Em um segundo escrita por Carol


Capítulo 7
Capítulo 7 – Consequências


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.
Conferi, mas se tiver erro, peço desculpas.
Boa Leitura. ^.^



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Carol deixava o hospital depois de três dias internada, seus pais saíram com algumas prescrições de medicamento e a Psicóloga indicou um amigo que poderia cuidar do caso da menina. Ela continuaria tomando o calmante e iria reduzindo o uso aos poucos. Maria continuava bastante preocupada, mas já sabia como tratar a filha. Carol chegou a casa e se jogou em sua cama, pegou o porta retrato que estava sobre sua cômoda e olhou fixamente para a foto nele. Trazia lembranças tão bonitas e ela se perguntava o que ele deveria estar fazendo. Ela ligou seu computador e foi falar com Gabriele. Enviou um e-mail explicando toda a sua situação e queria saber se ela tinha alguma novidade sobre Ed. Sua mãe entrou em seu quarto no momento em que ela apertava a tecla de envio.

― Filha, vem almoçar.

― Já vou mãe.

― Não querida, você virá almoçar comigo e agora. Desculpe filha, fui muito compreensiva com você nesses dois anos, mas não aguento mais ver você sofrendo desse jeito, pensa na sua vida, pensa em mim e no seu pai, estamos vendo você definhar a cada dia que passa e viver de uma memória, ficar procurando alguém que parece não existir, por favor Carolina, acorda! Você vai morrer se continuar assim filha e o que eu vou fazer? Eu te amo, seu pai te ama, pense um pouco em nós. Maldita hora que mandamos você nessa viajem!

― Não mamãe! Maldita hora que você me fez ir do aeroporto buscar uma droga de encomenda do papai! Eu não vou almoçar, não quero. Perdi a fome e, por favor, saia.

Maria saiu com lágrimas nos olhos.

― Eu disse para você não falar nada.

― Osvaldo, eu vou ficar calada vendo minha filha ficar cada dia mais louca!

― Vamos comer, dá tempo ao tempo, tudo vai se resolver.

Carol aguardava impacientemente uma resposta de sua amiga, somente na manhã seguinte ela respondeu informando que ainda não tinha encontrado nada, mas a menina não perdia as esperanças. A semana recomeçava e Carol retornava as aulas, logo ela começou a fazer terapia com o psicólogo indicado no hospital em que esteve. Estava na sala de espera, seria seu primeiro momento com o Psicólogo, a porta se abriu e ela ouviu seu nome ser chamado.

― Boa tarde. – Ela disse ao entrar.

― Boa tarde Carolina, eu me chamo José. Pode se sentar ali, por favor. – José apontava para uma poltrona que parecia ser bastante confortável que ficava de frente para onde ele estava sentado, dali Carol teve visão plena da janela do consultório, a vista era linda, ela podia ver o mar e alguns morros ao longe.

― Gostei da vista. – Ela informou.

― Que bom, fico feliz em saber, é algo que te relaxa?

― Sim, é sempre bom ver belas paisagens, eu gosto de contemplar a natureza.

― Ah isso é muito bom, você procura fazer isso frequentemente?

― Não, faz tempo que não me pego observando alguma coisa, ou mesmo saindo ao ar livre. – A menina disse e deu de ombros.

― Entendo, mas se você gosta disso, por que deixou de fazer?

― Não tenho mais ânimo, não vejo mais porquê de apreciar as coisas, pra mim não faz mais sentido isso.

― E você poderia me explicar isso melhor? Sabe em que momento as coisas deixaram de fazer sentido para você. – José perguntou e Carol só segurava a corrente de couro preta em seu pulso com metade do trevo pendurada.

― Tudo deixou de fazer sentido quando eu perdi alguém.

― Hum, e quem você perdeu?

― Perdi a pessoa que fazia dar sentido as coisas na minha vida.

― Era realmente alguém muito importante, mas como isso aconteceu, você poderia me contar?

― Sim, mas a história é longa.

― Não se preocupe, temos tempo.

Carol contou tudo que havia acontecido, sem esconder parte alguma. De alguma forma ela se sentia ouvida pela primeira vez e parecia que José a entendia.

― Realmente isso é tudo muito intenso, muito rápido também.

― Sim, mas leva-se apenas um segundo para se gostar de alguém.

― Sim e leva-se apenas um segundo para perder alguém também. – Carol compreendeu e assentiu. – Por que você ainda o procura?

― Porque eu sei que ele também está fazendo o mesmo comigo.

― Como você pode ter certeza disso?

― Eu sinto.

― Entendo, mas será que se ele um dia te encontrar ou você encontrar ele, você acha que ele ficará feliz em te ver como está agora? Pois pelo que você me contou você era uma menina alegre, sensata e muito inteligente também, que tinha sonhos e objetivos. Se ele te encontrar e vir que você deixou de ser a Carolina que ele conheceu um dia, se ele te vir e notar que você desistiu dos seus sonhos e objetivos, será que ele iria achar isso legal? – A menina não sabia o que responder, ela girava o pingente do seu pulso e sua cabeça estava baixa. – O que te leva a crer que ele tenha deixado de viver como você faz? Ele pode sim estar te procurando, mas acredito que a vida dele não deve ter parado. Acredito que ele deve estar ao menos tentando atingir todos os objetivos que ele imaginava para a vida dele. Mesmo que hoje seus sonhos e desejos tenham mudado, você não tem ao menos vontade de tentar? Quem sabe se você ao menos tentar, ou simplesmente seguir um pouco em frente vocês acabem simplesmente se cruzando pelo caminho?

― Você está dizendo que eu devo desistir de procura-lo?

― Não, não foi isso que eu disse. Eu disse apenas para você seguir em frente, se o caminho de vocês se cruzou um dia, o que garante que isso não possa acontecer novamente. Carol, por hoje vamos terminar, mas quero que você pense em todas as conversas que teve com Ed, alguma coisa que ele disse a você pode fazer com que leve você a ele.

― Tudo bem, obrigada, suas palavras são de grande efeito. Você é realmente bom no que faz. – Carol balbuciava enquanto se levantava, o que fez José sorrir.

― Você é muito sincera e muito inteligente, acredito que achará um bom caminho e traçará um bom plano.

As seções prosseguiam normalmente e fazia três meses que Carol se encontrava com José, fazia também três meses que Ed não tinha sinal de Joana, ele arrumava suas coisas para se mudar para perto da Universidade de São Paulo, queria sair da casa de seu pai e ter no mínimo sua independência, ele cogitou estudar no Rio de Janeiro, mas preferiu não deixar São Paulo, ele havia dito a Carol que morava ali e dali ele não sairia até que eles voltassem a se encontrar. Enquanto carregava as coisas para o carro, alguém caminhava em sua direção.

― Olá Ed. – Joana o cumprimentava.

― O que você quer? Seja breve, estou de saída.

― Acho que não posso ser breve, venho tratar de um assunto sério.

― Não estou afim, não tenho nada sério para falar com você, então adeus. – Ed entrava em seu carro batendo a porta na cara de Joana.

― Eu estou grávida e o bebê é seu! – Ela exclamou. Ed arregalou seus olhos azuis, ele não podia acreditar no que ouvia.

― Isso não é possível.

― É sim, querido. Se lembra daquela noite na festa?

― Não. – Ele disse simplesmente sem se mover.

― Depois de tudo que fizemos você diz não lembrar. Passamos uma noite maravilhosa juntos e dela geramos um bebê. – Joana acariciava a barriga.

― Mais que merda você quer de mim?

― Quero que você assuma suas responsabilidades.

― Se esse filho for mesmo meu, irei assumir a criança, mas nunca irei assumir você. – Ele disse olhando para ela de maneira séria.

― Meus pais não aceitarão isso Edward!

― Que se danem seus pais. Não tenho obrigação alguma de assumir você, eu odeio você. Meu advogado irá entrar em contato com sua família. Agora preciso ir.

Ed estava com o sangue fervendo ele não podia acreditar em nada daquilo, até por que ele não lembrava o que havia acontecido, saiu a toda acelerando o carro e seguiu para falar com o advogado de seu pai.

― Edward! O que traz aqui, rapaz?

― Olá Dr. Soares. Estou aqui para pedir uma ajuda, ou melhor, para contratar seus serviços.

― O que aconteceu? Seu pai sabe que você está precisando de ajuda?

― Não, até agora nem eu sabia que precisava.

― Vamos até meu escritório para conversarmos.

Ed seguiu o advogado e então conversaram por alguns instantes. Depois de muito falar e explicar a situação Soares o aconselhou.

― Bem, tudo leva a crer que essa moça está fazendo as coisas de caso pensado, você agiu certo em me procurar, já que não se lembra de ter passado a noite com ela. Mas como você estava sobre efeito de álcool, tudo é possível. Vamos solicitar um exame de DNA primeiramente, ela pode não concordar até por que nessa fase embrionária existe um certo risco para o feto. Podemos esperar o bebê nascer, enquanto isso você arca com o que for necessário, mas guardaremos todas as notas dos gastos, pois se quando a criança nascer ficar provado que você não é o pai, ela terá que te reembolsar por tudo e ainda sofrerá um processo. Mas se ficar provado que você é o pai precisamos ver como ficará a questão da pensão, já que você não trabalha e não possui renda. Seus pais precisarão saber disso, pois eles também sofrerão alguma dessas consequências. – Ed respirou profundamente.

― Mais que merda! Me desculpe Dr. Soares.

― Por nada, meu rapaz. Eu posso entender o que está passando. Essa moça não pode obrigar você a se casar com ela, nem ela nem os pais dela podem fazer isso. Ela já é de maior e você também, e pelo que entendi tudo aconteceu com consentimento dela, você é que foi supostamente usado por estar bêbado, podemos aí entrar com uma ação de atentado violento ao pudor se conseguirmos testemunhas da noite da festa e preciso saber se ainda temos tempo para entrar com o processo.

― Atentado violento ao pudor?

― Sim rapaz, se vocês tiveram uma relação e você estava inconsciente, tanto que não se lembra de nada, isso pode ser caracterizado atentado violento ao pudor. Se ficar provado que de fato foi AVP e que a criança é mesmo sua filha a guarda será sua e ela pode até mesmo ser presa. Você se lembra de alguém que estava na festa e pode ter visto alguma coisa e quanto tempo tem que ocorreu o fato?

― Sim, o Rubinho, seu filho, ele estava na festa e todos os meus outros amigos da escola, isso faz mais ou menos três meses, foi na nossa festa de formatura.

― Entendo, vou entrar em contato com meu filho, se conseguirmos esclarecer essa situação, entraremos com a ação contra essa moça.

― Obrigado Dr. Soares.

― Entrarei em contato com você em breve, deixe seus contatos com minha secretária.

― Tudo bem, eu deixarei.

Ed deixou todos os seus contatos com a secretária de seu advogado, ele nunca iria imaginar que o que Joana havia feito consigo era um crime. Tomou seu rumo para sua nova casa. Descarregou seus pertences do carro e ajeitou tudo da melhor maneira que conseguiu. Logo seu semestre começaria, sua cabeça girava e ele não conseguia se concentrar em muita coisa, não sabia o que fazer em relação a sua vida nesse momento, se o filho que Joana esperava fosse mesmo dele, se ela fosse mesmo para a cadeia, o que ele iria fazer? Quem cuidaria desse bebê, ele seria capaz de abandonar a criança? Mas se ele se reencontrasse finalmente com Carol, o que ela pensaria de tudo isso? Ela o aceitaria com uma criança que não fosse dela, ela entenderia toda essa situação que ele se meteu por uma estupidez? Eram muitas perguntas e nenhuma resposta.

Ed se jogou sobre a cama, tirou seu colar com a outra metade do trevo e o segurou fortemente.

― Você está com uma parte minha e eu com uma parte sua, estamos divididos, mas um dia, seremos um novamente. – Ele disse olhando para o colar.

Em outra cidade naquele exato momento uma brisa entrava pelo quarto de Carol, ela se arrepiou e no ar a brisa deixou o cheiro de um perfume familiar.

― Ed! Edward?! – A menina exclamava, ela sentia o cheiro do perfume dele no ar, e o cheiro permaneceu por um tempo. Ela rodou por toda a casa, mas o cheiro só estava em seu quarto, ela sabia que ele estava pensando nela, ela sabia que ele a estava chamando e ela sabia que um dia eles se reencontrariam, as palavras do Psicólogo ecoaram por sua mente, ela sabia que era hora de prosseguir sua vida, estudar e terminar o ensino médio, definhar e preocupar seus pais, não era a solução, mas ela iria pensar em tudo que Ed lhe contara e ela ia achar um meio de estar com ele novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Até o próximo. ^.^



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