Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 126
CARTER - Invadindo a Reunião Dos Deuses


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora e aproveitem mais um cap saindo direto do forno! XD

no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper,
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Meg, Apolo e Zia
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse, Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Mallory, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar), Ciara



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CARTER

O Empire State era, afinal de contas, uma atração turística. Pensar que o Olimpo estava no topo dele era algo meio complicado de encaixar na minha imaginação, apesar de tudo, talvez o fato de ser algo tão, tão, tão americano era o que estava complicando isso. Ser algo turístico não era tão novidade, quase tudo que se encontrou do Egito é turístico também, então… é… me pergunto se um dia vamos salvar o mundo e acabar saindo sem querer na selfie de alguém.

De toda forma, o fato de a reunião dos deuses estar acontecendo num lugar público e turístico, tornava difícil identificar quem, dentre as pessoas entrando, eram deuses ou turistas. Olhando rapidamente, ninguém parecia ter nada de diferente, mas meus pelos da nuca se arrepiando diziam o contrário.

Eu claramente não conhecia ninguém, o que fazia a presença de Zia e Meg reconfortantes, e de Apolo também, por mais que ele estivesse indo na frente, fingindo que não nos conhecia, hoje em sua tal forma mais apolínea.

Eu não sabia direito de vista a diferença entre deuses e mortais, mas tive a impressão que isso não era o caso para o guarda da recepção, que parecia dividir as pessoas que entravam em dois grupos depois de ele checar o nome delas numa prancheta, cada um seguindo um caminho diferente rumo aos elevadores. Para um dos grupos, logo além, um segundo guarda parecia fazer novas perguntas antes de uma moça os receber diante do elevador.

Com Apolo na nossa frente, logo vi nosso primeiro problema, quando o primeiro guarda mandou Apolo para o caminho da direita, mas queria mandar a mim, Zia e Meg, pela esquerda. 

—Ahm… - disse olhando para Apolo, que tinha se virado para nós disfarçadamente - Eu queria ir por ali também, senhor. 

— Não. - respondeu o guarda, sério. 

— Mas é por ali que eu vou conseguir pro seiscentéssimo andar, né? - perguntei - Estou na lista da reunião. 

— Não tem 600 andares. - respondeu o guarda.

— Tem sim. - insistiu Meg - Pode olhar aí na sua lista. Estamos convidados. Pode procurar, Meg McCaffrey, Zia sei-la-o-que e Carter alguma-coisa.

— Zia Rashid e Carter Kane. - corrigiu Zia. 

O guarda olhou desconfiado para a gente, Apolo nos esperava, cada vez mais deixando de fingir que não nos conhecia, eu quase cruzava os dedos pra Hades ter realmente cumprido a parte dele do trato. Depois do que me pareceu uma eternidade, mas provavelmente não foi mais do que alguns segundos, o guarda olhou para a sua prancheta e então, num ótimo sinal, arregalou levemente os olhos.

— Ahm… ok… - resmungou o guarda indicando a nova direção com o braço - Podem ir… eu eim…

Suspiramos aliviados e seguimos Apolo, mas nosso alívio logo parou quando notamos que todos nos encaravam e cochichavam em várias línguas ao mesmo tempo. Queria poder dizer que ao menos um idioma ali eu reconheci, mas infelizmente não. Só fui entender alguma coisa de novo quando o segundo guarda nos parou, assim como ele fez com todos os outros, mas, ao contrário de quando ele conversou com os outros, ele parecia desconfiado.

— Nomes… - disse o guarda.

— Carter Kane, Zia Rashid e Meg… - falei deixando no ar o sobrenome de Meg, que eu já tinha esquecido.

— McCaffrey. - completou ela.

— Não sei o que eles estão fazendo por chamar mortais para cá hoje… - resmungou o guarda olhando em sua prancheta - Está vindo em nome dos gregos, pelo o que diz aqui?

— Fomos convidados por eles, mas viemos pelos mortais. - respondeu Zia.

— Boa sorte pra vocês então. - disse o guarda com um pesado suspiro.

O guarda ergueu a mão e magicamente apareceram três crachás nela. Ele nos entregou e notei como nossos nomes estavam um em cada um deles. Debaixo dos nossos nomes estava escrito “Mortais”. Colocamos o crachá e, seguindo a indicação do guarda, seguimos o caminho rumo a moça diante do elevador.

— Vocês estão dando muita sorte. - resmungou Apolo para nós, que também tinha seu crachá, esse escrito Ἀπόλλων e, logo embaixo, Ελλάδα. Mas, às vezes a leitura trocava para “Apolo” e “Grécia”.

— Parou de fingir que não conhece a gente? - questionou Meg.

— Cala a boca. - resmungou Apolo olhando preocupado para os outros deuses ao redor.

Com todos ainda aparentemente olhando para nós, entramos no elevador junto com Apolo e vários outros deuses e senti um arrepio quando cruzamos para dentro do elevador. Certeza que o elevador estava com a capacidade máxima quando a mulher sorridente, com uniforme parecido com os guardas e diante do painel de andares, enfiou um cartão numa fenda. O cartão desapareceu e, no quadro de botões com andares, apareceu um novo botão, um vermelho escrito 600.

Ela apertou o botão, a porta se fechou e o elevador começou a subir enquanto tocava alguma música antiga que eu tinha a leve impressão de ter ouvido em algum lugar. Mas, o interessante foi que, ao meu redor, alguns deuses começaram a mudar. Alguns deixavam de lado o disfarce de turista ou empresário e ficavam vestidos com roupas mais culturais ou de época, o que ajudava a chutar de onde eles eram. Apolo foi um deles, inclusive. 

Ver os deuses magicamente trocando de roupa já era incrível o suficiente, mas aí então as portas se abriram e… nossa… ainda bem que eu não tinha medo de altura, pois a próxima parte era um caminho estreito de pedra no meio do ar com vista para Nova York. Os deuses dentro do elevador começaram a sair, e eu fiquei parado no lugar por uns segundos.

— Vamos… - chamou Apolo - Já estamos chamando atenção demais sem ficarem parados e com cara de surpresa pra cada coisa diferente.

— Fingir costume, fingir costume… - resmungou Meg ao meu lado.

E assim fomos, fingindo costume, passando pelo caminho de pedras flutuantes, pelos degraus de mármore branco subindo em espiral até atravessar uma nuvem e em direção a um pico de montanha que surgia nas nuvens com várias mansões em sua encosta. Mansões, jardins, mercados… tudo ali parecia uma versão divina, perfeita e mágica do que a Grécia Antiga deveria ser. 

A fila de deuses já parecia saber para onde ir, que no caso, era um anfiteatro de pedra enorme construído em um lado da montanha. Os deuses se sentavam aparentemente em pequenos grupos, se fosse julgar pelas roupas típicas e as aparências deles… apesar de eles serem de cores diferentes demais. 

— APOLO! - exclamou um cara de toga, de repente, e Apolo congelou no lugar - Eu disse pra você não trazer ninguém.

— Mas eu não trouxe ninguém, Hermes. - defendeu-se Apolo - Se eu só chamasse quem quer que fosse, eles não teriam conseguido chegar até aqui.

— Mas essa não é a sua amiga Meg e essa outra aí não estava com você em Las Vegas? - questionou Hermes.

— Coincidências da vida… - disse Apolo dando de ombros - Onde eles sentam?

Hermes bufou e cruzou os braços, olhando para Apolo seriamente.

— Sei lá. Eles são problemas seus. - disse Hermes.

— Mas já disse que não vieram comigo! - defendeu-se Apolo.

— Sentamos em qualquer lugar. Tá tudo bem. - disse Zia.

— Não é tão simples assim. - disse Apolo - Isso aqui é mais tenso que uma reunião da ONU.

— Se eles acabarem no meio de uma briga, favor não reclamar comigo, ok? - pediu Hermes.

— Porque aqui é mais tenso que uma reunião da ONU? - perguntou Meg.

— Imagina várias pessoas, com poderes, quase tão velhas quanto as próprias civilizações, que lembram de tudo que aconteceu séculos atrás como se fosse ontem, todas no mesmo ambiente. - explicou Apolo - Uma hora estão conversando sobre se deuses podem ter conta no Instagram, no outro estão brigando sobre as Guerras Médicas ou a dominação do Império Romano como se fosse algo recente.

— Quer dizer que os deuses guardam mágoas eternamente? - perguntou Zia.

— É mais complicado que isso. - disse Apolo - Se alguém te ofender e magoar enormemente hoje, amanhã você ainda vai estar ofendida e magoada. Suas memórias falhas os ajudam a superar e esquecer, mesmo que em parte. Afinal, dizem que o tempo cura. Não temos esse luxo. Nossas memórias não se desgastam. Tudo que aconteceu há séculos de fato parece que aconteceu ontem.

— Não podemos ficar com vocês, entre os deuses gregos? - perguntou Meg.

— Devo dizer que eu estou surpresa por não ter contado com a possibilidade de vocês conseguirem vir até aqui. - disse uma voz atrás de mim que eu conhecia, eu me virei e dei de cara com Ísis acompanhada de Thoth.

Ísis estava com um vestido de linho típico egípcio, mas Thoth parecia um cientista que tinha saído correndo de seu laboratório até aqui. Os dois, assim como nós, estavam com crachás que, assim como o de Apolo, ficava trocando de idioma. Uma hora estava escrito "Ísis", "Thoth" e "Egito", na outra, em hieróglifos. Os hieróglifos de trono, pão, ovo e mulher sentada estavam no crachá de Ísis e no de Thoth, o pássaro íbis, o pão, os dois traços diagonais e o deus. Logo abaixo, os hieróglifos da pele de crocodilo, da coruja, do pão e da vila formavam "Kemet", Egito em egípcio.

— É por isso que vocês usam crachá? - perguntou Meg - Nem os deuses conhecem todos os deuses? Porque foi útil pra mim agora apesar de que não sei do que são deuses nem se são legais. 

— Defina “legal”. - disse Zia.

— Impossível conhecer todo mundo. - disse Hermes - Esses que estão aqui não devem ser nem 10% dos deuses.

— Eu sou deusa da magia, maternidade, mulheres, casamento, parto e família. - explicou Ísis.

— Uma baita lista aí. - disse Meg.

— Escrita, cálculo, escribas, conhecimento, ciência e magia. - disse Thoth - E nós somos legais, sim.

Meg olhou para mim em busca de confirmação e eu afirmei com a cabeça, mas admito que meio incerto.

— É… eles estão… acima da média… - respondi, nunca confiaria 100% em nenhum deus provavelmente - Ísis já usou Sadie, minha irmã, como hospedeira, então ela conhece mais dela.

— O que estão fazendo aqui? - perguntou Ísis.

— Viemos representar a nós mesmos nas discussões para solucionar esse problema. - expliquei.

— Como egípcios, nós já o representamos. - disse Ísis.

— O que não é muito justo consideramos que é a primeira vez que nos falamos em muito tempo, não ouvimos nada de vocês e, mesmo assim, somos nós que estamos indo para todo lado tentando resolver os problemas e quebrando a cabeça tentando entender o que está acontecendo. - enfatizei - Já conhecemos deuses e semi deuses de panteões demais, o que prova que essa confusão é muito maior do que a com Apófis. Quanto menos burocracia e mais transparência na comunicação, melhor para todos nós.

— Podem não ouvir de nós, mas estamos ajudando. - disse Ísis.

— Como vocês estão ajudando? - questionou Zia - Diga-se de passagem que não estou contando Anúbis no “vocês”.

— Quem acha que sussurrou a ideia para Cleo sugerir procurarem algo no British Museum? - perguntou Thoth.

— Tem algo lá mesmo então? - perguntei surpreso.

— Escondido, mas sim. Um dos meus maiores trunfos. - respondeu Thoth sorrindo orgulhosamente.

— E sabem como está o meu tio e o resto da casa da vida? - perguntei.

— Não fale disso em voz alta. - alertou Ísis olhando ao redor e abaixando o tom de voz - Estão bem e é o que posso dizer aqui, sem saber se temos algum deus traidor entre nós.

— E mesmo assim, vão fazer essa reunião? - perguntou Meg - Não parece burrice?

— Todos estão tomando cuidado, não se preocupe com isso. - prometeu Ísis.

 - Mas, apesar da intenção louvável de representar os mortais, como conseguiram vir até aqui? - perguntou Thoth.

— Fomos convidados. - respondi.

— Por quem? - perguntou Ísis.

— Me pergunto o mesmo. - disse Hermes encarando Apolo rapidamente, que ergueu os braços em sinal de rendição - Apolo é meu principal suspeito, mas ele realmente não poderia convidar mais ninguém. Se nem vocês sabem…

Quão ruim seria falar que fomos convidados por Hades? Eu não tinha a menor ideia. Podia não confiar totalmente em Ísis ou Thoth, mas certamente confiava mais neles do que em Hermes, que eu nem conhecia e, se a memória não me falha, era o deus dos ladrões (dentre outras coisas), o que certamente não era muito animador para contar segredos. Mas não queria adicionar Hades na lista de pessoas que não gostavam de mim. Assim, eu fiquei encarando Ísis por alguns segundos, até ela eventualmente virar-se para Hermes.

— Eles podem se sentar conosco. - declarou ela - Prefiro não arriscar deixar o atual faraó da Casa da Vida morrer caso as coisas venham a sair do controle.

— A dor de cabeça é toda sua então. - disse Hermes suspirando e se afastando de nós.

Ela então nos olhou novamente e abriu um pequeno sorriso que, apesar de carinhoso, também parecia ter algo por trás.

— Quem foi que resolveu trazer essa dor de cabeça para cá? - perguntou ela me encarando.

— Se importa se eu evitar também dor de cabeça para mim e não contar? - perguntei.

— Pois bem. - disse Isis dando de ombros - Thoth, leve-os, por favor, para nosso lugar para que ao menos, quem sabe, fiquem chamando menos atenção do que aqui, no meio do caminho de todos que chegam.

— Claro. Vamos, vamos… - disse Thoth nos chamando e começando a andar enquanto Isis ia na direção completamente oposta.

Seguimos Thoth, passando por Hades que fez um trabalho muito melhor do que Apolo ao fingir que não nos conhecia, e nos sentamos bem no meio na terceira fileira, de baixo pra cima, do anfiteatro, logo atrás de um pequeno grupo de deuses que eu chuto serem chineses. 

— Bem, eu vou pro meu lugar. - disse Apolo - Por favor, não terminem mortos até o final do dia, ok?

— Muito animador… - comentou Meg.

Apolo se separou de nós, indo para a parte esquerda da primeira fileira, onde vários deuses de toga, dos quais só conhecia Hades, se reuniam. Era o maior grupo, de longe, apesar de o grupo logo atrás de deuses com kimono também ser bem generoso. Parando para olhar agora, ali era tudo absurdamente colorido. Pareciam haver ao menos dois deuses da maioria dos cantos do mundo.

Mesmo ali sentados, ao nosso redor, todos ainda pareciam falar sobre nós e nos encarar, o que era muito desconfortável, mas Thoth fingia que nada estava acontecendo. Curioso, me perguntei o que Ísis estava fazendo e a procurei com o olhar, encontrei-a facilmente, estava no palco do anfiteatro conversando com sete homens e uma mulher. 

Era bem óbvio que cada um dos deuses com quem Ísis conversava eram de povos diferentes, as roupas e aparências ajudavam muito a notar isso. Para começar, dois dos homens eram obviamente do extremo leste asiático, provavelmente chineses ou japoneses. Outros três homens pareciam indígenas, o quinto parecia meio árabe e, como usava terno, as roupas não me davam muitas dicas. O sexto homem também usava roupas modernas, mas tinha barba volumosa e tapa-olho. A mulher me deu um pouco de arrepios, tinha longos cabelos tão pretos quanto a roupa que usava.

— Quem são eles? - perguntei para Thoth.

— Parecem importantes… - comentou Zia.

— A mulher é Morrigan, ela é celta. - respondeu Thoth - O de terno é Enlil, sumério. O outro com roupas atuais é Odin, nórdico.

— Odin!? - perguntou Meg surpresa mas ao menos mostrando sua surpresa em voz baixa.

— Sim. - afirmou Thoth - Imagino que ele tenha feito uma apresentação de Power Point para hoje.

— Uma… apresentação de Power Point? - perguntei confuso.

— É. - confirmou Thoth como se aquilo fosse muito óbvio - O asiático com roupa mais chique é o Imperador de Jade, chinês. O outro é Izanagi, japonês. O com metade do corpo pintada de azul e a metade de baixo de preto, é Huitzilopochtli, asteca. O com saia listrada branca e vermelha é Viracocha, inca. O último, com a tiara de penas acho que é Tupã, ele é tupi. Vocês estão dando uma sorte enorme. Centenas, milhares de mortais através da história gostariam de ter a chance de ver ao menos um desses deuses… ou qualquer um aqui, pra dizer a verdade.

— São os mais importantes de seus panteões? - perguntou Meg.

— Nem todos. - respondeu Thoth - Mas são os prováveis e aparentes representantes mais importantes de seus panteões presentes aqui hoje. Assim como Ísis está aqui, mas Hórus e Osíris não.

— Ela está substituindo Hórus e você Osíris, então? - perguntei.

— Sim e não. - respondeu ele - Hoje estou aqui como escriba apenas. Sempre é Anúbis que vem no lugar de Osíris pra coisas assim, mas… Digamos que com Osíris fundido com seu pai… bem… Sabemos que Sadie é bem capaz de proteger a si mesma sozinha muito bem, mas pai é pai. Mas por favor não mencione Anúbis de novo hoje. Ísis e a maioria de nós ainda não aceita nada bem essa ideia dele de se misturar com mortais dessa forma… mas um problema de cada vez, certo?

— Porque Hórus e outros deuses não puderam vir? - perguntou Zia.

— Estão ocupados impedindo que mais deuses venham ajudar Naunet. - confessou Thoth aos sussurros - A ideia dela é bem tentadora, sabe? É fácil ficar com saudade da glória que tínhamos antigamente e querer restaurá-la. Especialmente depois de lembrar o tanto que o Egito… ou nós… sofremos nas mãos dos persas, e então dos gregos, e então dos romanos, e então dos cristãos, e então dos muçulmanos, árabes e Império Otomano… 

— Thoth, o que tem no British Museum? - perguntou Zia.

— Bem, muitos papiros mágicos escondidos no subsolo e que poderão usar. - sussurrou Thoth - Mas estava falando com Atena e, como não sabemos se Zeus vai liberar os gregos para ajudarem, ela já deixou sua ajuda lá escondida para que Sadie e os outros consigam achar.

— Que ajuda? - perguntei.

— O Sharur. - respondeu Thoth - A maça falante capaz de matar o monstro que persegue a filha de Loki. Trate de falar isso para Sadie, ok?

Outros deuses chegavam e nem todos olhavam para nós. A quantidade de deuses diminuiu bastante eventualmente, até que um cara barbudo, acompanhado de quem eu reconheci ser Atena e de um homem claramente africano que não parecia estar muito satisfeito com o que Zeus falava. 

— Ah, aquele barbudo é Zeus. - sussurrou Thoth, provavelmente notando eu encarando o trio - A mulher é Atena e o homem é Xangô, que sinceramente acho surpreendente que esteja falando com Zeus… isso explica porque ele, Xangô, parece meio irritado.

— Porquê? - questionou Zia.

— Zeus é meio… erm… - disse Thoth parecendo se esquivar de ter que terminar o resto da frase.

— MORTAIS! - exclamou Zeus repentinamente, olhando para nós - QUEM TROUXE MORTAIS ATÉ AQUI?

Todas as conversas paralelas pararam naquele momento. Notei que Odin parecia querer segurar a vontade de rir e Isis percorreu o olhar pelos deuses, e principalmente por nós, esperando alguém se pronunciar, o que não aconteceu.

— ESSA É UMA REUNIÃO DOS DEUSES! - esbravejou Zeus - MORTAIS NÃO SÃO ACEITOS! SE SÃO PENETRAS, ACAB-

— Eu os trouxe. - disse Isis repentinamente interrompendo tudo.

— C-Como? - perguntou Zeus, desarmado.

— Eu os trouxe. - repetiu Ísis, caminhando até Zeus com uma elegância e ar de liderança de dar inveja - Algum problema?

— Esse não é o lugar para mortais estarem! - insistiu Zeus, batendo o pé no chão.

— Os temas dessa reunião os interessam também. - disse Ísis - Sem falar que Carter é o faraó atual. É um representante bom o suficiente dos mortais e o faraó é a ponte entre os deuses e os mortais. Ele e os amigos estão impedindo as coisas de piorarem em várias partes do mundo.

— Se fosse assim eu queria ter trago algum representante meu também… - disse o Imperador de Jade - Também tenho uns mortais que estão cuidando das coisas, em meu nome, pela Ásia.

— Não é assim que as coisas funcionam! Sabem disso! - insistiu Zeus.

— O que você sabe? - perguntou Ísis -  Eu acho que pode ser proveitoso para todos se eles participarem.

— Como ousa contrariar? - perguntou Zeus.

— Não me confunda com um dos seus. - respondeu Ísis séria - Os gregos e os romanos podem responder a você, mas nós não. Você é apenas o anfitrião da vez e nos foi dito para chamar “quem acharmos necessário ou desejarmos” e assim o fizemos. Não custa fazer uma tentativa e avaliar os resultados.

— Acha mesmo que isso é uma boa ideia? - perguntou Zeus.

— Acho que vale a pena testar. - disse Ísis.

— Só que eu mando aqui. - perguntou Zeus.

— Você esquece, Zeus, que é um mero bebê perto de nós. - disse Ísis.

— Aprendendo a engatinhar… - completou Enlil, o sumério, sorrindo e parando ao lado de Ísis - E, por acaso, também acho que vale a pena testar.

— Coloque-se você no seu lugar. - disse Ísis - Viemos de boa vontade diante do convite, podemos tão facilmente ir embora, o que imagino que não seja do seu interesse.

— Não que eu tenha muitos anos na conta para poder opinar… - disse Odin - Mas realmente seria interessante, considerando o tamanho da problemática, colocar um porta voz de alguns grupos de mortais. 

— Especialmente considerando que eles que costumam resolver nossos problemas. - acrescentou Morrigan - E às vezes começam também...

— Pai… deixe-os.. - disse Atena num tom calmo parecendo tentar acalmar os nervos do pai.

Zeus olhou para eles totalmente incrédulo. Eu nem ousava dizer nada, só torcia para Ísis conseguir resolver aquilo. Não queria botar “Luta contra Zeus” no meu currículo. As opiniões nas arquibancadas eram diversas ainda, mas ninguém parecia achar que valia a pena discordar em voz alta da combinação que Ísis, Enlil, Odin, Morrigan e Atena formavam. E, pelo visto, nem Zeus, que bufou e revirou o olhar.

Tenho certeza de que se Zeus pudesse sentar agora com cara de pirralho emburrado, seria o que ele faria. Mas ele ficou de braços cruzados, de pé, no centro do anfiteatro enquanto Odin pegava um pequeno controle no bolso de sua calça e uma enorme tela de televisão começou a subir de um buraco que se abriu no chão.

A tela, já estava ligada e quando notei que parecia estar com um Power Point aberto, eu quase deixei uma risada escapar, mesmo que o título do Power Point fosse “Impedindo Mais um Apocalipse (de novo)”.


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Notas finais do capítulo

por hoje é só :3
por favor comentem :3
e se quiserem mais, vão ler a fic do Anúbis (A Morte das Areias do Saara) tbm hehe n precisa ter lido Crônica dos Kane e ela, diferente dessa, é feita de arcos de tretas diferentes. o Hades apareceu a pouco por lá junto com a Atena e a Perséfone :D outros deuses aparecem tbm. de vários panteões. vai dar uma experimentada. são vários feelings diferentes por lá
enfim, beijos e até o prox cap



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