam, enquanto ele dizia apressadamente alguma coisa para Alex, que nem se mexia (o que achei estranho). 

Segurei Jacques firmemente e corri na direção dos dois. Ouvi alguém dentre nosso grupo falando “ali”, mas antes de eu chegar, a pessoa sumiu e com ela, o barulho e a normalidade da floresta voltaram. Olhei para Alex confuso e preocupado, ela parecia meio surpresa, mas bem.

— Quem era aquele cara? - perguntei - Era Logunedé?

— Diz ele que era. - respondeu ela, claramente pensativa, enquanto o resto do nosso grupo corria em nossa direção.

— O que ele disse? - perguntei.

— Agora não. - disse ela, tensa, olhando para todos os lados e para o pessoal, que nos alcançava.

— Alex! Tá tudo bem? - perguntou Calipso.

— Sim… - respondeu Alex passando a mão direita pelo braço esquerdo, todo arrepiado - Ele surgiu da janela e me puxou, do nada. Não ouvi um ruído. Quando fui notar, já estava aqui.

— Quem era ele? - perguntou Leo.

— Logunedé. - respondeu Adunni - Né?

— Ao menos foi o que ele disse. - respondeu Alex.

— O que mais ele disse? - perguntou Eniola.

— Só isso. - disse Alex dando de ombros - Acabou indo embora quando vocês apareceram - E… “mordeu a isca”. Acho melhor irmos embora mesmo. Iemanjá e Xangô têm certeza… 

Eu estranhei aquela informação. O papo pareceu ter sido ao menos um pouco mais longo do que uma mera apresentação, mas não achei uma boa ideia questionar ela ali.

— Tem… certeza? - perguntou Adunni estranhando aquilo e eu também pra falar a verdade.

— Tenho. Tenho. - disse Alex.

O pessoal se entreolhou, eu só fiquei olhando para Alex mesmo, extremamente curioso com o que tinha acontecido nos poucos segundos que ela sumiu de vista. 

— Vamos pelo menos ver se tem alguma informação útil na casa? - sugeriu Eniola.

— Pode ser. - disse Leo - Pra ao menos a viagem valer mais.

Bem, não tinha nada na casa de útil. Então voltamos e eu fiquei constantemente encarando Alex, até ela gesticular algo com a boca que parecia “para com isso!” e “depois”. Não sei se só eu tinha a sensação de que Alex estava escondendo algo, mas ninguém comentou nada.

Quando chegamos de volta na vila, com o sol prometendo começar a se pôr em algumas horas, tinha uma comoção na entrada dela. Um grupo de meia dúzia de pessoas que subiam num barco com suas mochilas pesadas nas costas e armas na mão. De pé sobre a água, estava Iemanjá e na borda do lago, estavam várias outras pessoas, acompanhando, esperando ou dando tchau para o grupo.

Nossas motos (e dragão) pararam perto da comoção bem quando Iemanjá gesticulava para a água e ela engolia o barco. Podia parecer preocupante, mas todos pareciam extremamente tranquilos.

— O que está acontecendo? - perguntei.

— Ela está mandando algumas pessoas para ajudar outros povos. - explicou Adunni - Quando dá para chegar pelo rio Niger e suas conexões com outros rios ou até com o mar, ela faz assim. Aparentemente você chega no destino em alguns minutos, não importa o quão longe seja.

— Bem prático. - admitiu Calipso.

Ao nos ver chegando, Iemanjá abriu um sorriso.

— Voltaram bem a tempo. - disse ela - Conseguiram o que queriam?

— Não exatamente… - disse Alex - Acho que é como vocês falaram. Só estavam espionando a gente ou algo do tipo. Tinha cara de armadilha.

— Vão querer dormir mais uma noite aqui ou posso mandá-los para ajudar uma amiga? - perguntou Iemanjá.

— Um dia de descanso foi o suficiente. - disse Alex sem nem ao menos perguntar nossa opinião, o que novamente achei estranho.

— Peguem suas coisas então. Estarei aqui esperando. - prometeu ela - André, posso pedir para ir com eles também?- E me contar diretamente como estão as coisas. Irei te ensinar como.

— C-Claro! - respondeu André parecendo bem orgulhoso disso enquanto nos viramos de volta para a vila para pegar nossas coisas.

— Já vão mesmo? - perguntou Adunni meio surpresa - Achei que fossem ao menos tentar ganhar uma noite de sono a mais por aqui.

— Estamos mesmo com toda essa pressa? - perguntei.

— Acho melhor… os vilões não descansam, né? - disse Alex - Tivemos um dia bem calmo, não conta como descanso? E não é como se a viagem de barco tivesse sido tão cansativa assim.

Adunni e Eniola nos ajudaram com as coisas para guardar e até mesmo surrupiaram algumas comidas e mantimentos para nós e até para Festus. Eu fiquei tentando disfarçar minha preocupação com o comportamento da Alex, notei que Eniola também parecia bem preocupado com isso enquanto o resto do pessoal estava pensativo.

Em alguns minutos, estávamos na beira do lago novamente, dessa vez prontos para sei lá qual o nosso destino.

— Para onde exatamente vamos? - perguntou Leo.

— Vou deixar isso como surpresa. - respondeu Iemanjá piscando com um dos olhos.

Nos viramos para nos despedir de Adunni, Eniola e Sarah que tinha chegado depois e trocar contatos, não foi uma despedida muito emotiva, afinal, tal como Adunni disse:

— Nos vemos no Egito depois?

— Acho que sim… tudo parece indicar que tudo vai convergir pra lá mesmo, né? - perguntei.

Imitando o pessoal que foi antes, soltei o Bananão na água e entramos nele. Na borda do lago, Adunni, Sarah e Eniola acenavam para nós, algumas crianças acenavam para Festus, que rugiu todo feliz e orgulhoso, se sentindo uma celebridade. Iemanjá então ergueu os braços pro céu, a água do lago começou a se erguer, nos rodeando e nos fechando como uma bolha fora d’água. Repentinamente, ela abaixou os braços de uma vez e nossa bolha foi puxada numa velocidade incrível para dentro da água.

Tudo então virou como um tobogã subaquático extremamente rápido, ou a correnteza marinha mais rápida do mundo. Felizmente, a bolha ainda nos protegia, mas ainda sacudimos muito. Me segurei em Alex e no barco, ela fez o mesmo. A água corria ao nosso lado e mal dava para distinguir se as manchas que passavam eram animais ou troncos ou sei lá. 

Ficamos alguns minutos nisso e, de repente, estávamos fora d’água. Ressurgimos claramente num porto com vários barcos de diversos tamanhos, de comércio e até de turismo. Não parecíamos que estávamos mais no mar, parecia um grande e negro rio. À nossa frente, havia uma cidade que diria ser até grande e, atrás de nós, mato.

No porto, de pé exatamente na frente do nosso barco e olhando exatamente para nós, estava uma mulher incrivelmente linda. Sério. Alex que me perdoe. Aquela mulher podia ser facilmente uma modelo. E não era uma menina, era uma mulher mesmo. Tinha um cabelo bem negro, bem longo e liso, parecia-me indígena mas… não como os indígenas dos Estados Unidos, lembrava mais o pessoal do México mas ao mesmo tempo era bem diferente também.

Ela estava usando chinelos, a parte de cima de um biquíni bem colorido e um short jeans. Seu rosto estava pintado com uma linha preta que saía de suas têmporas, ia até a ponta externa dos olhos, e continuava ligando as duas pontas internas dos olhos passando por cima do nariz. Uma outra linha, essa mais grossa e com uns padrões geométricos bem legais, passava logo abaixo desta, pelas bochechas e pelo nariz e ainda tinha uma terceira linha, que saia bem do meio do beiço e descia pelo meio do queixo.

— Olá. - disse ela - São os enviados de Iemanjá?

— Sim… Somos… - respondeu Leo.

— Me chamo Iara. - disse a mulher - Bem vindos ao Brasil.


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Notas finais do capítulo

por hoje é só :)
próxima fic a ser atuailzada, como sempre, é a do Anúbis



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