Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 108
HEARTHSTONE - Brigas internas


Notas iniciais do capítulo

olá! bem vindos a mais um cap! estou tentando manter atualizações semanais de ao menos alguma das duas fics, mas isso não é fácil kkk por enquanto estou conseguindo mais ou menos então espero q estejam gostando. aproveitem o cap de hj :3

no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Em Las Vegas, indo para Nova Roma: Hazel, Annabeth, Zia, Kayla, Grover
— Em Phoenix: Percy, Piper, Meg, Apolo
— Indo para Europa: Reyna
— Nova Roma: Frank, Lavínia
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— partindo de NY, indo para País de Gales : Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo jogar na água).
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— Indo para País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarice
— Indo contra vontade para País de Gales: Mallory



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HEARTHSTONE

O sol estava se pondo. O momento em que chegamos em Nova York com o nascer do sol havia ficado tanto para trás que parecia ter acontecido meses atrás, não mais cedo naquele mesmo dia. Eu não gosto tanto assim da noite, mas aquelas chamas máquinas que flutuavam pelo barco, aparentemente ajudando ele a correr o mais rápido possível para a Europa, eram estranhamente confortantes. Elas claramente estavam ajudando a suprir minha necessidade de luz. Não 100% mas, o suficiente pra eu só ficar um pouco desconfortável quando chegasse o auge da noite.

Mas mais importante que essa complicação entre luz e escuridão, a notícia do sequestro da Mallory tinha deixado todos tensos e nervosos e, apesar de estarmos indo o mais rápido possível para o País de Gales, tudo ainda parecia lento demais. Isso me irritava, irritava Sam, irritava Blitzen, e irritava Mestiço imensamente.

A pressa e a ansiedade estavam afetando cada um de um jeito diferente. Eu estava sentado num canto junto com Blitzen e Sadie. Blitzen estava com a atenção dividida entre planejar alguma arma ou dispositivo novo que pudesse ser útil e ajudar na tradução entre mim e Sadie. Eu queria muito, MUITO, conseguir aprender algo de novo para ser mais útil e a magia egípcia tinha me chamado atenção apesar de saber das chances de eu conseguir algo serem baixas.

Na parte mais espaçosa do barco, Victoria, Micaela e Nico treinavam com suas armas enquanto Will assistia o treino comendo um pacote de salgadinho. Na proa, a parte mais a frente do navio, Sam, estava aparentemente ansiosa pois os dedos batiam nervosamente na madeira, mas também conversava com Anúbis que estava sentado na amurada. Mas ainda, isolado de todo mundo, sentado bem longe de mal humor, estava Eduardo, enquanto também, mais ansioso que todo mundo ali, tinha ainda Mestiço que andava de um canto a outro do barco batendo os pés tão forte na madeira que eu sentia ela vibrar.

Óbvio que Mestiço era o que mais estava sofrendo com tudo aquilo, mas ele estava se comportando de um jeito que fez todos concordarem silenciosamente que era melhor não falar nada com ele e evitá-lo o máximo possível no geral.

"Quanto tempo faz que Mestiço foi grosso com alguém?" sinalizei perguntando para Blitzen.

"Eu não sei… meia hora talvez?" respondeu Blitzen.

"Daqui a pouco ele deve ir atrás de alguém pra brigar então." comentei.

Eu estava prestando atenção em Mestiço, andando irritado de um lado para o outro, então não peguei nenhuma palavra quando Sadie, logo à minha frente, disse alguma coisa e Blitzen respondeu. Logo, fiquei olhando para Blitzen em busca de um resumo ou explicação.

"Ela tá pedindo pra incluir ela na conversa também." respondeu ele sorrindo torto mas logo sinalizando e falando ao mesmo tempo "Ainda bem que o Mestiço não é bom em ESL, mas pra Sadie eu vou sussurrar."

"Sobre o Mestiço grosso com todo mundo…" comentou Sadie com Blitzen traduzindo para mim " Ele veio reclamar comigo se não tinha como o barco ir mais rápido. Eu entendo a preocupação mas… Tá difícil de aturar toda a grosseria. Melhor ficar longe."

"Menos estressante." sinalizei e Blitzen passou meu comentário que foi recebido por ela afirmando com a cabeça.

"E ele ainda nem é o único mal humorado." continuou Sadie novamente "Aquele tal Eduardo também não fala com ninguém. Fica só encarando todo mundo como se estivesse só pensando que somos todos idiotas. Ao menos a cara dele diz isso. Nem com os outros mexicanos ele parece se dar bem."

"A Victoria tinha dito pra gente que ele é da Argentina, né?" perguntei para Blitzen que afirmou com a cabeça e passou a informação para Sadie.

"México e Argentina se odeiam? Realmente não sei. Nunca ouvi falar de algo assim pelo menos" comentou Sadie pensativa mas Blitzen e eu demos de ombros.

Depois de uns segundos, Blitzen acrescentou:

"Só sei que tem algumas rixas no futebol na América Latina. Mas acho que isso não tem nada a ver com ele não falar com os outros. Acho que é só o jeito dele mesmo."

"Mas… voltando…" sinalizei com as mãos em seguida apontando para o papel diante de mim, iluminado pela lanterna do celular de Sadie, onde tinha havia uma tabela de alguns hieróglifos e seus equivalentes no nosso alfabeto. 

Embora chamar de alfabeto provavelmente seja errado, pois tinha letras faltando, alguns pareciam mais sílabas e outros… melhor nem comentar. Pra piorar ainda mais, segundo Sadie, aquela tabela era só parcialmente útil já que tinha muitos outros hieróglifos fora dela que representavam mais um significado do que um som. E a tabela já era complicada o suficiente pois enquanto tinha partes entendíveis falando que o hieróglifo da coruja, por exemplo, era o “M”, também tinha hieróglifos para coisas como “s”, “sh”, “tsh” e “dj”, como se não bastasse ter dois “A”, nenhum “E”, dois “i”  e um “U” que parecia ser meio “W”. Complicado demais. Talvez por isso a maioria das pessoas eram analfabetas.

"Tem uns aqui que realmente não entendi." sinalizei "Por exemplo, aqui do lado desse hieróglifo de pássaro…"

"Abutre" acrescentou Sadie com Blitzen traduzindo.

"Abutre." corrigi "Tá escrito que ele é o “A”. Mas do lado desse hieróglifo de um braço está escrito “‘A’ frescurento”."

"Ah, acho que isso só faz sentido pra mim… Foi mal pelas minhas anotações péssimas. É que…  " dizia Sadie pela explicação de Blitzen, mas então os dois mudaram totalmente de foco.

Tanto Sadie quanto Blitzen se viraram imediatamente para a proa do navio. Eu segui o olhar deles e, não muito surpreendentemente, lá estava Mestiço indo falar nervoso com alguém provavelmente numa tentativa de deixar a viagem mais rápida ou descobrir mais sobre a situação de Mallory como se todos já não estivessem fazendo o máximo que conseguiam. 

A gente estava tentando ser paciente com o Mestiço, já que ninguém gostaria de estar na mesma situação que ele, mas ele também esquecia que também estávamos preocupados com a Mallory. Por isso que eu tinha desesperadamente passado todo o tempo de viagem até ali estudando. Mas bem, dessa vez, Mestiço estava conversando com Sam e Anúbis e a discussão não parecia muito calma, ao menos pela parte do Mestiço.

Curioso, eu bati levemente repetidas vezes no ombro de Blitzen. Sam estava de costas para mim, então não conseguia ler seus lábios e a posição do Mestiço, de perfil, também não era das melhores. Além de tudo, ler três lábios ao mesmo tempo era terrível. 

"Tá calma." sinalizou Blitzen antes de começar a tradução simultânea "O Mestiço tá perguntando se não tem nenhum jeito de ter mais certeza de onde exatamente no País de Gales a Mallory está. A Sam disse “As caçadoras vão chegar lá antes de nós, talvez elas descubram algo.” Mestiço disse “Isso vai demorar muito! Cada segundo conta.”"

"Isso também me incomoda e preocupa. " comentei.

E então a tradução simultânea de Blitzen continuou conforme a conversa evoluiu e gradualmente parecia prestes a virar uma briga.

" Já vai demorar até chegarmos lá, algo já pode ter acontecido com ela!"  Blitzen traduziu a reclamação de Mestiço.

"Ela é durona." lembrou Sam "O barco já está indo o mais rápido possível, Artemis disse que vai também tentar os contatos dela… temos que acreditar que vai dar tudo certo. É tudo o que podemos fazer por enquanto."

"Mas e se algo já tiver acontecido com ela?" insistiu Mestiço.

"Ela está viva. Certeza disso." comentou brevemente Anúbis depois de aparentemente ter ficado quieto desde do começo.

" E você? - disse Mestiço cruzando os braços " Realmente não conhece nenhum outro deus celta mais provável de saber onde Mallory está? Achei que todos os deuses se conheciam."

" Você conhece todo mundo em Valhalla?" perguntou Anúbis de volta.

" Não, mas…" respondeu Mestiço e, pela linguagem corporal, era claro que ele estava irritado "Eu só tenho algumas centenas de anos lá e você tem mais de 5 mil de deus, pelo o que entendi. Parece até que está com preguiça de ajudar!"

"Caso não tenha ficado óbvio até agora," respondeu Anúbis que, pelo olhar, não parecia mais tão calmo "eu não sou tão sociável assim. Então não, eu não conheço nenhum outro mais provável. Se não gosta, faz melhor."

A força com que Mestiço fechou as mãos num punho deixou óbvio que aquilo estava prestes a virar uma briga, mas imediatamente Sam ficou entre os dois e Sadie se levantou e foi praticamente correndo até o centro da comoção. Com todo mundo falando ao mesmo tempo, a tradução de Blitzen foi ficando confusa até ele suspirar e girar as duas mãos erguendo-as logo ao lado da cabeça sinalizando um “desisto” meio cansado.

Olhando ao redor, notei que todos pareciam ter parado o que faziam para acompanhar a briga e, pela cara de Will, por exemplo, ele parecia pensar que tudo o que faltava agora era um balde de pipoca para acompanhar já que o salgadinho parecia ter acabado. 

No meio da bagunça, Sam argumentava com Mestiço provavelmente tentando fazer ele se acalmar enquanto Sadie prontamente agarrou o braço de Anúbis e puxou ele para onde eu ainda estava sentado com Blitzen e, consequentemente, para longe do centro da confusão. A discussão de Mestiço com Sam, apesar de tudo, também não pareceu durar muito. Logo Mestiço se sentou emburrado num canto e Sam, parecendo cansada, suspirou indo até nós.

"Ele quer ficar sozinho." sinalizou e falou ela enquanto se sentava no que agora era um círculo com eu, Blitzen, ela, Sadie e Anúbis.

" Essa situação está bem difícil para ele." comentei e Blitzen traduziu pros demais "Não o culpo, mas tá difícil de aturar ele nervoso assim."

"Até chegarmos na Europa alguem vai ser jogado no mar." sinalizou e falou Blitzen.

"Vamos ficar aqui estudando então, é melhor." respondi.

Assim que mencionei para voltarmos ao estudo e Blitzen passou essa informação pros demais, Sadie virou-se para Anúbis e, segundo Blitzen, ela perguntou se Anúbis sabia explicar a diferença entre o hieróglifo do abutre e do braço já que eu não conseguia ouvir a diferença no som. Segundo Blitzen, eles reproduziram o som que cada um deles faz, e realmente havia uma diferença, mas ele não sabia passar essa diferença para ESL.

"Me lembrou…  Á-R-A-B-E." comentou Sam passando por uma pausa antes de soletrar “árabe” em ESL.

Anúbis afirmou com a cabeça e então os dois começaram uma conversa que eu sinceramente não consegui acompanhar com leitura labial e que a tradução do Blitzen foi só “Foi mal. Tem árabe demais na conversa. Isso já vai além do que sei traduzir.” Claramente eu não era o único perdido ali. Até Sadie estava olhando para Sam e Anúbis tentando acompanhar mas, pela cara dela, acho que não estava conseguindo tão bem.

Sam logo notou que estávamos perdidos e, provavelmente mais para suprir nossa curiosidade, ela pegou o lápis que estava largado do lado do papel com a tabela de hieróglifos. Bem no cantinho da folha ela fez um simples traço vertical e embaixo dele escreveu “ALIF”. Logo ao lado, ela escreveu um símbolo que parecia um 3 invertido e embaixo escreveu “AYN”.

"Blitzen. Traduz pro Hearth pra mim? Você sabe mais ESL. É melhor." sinalizou Sam enquanto Blitzen afirmava com a cabeça "Então… esse primeiro aqui é a letra árabe que chamamos de A-L-I-F, resumindo, ele é o mais perto do “A” que a gente conhece. Que é o mais parecido com o hieróglifo do... "

"Abutre." completou Anúbis já que Sam não sabia a resposta.

"Esse outro é o A-Y-N." continuou Sam soletrando o nome da letra ao mesmo tempo que Blitzen apesar de deixar o resto da tradução pra ele "É como falar o A mas tentando fazer o som sair mais pelo nariz. Ao menos é assim que eu penso quando diferencio os dois. Não sei se faz para você, Hearth. Eu achei ele bem parecido com o outro hieróglifo… o do braço. "

"Mais ou menos." respondi.

Sinceramente a parte de pronúncia era algo que eu não sabia ainda o que fazer. Era claramente uma barreira pra mim como se não bastasse ser um idioma completamente diferente. Mas pelo o que eu tinha entendido até agora, os magos egípcios pareciam precisar dizer a magia para ela acontecer. E ainda tinha toda a complicação de que aparentemente todos eles eram descendentes de algum faraó e, a não ser que um dia o Egito teve um faraó elfo, certamente não era o caso comigo. Então eu sabia que as chances de eu conseguir eram praticamente nulas, mas isso não significava que eu não podia tentar.

Mas claro que estava tudo calmo demais por tempo demais apesar das tentativas de Mestiço de jogar alguém no mar pra quem sabe o barco ir mais rápido pra Europa. Lentamente, senti um aperto no coração e uma sensação horrível e familiar. Eu claramente não fui o único que senti, pois todos pareceram preocupados e até pálidos no mesmo momento. 

Nos levantamos apressadamente, todos, até Mestiço e Eduardo que estavam cada um emburrados no seu canto, ficamos imediatamente alerta olhando ao redor, para a escuridão que havia se tornado o céu, pois o sol havia se posto no meio da briga de antes. Graças a chama mágica quentinha ao meu lado, eu não só estava razoavelmente bem, como também conseguia ver a água do mar, onde um peixe logo surgiu boiando, morto.

"É aquele bicho seguindo a Sam. Tem que ser." sinalizou Blitzen.

Afirmei com a cabeça tentando enxergar algo na escuridão, mas com a lua quase inexistente no provável primeiro dia depois da lua nova, não tinha muito que pudéssemos fazer para ver além do arredor do barco. Uma conversa que eu perdi ou o pensamento rápido de Will pareceu ter resolvido isso, pois logo ao lado Will preparava uma flecha brilhante em seu arco e prontamente atirou-a no céu, bem alto, iluminando o caminho por onde o barco já tinha passado.

A flecha caiu inofensiva na água, mas ela conseguiu, em seu caminho, iluminar a forma preocupante, conhecida e horripilante do nosso perseguidor. Como um morcego gigante monstruoso, lá estava Asag de novo seguindo onde quer que Sam fosse nos irritando novamente.

Eu preparei minhas runas e cada um dos demais também preparou sua arma, quer ela fosse um arpão, no caso de Blitzen, ou uma espada como no caso de Nico e Victoria, ou qualquer outra coisa como um arco-e-flecha, ou uma varinha e até um cetro. Apesar de prontos para a batalha, ninguém parecia querer que ela chegasse. Sabíamos que não conseguiríamos derrotar o monstro sumério que só poderia ser derrotado pela maça falante, Sharur. Como matar o monstro não era uma opção possível, aquela ia ser uma longa noite.

"Algum plano?" perguntei pra Blitzen, era normal eu ficar fora das discussões de planos em momentos assim, com todos espalhados prontos para uma batalha.

"Ainda nenhum." respondeu ele - Mas estamos abertos a sugestões.


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Notas finais do capítulo

próxima semana vai ser a vez de atualizar a fic do Anúbis :3
os créditos pelas informações de árabe e egípcio vão pra mim mesma kkk e pro meu professor de árabe kk e pro livro "Egyptian grammar" do Alan Gardiner

vcs acham q o Hearth consegue aprender magia egípcia? ou quem sabe adaptar?



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