Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 26
Surveillance


Notas iniciais do capítulo

Olááááá, tudo bom com vocês? :v

Sem lenga-lenga! Aproveitem esse capítulo, mandem suas teorias, seus comentários para que eu saiba que estão gostando de Steal Your Heart - sério gente, mandem. Isso faz a gente ficar lá encima para atualizar a fanfic mais rápido. Acompanhantes, comentem. Aqueles que favoritaram, comentem também. VOCÊS, LEITORES FANTASMAS! Isso mesmo! VOCÊS AI! EU TÔ VENDO VOCÊS LENDO, VISUALIZANDO E ESPERANDO ANSIOSOS, MAS NÃO COMENTANDO! Venham ser seguidores da Musa Anônima! ^_^ (gente, eu não mordo não... Misericórdia, venham!)

Boa leitura!

Capítulo postado no dia 16/01/2019, ás 18:53



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Bridgette

"Eu queria que as coisas não tivessem chegado a esse ponto, Bridgette."

Aqui estou eu de novo, na mesma velha situação

Por que o cara acha que tem que ser tão complicado?

Eu deveria ter ficado calma, ao invés de me fazer de boba

Oh, as coisas que eu faço

Eu havia entrado no quarto que uma vez já me abrigara, com a desculpa de procurar uma coisa: meu protetor solar que pedira a Tikki para guardar ali junto com o resto das minhas coisas. Acabou que eu tinha perdido toda a vontade de curtir a praia lá fora e decidira comigo mesma que ficaria ali dentro da cabana mesmo. Não estava mais em clima de festa. Respiro fundo, repreendendo a mim mesma por ter sido tão rude com Marinette. Tudo continuava do mesmo jeito desde a última vez em que eu pisara ali. Olho ao redor, passando os olhos devagar sobre todos os pequenos detalhes do meu passado que antigamente não eram tão importantes assim. As paredes lisas e pintadas de azul claro, a janela que dava para os jardins do fundo, a simples cômoda que guardava minhas roupas e ela. A lata metálica com estampas de flores. Me sento no chão com as pernas cruzadas e com a mesma entre minhas mãos. O material frio traz de volta a minha mente tantas lembranças que é impossível segurar as emoções que me invadem de repente, e quando me dou conta já estou retirando tudo o que estava ali dentro com os olhos marejados de novo. Uma pulseira de miçangas coloridas de Melody. Um pen-drive com músicas motivacionais de Mercúrio. Um colar de coração pela metade escrito "Friends". Várias fotos que eu tinha feito questão de revelar onde todas tinham uma inscrição na parte de trás.

Porque eu sou jovem e eu sou burra

Eu faço coisas estúpidas quando se trata de amor

E mesmo que eu sempre acabe chorando

Bem, você não pode culpar uma garota por tentar

Sorrio enquanto algumas lágrimas descem pelo meu rosto.

Jamais iria esquecer aquele dia.

Eram as férias escolares do final do ano. Eu, Félix e nossos melhores amigos tínhamos vindo naquela mesma cabana para comemorarmos com estilo o término do nosso ensino médio e ficarmos juntos pela última vez. Melody, uma loira super protetora de olhos azuis, chata, esnobe por saber tocar flauta transversal como ninguém e a melhor amiga que alguém poderia querer, iria se mudar para Nova Iorque. Me lembro bem que quando nós ouvimos a notícia ficamos arrasados, mas ao mesmo tempo radiantes de alegria por uma integrante do nosso trio ter uma trilha para muito sucesso no futuro em solo norte-americano. Ela era minha melhor amiga. Lembro de ter tido meu coração estilhaçado naquele dia, mas segurado um sorriso no rosto o tempo todo em que estava com ela. Foi naquela manhã de sábado que nós duas saímos e compramos duas pulseiras da amizade iguais junto com aquele colar de "Best Friends".

— Isso é pra nenhuma de nós se esquecer da outra, não importa onde estivermos. - ela dissera, me abraçando.

As promessas de Melody eram as coisas mais fiéis que já conhecera em toda a minha vida. Eu sabia que ela jamais iria quebrar uma.

Quando voltamos foi a vez de Mercúrio. Todos nós sabíamos da quedinha que ele tinha pela minha melhor amiga, então quando ele disse que tinha sido chamado para disputar as Olimpíadas de Inverno - que por ironia do destino ou não, não se sabe até hoje - era bem próximo de onde Melody iria estudar e fazer faculdade de música. Ou seja, sobraríamos apenas eu e Félix em Paris. Seríamos apenas nós dois. Todos nós também sabíamos que eu era louca por aquele loiro de olhos azuis gélidos como um iceberg.

— Você precisa dizer para ele o que você sente Bridg. - Melody me aconselhara, enquanto nós dividíamos aquele mesmo quarto para colocarmos nossas roupas de banho sem aqueles dois idiotas espionarem pelo buraco da fechadura. - Sabe, não que ele já não tenha reparado isso, mas vocês deveriam conversar juntos sobre isso. Ter uma DR.

— Uma DR? - repito, confusa. A loira bufa, revirando os olhos.

— "Discutir a relação", Bridgette. - ela explica, fazendo uma trança bagunçada e jogando sobre um dos ombros enquanto eu desistia de tentar prender o meu cabelo, o deixando solto. - É isso que o Félix precisa no momento. Vai por mim amiga, isso vai resolver seu caso.

Não, você não pode culpar uma garota por tentar

Nos encontramos com os meninos do lado de fora da cabana e fomos para a praia. Estava de noite, e com a pouca iluminação da cabana dos Agreste era possível se perder na quantidade de estrelas que cintilavam no céu. Ao longe podia ver Emilie Agreste, a mãe de Félix quando ainda estava viva - talvez aquela fosse mesmo a primeira e a última vez que a vira. Ela estava radiante, com uma saia estampada de flores, o cabelo loiro solto sobre os ombros e os olhos idênticos aos de Adrien brilhando quando nos aproximamos de onde ela estava. Estava me sentindo uma intrusa ali, praticamente no meio da família Agreste reunida. Ao lado de Emilie estava Gabriel Agreste, totalmente diferente do que lhe conhecia hoje. Ele estava se divertindo naquele dia. De verdade. Junto deles, o irmão mais novo de Félix, Adrien. Na época ele tinha 13 para 14 anos, ainda era uma criança, um pré-adolescente, mas que logo carregaria um fardo enorme. Tanto mental quanto marcado em suas costas.

Naquela noite eu havia conhecido a tia de Félix, Margot. Margot Philadel Yaosaka. Ela era a irmã mais velha de Emilie e pelo que entendo daquela época aquelas festividades na praia particular de Calanque eram para ajuntar as famílias de ambas para passarem um tempo juntas com Jin Quon- Fu e Louis, o filho deles. Lembro até hoje dele e do irmão caçula do loiro que conquistara meu coração brincando de pular as ondas juntos, se divertindo com suas mães na orla da praia. O clima era de completa festa e eu nunca me senti tão feliz como naquele dia.

— Louis, deixa o seu primo tirar a foto! - Margot o repreendeu com uma risadinha. O moreno fez um bico e agarrou a cintura da mãe e do pai. Ela levanta os olhos castanhos, arruma a tiara florida nos cabelos castanhos e balança a mão para o sobrinho. - Agora sim Adrien. Todos digam "x"!

Foi quando tiramos nossa primeira foto da lata de metal.

Toco com a ponta dos dedos todos os presentes sorridentes e alegres naquela foto com um sorriso triste e nostálgico. Quantas perdas naquela família. O quão difícil deveria ter sido para aqueles garotos. Perder os pais e a mãe, o porto seguro da dupla de loiros. Passo para a foto seguinte sem conter um soluço sufocado, ao ver uma selfie tirada por Adrien onde eu e meus amigos estamos com caras engraçadas enquanto Louis estava prestes a jogar um balde de água gelada em suas costas. A outra foi uma que eu havia tirado, só da Melody e de Mercúrio. Limpo algumas lágrimas de seus rostos sorridentes e passo para a última foto. Uma minha e de Félix de costas, nos jardins dos fundos enquanto beijávamos. Quer dizer, enquanto eu lhe beijava a força. Aquele tinha sido nosso primeiro beijo, depois que levara em conta a conversa da loira de mais cedo naquela noite e fora conversar com ele a sós.

Pasmem: ele também gostava de mim! Não do jeito maluco de stalker que eu era, e claro, odiando com todas as forças esse efeito que eu produzia nele. Mas ele gostava. Deixou mais que claro que também sentia alguma coisa. E eu acabei pisando nisso pouco tempo depois. Abraço aquela fotografia, sendo arrastada para o dia que marcou boa parte da minha vida, me destruindo por dentro.

Meus pais precisavam de dinheiro. Estávamos passando pela maior dificuldade em anos e minha irmã e eu estávamos desesperadas para ajudá-los. Foi quando me ofereci para trabalhar no L'e Vent Souffle e conhecemos Kattie e a família O'Green. Eu só tinha vinte e um anos.Todo o meu salário era voltado para minha família enquanto tentávamos montar algum negócio e melhorar nossa vida. Eu trabalhava dia e noite sem parar que nem uma louca. Nesse tempo Félix até mesmo havia sugerido me ajudar com algum dinheiro, mas eu nunca me cansava de negar sua ajuda. Não porque eu não precisasse, mas porque não queria ser sustentada por ele. Eu tinha minha dignidade ainda. Iria trabalhar ainda que tivesse que me matar para conseguir alguma coisa. Foi aí que ela apareceu.

A Rainha do Estilo.

Ela surgira no restaurante para me oferecer um trabalho, como ela dizia. Dissera que estava de olho em mim e em Félix porque tínhamos algo que ela queria ao seu favor: No começo não havia entendido o motivo de eu estar ali. O seu pedido era simples: assaltar um prédio pouco conhecido do centro de Paris e pegar um vaso antigo que ela havia dito que lhe pertencia e declarou ter sido roubada no passado. Ela queria que eu roubasse algo de uma pessoa inocente. Mesmo que de fato aquele objeto fosse dela, não cabia a mim devolvê-lo, ainda mais através de um furto.

— Tenho toda a certeza do mundo que sua irmã caçula merece todo esse dinheiro. - ela dissera, esticando um talão de cheques encima da mesa do restaurante. O valor era muito, mas muito alto em troca daquele favor. - Se não quer fazer por conta de seu orgulho pense mais uma vez. Marinette, não é?

— Se acha que pode me comprar com uma chantagem então você precisa arrumar outro alvo. - disse, me apoiando na mesa e falando numa altura que apenas ela poderia ouvir. - Não sou esse tipo de garota.

— E eu não sou esse tipo de mulher Bridgette. - ela retruca sem mover sua expressão. Seus olhos, que estavam escondidos atrás de um óculos de sol até aquele momento, se tornaram expostos, revelando um par de olhos azuis intensos. - Não entende que se recusar essa proposta estará cometendo um erro estúpido e até mesmo ameaçando a segurança da sua família? Tudo em troca de que? De não violar seus princípios?

— Não envolva minha família nisso. - respondo, firme. Aperto minhas unhas na palma da minha mão para controlar meu tremor. - Não vou roubar nada de ninguém. Não importa o quanto me ofereça. - afirmo, me afastando da mesa e arrumando meu uniforme. - Agora, por favor se retire deste estabelecimento.

— Como quiser. - a mulher diz, colocando novamente seus óculos e se levantando da cadeira. Na porta do L'e Vent Souffle estava um cara todo de preto, provavelmente o segurança ou capanga dela. Ele me deu arrepios quando o vi. Ela da a volta na mesa e para ao meu lado. - Saiba que haverão consequências por conta de sua recusa.

É claro que fiquei tremendo igual a um bambu no vento depois daquela conversa, mas mantive minha compostura e virei as costas para ela. Minhas ações foram apenas uma cadeia de desgraça uma atrás da outra. Alguns meses depois nós estávamos em completa miséria. Os negócios haviam sido fechados por vários impostos que do nada brotaram encima das nossas cabeças. Meu salário só era suficiente para pagar as contas. Meus pais estavam ficando desesperados, nem dormiam e nem comiam mais direito. Eu e Marinette já não estávamos mais dando conta daquela situação. Foi quando a Rainha do Estilo fez mais uma proposta. A mesma proposta. Não tinha como negar, eu estava precisando muito daquele dinheiro ou logo eu iria morar embaixo de uma ponte, medingando alguma esmola para pessoas como a família Agreste.

Foi quando minha vida começou a dar errado. Foi quando fiz mais merda em toda a minha trajetória.

Eu deveria ter calado minha boca

Eu poderia ter mantido isso em segredo

Eu posso tê-lo assustado porque estava tão animada

Mas eu simplesmente não podia esperar, eu levei um ato de fé

Oh, as coisas que eu digo

Eu estava trabalhando para a Rainha do Estilo debaixo dos panos. Não podia deixar minha família saber o que estava acontecendo ou do contrário alguma coisa poderia acontecer a eles também. Quando descobri que Félix também estava naquele negócio minhas expectativas que todo aquele medo fosse mentira ou pânico de me envolver com aquela gente foi por água abaixo. A família dele também tinha sido ameaçada. Só por aquele motivo ele tinha cedido.

— Então... Qual é o plano Félix? - lhe perguntei, esperando alguma resposta que nos tirasse do fundo daquele poço. O silêncio continuou entre nós dois. - Eles estão vigiando a nossa família. Félix, eles podem fazer qualquer coisa com eles.

— Eu não sei Bridgette. - ele dissera, agarrando meus ombros e me encarando, quase tão preocupado quanto eu. - Mas nós não temos escolha. Precisamos fazer isso de algum jeito.

— Eu não sou ladra Félix. - retrucara, irritada. - Posso ser pobre e agora estar na miséria, mas não sou ladra. Não vou conseguir fazer isso.

— Vai sim. - o loiro ponderou, apertando meus ombros e me envolvendo num abraço apertado. - Precisamos conseguir.

Era uma noite fria de fim de ano. Eu e o loiro de olhos azuis estávamos numa perua da sociedade para qual Stella estava metida. Uma sociedade criminosa chamada "Surveillance". "Vigilância". Sinto arrepios até hoje ao lembrar dos rostos encapuzados dos homens que estavam naquela perua e do amor da minha vida apertando minha mão com força. "Eu estou com você nessa" era o que ele repetia no meu ouvido. Naquele dia foi a primeira vez que eu havia pegado numa arma de verdade e atirado num policial da patrulha noturna. Naquela noite a antiga Bridgette Dupain-Cheng havia morrido para dar lugar ao monstro que eu havia me tornado. Eu já não me reconhecia quando estava correndo de volta para a segurança daquela máfia e fugindo antes que a polícia nos visse com aquele maldito vaso em nossas mãos. Os tiros e a sirene de socorro me assombrariam por anos durante a noite. Aquilo não era vida pra mim e eu realmente não sabia o que estava fazendo ali ainda.

— Viu? - ele me dissera enquanto trocava as roupas suadas por outras que haviam sido deixadas no quarto em que estávamos. Stella havia feito questão de nos instalar ali, em um hotel do alto escalão da sociedade francesa, para no dia seguinte nos apresentar para seus "colegas de trabalho". - Eu disse que conseguiríamos.

— Eu não estou orgulhosa disso Félix. Nem um pouco. - respondo, sentada na beira da cama de casal ainda encarando minhas mãos, sem conseguir esboçar alguma reação. Ainda estava em choque por tudo o que vivera no que? Últimas duas horas? - Eu atirei num policial. Vi você atirando também. Como pode estar tão tranquilo consigo mesmo?

— Não estou. - o mesmo responde, saindo do banheiro luxuoso do quarto. Ele agacha na minha frente, sem camisa e mesmo na situação em que estava sinto meu rosto ficar vermelho. - Acredite estou tão perplexo quanto você, mas Bridg... Não tínhamos escolha nenhuma. Nós dois faríamos qualquer coisa pela nossa família. Isso inclui, infelizmente, participar de toda aquela loucura que nós vivemos.

— No que nós fomos nos meter? - indago, com a voz trêmula. Consigo desviar meus olhos de minhas mãos e encará-lo nos olhos. - Duvido muito que ela irá nos deixar ir sem mais nem menos. Sabe o risco que nós estamos correndo?

— Nossa vida é feita de riscos Cheng. - Félix rebate, tentando me fazer sorrir ao mencionar o meu sobrenome. Ele passa uma das mãos no meu rosto, acariciando minha bochecha e dando um suspiro. - Agora acho melhor dormirmos um pouco para clarearmos nossas ideias e... Pensar em algo amanhã de manhã. Acredito que até lá vamos ter algo em mente.

Balanço minha cabeça, concordando com ele. Estou uma pilha de nervos e nunca iria conseguir pensar em nada daquele jeito. Talvez nem mesmo dormir. O observo dar a volta na cama enorme e se deitar com um pulo, balançando todo o colchão. Ele dá um tapinha para que eu me deite ao seu lado e eu mordo o lábio, indecisa.

— Você acha mesmo uma boa ideia? - questiono, sentindo meu rosto arder com a intensidade de seu olhar. Ele dá um sorriso de canto.

— Bem, a menos que você queira dormir no chão frio de dezembro e morrer de hipotermia, aconselho a vir logo. - o loiro fala, sem tirar seus olhos de mim e em seguida dá um sorriso irônico. - O que foi? Está com medo que eu te morda?

— Claro que não. - minto, arrancando o casaco grosso preto que me cobria e as botas de cano alto da mesma cor. Ele me assiste fazer isso como se eu tivesse fazendo um strip e dou um sorriso de canto. - Sinto muito gatinho, não vai me ver nua hoje.

— Porque não? - ele indaga com um sorriso maroto. Arqueio uma sobrancelha. - Já somos maiores de idade. Somos responsáveis. - dá ombros enquanto eu solto o meu cabelo e caminho até o outro lado da cama, com os braços cruzados. - Porque não? - repete ainda sorridente.

Porque eu sou jovem e eu sou burra

Eu faço coisas estúpidas quando se trata de amor

E mesmo que eu sempre acabe chorando

Bem, você não pode culpar uma garota por tentar

— Posso ver na sua cara que você não vai querer apenas dormir. - resmungo me deitando e afundando a cabeça no travesseiro.

Sinto meu coração acelerar quando o colchão balança mais uma vez, quando ele passa seus braços no meu tronco. Me viro de frente para o loiro enquanto me aproximo mais um pouco do mesmo, me aconchegando em seu peito e fechando os olhos quando sinto suas mãos envolverem minha cintura com força. Seus músculos ainda estão tensos quando o loiro puxa a coberta até a altura de seu ombro, quase me cobrindo por completo. Dou uma risada fraca abafada e ele olha para mim com curiosidade. Me estico para mais perto, conseguindo me encaixar perfeitamente em seu corpo e me debruçando sobre seu peito. Sua respiração me fazia subir e descer levemente enquanto assistia suas reações. Descrença. Vergonha. Ironia. Surpresa. Desejo. Quando minha consciência grita em minha mente o que eu estava pensando em fazer e onde eu já estava é que me dou conta que realmente eu já não me conhecia mais. Lembro que naquela noite não importava mais nada. Só existia eu e Félix naquela cama, naquele quarto e no resto do mundo.

Não, você não pode culpar uma garota por tentar

No dia seguinte, fomos conhecer os comandantes de toda aquela conspiração na qual havíamos participado. Eu não havia conseguido dormir nada, menos ainda depois do que eu e o Agreste fizemos. Eu estava exausta, com minha mente destruída e atormentada pelo que havia feito, mas me mantive de cabeça erguida assim que adentramos no escritório de luxo daquele hotel enorme onde estávamos. Lá dentro estava a Rainha do Estilo, junto com três homens vestidos com roupas sociais. O primeiro usava um terno azul marinho e uma gravata de bolinhas brancas. O segundo possuía uma cicatriz enorme no olho esquerdo e usava um terno areia. Seu olhar me atravessou como uma lâmina de gelo. O terceiro usava um terno preto com uma gravata vermelha e óculos escuros, com um charuto cubano em uma das mãos. Junto da mulher de longos cabelos loiros, vestido perolado brilhante e olhos azuis intimidantes pareciam uma quadrilha digna de filme mexicano.

— Senhores, quero ter o prazer em apresentar os bem sucedidos enviados da missão de recuperar a primeira etapa do nosso plano. - a Rainha do Estilo anunciara, se levantando da cadeira confortável de veludo vermelho no meio da sala e acenando na nossa direção. - Bridgette e Félix, os herdeiros da destruição.

— Onde está? - o homem de terno azul questiona com um tom de urgência, ignorando tais formalidades da mulher ao seu lado.

A mão de Félix aperta a minha de leve e então eu levanto o pequeno objeto com a outra mão livre. Era um vaso ornamental, daqueles usados para decoração de lares. Tinha desenhos milimetricamente entalhados na forma de um antigo símbolo chinês, Yin e Yang. Era deslumbrante, porém parecia estar incompleto. Só havia o Yin gravado em tinta preta. Era pequeno, pouco maior que uma garrafa de vidro.

— Primeiro a nossa parte. - digo, afastando tal objeto antes que aquele brutamontes chegasse perto demais de onde eu estava. - Ou então deixo esse maldito vaso cair no chão na frente de todos vocês.

— Você não ousaria. - o cara de terno cor de areia e com um olho quase costurado pela cicatriz murmura sem desviar os olhos de mim. Arqueio minhas sobrancelhas e estico meu braço ocupado.

— Não? - desafio, levantando um dos dedos que segurava o vaso negro.

— Já chega. - a voz da Rainha do Estilo ecoou autoritária por todo o escritório. Sua voz parecia ansiosa, porém não tirei meus olhos daquele sujeito e nem mudei minha posição. Se ele achava que não tinha coragem para fazer aquilo então estava muito, mas muito enganado. Um pigarreio vindo da mesma chama a atenção de Félix, e o enxergo fitá-la pelo canto do olho. - Será que podemos conversar como pessoas civilizadas?

— Assim que a senhorita acalmar os ânimos de seus conhecidos poderemos conversar civilizadamente. - o loiro responde por mim enquanto estreito os olhos.

— A única coisa que exigimos antes de entregar essa... coisa - digo, com repulsa de todo o esforço vão que fizera - é que nos deixem em paz. Não queremos mais nenhum envolvimento com vocês e nem com seus assuntos obscuros. Apenas queremos nossas familias em paz e em segurança.

— E é claro, a parte do dinheiro que foi prometida a Bridgette. - Félix complementa, apertando minha mão com força. Balanço a cabeça.

Desvio meus olhos rapidamente para a mulher loira que parecia se divertir com aquela situação. Ela sorri abertamente com um papel nas mãos. Meu pagamento. O Agreste pega o mesmo com uma das mãos e eu entrego o vaso na mão do homem de terno azul escuro com os olhos estreitos. Ele me encara com nojo, ódio e podia jurar que o que ouvira tinha sido um rosnado com aquela peça de decoração nas mãos.

— Problemas resolvidos, foi um prazer fazer negócios com vocês. - o homem de terno preto que até então estava mudo fumando seu charuto importado, disse se levantando da cadeira em que estava e indo na direção das janelas enormes do do escritório. - Cumpram a parte de vocês que nós cumpriremos a nossa.

E ás vezes eu penso que eu tendo a ser meu por inimigo

E talvez um dia eu vou pegar uma estrela cadente caindo

Fora do azul

Faça o que eu faço

Eu nunca consegui me perdoar depois daquele dia. Eu jurei pra mim mesma que nunca mais iria me envolver com qualquer coisa daquele gênero. Enxugo meu rosto com ambas as mãos e tento respirar fundo para controlar minha crise de choro. Meu fardo me sufocava tanto as vezes que era difícil até mesmo respirar. Me levanto do chão e abro a janela do quarto, engolindo a brisa do mar que entrava. Meu cabelo se esparrama com o vento e eu fecho os olhos, me obrigando a reviver tudo o que eu passei para ver onde eu tinha me metido.

Depois daquele encontro tudo aconteceu muito rápido.

Assim que consegui reerguer minha família e estabilizar os negócios dos Dupain-Cheng construindo a nossa primeira padaria, foi que os encontrei. Ou melhor, mais uma vez, eles me encontraram. Annabeth. Annabeth Groutt.

Quem era ela? Somente uma agente de segurança do governo da França que de alguma maneira descobriu que eu tinha me envolvido com a Surveillance. O que ela queria? Ah, apenas que eu lhe dissesse tudo o que eu sabia a respeito do meu envolvimento e de Félix com A Rainha do Estilo e com a organização mais procurada do país. Porque raios eu aceitaria aquilo? Simples. Ela podia ser a única que realmente poderia proteger a minha família das garras daquela mulher que me ameaçou. Annabeth podia ser estranha, um pouco ansiosa e até ter uma mentalidade jovem para uma mulher de trinta e cinco anos, mas além de tudo isso eu duvidava que poderia causar mais problemas ao lado dela. Bem... Como sempre eu estava errada.

— Bridgette você ficou maluca? Como assim você decidiu falar tudo o que você sabe para uma estranha, assim do nada? - Félix grita, balançando as mãos nervosamente. Assim como eu, ele tem muito com o que se preocupar. - Você realmente acha que essa tal de Annabeth pode mesmo ser do governo e ajudar a gente?

— Ela me disse que a Surveillance é a mais procurada por toda a França. Félix, se nós ajudarmos ela tudo vai estar acabado. Tudo vai se resolver. - argumento, mas ele continua balançando a cabeça sem me ouvir. Estamos dentro do pequeno closet de produtos de limpeza do L'e Vent Souffle, portanto eu precisava controlá-lo antes que virasse as costas e fosse embora. - Sem ameaças. Sem medo de algo acontecer com as pessoas ao nosso redor. Nada.

— Você sabe que não é fácil assim. - o loiro rebate, me encarando furioso. Ele passa as mãos no cabelo, o bagunçando com a apreensão. - Por Deus, o que você estava pensando garota? Já se esqueceu de todas as merdas que você fez quando foi aceitar a proposta da Rainha do Estilo?

Fecho a cara, apertando meus punhos com força.

— Você sabe o quanto a minha família precisava daquele dinheiro. - digo, tentando manter a calma. - Não fiz porque eu quis. E outra, eu não entrei nessa sozinha. Ou você já se esqueceu que seus pais também foram ameaçados?

— Não, eu não me esqueci. - ele responde, fechando sua expressão.

— E é por isso que eu não quero mais me envolver nisso. Fala sério Bridgette, porque você quer desenterrar o passado? Cuidado para não chegar fundo demais nesse buraco e cair de novo na armadilha da Surveillance.

— Eu não vou virar a vilã da história! - grito, perdendo minha paciência. - Você sabe que eu estou certa! Nós temos que entregar eles pra polícia!

— Não, isso é problema deles! Deixe que a polícia cuide disso sozinha e poupe mais desgraça de acontecer! - Félix grita do mesmo estado que eu. - Olhe pra nós. O que alguém com vinte e um anos pode fazer para mudar a história desse país?

Suspiro, exasperada.

— Félix, ninguém melhor do que nós para desmascarar toda aquela farsa ridícula. - insisto, enquanto ele aperta as têmporas, parecendo cansado e mais velho do que realmente era. - Você não quer enxergar a verdade, esse é o problema. - acuso, diminuindo o tom. O encaro desacreditada. - Talvez eu estivesse enganada quando disse que estava apaixonada por você. - ele rapidamente volta a me encarar, posso sentir, mesmo com meu olhar voltado para o chão. - Eu me lembro do cara lindo, misterioso, forte e gostoso que conheci no ensino médio ainda. Aquele Félix jamais iria se acovardar diante de uma situação onde há o certo a se fazer.

— E aquele Félix jamais teria feito o que eu fiz só para ficar ao lado de uma garota estúpida que ele pensava amar, porém veja onde estamos. - ele retruca, estendendo os braços, com um sorriso fraco. Nossos olhares se encontram e eu não consigo conter a surpresa. - Sim, você ouviu certo Cheng. Eu amo você. Aprendi a te amar e me odeio por me permitir essa fraqueza tão grande. Eu só topei participar daquele maldito assalto para não te deixar sozinha, porque sabia que você iria até o fim do mundo pelos seus pais e pela sua irmã. Só fiz o que fiz porque a sua vida estava em jogo Bridgette. - disse, mas eu estava tão surpresa que não conseguia falar coisa alguma. O observo suspirar. - A Rainha do Estilo sabia que eu sentia algo por você e se aproveitou disso. Depois de tudo o que nós passamos, você ainda acha que eu não me importo com você?

— Eu... - balbuciei, tentando procurar as palavras certas para se dizer. De repente tudo parecia distante. Como se tivesse uma parede de vidro entre nós dois e eu só o enxergasse embaçado do outro lado. - Você não entende.

— Não Bridgette - o loiro dissera, frio. - você que não entende. Mas já que você não entende, eu explico. - me obrigo a encará-lo, sentindo um gosto amargo na garganta e sal de possíveis lágrimas que queriam brotar nos meus olhos. - Se você quer insistir na história de denunciar a Rainha do Estilo então ótimo, vá em frente. Mas saiba que se fizer isso vai me perder para sempre.

— Não pode estar falando sério. - solto, sem dar importância para minha voz trêmula. - Não está me pedindo pra escolher entre fazer o certo e ficar com você, não, por favor, não faça isso Félix. - imploro, meus olhos começando a ficar embaçados. Ele não muda sua expressão. Fria. Distante. Como se eu fosse uma completa estranha pra ele, alguém que não fizesse diferença nenhuma em sua vida.

— Quem decide isso é apenas você. - rebate, sem emoção alguma na voz. Ele inclina a cabeça para o lado, parecendo controlar seus movimentos ao máximo, quase como um robô sem coração. - O que vai ser?

— Você está sendo egoísta. - aponto, meu dedo indicador na direção de seu rosto. - Egoísta, idiota e muito, mas muito estúpido por me obrigar a escolher.

— Ao invés de derramar ofensas me dê uma resposta. - Félix pondera e não consigo mais segurar as minhas lágrimas. Estas começam a cair pelo meu rosto e acompanham as rachaduras que se formavam no meu coração. Respiro o máximo que consigo e ergo minha cabeça, enxugando minhas fraquezas.

E como eu estou desistindo

Meu coração está palpitando

Aí vem um outro e eu estou tão intoxicada

Estando onde eu estou eu sei que no final

Eu vou fazer tudo de novo

— Se é isso que você quer ouvir, então que assim seja. - respondo, com a voz pouco embargada. Ele engole em seco e eu o fito nos olhos, para guardar as suas últimas reações antes da minha decisão final. - Eu vou aceitar o pedido de Annabeth e vou me aliar ao governo francês, nem que para isso eu esteja arriscando a minha vida ou precise morrer, mas eu vou fazer o que é certo.

Longos minutos se passam entre nós dois que mais pareceram uma eternidade. Então foi sua vez de dar o golpe no meu coração e trincá-lo.

— Então você irá sozinha. - dissera, abrindo a porta do closet de limpeza do restaurante e virando as costas para mim, que desabava no chão em meio as minhas lágrimas.

Aquele tinha sido o princípio do fim. O fim ainda iria voltar atrás de mim.

Pouco tempo depois eu havia descoberto que Margot e Jin Quon- Fu, o pai de Louis haviam sido encontrados mortos. Seus corpos estavam desaparecidos a quase um ano, depois de um acidente de carro misterioso que os levara ao encontro da morte. Ao que parecia ninguém da família de Emilie sabia daquele acontecimento e todos tinham ficados muito abalados com aquela notícia. E o pior: ninguém sabia nada de Louis. Parecia que só o menino tinha sobrevivido ao acidente de carro e por não ter conseguido contatar nenhum familiar o Conselho Tutelar do Canadá ele fora mandado para um orfanato onde Judas perdeu as botas. Antes de Louis ser encontrado por Niakamo-Fu, seu avô, aconteceu. Aconteceu algo que eu não estava esperando.

O assassinato de Emilie Agreste. A mãe de Félix e de Adrien.

Porque eu sou jovem e eu sou burra

Eu faço coisas estúpidas quando se trata de amor

Até hoje não sei exatamente o que houve, mas descobri que Emilie também havia sofrido um acidente de carro quando saíra sozinha para o centro de Paris resolver algo importante. O seu carro tinha tido os freios cortados e o acelerador preso ao interior do carro. Ele capotou e por pouco não pegou fogo com ela dentro. Porém, o pior de tudo não havia sido o acidente. O pior era que naquela mesma semana eu me encontrara com Annabeth e lhe contara tudo o que sabia sobre a Surveillance e a Rainha do Estilo que, ao que parecia, tinha alguma coisa a ver com o passado da senhorita Groutt, uma britânica que se mudara há pouco para a França. Provavelmente atrás dela.

Era coincidência demais.

Quando cheguei no hospital... Bem... Foi um dos piores dias da minha vida.

Me lembro até hoje dos gritos de Félix me acusando ser a culpada de tudo aquilo; o desespero no olhar de Adrien ao perder seu único porto seguro e a cara assustadora de Gabriel ao conversar com a médica que fora designada naquele momento para tentar salvar a vida de Emilie, sua esposa. E quando minha ficha caiu, que tinha sido eu a responsável pela morte daquela mulher... Eu simplesmente desabei. Quando finalmente entendi a merda que eu tinha armado nem meus joelhos foram capazes de me segurar. Ao falar sobre a Surveillance eu tinha assinado a sentença de morte de mais de uma mulher. Era uma mãe. Era uma esposa. Era uma pessoa maravilhosa que não merecia nada daquilo. Eu tinha matado Emilie Agreste ao entregar a Rainha do Estilo.

Eu jamais iria me perdoar. Aquela tinha sido a pior besteira que eu já tinha feito até ali. Eu tinha feito o certo sem medir nenhuma consequência. Eu tinha livrado minha cara e a minha casa estava segura graças à Annabeth, mas em compensação eles atacaram onde eu menos esperava. A casa de Félix. Tudo porque ele não quisera participar daquilo tudo. Tudo porque ele tinha sido cuidadoso o suficiente para não arriscar todas as suas fichas como eu. Tudo porque ele não queria mais problemas pra ninguém.

E daquela vez ninguém poderia dizer que a culpa não era minha. Ela era completamente minha.

O sol já começava a descer no horizonte, pois a iluminação dos jardins dos fundos já começava a escurecer e a diminuir gradativamente. Aquele dia já estava no final e eu nem mesmo havia saído do meu quarto. Esfrego meu rosto e novamente a última frase de Félix ecoa em meus ouvidos, sendo que não fora citada há tanto tempo assim.

"Eu queria que as coisas não tivessem chegado a esse ponto, Bridgette."

— Também nunca imaginei que as coisas chegariam a esse ponto. - murmuro para mim mesma, respondendo na minha cabeça o loiro de olhos azuis. O dono do que restara do meu coração. Olho para o céu que começava a ficar alaranjado com poucas nuvens. - Se você soubesse o quanto isso me corrói por dentro... Eu... Eu só queria acabar com tudo isso para que você visse que eu estou mais do que arrependida. Estou destruída por dentro.

E mesmo que eu sempre acabo chorando

Bem, o amor vai me encontrar, não há como negar

Que você não pode culpar uma garota por tentar

Me viro para encarar a lata no chão do meu quarto. De repente já estou recolhendo todos aqueles objetos que fizeram parte da minha história e os guardando de volta na lata florida. Abro uma das gavetas da cômoda e de lá tiro o velho caderno que trouxera da escola na primeira e última vez que viera para a cabana. Agarro a primeira caneta que vejo e fecho a gaveta, começando a escrever. Despejo tudo o que sei ali. Despejo mais uma vez minhas lágrimas naquela folha comum enquanto as palavras saem cada vez mais. Uma carta. Assim que lhe assino lhe coloco junto das outras, pegando o envelope já amarelado pelo tempo e dessa vez o selando de vez. A hora está cada vez mais próxima, eu posso sentir. Precisava estar preparada para qualquer situação. Guardo o envelope dentro da minha lata, junto das minhas coisas e a guardo dentro da minha bolsa.

Aquela seria minha última tentativa caso minhas premonições se concretizassem.

Aquela poderia tanto ser minha salvação quanto a minha condenação. Mas que diferença faz agora, ali, no inferno que eu já havia me enfiado?

Suspiro, dando uma última encarada na minha bolsa e saindo do quarto. Precisava me desculpar com Marinette e ver o que estava acontecendo lá fora. Já era prisioneira do meu passado, mas lutaria até o fim por eles. Pelo meu amor por minha irmã caçula e pela minha culpa de destruir o que antes era tão belo. Sei que é impossível uma flor nascer em meio as cinzas, mas... Bem, as vezes o impossível se torna possível, não?

Não, você não pode culpar uma garota por tentar


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam do comentário hein? Tô esperando! >—<

Música do capítulo: https://www.vagalume.com.br/sabrina-carpenter/cant-blame-a-girl-for-trying-traducao.html



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