Inesperado escrita por Elisianes


Capítulo 9
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

É isso mesmo produção?

ÉÉÉÉÉ!!

Mais um cap pra vocês!! :*



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As emoções daquele dia estavam martelando em minha cabeça, e tudo que eu sentia era raiva. Queria encontrar aquela Shia, de qualquer forma e derrotá-la a qualquer custo. Resolvi me levantar, tomei um bom chá de hortelã e tentei relaxar, mas foi em vão. Volto pro meu quarto e paro na minha sacada, olhando a noite linda que Konoha deslumbrava. O vento fresco em meu corpo, a luz da lua em meu rosto, os cabelos voando. Só tenho tempo de pegar meu roupão e sair pelos telhados da vila pra esparecer.

“Isso vai me fazer bem!”

Paro inocentemente embaixo de uma árvore e fico ali, olhando a lua. Da onde eu estava o brilho característico dela estava lindo demais, e aquilo estava me trazendo uma paz. Respiro fundo, sentindo a brisa em meu rosto, e com ela, vem um cheiro familiar.

“Kakashi-sensei!”

Ele estava por perto. Não dá pra esquecer esse cheiro. Era aconchegante e ao mesmo tempo, exitante. Um misto de hortelã e madeira. Adoro hortelã! Simplesmente, deliciosamente convidativo. Sinto sua proximidade. Não sou a única com as engrenagens a toda sem deixar que o sono se achegue.

–Kakashi-sensei.

Disse depois de ele se aproximar. Estava sorrindo por dentro, mesmo que por fora pudesse parecer indiferente, continuando olhar a lua. Trocamos algumas poucas palavras, até o incomodo reinar. O pouco tempo em silêncio, me fez pensar na história contada na sala da Hokage. Eu sabia que ele não tinha me contado tudo. Minha vontade era pôr ele na parede e tirar cada detalhe encoberto até então, mas conhecia O ex professor que tive, e isso não funcionaria com ele. Teria que fazer por onde. E mesmo assim, teria certa dificuldade. Com tudo, precisava saber.

A forma que Kakashi contou sobre Shia na cafeteria aquele dia, era lindo, mesmo que as falas dele fossem parcialmente superficiais, sentia a intensidade na voz dele. O contato, o relacionamento deles, era praticamente perfeito. Ela ter voltado depois de tanto tempo, com certeza, deve ter mexido com ele, e isso de certa forma, me irritava. Não sei o real motivo, mas Shia está presente rondando por ai não me agrada nadinha.

Kakashi parecia confuso, mesmo tentando colocar o muro que sempre fazia em volta de seus sentimentos, eu aprendi a lê-lo muito bem com o decorrer dos anos, e recentemente, ele, não conseguia mais esconder nada de mim. Mas, precisava ouvir da boca dele. Por isso, tive a coragem necessária pra ser direta e perguntar-lhe.

–O que sentiu quando viu Shia novamente?

Ele se sentiu surpreso com minha direta, então continuei, o cortando brevemente. Disse, por parte, tudo que eu sentia. Shia amava ele, até mesmo eu podia ver isso. Ela tê-lo abandonado não entrava na minha cabeça. Eu queria respostas, pois ali, no antigo relacionamento dos dois, houve uma verdade em ambas as partes, e cá entre nós, Kakashi é um ótimo pretendente.

“Se importa com a dor e a necessidade do outro. As vezes, até mais que as suas próprias.”

Ele definitivamente é ótimo em tudo.

Eu vivi com ele a minha vida toda, desde que nos conhecemos no time 7, ele foi meu consolador. Meu porto seguro. Meu acolhedor nas horas de dor. Ouvia meus lamentos pelo Sasuke e fazia de tudo pra eu poder me animar e esquecer o traste do cabelo negro. Ele me viu crescer, e em cada derrota me ajudar a levantar, tentar de novo e, enfim, a triunfar. A cada vitória ele comemorava comigo e é assim até hoje. Posso dizer, que hoje em dia, mais que nunca.

“Se eu fosse Shia, não abandonaria um homem como Kakashi.”

Isso soou estranho no início pra mim. Estava pensando no meu ex sensei como homem. Algo que antes não havia passado por minha cabeça. Porém, ultimamente estou diferente em relação a ele. Quem ver de fora diria que estamos mais ligados. De certa forma, estamos. Trabalhamos juntos todos os dias e o dia todo. Contato é o que mais temos. Nossa cumplicidade de outrora só aumentou depois que essa missão começou. E particularmente, estou gostando.

Eu sofri muito com Sasuke. Antes eu corria atrás do amor que nunca existiu dele por mim. Mas hoje, vejo que isso foi pura perda de tempo. Me importar com as pessoas que se importam comigo é a melhor coisa que tenho que fazer. Não cometo o mesmo erro duas vezes, e espero que Kakashi não cometa esse erro também. Insisto mais uma vez em saber o que aconteceu, e por fim, após um suspiro cansado dele, ele se rende aos meus chamados.

Nos sentamos num banco que estava próximo a nós e ele começou a falar. Ver ele meio sem jeito em dizer tudo, parecendo até mesmo envergonhado, fazia minha curiosidade atiçar. Eu sabia que estava sendo difícil pra ele dizer o que viria a seguir, mas me sentia lisonjeada com a confiança, mas, ao mesmo tempo, triste. Não sabia se o que eu poderia ouvir, me agradaria.

“Não queria saber que Kakashi ainda amava Shia.”

Mesmo precisando.

Ouvi cada detalhe do encontro dele com ela ontem a noite, e meu coração gelou. Ele mostrou-se tocado pela presença dela, mas, ao mesmo tempo, irado pelo que ela fez e um tanto, quanto triste. Não só pelas mentiras, mas pela razão, pela qual ela o abandonou.

“Não só eu fui rejeitada. Kakashi-sensei também já foi um dia.”

E isso é doloroso! A rejeição é uma arma poderosa. Te faz sofrer de uma forma incompreensível e se você não tiver alguém que seja o seu suporte, perderá duramente pra vida amargurada que você terá pra sempre. Por sorte, eu tive ele.

Entretanto, eu ainda sentia algo nele por ela. Sabia que restava dúvidas com relação ao sentimento, há muito apagado pelo tempo. Coisa que eu não aceitava! Eu não queria!

Mas o que você tem que querer, Sakura? Ele é um homem livre, sem compromisso. E ela, era o amor da vida dele. Nada o impede.

“Impede sim!” - Bradei comigo mesma, voltando logo após a prestar atenção novamente ao que dizia.

– … Ela agora é minha rival, e minha missão é derrotá-la com tudo que podemos ter.

–Mas no fundo você não quer isso. - retruquei

Ainda restaria chances?

Exatamente para o quê?

“Eu não sei!” - respondi a mim mesma

Mas havia uma negação ali, e isso pra mim era o suficiente. E eu, o entendia. Dúvidas foi o que eu mais tive após ter desistido de Sasuke. Continuo ouvindo com meu coração meio incomodado.

“… Na verdade, não sei se continuo a amando. ...”

Ah, como eu queria ter essa certeza!

“… Confesso que alguns sentimentos vieram a tona. Mas acredito que isso se deve mais ao modo que terminamos no passado…”

Eu entendo perfeitamente o que é isso. Situações inacabadas. Sentimentos inacabados. Mas Kakashi teria de escolher. Não poderia ficar assim pra sempre. Prejudicaria a missão. Prejudicaria …

“Nós!”

Quase que deixei subtendido isso pra ele. Mas consegui disfarçar. Eu de fato, não sei o que isso tudo está afetando em mim. Só sei que as coisas mudaram. Eu só tenho que descobrir como e por que mudaram.

Se passaram alguns minutos com ele pensativo, mas logo vejo um sorriso por debaixo daquela máscara dele. Pergunto, então, o motivo. Após uma conversa dessas, ter razões pra sorrir? Queria que fosse compartilhado comigo.

–Já reparou embaixo de qual árvore estamos sentados?

“Sakuras!”

Como não tinha reparado? Estou embaixo da árvore cujo o nome foi me dado e nem notei. Que desatenta, sou! Bem que eu poderia ser tão bela quanto as flores dessa cerejeira. Ela é linda demais! Formosa! Perfeita! Compartilho isso com Kakashi com um simples elogio a ela.

“Linda!”

Mas quando me volto a encará-lo, o pano incômodo do seu rosto não estava mais lá. A minha vontade era de chegar mais perto, tocá-lo, olhá-lo bem, gravar cada linha, cada traço. E isso, foi o que eu fiz. Sem medo, sem vergonha. Eu queria, e eu fiz. Em nenhum momento Kakashi se desviou de mim. Senti um pequeno arrepio na espinha e um leve sorriso se fez presente dentro de mim. Estava em transe, só sabia admirar aquele lindo rosto, que ainda não entendia o motivo de ser coberto. A intensidade em nossos olhos só aumentava, e se durasse mais um pouco, poderia correr o risco de… Eu não aguentar.

Esse momento durou ao mesmo tempo que aparentemente uma eternidade, também uma rapidez tremenda. Senti um gélido vento em meu corpo que me fez arfar por um curto instante, e como sempre fazia quando era criança, me aninhei nele, que imediatamente me abraçou se aconchegando em mim e me aquecendo.

Não queria que aquilo acabasse. Aquela conexão. Não queria que terminasse o abraço. Sentia seu corpo forte no meu. Sua quentura em mim. Suas mãos calejadas, mas consoladoras e fortes em minha cintura me dando um leve aperto e sua respiração no topo da minha cabeça. Infelizmente, ambos estávamos com frio. Infelizmente, Kami não estava ao nosso favor hoje. Eu poderia ficar a noite toda assim com ele, se o clima não tivesse cortado nosso próprio clima.

–Acho que está na hora de irmos. Já está muito frio.

Ele diz aparentemente chateado. Da mesma forma que eu, ele também não queria desfazer o laço. Nunca queremos. Respondo positivamente, mas sem mexer um músculo se quer, lhe mostrando que a vontade é a mesma. Continuo aqui, no lar que é os seus braços, e me lembro que na manhã seguinte não temos trabalho. Ótima deixa pra podermos nos encontrar.

A cada dia que passava, sua companhia se tornava mais indispensável pra mim. Queria estar em todo tempo com ele. Não me enjoava. Conversávamos de tudo, sobre tudo e trocávamos ideias sobre teorias absurdas, o que nos rendia altas risadas. Kakashi se mostrava um homem diferente, mesmo não perdendo sua essência, de calado, “tedioso”, preguiçoso e um viciado em Icha Icha, porém comigo, ele libertava o seu lado amigo, humano, se permitia viver. E aquilo, me fascinava.

Um bom café na presença de uma das pessoas que eu mais amo no mundo, é com toda certeza, um ótimo programa.

A minha animação era evidente pra ele. Vejo-o se perdendo um pouco no tempo e sorrindo. Aquele sorriso lindo, que guardo pra mim todas as vezes que o vejo. Poderia me acostumar abertamente com isso. No impulso, confidencio isso a ele. Tendo que repetir mais uma vez, por conta de seu surto de desligamento. Mas pela segunda vez, disse não por impulso, por vontade própria, pois era a pura verdade, e não teria medo de dizer.

–Disse, que posso me acostumar com essa visão.
–Qual?
–A de você sorrindo.
E o presente que eu pude receber após ter dito isso, foi mais um sorriso. Parecia impossível, mas quanto mais eu via, mas eu o queria pra mim. Nos levantamos juntos. Ele recoloca sua máscara no lugar, e confirma nosso encontro amanhã. Eu sei que ele, obviamente, chegará uns 40 minutos atrasados, mas quanto a isso, já até me acostumei. Só concordo com o melhor sorriso que eu pude ter e aceno voltando meu caminho de antes. Minha casa esperava por mim. Meu travesseiro, que antes estava sendo como pedra, não me ajudando a dormir, sentia que agora seria como a pluma, fazendo-me dormir como um sereno bebê.

***

“Quem diria, Kakashi. Parece que você me esqueceu, afinal.” - penso

Saio dali em passos largos junto com meu companheiro. Ele sempre vem com questionamentos que não é do calão dele. Eu mando nessa bagaça, e ai dele se meter no que é de meu comando. Já estava estressada por conta do encontro da noite anterior com ele, aturar capanga chato era o que eu não faria.

Mas no fundo, toda essa irritadiça história estava me corroendo. Eu sempre o amei. Até hoje. Mas vê-lo com aquela médica de cabelos rosas…

“Eles pareceram tão conectados.”

Nunca fomos assim. NUNCA! Nem na nossa melhor fase. Eu sabia que seria difícil voltar pra casa. Torci até pra que ele estivesse morto, assim me pouparia o trabalho da dor do passado. Revê-lo me trouxe lembranças nunca esquecidas, mas sim trancadas para não serem relembradas novamente. Ter escolhido essa vida não foi nada fácil, passei por momentos de sofrimento psicológico e físico, não só por conta do término brusco do meu relacionamento com ele, mas também, por causa da minha doença.

Altas doses diárias de morfina pra conter as dores. Muitos remédios pra combater o vírus no meu sangue. Até que, enfim, conseguimos. Mas não foi suficiente para amenizar a dor. Saber que meus pais morreram com isso, sofreram como eu sofri, acabou comigo. Por eu já está na merda, quis que todos fossem comigo. CAGUEI! Caguei pra vida. E não queria que outros vivessem. Não felizes. Não saudáveis.

Mas nunca me passou pela cabeça que um dia, logo Konoha, entraria nessa briga contra mim. Esperava todos, menos ela. Sabia que a vila era próxima da Folha, mas meu alvo era outra. Era a vila da Gaivota. O poder militar deles é limitado, mas tem algo que me chama atenção. A flor de carne suja. A única no mundo que pode curar qualquer coisa. Até mesmo as maiores dores da alma.

“Eu precisava disso! Eu preciso disso!”

Mas Kakashi com sua médicazinha entraram no meu caminho e ferrou tudo! Todo sentimento veio a tona. A dor, a felicidade, a raiva. TUDO! E o que mais me doeu, foi que senti a dor dele. A rejeição que sei que ele passou. Logo ele foi abandonado. Sem respostas! Sem NADA!

“Amar é complicado!”

Mas ele merece coisa melhor que eu. Não me meterei no caminho deles. Mesmo que a vontade seja de matá-la. Ela merece Kakashi mais que eu. A felicidade dele ainda pode ser alcançada, e é visível que com ela ele tem facilmente. Já comigo, seria inexistente. Sou somente uma arma.

Nas questões do coração eu vou deixá-los em paz, e mesmo que eu queira tê-lo de volta, minha vida não permite isso, minhas ações não seriam aceitas por ele, e viraria um conflito entre nós. Mas minha missão não será abalada. O sentimental não entrará mais em jogo. Eles não sairão vencedores. Pelo menos uma vez na vida, quem vai vencer sou eu!


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Notas finais do capítulo

Por hoje, é só. Tentarei postar mais dois amanhã! :*



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