Assassin's Creed: Between Two Worlds escrita por Meurtriere


Capítulo 1
Um Menino Órfão




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O luto é um sentimento estranho não acham? Choramos e lamentamos pela vida de alguém querido e esquecemos todo o restante, afundamos em tristeza e amargura por algo que nenhum de nós poderemos mudar. Percebi isso quando eu era apenas uma criança, minha aldeia havia sofrido um ataque e um incêndio criminoso findou a vida de muitos nativos naquele fatídico dia. Nossas casas foram destruídas, colheitas perdidas e famílias despedaçadas. Mas dentre todos os sobreviventes nenhum estava tão solitário quanto Ratonhnhaké:ton. Diferente das outras crianças, ele cresceu apenas com sua mãe, Kaniehtí:io e agora ela se foi. Os outros meninos e meninas abraçavam-se a aqueles de suas famílias que restavam vivos, choravam e fungavam, mas ele não.

Estavam todos aqueles que eram fortes o suficiente ao redor da grande pira. Alguns estavam feridos, com curativos às vistas enquanto outros estavam ruins demais para deixarem seus leitos. Eu não tinha motivos para chorar para ser sincera. Ninguém havia morrido de minha família e meus amigos estavam todos vivos, visto que as crianças foram as primeiras a serem tiradas da aldeia quando o incêndio começou. Por isso eu estava lá apenas pulando de um rosto para outro, sem entender a real profundidade dos sentimentos daqueles que choravam.

Minha pele começava a suar conforme as chamas prolongavam-se para o alto e tudo que eu queria era ir embora dali. É claro, eu ainda não entendia bem a questão do respeito pelo próximo. Mas de qualquer forma, o que minha presença ali aliviaria na dor dos enlutados? Uma mera menina que nada tinha perdido em sua vida. Meus pés começaram a ficar inquietos, os dedos das minhas mãos tentavam se distrair entre si e eu estava prestes a começar a assobiar de tédio quando eu o vi do outro lado das chamas.

Seus olhos mal piscavam diante da pira que consumia pouco a pouco os corpos das vítimas. As chamas dançavam com certa beleza no reflexo de seus olhos castanhos e eu simplesmente não conseguia deixar de olhá-lo. Havia uma força inacreditável em sua expressão que eu duvido poder ser encontrada com facilidade em qualquer outra criança. Fiquei impressionada e ignorei totalmente as preces ditas pela Mãe do Clã apenas para ficar observando Ratonhnhaké:ton.

Infelizmente, na época eu era tão jovem quanto ele e não fui capaz de identificar aquilo como ódio e rancor. Uma pena não? Ver uma criança corrompida por aquele tipo de sentimento, mas é claro que eu não sabia nem ao menos os motivos para tal. Então, quando as orações enfim cessaram, homens e mulheres se afastaram, alguns em prantos e outros apenas fingindo serem fortes. Eu soltei a mão de minha mãe e corri enquanto ela chamava pelo meu nome. Ignorando-a completamente, fui até o menino que agora era um completo órfão e simplesmente segurei sua mão.

Ele não esperava por isso, ninguém esperaria afinal. Com espanto ele me encarou e não disse nada. Mergulhei em seus olhos estáticos e procurei ali o que me encantava, o que me atraía a ele. Eu não sorri ou disse palavras reconfortantes. Não, eu apenas queria me conectar a ele e ver além do que podia. Queria ver seu interior e entender sua força. Como um menino tão jovem conseguia se manter tão impassível após perder sua família inteira? Não sei dizer se queria ser como ele, mas hoje eu vejo que o admirei e passaria a admirá-lo todos os dias a partir daquele.

Minha mãe veio atrás de mim e repreendeu-me rapidamente ao apanhar meu pulso para me puxar de volta onde estava minha família. Não foi o suficiente para que eu deixasse de olhar para ele e ele para mim. Em sua expressão eu não consegui ler nada e isso só me fascinava ainda mais. Até que a Mãe do Clã o chamou e sua atenção foi para a velha. Essa foi a primeira vez que notei Ratonhnhaké:ton e provavelmente a primeira vez que ele me notou também. 


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Notas finais do capítulo

Oi de novo? É, aqui estou com uma fic de AC... Mas dessa vez será uma fic curtinha. Não esperem por cenas de ação etc. Essa fiction é focada em Molly Brent, um nativa Mohawk que realmente existiu e foi casada com um personagem de AC 3.

Enfim, espero que tenham gostado desse prelúdio curtinho.



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