Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 118
SADIE - Jogo de Mímica


Notas iniciais do capítulo

no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Zia, Kayla, Grover, Percy, Piper, Meg, Apolo
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse. Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo jogar na água).
— Contra vontade no País de Gales: Mallory



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SADIE

Estávamos tão organizados lá no ônibus, discutindo planos e tudo mais, e num piscar de olhos estávamos uma bagunça (o que eu julgo que era a intenção com essa… feitiço… magia… coisa… de troca de idioma) e completamente encharcados. Podíamos estar em muitos, mas agora metade aparentemente falava unicamente um idioma que não era inglês e qualquer segundos idiomas que alguém tivesse ali, tinha desaparecido.

Uma quantidade boa de pessoas falava inglês ainda, o que era muito bom. E tinha os mexicanos (e o argentino) que conseguiam falar entre si em espanhol. Saber o que as caçadoras de Ártemis falavam era mais complicado. Eu chutava que Ártemis estava falando grego e uma das caçadoras conseguia entender. Outras não tinham sorte suficiente nem para entender qualquer outra pessoa que fosse apesar de outras duas caçadoras aparentemente se entenderem entre si. Parecia bem diverso.

De toda forma, a consequência ainda era que Anúbis, Nico e Mestiço não entendiam literalmente ninguém já que eram os únicos que falavam egípcio, italiano e norueguês, nessa ordem. E claro, outra consequência era que estava tudo um caos.

Tu…  mi… capisci?— perguntava Nico lentamente para os maias e astecas provavelmente torcendo que ao menos os outros falantes de línguas latinas conseguissem entender algo.

Nico... ¿qué?... no puedo…— falou Victoria parecendo perdida e fazendo Nico suspirar derrotado.

Nadie puede hablar o entender otro idioma de repente.— disse Micaela para Nico.

Hvor er jævelen som gjorde dette? Kom hit og kjemp som folk! FEIGING! — gritava Mestiço olhando ao redor como se procurasse algo ou alguém.

Oi perissóteroi faínetai na miloún angliká. Tha prépei na prospathísoume na choristoúme se omádes í zevgária.— disse Ártemis pensativa para uma caçadora ao seu lado, que afirmou com a cabeça.

Aquele bando de idiomas, dos quais eu não entendia nem uma palavra, estavam dando um nó na minha mente, então olhei para o caos mais controlado dos que falavam inglês. “Controlado” só porque nos entendíamos mesmo. Bem, com exceção de Blitzen e Hearthstone que claramente não estavam se entendendo com Blitzen olhando frustrado para as mãos, colocando aparentemente assim Hearthstone também na lista de pessoas sem ninguém pra conversar.

— Não podemos ficar muito tempo aqui parados. - disse Sam.

— E é melhor seguirmos em frente sem conseguirmos nos comunicar? - perguntou Thalia.

— Deve ter algum jeito de lidar com isso… - disse Will ao mesmo tempo que Thalia.

Eu deixei eles conversando, pensando desesperadamente num jeito de conseguirmos interagir sem ser por mímica, e olhei para Anúbis, que estava logo ao meu lado e era o único ali quieto e sem surtar (apesar de Nico ter logo ficado parecido, ao lado de Will, depois de desistir de falar com os falantes de espanhol). Provavelmente estava ali quieto por ser óbvio que ninguém falava egípcio, nem nenhuma língua próxima que desse alguma esperança de entendimento.

— Você.. tá ok? - perguntei pra ele tentando usar mímicas também, a linguagem universal.

Iri. — respondeu ele afirmando com a cabeça com um sorrisinho que dizia “não se preocupe comigo” - dehem n.

Uma parte de mim também tinha a sensação de que saberia um feitiço para resolver esse problema. Mas todo meu estoque de feitiços com palavras divinas em egípcio também tinha desaparecido também. Ainda bem que conseguia usar palavras em inglês também para algumas coisas mais básicas… tipo quando quase matei a Zia anos atrás sem querer por escrever “fogo”.  Mas, estudando (porque eu estudo, tá?) eu percebi que o leque de possibilidades usando egípcio era maior…e geralmente mais divertido também. 

De toda forma, meu momento de concentração atrás de algum feitiço que pudesse nos ajudar foi subitamente interrompido quando o chão subitamente inflou, como dezenas de bolhas de ar. Isso nos pegou totalmente despreparados e a súbita mudança de altura do chão foi seguida de outra súbita mudança quando as bolhas desapareceram. As bolhas que apareciam eram tão rápidas e fortes que conseguiam nos lançar no ar por alguns centímetros e bagunçar totalmente o nosso equilíbrio, o que rendeu vários joelhos ralados na lama misturada com pedrinhas.

Não sei em que momento tínhamos ofendido o chão, mas ele ficou lá se mexendo constantemente tentando nos derrubar e tudo piorou quando raízes de árvore brotaram bruscamente do chão tentando nos acertar como se fossemos espetinho. Tudo isso e a chuva constantemente caindo, me fez ter certeza de que a natureza nos odiava.

— CADA UM PEGA ALGUÉM QUE NÃO FALA INGLÊS DE DUPLA E VAMOS CORRENDO EM FRENTE! - gritou Clarisse.

Por um segundo, dane-se o resto, agarrei Anúbis pelo pulo e sai correndo adiante. Do mesmo modo, Will agarrou Nico, Sam fez dupla com Mestiço, de um jeito mais respeitoso, mas igualmente desesperado, Thalia tentou passar a ideia de correr para Ártemis e as caçadoras e foi muito fácil porque os primeiros já seguiam adiante. Blitzen fez dupla com Hearthstone e sobrou para Clarisse ficar com os astecas e maias que nem conhecia direito.

— Dupla… ok? - disse para Anúbis no meio daquela bagunça apontando pra ele, depois pra mim e juntando dois dedos repetidamente como uma tesoura torcendo para a mímica ser suficiente - Dupla. juntos.

Ele afirmou com a cabeça, o que era suficiente para mim, e continuei correndo mesmo com o chão revoltado e os ataques de árvores nos seguindo.

Redey re ta tshen n sep. — resmungou Anúbis ao meu lado.

— Depois você vai me dizer o que é tudo que você tá resmungando aí. - falei mesmo sabendo que ele não ia entender nada.

 Não era nada fácil correr com o chão se mexendo e árvores nos atacando. Isso causava várias quase quedas ou quedas de fato por todos os lados, o que fazia não estar sozinha muito bom, assim um podia tentar evitar que o outro caísse ou fosse acertado pelas raízes raivosas.

Aguentar aquilo era um trabalho em equipe desengonçado já que os avisos de “Cuidado! Atrás de você!” vinham em idiomas muito diferentes entre si. Mas os que tinham armas tentavam dar uma de jardineiros e os que dependiam de magia (tipo eu) usamos o que tínhamos em nosso arsenal também. Meu arsenal consistia em gritar fogo e queimar as raízes com magia. Elas pareciam odiar isso. Tremiam, se encolhiam, e do nada achavam que eu era o alvo mais interessante ali como se fosse culpa minha todas as queimadas de floresta do mundo.

Era difícil, e algumas árvores conseguiram me pegar de raspão e, pelo grito que Sam deu, acho que uma havia a pegado muito bem. Ao redor de mim estava uma confusão, então não conseguia ver o quão bem ela estava. 

Felizmente, árvores são seres vivos, que consequentemente envelhecem e morrem, o que significava que Anúbis conseguia causar também um bom estrago nelas. Mais felizmente ainda, vendo a confusão ao nosso redor, logo Will e Nico se juntaram também para ajudar. 

Nossa briga mais intensa com as árvores também deixou nosso avanço mais lento. Mas talvez isso tenha sido bom, pois, do nada, Anúbis encarou intensamente uma parte da floresta ao nosso redor que estava muito bem escondida pelas árvores e suas sombras, e também pela chuva insistente que caía.

Iw se yem.— disse Anúbis.

Obviamente não entendi nada. Mas eu, Will e Nico tentamos olhar e ver alguma coisa, ou sentir, sei lá. Tudo isso enquanto ainda lutávamos contra o chão e as árvores. A nossa urgência em tentar ver algo aumentou quando Anúbis, usando a linguagem universal da mímica, me chamou para ir naquela direção e assim fomos, praticamente correndo enquanto ainda lidamos com o chão e as árvores.

— Você viu algo? - perguntou Will nos seguindo com Nico.

— Não! - respondi exasperada queimando uma raiz que chegou perto demais.

— O que houve? - gritou Clarisse notando nosso movimento para o lado, ao invés de para frente e, ao olhar para ela, cruzei o olhar com Sam, cujo ombro sangrava, mas parecia bem.

— Não sabemos! - respondeu Will.

C'è qualcuno lì.— disse Nico, provavelmente vendo o mesmo que Anúbis, pois ficou repentinamente e acelerou o passo também.

Sobrou pra mim e Will ficarmos tentando acompanhar nossos emos no meio daquela confusão. Foi aí que vi um braço, segurando um longo cajado grosseiro de madeira, de alguém se escondendo atrás da árvore.

— TEM ALGUÉM ALI! - gritei para que todos ouvissem mesmo em meio a chuva pesada.

A descoberta logo se espalhou e todos começaram a ir na direção de quem provavelmente era (ou assim esperávamos) o responsável por tudo que estava acontecendo. Ver aquele monte de gente indo na sua direção com certeza era assustador, por isso que a pessoa que eu vi saiu correndo. Foi nessa hora que vi que na verdade eram quatro pessoas ao todo.

Eles tinham um terreno muito melhor para correr do que nós, só tinham que evitar raízes e árvores completamente normais e estáticas. Por isso, fizemos um esforço em equipe para lançar magias que tentassem os alcançar. Duas das pessoas escondidas andavam mais devagar que as demais. 

Uma delas era um homem com uma barba digna do Dumbledore, que com gestos do bastão, parecia repelir a maioria dos nossos ataques mais certeiros. “A maioria” pois não era uma barreira enorme mágica que eles tinham ali entre nós e eles, talvez apenas um escudinho invisível onde estava a ponta do cetro. 

Então alguns golpes conseguiram passar. Uma flecha passou de raspão no parceiro do Dumbledore marcando a bochecha dele, uma chama atingiu o braço de um mais a frente que fugia e acabou caindo no chão por uns segundos, gritando de dor, mas o último continuou deixando o amigo para trás e enfim, estávamos conseguindo atrasar eles um pouco. 

Mas, prestando atenção, o parceiro do Dumbledore parecia estar controlando a maior parte do que nos atrasava, pois raízes de árvores se movimentavam em círculos ao redor dos pés dele lentamente, como se dançassem… ou zombassem da nossa cara.

E no meio de magias de relâmpagos, fogo, chacais feitos de névoas putrefazantes, flechas, runas e etc Anúbis ficava olhando para mim constantemente com o canto do olho como se estivesse em dúvida entre me deixar ali ou ir atrás dos caras de vez. Afinal eu tinha dito para ficarmos juntos. No mesmo segundo o Dumbledore era acertado por uma combinação de um arpão de Blitzen com relâmpagos de Eduardo. Dumbledore foi jogado contra uma árvore enquanto fumegava.

— Vai - eu disse para Anúbis, mas tentando indicar o que falava com gestos das mãos - Eu vou ficar bem. Vai.

Ele afirmou com a cabeça assim que entendeu e, no segundo seguinte, se transformou num chacal, que com certeza conseguia correr bem mais rápido com suas quatro patas do que com duas pernas sem graça. Sem falar que parecia bem mais fácil assim desviar dos galhos.

— Sadie, não deixa o Mestiço fazer nada burro, por favor. - disse Sam no segundo seguinte se transformando numa águia.

— DU ER SÅRD! - gritou Mestiço para ela.

— Mas você não está machucada?! - exclamei me questionando se o que Mestiço tinha falado estava mais ou menos na mesma linha.

Bem, ela estava de fato machucada. O voo dela era meio irregular e tinha uma mancha vermelha de sangue no ombro e começo da asa, mas ela ainda assim foi na mesma direção que Anúbis foi. Outra pessoa que foi na mesma direção, foi Ártemis, mas ela se transformou num tigre.

Não deve ter sido uma visão muito legal pro parceiro do Dumbledore, o único ainda ao alcance da nossa visão visto que Dumbledore parece ter sumido numa hora que não prestei atenção. Mas o parceiro do Dumbledore deve ter visto que, por cima, vinha uma águia que as árvores mágicas não conseguiam alcança e por baixo.. já viram o tamanho dos dentes de um chacal? Imagina de um que é maior do que um chacal normal. Dos dentes do tigre nem se fala. Enormes!

Só que aparentemente ainda estava muito cedo para nossa sorte mudar. O parceiro do Dumbledore, que assim como o amigo sumido, usava uma longa túnica bem vermelha mas era desprovido de barba, parecia estar pensando em recuar. Só que aí, mais para trás, provavelmente vindo de uma das outras duas pessoas que fugiram, apareceu uma luz azulada que acendeu e apagou e, no segundo que ela apagou, tudo ficou meio escuro. Como se estivéssemos repentinamente todos embaixo de um grande toldo que não deixava o sol nem a chuva passarem. A chuva intensa tinha parado.

Eu olhei para cima me perguntando o que estaria tampando o sol e eu vi neve. Não a típica neve que cai que nem algodão do céu, mas sim toda a neve acumulada e prensada de noites inteiras nevando sem parar e que agora caía na nossa direção como um tapete grosso, pronta para nos esmagar. E não, neve nem sempre é tão fofinha e gostosinha como parece em alguns filmes de Natal e aquele não parecia do tipo fofinho.

— CUIDADO! - gritei - VAI CAIR UM BANDO DE NEVE EM CIMA DA GENTE!

Eu me protegi como dava… que era me curvando um pouco e colocando os braços protegendo a cabeça. O impacto da neve me atingiu forte. Nada que matasse, mas o suficiente para me deixar com dor nas partes atingidas e também para me empurrar contra o chão… onde no segundo seguinte uma raiz apareceu repentinamente e me acertou perfurando minha barriga.

A dor foi insuportável. Eu tossi algumas vezes, o que foi mais doloroso ainda. Ao meu redor, a neve já tinha caído e revelado o estrago que a raiz vingativa tinha feito comigo. 

— Sadie! Calma! Tô indo te curar! - ouvi Will eventualmente exclamar, eu só conseguia ver meu sangue escorrendo pela raiz e manchando a neve branquinha.

Notei, enquanto Will abria caminho entre a neve alta, que as árvores tinham parado de nos atacar e o chão de se mexer. Também ouvi vozes preocupadas não muito longe de mim, provando que eu não tinha sido a única a me ferir. Mas o diferente mesmo foi ouvir uma voz de choro vindo da frente.

— Sadie, como a raiz tá presa no chão, devagar, vamos puxar você e aí logo imediatamente eu te curo ok? - disse Will com Nico logo ao lado para ajudar no processo.

— O-Ok… - eu disse, deixando eles fazerem o que precisavam e respirando fundo no meio da dor.

Não se foi numa tentativa de me distrair da dor, mas ergui o olhar para ver de onde vinha o choro. Vi o parceiro do Dumbledore, chorando, com a mão horrorosamente marcada pelo o que parecia ser uma boa mordida canina mas, ao invés de sangue, das feridas saía uma leve fumaça branca. Do Dumbledore não havia mais sinal, só seu cajado largado perto do cajado do companheiro.

O cajado do amigo do Dumbledore estava largado no chão e o motivo do choro provavelmente era Anúbis segurando-o pelo pescoço erguendo-o para cima enquanto olhava, pálido, para toda a comoção ao meu redor. Também notei que não havia nem um sinal de Ártemis e Sam, mas não estava com cabeça para pensar nisso no momento. 

Ao sinal de Will, Nico me ajudou com uma forcinha para erguer o corpo para longe do galho. Doeu muito. Por meio segundo achei que ia desmaiar, mas no segundo seguinte Will estava me curando com sua magia e tudo ficou bem novamente. Minha cabeça ficou menos pesada e menos confusa também.

— Desculpa. Desculpa. E-Eu não sabia... - resmungou o homem choramingando, foi a primeira coisa que meu cérebro conseguiu juntar as palavras depois de ser curada - N-Nós somos só os responsáveis por vigiar essa parte da barreira mágica.

Eu respirei fundo e passei a mão na barriga, ilesa, e vi o momento que Nico fez um sinal de positivo para Anúbis, provavelmente indicando que eu estava bem, apesar de isso também ser visível. 

Foi também naquele momento que percebi que algumas pessoas, como Mestiço, Blitzen, Hearthstone e as caçadoras, seguiram pelo caminho que as outras duas pessoas seguiram ao fugir, e Sam com Artemis atrás delas provavelmente.

Hvor er Sam?— perguntou Mestiço ao passar direto por mim parecendo nervoso e seguindo o caminho olhando ao redor pelo mato.

Anúbis respirou aliviado, o que me deixou aliviada também, quer dizer, até ele olhar pro homem novamente com uma cara que eu sinceramente não desejo para ninguém. O homem parou de falar e fez um barulho de engasgo quando Anúbis apertou o pescoço dele mais forte.

— Anúbis! Não! Pera! - gritei já sabendo o que ele ia fazer - Eu tô bem! Não precisa!

Tentei me aproximar, mas andar na neve alta não era fácil e ele não parecia me ouvir, ou entender… não acho que a bagunça dos idiomas tenha se arrumado assim tão fácil. Eu vi o homem murchar, o pescoço ficar roxo, a mancha se espalhar e então lentamente ficar preta, e aí ele sumiu numa névoa branca tal como a mordida que levou na mão.

Aí eu bati o pé mesmo. Fui até Anúbis, peguei ele pelo queixo nada delicadamente chegando a apertar as bochechas, forcei ele a olhar pra mim, comprovando que aquele olhar de raiva já tinha ido embora, e falei:

— Você não precisava matar ele! - briguei batendo o pé.

Meter tshen bes ten kheperet. — resmungou ele, sabendo que eu não ia entender, mas que opção ele tinha? Eu tava ali dando uma bronca nele, segurando o rosto dele sem deixar ele escapar enquanto apertava de leve as bochechas. - Iw se tepea aw.

— Não entendi uma palavra! - continuei brigando - Mas tenho certeza que você ao menos deve estar entendendo porque estou brigando com você!

Iw se tepea aw. - repetiu ele dando de ombros como se não soubesse mais o que falar, eu novamente não entendi.

Ele suspirou e segurou a mão que eu usava para segurar no queixo dele gentilmente tirando ela de lá.

— Não acabou a discussão! - reclamei.

Se — disse Anúbis apontando para o cajado caído do homem com a mão livre.

— O quê? O cajado? - perguntei inutilmente.

Tepea.— disse ele soltando minha mão, ficando meio em dúvida por um segundo atrás de alguma mímica, acho, e então apontando com o dedão por cima do ombro - Tepea.

— Atrás? – perguntei confusa naquele jogo complicado de mímica.

Aw.— completou Anúbis passando o dedo no pescoço, essa eu entendi.

— Morte. Morto. - deduzi e então tentei juntar tudo - O cajado… não… o homem! O homem atrás… não… O homem antes já estava morto?!

Era già morto.— disse Nico apesar de não ter me ajudado em nada.

— Será que ele é um dos fugitivos do submundo celta? - perguntou Will ao meu lado - E… ele era o quê? Um druida? Meu estereótipo de celtas acha que era um druida.

— Isso explica porquê ele virou fumacinha branca quando ele morreu… eu acho… - eu disse embora não tivesse 100% de certeza - O Dumbledore então não estava só fumegando pelo relâmpago e nem fugiu e sim… morreu de novo e de um jeito mais lento? Será que eles voltam para o submundo assim?

— Dumbledore? - repetiu Will rindo.

— Quê? - questionei dando de ombros - Cresci em Londres. Minha mãe é inglesa e bem… Faz parte dos deveres de todo inglês conhecer Harry Potter. Se você não souber, confiscam seu passaporte.

A última parte era obviamente brincadeira.

— Você não tem sotaque… - apontou Will.

— Argh.. nem me lembre disso… - reclamei - Perdi. Às vezes penso que está na hora de voltar pra Inglaterra e deixar Nova York para trás. Mas lá tem o Nomo e tudo mais… enfim… não é hora pra falar disso.

Atrás de nós, o resto do pessoal, ou seja, Victoria, Micaela, Eduardo e Clarisse, logo se juntaram ao nosso redor e não deixei de notar a mancha de sangue tão feia quanto a minha no ombro de Eduardo e o cabelo loiro sujo de sangue da Victoria. Não havia nenhum ferimento ali, então Micaela tinha resolvido isso enquanto Will resolvia minha situação.

— Gente… - disse Blitzen vindo do caminho de onde o resto do pessoal seguiu - Vocês tem que ver isso.

Nós os seguimos pisando nas poças de lama que a chuva pesada havia deixado para trás. Eu já estava ficando com um pouco de frio, afinal estava toda molhada também e agora suja de lama e sangue também. Felizmente a neve não tinha atingido a parte da floresta onde os prováveis druidas tinham se escondido. Desviar daquelas raízes retorcidas no chão e ainda se preocupar em não escorregar não parecia agradável.

O final do caminho que seguíamos levava até uma parte com muito menos árvores onde todo o resto do pessoal tinha parado de andar. Quando cheguei lá, junto com os demais, vi primeiro que Sam e Artemis estavam lá. Sam segurava o ombro machucado e prontamente Will se oferecia para curá-la.

Depois notei que, algumas centenas de metros à nossa frente, havia um morro. No alto desse morro tinha um castelo de pedra medieval que Dagda nos prometeu que não havia mais nem vestígio, e ao redor do castelo, tinha o que eu chamaria de acampamento de guerra.

De um lado do acampamento de guerra, aparentemente atrás do castelo, subia uma fina coluna de fumaça denunciando uma lareira, do outro lado tinha uma enorme estátua de uma pessoa feita com pedaços de placas de madeira. Como quando alguém tenta fazer uma escultura 3D usando palito de picolé. Só que ali numa dimensão bem bem bem maior.

Para completar ainda, uma pessoa de túnicas vermelhas corria desesperadamente para o morro e era recebido por alguém que abriu a porta para ele.

— Estamos em desvantagem com esse terreno. - disse Clarisse - Esse é um dos caras que fugiram mais cedo?

Tha xekinísei mia endiaférousa máchi.— disse Ártemis para ninguém em particular enquanto Mestiço já parecia estar se alongando.

— É… - respondeu Sam.

— E o outro que tava com ele? - perguntou Will.

— Só olhar pra mão da Lady Ártemis. - disse Thalia baixinho mesmo que Ártemis não pudesse entender.

Olhei para a mão da deusa e lá estava um outro cajado bem parecido com os dois primeiros, com a única diferença que tinha uma plantinha delicada presa nele. Bem, de 4, um fugiu. Podia ser pior. Mas a batalha que vinha pela frente parecia prometer ser pior.

 

 


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Notas finais do capítulo

eu mereço os parabéns por todas as falas do Anúbis aqui kk
provavelmente ele tá falando como o Tarzan? tá kk mas dei meu melhor e acho que deve estar até ok considerando que é uma língua muitíssimo morta que ainda não se sabe totalmente como era.



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